Entre Lobos e Cordeiros

Um conto erótico de Henrique
Categoria: Heterossexual
Contém 719 palavras
Data: 13/12/2025 22:54:08
Última revisão: 13/12/2025 23:03:26
Assuntos: Casal, Heterossexual

Era feriado, sol forte de manhã, por volta das dez horas.

Recebi meu amigo em casa e fomos para a área de lazer. A cerveja já estava gelada na mesa, e o papo corria leve: futebol, depois reclamações sobre motoristas que nunca dão seta na cidade.

Conversa banal, risadas fáceis.

Foi nesse momento que Clara surgiu, caminhando em direção à piscina. Usava um biquíni azul marinho, simples, mas que destacava o tom da pele sob a luz do sol. O cabelo estava amarrado em um coque prático, e nos ouvidos trazia seus fones, com certeza ouvindo MPB, como sempre fazia nessas manhãs.

Trazia uma toalha dobrada no braço e os óculos escuros. Sem pressa, estendeu a toalha na espreguiçadeira e se deitou de costas, preparando-se para o banho de sol.

Enquanto ajeitava a toalha, inclinou-se de quatro por alguns instantes. O movimento foi rápido, mas inevitável: o biquíni se ajustou ao corpo, e sua bunda ficou ainda mais visível. Com esse movimento, a impressão era de que se tornava um bundão (médio no tamanho), mas chamativo.

O tom branco da pele do seu rabo, destoando da cor morena clara do corpo, antes escondido pelo tecido, surgiu de repente. Ainda de quatro, ela puxou com os dedos e realinhou o biquíni, voltando à posição.

Meu amigo, sentado ao meu lado, levantou os óculos escuros e não desviou o olhar.

Amigo: “Mas olha como ela está bem… coitado de mim, a minha esposa perto da sua… não tem como comparar.”

Eu: “Que isso, está a implicar com a Matilde? Acho que a cerveja não lhe fez bem…”

Amigo (rindo): “Ora, somos homens… qual você acha que os alunos vão bater punheta? Pra mim não… Clara é show, parabéns.”

Amigo (com ironia): “Professoras de exatas são mais fechadas, duronas… não chamam tanto. Já as de humanas, como a Clara, têm outro jeito: mais charmosa, mais bonita. É aí que os olhares se prendem.”

Dentro de mim, um incômodo crescia. O elogio parecia atravessar a linha da amizade. Não era só brincadeira.

Amigo: “Olha aí… Clara usa biquíni, mostra tudo. A minha só usa maiô, esconde tudo, kkk.”

Amigo: “Aliás, a minha podia achar um amante… eu teria mais tempo livre das chatices dela.”

Eu: “Matilde só pega no seu pé por causa do whisky.”

Amigo: “Pois bem, que seja whisky… mas quem iria se meter com ela? Nem os meninos jovens que querem provar uma coroa aceitariam, kkk.”

Fiquei em silêncio por alguns segundos. Ele falava como se fosse natural desejar olhares sobre a própria esposa. Para mim, aquilo era estranho, quase uma provocação.

Amigo: “Ora, você vive em que planeta, hein? Tá cheio disso aí… jovens atrás de coroas, homens atrás de novidade. Você acha que não acontece?”

As palavras dele ecoavam. Eu tentava rir, mas por dentro me perguntava se não estava revelando mais do que queria.

Amigo: “Clara é diferente, a idade fez bem. Deve atrair olhares por aí, não?”

Eu: “Você está exagerando.”

Amigo: “Exagero nada. Se fosse a minha, eu não ligaria… acho até que gostaria.”

Eu: “Que papo é esse, você querer outro homem encarando a sua? Você não era um lobo?”

Amigo (ri, tomando a cerveja): “Ora, a vida é feita de fases. Eu já fui lobo… envelheci. E você também, não? kkk.”

Olhei para minha esposa, ainda deitada ao sol, fones nos ouvidos, indiferente ao que se passava. O contraste me corroía: a tranquilidade dela e a provocação dele. Mas dentro de mim havia mais do que desconforto. Eu carregava segredos que não cabiam na mesa de cerveja: o encontro do professor com minha esposa, que ainda me deixava encucado; o ex aluno que a excitou entre estantes da livraria; e Clara, sempre alvo de olhares que pareciam atravessar qualquer espaço.

Enquanto meu amigo falava de amantes e olhares, parecia mais consciente do que eu.

Dizia que já fora lobo, mas envelhecera, tornara se cordeiro. Insinuava que aceitaria olhares sobre a própria mulher. A paranoia me rondava. Pensava se realmente deixamos de ser lobos, se perdemos o pêlo. Talvez o amigo tivesse razão, tornamos nos cordeiros.

No fundo, eu já não sabia se estava diante de uma conversa de bar ou de uma revelação disfarçada. O certo é que cada palavra dele parecia cutucar feridas que eu tentava esconder.

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