Entre Irmãos - O Quarto de Heitor

Da série Entre Irmãos
Um conto erótico de Mateus
Categoria: Gay
Contém 2543 palavras
Data: 10/12/2025 23:50:53
Última revisão: 11/12/2025 00:13:19

Eu segui Heitor pelo corredor silencioso da casa, sentindo as pernas leves demais, como se não pertencessem ao meu próprio corpo. Heitor caminhava à frente, os passos lentos e deliberados, como se soubesse exatamente o efeito que estava causando.

O corredor até o quarto de Heitor parecia mais longo do que eu lembrava. Cada passo ecoava no silêncio da casa, misturado ao som abafado de minha própria respiração, que saía entrecortada, quase trêmula.

A porta do quarto estava entreaberta, deixando escapar uma faixa estreita de luz amarelada que cortava o chão. Quando chegou à porta do quarto, Heitor parou, mas não se virou. A mão repousou na maçaneta gasta e, por um instante, eu tive a impressão de que ele hesitava, não por dúvida, mas por prazer, como quem saboreia o momento antes de provar o primeiro gole de um vinho raro.

Então, a porta se abriu com um rangido suave, e a luz do corredor se derramou sobre a cama desfeita, as cortinas de linho cru balançando levemente com a brisa que entrava pela janela entreaberta. Heitor entrou primeiro, sem acender mais nada, apenas me puxando pela mão, um toque firme, seguro, conhecido.

As cortinas estavam fechadas, deixando apenas o brilho discreto da tarde entrar pelas bordas. As paredes, pintadas de um azul escuro e sofisticado, refletiam a luz amarelada entrecortada da janela, criando sombras alongadas que dançavam no chão de madeira envelhecida. Eu podia sentir o suor frio nas palmas das mãos, a umidade que se formava não por causa do calor da tarde, mas pela ansiedade que me queimava o peito.

“O que eu estou fazendo?”, pensei, mas o corpo já respondia antes que a mente pudesse formular uma desculpa.

Dentro do quarto, o ar era mais denso, carregado do cheiro dele: um misto de roupa de cama, madeira dos móveis e o perfume leve que ele usava. O cheiro de Heitor, algo mais primal, um misto de colônia amadeirada, um aroma quente, algo inconfundivelmente dele, invadia minhas narinas, me deixava tonto, como se cada inspiração me puxasse mais fundo naquele vórtex de desejo.

Heitor encostou a porta devagar, e o som suave do encaixe fez o ar entre nós dois mudar completamente. Não havia mais ruído. Não havia mais Júlia. Não havia mais nada além de nós.

Eu engoli em seco quando a porta se fechou atrás de nós com um clique quase imperceptível. O som me fez estremecer, como se aquele pequeno ruído selasse algo irrevogável. Heitor, finalmente, se virou. Seus olhos, azul-escuro, cinzas sob a luz fraca, brilhavam com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes, uma mistura de curiosidade e algo mais predatório, algo que me fez sentir ao mesmo tempo caçado e desejado. Os lábios entreabertos, úmidos, convidavam.

— Vem cá — disse Heitor, baixinho, mas de um jeito que não deixava espaço para dúvida.

Eu dei dois passos, e Heitor me recebeu com as mãos pelas laterais do meu rosto, os dedos longos e elegantes me tocando. O contato foi leve, quase reverente, a ponta dos dedos deslizando pela maçã do meu rosto, descendo até o meu queixo, como se estivesse memorizando cada contorno.

Eu fechei os olhos, rendido. A pele queimava onde Heitor me tocava, e eu senti o corpo responder de maneira instintiva: o sangue correndo mais rápido, meu membro endurecendo contra a calça jeans justa, meus mamilos ficando duros sob a camiseta. Um gemido baixo, quase um suspiro, escapou de meus lábios quando Heitor aproximou o rosto, o hálito quente roçando minha boca antes do beijo.

Nos aproximamos num beijo que começou lento… depois mais intenso, mais fundo, mais cheio de vontade acumulada. Nossos corpos se encostaram, primeiro com hesitação, depois com naturalidade, peito contra peito, mãos explorando costas, ombros, cintura.

E então, nós nos encontramos. Não houve pressa. Houve intensidade. Houve entrega. Houve toque, gemido contido, prazer velado, corpos que se buscavam e se ajustavam um ao outro.

Não foi um beijo tímido, não era a nossa primeira vez. Foi um beijo de fome, de desejo reprimido, de noites em claro imaginando exatamente aquele momento. Os lábios de Heitor eram macios, mas a pressão era firme, exigente. Sua língua invadiu a minha boca com uma confiança que me deixou tonto, enquanto as minhas mãos, finalmente livres para explorar, subiram pelos braços de Heitor, sentindo a musculatura sob a camisa, os pelos lisos nos antebraços.

Heitor gemeu contra meus lábios, um som gutural que vibrou no meu peito, e me puxou para mais perto, nossos corpos colando-se como se quisessem se fundir. Eu senti o calor do corpo de Heitor através das roupas, a dureza da ereção pressionando minha barriga, e isso me deixou ainda mais excitado, mais desesperado.

Eu senti as mãos de Heitor deslizarem pela minha camisa, contornando a curva das minhas costas, subindo até a nuca. Eu fechei os olhos, totalmente entregue à sensação do toque, do calor, da proximidade.

E então Heitor me guiou até a beira da cama. Ali, entre beijos mais quentes, respirações aceleradas e toques que se aprofundavam aos poucos, nós nos descobrimos. Heitor era firme, seguro, guiando o ritmo, e eu respondia como se fosse chamado por algo inevitável nele.

As carícias evoluíram, os dedos exploraram pele, curvas, a respiração se misturou num crescente de intimidade que lembrava tudo o que eu já conhecera antes, com Leandro (às vezes, a comparação entre os dois era inevitável).

As minhas mãos tornaram-se audaciosas. Eu não pensei, apenas agi, guiado por um instinto que estava adormecido desde Leandro. Deslizei os dedos pelas costas de Heitor, sentindo cada músculo se contrair sob o meu toque, até encontrar a barra da camisa.

Com um movimento rápido, puxei o tecido fora, os nós dos meus dedos roçando a pele quente da cintura dele. Heitor arquejou, quebrando o beijo apenas o suficiente para murmurar, voz rouca: "Tira." Não era um pedido. Era uma ordem suave, e eu obedeci sem hesitar.

A camisa de Heitor caiu no chão com um farfalhar abafado, seguida pela minha, que foi arrancada com uma urgência que nos fez rir entre beijos. Agora, pele contra pele, o calor entre nós tornou-se insuportável.

Eu não resisti: pressionei os lábios no pescoço de Heitor, chupando a pele salgada, enquanto as mãos exploravam o peito, os mamilos rosados e duros, a barriga magra, descendo por sua cintura. Heitor jogou a cabeça para trás com um gemido, os dedos enfiados nos meus cabelos castanhos, me puxando para mais perto.

"Assim, porra...", sussurrou, a voz quebrada pelo desejo.

Nós tropeçamos até a cama, as pernas enroscando-se, os corpos caindo sobre os lençóis frios com um impacto que nos fez rir. Mas o riso morreu rapidamente, substituído por gemidos quando eu, finalmente livre para tocar, deslizei a mão sobre a calça de Heitor, sentindo a ereção pulsante sob o tecido. Heitor respirou fundo, os quadris se levantando involuntariamente, buscando mais pressão.

"Tira tudo", eu ouvi e obedeci sem pensar.

As roupas foram arrancadas em segundos, calças, cuecas, meias, jogadas sem cerimônia no chão. Agora nus, a diferença entre nós ficou evidente: Heitor, mais alto, mais velho, com o corpo magro e branco, os poucos pelos escuros contrastando com a pele clara e descendo em uma linha fina até o pênis grosso e ereto; eu, menor, mais jovem, a pele lisa, o corpo magro, mas tonificado, o membro duro e vermelho, gotejando pré-gozo.

Heitor olhou para mim com uma fome que me fez corar, e então, sem aviso, segurou meu pau com firmeza, me fazendo estremecer.

"Deixa eu te mostrar", Heitor murmurou, e eu não tive chance de responder antes que a mão daquele rapaz mais velho começasse a se mover, lenta e deliberada, enquanto a outra deslizava entre minhas pernas, os dedos roçando meu saco, pressionando levemente atrás dos testículos.

Eu arquejei, as costas se curvando, os dedos se cravando nos lençóis.

"Assim... assim, caralho...", gaguejei, enquanto Heitor acelerava o ritmo, o polegar espalhando o líquido que escorria da ponta, lubrificando cada movimento.

O prazer era quase insuportável, uma onda que crescia dentro de mim, ameaçando me arrastar. Mas Heitor não me deixaria gozar tão cedo. Com um sorriso malicioso, soltou meu cacete, me fazendo gemer em protesto.

"Paciência", Heitor advertiu, a voz baixa e rouca, enquanto se deitava ao meu lado, me puxando para um beijo molhado, nossas línguas se enlaçando.

Suas mãos voltaram a explorar, dessa vez com mais calma, como se quisesse memorizar cada reação minha. Os dedos deslizaram entre as minhas nádegas, encontrando o meu ponto sensível, pressionando levemente. Eu me contorci, um gemido abafado escapando contra a boca de Heitor.

"Você é tão sensível", Heitor murmurou, satisfeito, enquanto continuava a me tocar, alternando entre carícias suaves e pressionamentos mais firmes, até que eu estava tremendo, o corpo coberto por uma camada fina de suor, os quadris se movendo involuntariamente, buscando mais.

Nós nos masturbamos juntos, as mãos se movendo em sincronia, os olhos fixos um no outro, como se não quiséssemos perder nenhum detalhe. Heitor me instruiu a segurar o pau dele com firmeza, a variar a pressão, a usar o próprio pré-gozo como lubrificante.

"Assim, Mateus... assim", ele sussurrava, enquanto eu o imitava, os dedos apertando o cacete grosso de Heitor, sentindo-o pulsar em minha mão.

Nossos gemidos se misturavam, a respiração ofegante, os corpos colados, até que senti a onda romper dentro de mim, o orgasmo me atingindo com uma força que me deixou sem ar.

"Heitor—!", gritei, o corpo se contraindo, o sêmen jorrando em jatos quentes sobre meu próprio peito. Heitor me seguiu segundos depois, com um gemido gutural, as mãos se cravando nos meus quadris, como se precisasse de algo para se segurar enquanto o prazer o consumia.

Nós ficamos deitados em silêncio por longos minutos, os corpos ainda tremendo com os últimos espasmos do orgasmo, a pele colada pelo suor e pelo sêmen. Heitor, finalmente, rolou para o lado, me puxando para perto, os dedos desenhando círculos lentos em minhas costas. Eu enterrei o rosto no pescoço dele, inspirando fundo, como se quisesse guardar aquele cheiro para sempre.

"Isso foi...", comecei, mas não encontrei palavras.

Heitor riu baixo, beijando meu cabelo.

"Apenas o começo", respondeu, e eu senti algo dentro de mim, algo quente e perigoso, florescer novamente.

O momento se dissolveu num escurecer leve, deixando apenas a sensação quente, pulsante e verdadeira da descoberta de dois corpos jovens que tinham acabado de cruzar um novo limiar.

__________

Quando saímos do quarto, muito tempo depois, o mundo parecia diferente. Heitor acendeu a luz do corredor com uma naturalidade quase despretensiosa, mas havia algo novo na forma como nós nos olhávamos, algo silencioso, denso e real.

Depois daquele dia, eu comecei a frequentar a casa da família de Heitor e Júlia com naturalidade. A desculpa era sempre alguma atividade mundana, aprender violão, assistir filme, jogar partida de videogame, e ninguém estranhava.

A verdade, porém, era outra.

Heitor estava sempre à espera, de um jeito discreto, mas inequívoco. O sorriso dele ao me ver entrar pela porta era diferente e eu sentia isso no corpo inteiro. O tempo que passávamos juntos era dividido em duas camadas:

A superficial, à vista de todos, dois rapazes conversando, rindo, assistindo filmes jogados no sofá, dividindo fones de ouvido, Heitor ensinando acordes no violão, eu rindo das minhas próprias falhas, Heitor ajeitando minhas mãos com paciência provocadora.

A escondida, na brecha de uma porta, na sombra de um corredor, na volta da cozinha quando ninguém estava por perto, uma troca rápida de beijo, um toque na cintura, uma mão que passa pelas costas e desce devagar demais para ser inocente, o calor que se reacende toda vez que ficávamos próximos demais.

Heitor, sempre descontraído, sempre acolhedor, parecia desfrutar da minha presença. Nós passávamos horas na sala, Heitor me ensinando a tocar violão, nossos dedos se roçando nas cordas, nossos corpos inclinados um para o outro, como se fossem dois ímãs.

"Assim, devagar... deixa a nota vibrar", Heitor instruía, e eu obedecia, mas meus olhos sempre acabavam se perdendo nos lábios daquele cara mais velho, na maneira como a língua molhava o canto da boca quando ele se concentrava. Às vezes, Heitor me pegava olhando e sorria, um sorriso que prometia coisas que faziam o meu estômago revirar.

Heitor não trabalhava. Não estudava. Não tinha horários. Não tinha rotina. Aparentemente não tinha maiores ambições ou preocupações na vida. Herdara uma boa quantia do pai morto, dinheiro o suficiente para não se preocupar com nada por um bom tempo, fora o carro, a moto, a piscina e, a novidade, eu. Era, de fato, uma red flag tremulando forte.

Mas eu tinha apenas meus poucos anos, minha pouca experiência adolescente e o coração completamente entregue. Não enxergava falhas, apenas o brilho de alguém que era mais velho, mais seguro, mais bonito, mais vivido. Alguém que sabia exatamente como me fazer se sentir desejado. E isso, para mim, era tudo.

De vez em quando, quando a minha rotina permitia, saíamos juntos e, embora nunca nos tocássemos em público, havia sempre um roçar de mãos, um olhar demorado, um sorriso que durava um segundo a mais do que deveria.

Eu me pegava imaginando como seria beijá-lo ali mesmo, na praça do bairro, ou como seria sentir as mãos de Heitor sob a mesa do bar, deslizando por minha coxa. E Heitor, como se lesse meus pensamentos, sempre encontrava uma maneira de torná-los realidade assim que estávamos a sós.

Quando ficávamos sozinhos, a intimidade entre nós se aprofundava. Heitor me guiava com uma paciência infinita, me mostrando como tocar, como beijar, como se entregar sem medo. Eu aprendia rápido, o corpo respondendo a cada carícia com uma avidez que me surpreendia.

Eu descobri que adorava a sensação da boca de Heitor em meu pescoço, a maneira como os dentes mordiscavam a minha pele antes de acalmá-la com a língua. Descobri que gemer o nome de Heitor enquanto gozava era a coisa mais natural do mundo. E Heitor, por sua vez, parecia se deliciar com cada descoberta minha, como se sua própria excitação viesse da minha paixão desinibida de adolescente.

Uma tarde, depois de horas explorando cada centímetro um do outro, nós ficamos deitados na cama, os lençóis emaranhados em torno de nossos corpos cansados. Heitor passava os dedos pelos meus cabelos, desmanchando os nós com uma ternura que me fazia querer chorar. Eu virei o rosto para olhá-lo, os olhos brilhando com algo que ia além do desejo.

"Você é tudo para mim", sussurrei, e as palavras saíram sem que eu pudesse impedi-las.

Heitor parou, os dedos ainda entrelaçados nos finos fios castanhos, e olhou para mim com uma expressão que eu não conseguia decifrar. Havia carinho ali, sim, mas também algo mais, algo que parecia quase tristeza, ou talvez medo.

Mas, então, Heitor sorriu, e o momento se quebrou. Ele se inclinou, capturando meus lábios em um beijo lento, profundo, como se quisesse selar aquelas palavras entre nós.

"E você é meu", respondeu, e eu senti o coração inchar no peito, tão cheio que doía.

Nós nos beijamos mais uma vez e, por um instante, o mundo lá fora, com suas regras, seus julgamentos, suas incertezas, simplesmente desapareceu. Restavam apenas nós, dois corpos entrelaçados, uma paixão que prometia ser tão intensa quanto frágil, e a certeza de que, naquele momento, nada mais importava.

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Heitor sedutor nato,porém imaturo,insensível e incurável. Júlia preterida e outro irmão uma incógnita.

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