YKARO 22
Se antes Luan já dominava meus sonhos, agora ele se instalou de vez, cada pensamento meu me leva para o que fizemos, saindo no meu corpo literalmente o que aconteceu entre nós. O mais louco é a falta que o beijo dele me faz, ouvir sua voz rouca, sentir o calor dele, enfim, é a segunda vez na vida que sinto saudades de alguém de verdade, é uma merda, sentir isso por um cara, é uma merda sentir isso por um cara comprometido e é uma merda sentir isso pelo namorado da minha melhor amiga — se bem que nem sei mais se somos melhores amigos.
A impressão que tenho às vezes é que ou estaria sendo amante dele ou dela, na pior das hipóteses seríamos um trisal, se bem que isso resolveria muita coisa, se não fosse por um único detalhe, descobri que tenho ciumes do Luan. Eu me senti assim quando ficava escondido com Ale, era só vê-la com o marido para me subir o sangue, não sou de brigar, porém fico remoendo isso dentro de mim, levei um tempo para perceber isso, tipo até pensava que era sobre Stella, mas não, é sobre ele, esse pretinho safado me fisgou, que merda!
Dormir pouco e também meu celular não parava de tocar, tive que pôr em modo avião para ter um pouco de paz, Pamela não me deixa em paz, resolver isso seria até fácil, mas não vou ceder, ela vai continuar insistindo mesmo se eu der o que ela quer, porém também não posso deixar que a Alexandra entre na minha vida de novo — já deu muito trabalho tirá-la da primeira vez.
— O que eu faço? — Pergunto ao meu reflexo no espelho.
Quero me livrar dela, mas não me vem nenhuma luz, na mente, puta merda! Onde foi que eu fui me enfiar e agora estou aqui de novo sendo amante, só que dessa vez de um cara, que confusão da desgraça, velho. Tenho que tentar falar com Helena de novo, ela é a única que pode me ajudar, só que nem ela conseguiu fazer isso da primeira vez. Então o que eu faço?
Não quero pensar nisso agora. já está quase na minha hora de ir trabalhar, sabe não devia ter aceitado o trampo lá do Luan, na verdade tenho que evitá-lo, pois não sei se consigo me manter longe do corpo dele, não depois de ontem. O que era para ter sido uma despedida foi só uma tentação maior do que já tava rolando, com ele quando mais eu faço, mas me afundo nele.
Tem muita coisa acontecendo, só que depois de ontem algo mudou, mesmo sob muita pressão ainda sim consigo sentir um alívio, estou bem, de verdade como não ficava a muito tempo, são tantos sentimentos que fica difícil até mesmo de entender. Só sei que ao mesmo tempo que entendo precisar ficar longe dele, foi ele quem me deixou assim, feliz, leve, satisfeito, por isso é tão difícil fugir desse sentimento.
***
— Ykaro a gente pode conversar? — Stella me chama assim que chego no bar.
— Claro, fala ai — ela me segue até onde fico, enquanto começo a organizar as coisas para começar o dia ela fala o que quer me dizer.
— Desculpa.
— O que? Porque?
— Amigo eu gosto de você, para ser sincera quando comecei a sair com você eu meio que já estava desacreditada do Luan.
— Eu era seu step? — Acho que nunca tivemos essa conversa.
— Um foi o step do outro né Ykaro, você também não estava bem quando começamos — ela tem um ponto.
— Sim.
— Mas aí o Luan apareceu e estamos tentando de verdade dessa vez — me machuca ouvir isso, mas quero que ambos sejam felizes — e eu acho que por medo dele mudar do nada como antes e também de te perder eu posso ter forçado as coisas.
— Stella — ele ergue a mão me interrompendo.
— Eu sei, aquele lance a três só aconteceu porque eu forcei, sei lá na minha cabeça que eu poderia ter os dois, mas chapei total, não penso mais assim.
— Tá tranquilo — agora mais do que nunca me sinto um lixo de pessoa.
— Você me disse que eu tinha escolhido o Luan, mas eu não escolhi.
— Como assim? — Não consegui entender seu ponto.
— Eu só tive relacionamentos meio merdas sabe e quando o Luan chegou ele me tratou tão bem, mas aí veio a culpa dele por ser crente, enfim com ele era uma montanha russa.
— Eu lembro de te ver muito mal por causa dele.
— Pois é, mas cada vez que ele estava comigo era como se o mundo não importasse mais — sei bem como é — aí na manhã seguinte vinha o surto.
Estranho pensar nisso, comigo o surto nunca veio, Luan assim como eu foi se entregando para o que está rolando, sem volta, sem arrependimento, nem parece a mesma pessoa. Não tinha pensado nisso, acho que parte de mim torcia para que ele tivesse essa crise de consciência, pelo menos um de nós poderia ter, mas não.
— Stella, o que você sente pelo Luan? De verdade.
— Eu amo ele, Luan me deu tudo que eu nem sabia que precisava, ele é doce, cuida de mim, me deseja, é companheiro, sensível, aquele homão enorme é um poço sem fim de amor.
— Então porque você ainda me procura? — Aproveito esse momento, para entender tudo que se passa na cabeça dela — você tem medo dele voltar atrás e você se ver sozinha e sem tudo isso que ele te proporciona?
Stella fica sem palavras, eu sou um step para ela, e pelo que vejo ela continua querendo que eu fique aqui esperando por ela. Sabe que nunca pensei que passaria por isso, eu dei conselhos ao Luan para investir nela mesmo sabendo que perderia minha melhor amiga e agora vou ter que fazer o mesmo e perder a pessoa que mais me ensinou sobre mim mesmo.
— Se você valoriza ele fica com ele, não deixa essa chance passar.
— E a gente?
— A gente nunca existiu, não dessa forma, mas sou seu amigo e vou continuar sendo.
— Só não como antes.
— Não como antes — e nem poderia, não sou tão cara de pau de ter chifrado ela e ainda continuar bancando o amigo perfeito — sempre que você precisar de mim vou estar aqui, mas como amigo.
— Ykaro, você está apaixonado por aquela mulher não está?
— Porque você acha isso?
— Porque olhando para você eu vejo o cara que você me disse que era antes da sua vida dar errado — algo nas suas palavras me pegaram muito forte, eu me sinto assim, mas pensei que podia ser só confusão da minha cabeça.
— Olha eu não estou com ninguém, mas sim, eu me apaixonei, mas é um amor impossível.
— Ela deve ser maluca de não aproveitar.
— A gente quer, mas é complicado.
— Eu entendo bem de relacionamentos complicados, mas olha para mim e pro Luan, uma hora dá certo! — Esse é o problema, se der certo para ela nunca vai dar certo para mim.
Bem deu nossa hora e temos que trabalhar, às sextas são sempre cheias e com muitas demandas. Minha conversa com Stella serviu para me lembrar que não importa o que eu esteja sentindo, não vou ser amante, não de novo isso já arruinou minha vida uma vez, não posso deixar que aconteça de novo, tem muita coisa em jogo.
O expediente mal começa e a casa já está lotada, no meio da preparação de um drink vejo Stella trazendo o Breno até onde estou, parece que ele quer falar comigo, só espero que isso não seja coisa do Caio, pois já estou por um fio com esse cara. Que ele não goste de mim eu to cagando para isso, só que o maluco cismou que o Adriano é de cristal e fica caçando piolha na cabeça de careca, fora que ele se acha o fodão e eu tenho zero paciência para gente assim. Não vou comentar o fato dele implicar sempre com o Luan. Isso não tem nada haver com minha antipatia com ele.
— Oi Breno.
— E aí Ykaro, cara, o Adriano me pediu para vir aqui — o Adriano? O que será que rolou?
— Ele está bem?
— Está, só que a Pamela apareceu lá de novo e fez uma confusão ainda maior do que mais cedo.
— Porra, ele quer eu eu saia da casa né? — Nem posso culpá-lo, essa confusão acabou respingando nele, é isso que meu passado faz, ele afeta a todos que me cercam.
— Não, não, nada haver, ela é que precisa de terapia, enfim vou te contar o que rolou e pode ficar tranquilo, minha missão aqui é como advogado.
Ainda não acredito que ela está indo tão longe para tentar ficar comigo, essa mulher nunca deve ter ouvido um não na vida, certeza, só isso explica esse comportamento completamente imaturo — meu medo é o estrago que Ale pode fazer, se ela descobrir onde eu moro e onde eu trabalho. Bem eu precisava de uma luz e Breno parece ter sido um enviado de Deus para me ajudar a sair dessa enrascada, só que não tem como sair dessa ileso.
— Já que você está aqui como advogado, o que eu te contar aqui morre aqui?
— Pode confiar, o que me falar aqui não vai sair daqui, na real é até melhor que eu saiba de tudo, para conseguirmos uma medida protetiva e assim também evitar que ela faça mal a você ou alguém da nossa turma — é estranho ouvir ele falando nossa turma, não tinha me dado conta que os amigos do Adriano estão virando meus amigos também.
— Tá, é um pouco mais complicado do que você pensa — enquanto trabalho conto tudo para o Breno, tudo mesmo e vou te falar é surpreendentemente bom abrir o jogo, tirar esse peso das costas.
Breno me escuta com paciência, ele nem me interrompe, só quando finalizo minha história é que o vejo formulando sua próxima frase na mente, de qualquer forma desabafar com alguém já me ajudou. Para agradecer faço uma caipirinha para ele.
— Valeu — ele recebe o copo, dá um gole e por fim começa a falar — olha eu posso pedir uma medida protetiva, ela é casada o que facilita as coisas, afinal duvido muito que ela vai por o casamento a perder, pois se isso vir a público vai ser pior para ela.
— E sobre a chantagem que ela está me fazendo?
— Vamos registrar um boletim de ocorrência, vamos usar as mensagens e tenho certeza que o Adriano pode ajudar sendo uma testemunha de que ela tem te importunado.
— Breno, nem tenho como te agradecer, tipo cara sério você está tirando um baita peso das minhas costas.
— Que isso, o Adriano ficou preocupado e eu também, aquela mulher está desequilibrada.
— A gente pode contar com a mãe dela também, Helena é sensata e não vai querer que a filha se foda.
— Ótimo, isso só vai facilitar as coisas e caso sua ex venha aparecer vamos tomar providências sobre ela também, pode deixar — finalmente minha mente parece ter um respiro, estava precisando ouvir boas notícias.
— Valeu Breno, de verdade mano e por favor, não comenta nada com o pessoal.
— Eu te disse, estamos em sigilo advogado cliente, pode ficar relaxado.
— Olha não tenho muito, mas se você me der um tempinho eu posso pagar por todos os seus honorários viu — não é normal me fazerem “favores” sem nada em troca, então me antecipo, não quero passar a impressão de que estou me aproveitando da amizade dele com Adriano.
— Não macho, pode considerar um desconto amigos e família ai.
— Que isso, eu faço questão, você está me ajudando.
— Eu me tornei advogado para isso, Ykaro meu maior sonho é fazer isso, lutar pelo que é certo, essa mona é uma mimada e se não fosse o Luan só Jesus sabe o que ela teria feito lá na casa de vocês.
— O que o Luan fez? — Me vem uma preocupação com ele.
— Rapaz, ele tirou ela no ombro, foi engraçado, mas relaxa eu já resolvi isso, ela não é nem maluca de querer tornar tudo isso público e no momento em que ela pensar em envolver a polícia nisso faço com que se arrependa até de ter nascido.
— Me lembra de nunca ficar no seu caminho — digo brincando.
— Nada, você não está pode ficar tranquilo, meus obstáculos são outros.
— E vai ficar em segredo comigo depois de eu ter aberto meu passado inteiro contigo? — Contar a ele e vê-lo me ajudar de tão bom grado me faz confiar mais nele e algo me diz que ainda seremos bons amigos — conta aí, qual é o grande segredo do doutor.
— Ykaro você sabe o que é gostar tanto de uma pessoa, mas essa pessoa não pode ser sua?
— Pior que sim! — Preparo outro drink para ele.
— Pois é, eu gosto dele desde o primeiro segundo que coloquei os olhos nele.
— E o que te impede?
— Ele não me vê dessa forma — tem um sentimento familiar nas palavras dele, embora meu caso seja um pouco diferente, no foco principal o problema é o mesmo, amar a pessoa errada.
— Olha Breno, você é um cara presença e se você gosta mesmo do cara investe — queria poder eu seguir esse conselho — não espere perder ele de vez para outra pessoa.
— Você acha? — O brilho de esperança surgindo em seus olhos.
— Mano, se você consegue colocar a Pamela no lugar dela, acredita que qualquer coisa é possível para você, doutor.
— Amanhã bem cedo começo a trabalhar no seu caso, vou precisar só dos seus documentos por email para o boletim e iniciar o processo vai dar certo — ela diz se arrumando para sair.
— Vai para onde nessa pressa?
— Cara, vou ouvir seu conselho, vou ficar por perto e mostrar que posso ser o cara dele!
— Assim que se fala, doutor!
Rimos muito, ele por fim se vai em busca do homem dele enquanto fico aqui pensando em fazer o mesmo, só que não dá, não posso. Aproveito a hora para falar com Helena, eu confio nela, mesmo Pâmela sendo filha dela, não vai fazê-la ficar contra mim e a favor da mimada. Dito e feito, Helena ficou puta por Pamela ter me ameaçado, com a ajuda dela Breno vai conseguir me livrar dessa maluca de uma vez e também assim aprendi minha lição, melhor deixar o passado no passado.
O movimento alto do bar é bom porque faz a hora passar voando. Acabei de servir o último drink e então começo a fechar minha cozinha. Lavando as coisas que usei e guardando as bebidas e tudo mais. Stella aparece na porta com a mochila nas costas e um sorriso apesar do cansaço, já até sei o que ela quer: uma carona.
— Você vai para casa?
— Sim e você não vai encontrar com Luan hoje?
— Eu queria, mas ele disse que hoje tinha que ajudar o Adriano, parece que ele convocou uma força tarefa para ajudar com o trabalho de amanhã.
— Se quiser ir comigo para casa então, bom que você fique com ele ajudando.
— Melhor não, Luan tem que ficar solto, não quero pressioná-lo, sei como meu namorado funciona e outra estou mesmo querendo ir para casa dormir — justo, não posso nem criticá-la, eu mesmo estou exausto.
Antes que a conversa possa continuar meu telefone começa a tocar, respiro fundo já pensando ser a Pamela, um segundo que eu tiro meu telefone do modo avião e ela liga, só pode ser muito azar. Porém não é o nome dela que aparece na tela e sim o do Luan.
— Me dá um segundo Stella — peço e ela assente se afastando, mas percebi um certo desconforto dela, não tem como ela ter visto o nome do Luan, então é só ciúmes dela mesmo.
— Ykaro! — A voz dele está embargada, o barulho é quase ensurdecedor, parece que ele está me ligando de frente a uma caixa de som — vem me buscar!
— Espera, Luan, não tô te ouvindo direito — ele claramente não está lá em casa.
— Ykaro, vem me buscar, por favor! — Ele não parece bem.
— Onde você está? — Luan me manda sua localização em tempo real.
— Não sai dai, estou indo — é um bar, eu conheço, nunca fui, mas quando servir bebidas é seu trabalho acaba conhecendo os concorrentes em algum momento.
Stella está perto da minha moto, não sei o que está acontecendo, mas sei duas coisas que Luan está bêbado e que ele precisa de mim, não tenho como levar Stella para casa e deixá-la esperando e também não posso falar para ela, afinal ele ligou para mim e não para ela. Digo a mim mesmo que o motivo de não contar a ela é para evitar que ela fique puta por ele dizer que estava em um lugar quando isso não é verdade, mas no fundo eu sei muito bem que estou feliz de ter recebido essa chamada, em um momento de tensão ele ligou para mim, ele quer eu eu o busque, que eu o ajude, querendo ou não isso acaba amassando um pouco meu ego.
— Stella surgiu uma pequena emergência com um amigo, não vou poder te dar carona hoje — ela me encara como se analisasse o que eu acabei de dizer, mas em teoria não menti.
— Tudo bem, vou de uber.
— Valeu, a gente se fala, tenho que ir — saio com bastante pressa, só de saber que Luan pode não está bem isso me deixa bem maluco.
Vou o mais depressa que consigo, afinal não sei o que aconteceu, eu sei que o Luan bebe, só que ele sempre me pareceu o cara que pega leve, não o cara que chuta o balde, tipo na nossa noite juntos ele nem quis beber porque tinha que trabalhar e meio que hoje mais tarde ele tem o lance da empresa dele.
Ele veio para o Astro Pub, é um bar gay, não consigo imaginar o Luan em um lugar assim, ainda mais sem o Adriano. Eu sei que o Adriano não está, primeiro porque ele é muito responsável com seu trabalho e tem muito o que fazer e segundo que Luan jamais pediria ajuda estando com Adriano. Assim que chego, vejo ele sozinho encostado na parede do lado de fora, pelo jeito bem bêbado.
Estaciono a moto e no instante em que me dirijo até ele vejo um cara chegando com uma garrafa d’água para ele, isso me sobe o sangue, não sou um cara ciumento, pelo menos eu não era, até o Luan aparecer na minha vida. Apresso o passo para chegar nele, até tento evitar uma cara fechada, mas é mais forte do que eu, então já meio que chego ficando entre o carinha e ele.
— Luan, tô aqui.
— Ykaro, você veio — com os olhos baixos e um sorriso bobo ele me derrete, até esqueço do ciúmes.
— Viu te falei que ele estava chegando — o cara diz sendo gentil — você deve ser o namorado dele, né?
— Oi? — Como assim namorado?
— Ele estava chorando no canto perto do banheiro e muito bêbado, a gente ficou com ele porque ele disse que o namorado dele estava vindo buscá-lô — estou atônito, não sei o que responder.
— Ykaro me leva para casa por favor — sua voz manhosa, porra nunca tinha visto ele assim, alguém fez alguma coisa com meu pretinho, se eu pegar essa pessoa vai ter que se entender comigo.
— Valeu, eu cuido dele, valeu gente — no final o carinha só tava ajudando ainda bem que não fui grosso com o cara, mas foi por pouco — ah, ele bebeu muito, mas é que não somos assumidos.
— Relaxa amigo, não quero tirar ninguém do armário, só tava ajudando mesmo, tchau Luan, se cuida cara, não vai mais beber sozinho desse jeito.
— Valeu Emanuel — Luan agradece com o jeitão doce e tímido que só ele tem.
Ele me abraça se apoiando em mim até minha moto, estou muito chocado dele está tão bêbado assim e nem consegui processar ainda ele ter dito para o cara que o namorado dele estava vindo socorrê-lo. Já quase na moto Caio simplesmente brota do nosso lado, completamente vermelho.
— Finalmente, te achei, você saiu um minuto falando que ia no banheiro e sumiu criatura — Caio começa a dar uma bronca nele só depois é que se toca com quem ele está — Ykaro, tá fazendo o que aqui?
— Eu tava por perto e vi o Luan aqui fora, por isso parei para ajudar.
— Ele vai me levar para casa — Luan mal consegue abrir os olhos.
— Pode deixar Ykaro esse traste é minha responsabilidade hoje, já me arrependi de ter dado bebida para ele.
— Não, eu vou com Ykaro! — Melhor que o Luan se cale antes que nos comprometa ainda mais.
— Eu já estava indo para casa, pode deixar que eu levo ele.
— Tem certeza? Luan bêbado é um poço de carência — Acho que é a primeira vez que vejo Caio demonstrando mesmo que minimamente uma preocupação com Luan que nem ele tem com Adriano.
— Tenho sim, você pode curtir sua noite — Caio me encara nos olhos como se estivesse me lendo. Odeio que as pessoas estejam fazendo muito isso comigo, fico me sentindo como um mentiroso sendo posto à prova o tempo todo.
— Tá bom, já que você não se importa, é até melhor, com você sei que ele vai ficar bem.
— Pode deixar, cadê o Adriano? Pensei que vocês só saíssem juntos?
— O Adriano tá puto comigo, eu vacilei muito feio com ele, por causa desse viado! — Luan se exalta um pouco com os olhos marejados.
— Aí para de drama Luan, que saco, foi justamente por isso que ele ficou puto para começo de conversa.
— Desculpa! — Luan praticamente grita, acho que ele não tem a menor noção do poder que sua voz tem.
— Tá, tá, tá, leva logo ele antes que eu perca a paciência — Caio parecendo preocupado com Luan é surreal.
Caio se afasta sem nem dar boa noite direito para gente, ele volta para dentro da festa. Me viro para o Luan, ele está péssimo, dá uma dor no peito ver ele assim, ainda mais que eu não faço ideia do que rolou. Mais surreal de ver ele com Caio em uma festa é imaginar um cenário onde Adriano tinha ficado puto com ele, afinal as vezes acho que a amizade deles ainda é maior do que a que Adriano tem com o outro amigo.
— Vamos para casa — digo, mas ele se agita.
— Não, o Adriano não quer que eu vá lá.
— Que historia é essa Luan, o Adriano jamais iria te expulsar.
— Não, eu não posso — parece um meninão.
— Tá onde cê mora, vou te levar para casa.
— Não, minha mãe não pode me ver assim, eu não quero ir para casa, não quero ir para Stella, não quero ir pro Adriano.
— E para onde você quer ir, homem de Deus? — Ele está tão dengoso que só consigo rir de tão fofo que ele está.
— Eu quero ficar com você — ele me abraça, se não fosse o capacete Luan me beijaria aqui, na frente do bar, meu coração acelera como se fosse saltar do meu peito.
— Tá bom.
Está muito tarde, não vou ligar para Helena, não tendo como ir pro Loft só nos resta uma opção que é um motel. Luan me agarra com força, eu só quero que esse momento não termine nunca mais. É tão difícil sentir culpa, com Luan só consigo dizer sim, quero ele mais do que já quis qualquer outra coisa na vida, cada dia que passa isso só fica mais claro para mim, mesmo assim nosso lance é impossível, por vários fatores, ele é homem e eu também, ele namora, a mãe dele morreria se sonhasse com o que a gente já fez, tem tanta coisa entre a gente, e mesmo assim a força sobrenatural que ele tem sobre mim me faz voltar pro abraço dele.
O motel mais próximo de onde estamos é um chamado Le Chalet então é para lá mesmo que vou. Ainda bem que tem vaga e tem pernoite, pego um quarto para gente e entramos. Ele está quase dormindo, mesmo assim suas mãos me seguram com firmeza. Ajudo ele a descer da moto e a tirar o capacete.
— Você veio — ele diz com um sorriso bobo.
— Você chamou, eu vim — acabamos repetindo o mesmo diálogo de quando eu era o bêbado chamando por ele.
— Que bom que você veio.
— Que bom que você chamou.
Ainda no estacionamento Luan me puxa para um beijo de tirar o fôlego — puta que pariu, meu pretinho tem uma pegada muito gostosa. — Vamos nos beijando em direção ao quarto, é engraçado, que depois de cada beijo ele se desculpa comigo, sério como eu vou resistir a ele desse jeito, é impossível não me encantar por esse cara.
— A gente tá dando um tempo, então não pode beijar — diz ele me beijando.
— Não, não podemos — repito, depois beijo ele de novo.
— Você vai dormir comigo, né?
— Sempre que você me quiser na sua cama eu vou estar — minhas palavras saem como uma promessa para ele, em resposta ele morde os lábios. Luan consegue ser fofo e quente, puta que pariu o que esse cara tem que mexe tanto comigo?
— Ykaro!
— O que?
— Quero você na minha cama hoje.
— Sim senhor! — Faço uma continência meio atrapalhada para ele, Luan simplesmente cai na risada, e não sei se é por causa da paixão, mas sua risada é a mais gostosa que já ouvi.
— Ykaro! — A voz de bebinho dele é linda, porra moleque nunca fique de quatro por alguém assim, é tudo novo e sei lá, estranhamente agradavel.
— O que? — Pergunto me divertindo com o jeito que ele diz meu nome.
— Hoje eu não namoro.
— Não?
— Não.
— Nem comigo? Você disse para seu amigo lá que seu namorado ia te buscar — Luan me encara pensativo e então me abraça e me beija.
— Ykaro?
— O que? — Não consigo parar de rir.
— Você namora comigo?
— Só por hoje?
— Só por hoje!
— Namoro sim.
— Então me beija — eu sei que amanhã ele ainda vai ser namorado da Stella, mas porra moleque, hoje nesse quarto só tem a gente e mesmo que por um perido tão curto e ser quase um namoro de mentira, ainda sim para mim essa é a melhor noite da minha vida.
Nosso beijo é quente e cheio de algo a mais, desde a primeira vez sinto que Luan e eu estamos avançando de forma natural, nossa intimidade só aumenta, seu toque é familiar para mim agora assim como o meu é para ele. Meu pau está estourando dentro da cueca, o desejo por ele só aumenta. Luan está de camisa polo que é a cara dele branca e uma calça jeans justa. Primeiro me desfaço dela, ficando de joelhos para ajudá-la a tirá-la.
O Safado se aproveita que estou ajoelhado, segurando meu cabelo ele passa seu pau ainda coberto pela cueca na minha cara, eu fico alucinado só com o cheiro da sua pica, sua risada gostosa se alternando com gemidos ofegantes quando mordo de leve sua tora dura e marcada na cueca. Seu pré gozo melando a cueca me deixa ainda mais maluco.
Luan tira o pau de dentro da cueca e não precisa nem pedir para chupar, pois é a primeira coisa que me faz a cabeça quando fico de frente ao seu pau duro e ereto. Segurando com firmeza e masturbando me concentro em lanber a cabeça avermelhada. Ele se encosta na parede para não cair, é como se suas forças estivessem sendo sugadas pela cabeça da sua rola na minha boca. Seus gemidos são meu guia para fazer o melhor boquete que ele já recebeu, meu desejo é chupar seu pau de uma forma que ninguém mais possa superar, assim ele vai sempre lembrar de mim e dos nossos momentos juntos.
O saco do Luan é grande pesado, seus pelos são aparados, mas ainda pode se dizer que ele seja um pouco pentelhudo — ele ainda tem um pouco mais do pelos do que eu — as veias dão um charme a parte para essa pica linda, — olhando com mais calma agora vejo que ele tem uma leve curvatura para cima, acho que por isso ele mete tão bem. Me dedico a tentar engolir o maximo de pica que consigo, quando mais fundo eu chego, mas o gosto da sua porra vai ficando na minha boca.
— Isso é muito bom.
— É, cê gosta?
— Pra cararalho, chupa seu preto, vai! — Luan bêbado fica ainda mais safado, ele bate com o pau na minha cara, não estava esperando por isso, o peso da sua pica na minha cara é surreal de bom.
Depois de passar um tempo fodendo minha boca me levanto para beijar sua boca, tiro sua camisa e depois minhas roupas. Os dois peladinhos na cama redonda do quarto é uma cama grande até, para caber dois homens grandes. Ele vem por cima montando em cima de mim, com sua pica bem na minha cara, enquanto chupo ele, sua mão grande e forte começa a me masturbar, a sensação perfeita.
Luan recua com o quadril de encontro com meu pau, ainda montado em mim ele me beija arrancando todo o meu fôlego, meu pau cutucando seu cuzinho, estamos tão envolvidos e soltos, com ele sinto que tudo está liberado, tudo é permitido e isso é um nível de intimidade que nunca tive com ninguém. Engraçado pensar que realizei tantos desejos, mas é com Luan que estou descobrindo e realizando os meus.
— Eu tava com saudades desse beijo — me permito dizer.
— Não mais que eu!
Uma coisa que ambos gostamos muito de fazer é roçar os paus um no outro, ele põe seu peso em cima de mim e nossos paus se encontram, cada movimento dele arrepia todos os pelos do meu corpo. Sua língua é quente, envolvente, tudo de bom, o beijo dele é molhado, é macio, é cheio de lingua, cheio de chupões, é indescritível, até quando ele morde minha boca é delicioso, chegamos justamente no ponto onde qualquer coisa que o Luan faça comigo eu vou gozar loucamente e pronto, não tem o que fazer, tudo nesse cara me excita de formas que nem sabia que eram possíveis.
Ficamos namorando e trocando carícias na cama por tanto tempo que nem percebo a passagem da primeira hora. Tem toda uma pegação gostosa, mas Luan está tão alto que prefiro não passar muito disso hoje, também não quero me aproveitar do fato dele está bêbado. Estamos nos curtindo, mas ainda preciso cuidar do meu pretinho, agora que acalmei ele é hora de lidar com o álcool.
Pego uma água no frigobar para ele, depois o levo para tomar um banho frio, na lista de coisas que nunca pensei em fazer com toda certeza no top três estava dar um banho em um homem de mais de um metro e oitenta, mas cá estou banhando meu preto delicia. Eu tô inteirado que esse negócio de fetichizar a pele preta é paia, só que eu não acho que seja o caso aqui, não me interessei por ele por conta disso, até porque nenhum homem tinha me chamado atenção, só que a pele retinta dele ganhou um novo significado para mim quando conheci esse lado meninão dele, carinhoso, carente também.
Luan tem tanto amor no coração, mas foi brutalmente cercado com discursos terríveis de como ele deveria ser, um homem perfeito aos olhos de Deus que muitos hipócritas dizem ser, mas estão muito distantes desse perfil. Ele se culpou a vida inteira por ser diferente, por pensar diferente, ou só por pensar, eu entendo parte do que ele teve que passar na adolescência, mas mesmo com todo o preconceito que eu sei que existe dentro dele Luan se entregou para mim e mais ainda, ele fez com que eu me entregasse a ele.
— Tô com fome — tão dengoso meu pretinho.
— Tem chocolate, mas eu posso ligar na recepção e ver se tem algo que a gente possa pedir.
— Não, chocolate tá bom — estou enxugando ele, que visão, Luan tem um pau muito lindo, e de novo estou elogiando um pau de outro cara, só ele para me deixar assim.
— Você gosta do meu pau?
— Oxê que pergunta é essa? — Agora eu fiquei sem jeito.
— Ah, eu gosto do teu, é branquinho, a cabeça é rosada e ele é macio, bom de chupar.
— Você já chupou outro pau para saber?
— Não, mas o seu é bom é diferente de buceta, mas eu gostei — o álcool tirou todo o seu filtro.
— Eu acho que adoro seu pau, tipo as veias e a forma que mesmo mole ele continua grande e grosso, a forma como o volume preenche sua cueca é lindo.
— Eu sou lindo? — Ele não está sorrindo, essa é uma pergunta um pouco mais profunda, posso sentir.
— Você me fez querer chupar você, Luan tu me arrombou cara, tu acha que eu faria o que eu fiz se tu não fosse o macho mais lindo e gostoso dessa cidade — ele sorriu de forma tão genuína que tenho que ceder ao impulso de beijá-lo.
— Eu nunca fui bonito.
— Que história, você é lindo Preto, o homem mais lindo que eu já conheci.
— Você que é, você é lindo Ykaro, gostoso — damos outro beijo, ele fica muito sexy com a toalha enrolada, ambos só de toalha dentro do banheiro é uma visão e tanto.
Vamos para cama, eu o ajudo a vestir sua cueca e depois visto a mim, depois do banho e de comer um pouco ele começa a dar sinais de melhora. Na nossa primeira noite ele estava muito carinhoso comigo, mas dessa vez tem algo especial rolando, o beijo é sem pressa, é leve, seu toque é acolhedor ao mesmo tempo em que me atiça, hoje Luan não é namorado da Stella e eu não sou seu amante, hoje de fato Luan é meu namorado, mesmo sendo a coisa mais surreal do mundo, meus olhos ficam marejados por saber que essa sesação tem data de validade.
— O que foi Vidinha?
— Vidinha? — Sinto um calor a percorrer meu corpo.
— Sou seu Preto, você é minha Vidinha.
— Então somos esse tipo de casal, que coloca apelido brega?
— Sim, eu quero ser esse tipo de casal — ele me beija, como eu queria que o tempo parasse, nem consigo mais reconhecer uma versão minha antes disso.
— Você é meu Nego e eu sou o seu.
— Nego, gostei — ele pensa um pouco e continua — Nego você foi me buscar, eu gostei que cê foi.
— Deixei você me comer com essa rola gigante que você tem, depois disso não tem muita coisa que eu não faria por você — Luan começa a gargalhar com o que eu disse.
— Sabe que eu também faço o que você quiser né? — Ele fica sério de repente — Se me pedir eu faço.
Sinto um aperto no peito, eu sei o que ele quer dizer, se eu pedir ele deixa a Stella para ficar comigo, mas Luan está bêbado, não posso ter essa conversa com ele assim, não seria justo com ele, comigo e nem com ela. Melhor mudar o assunto.
— Porque você brigou com Adriano?
— Eu não briguei com ele, só que eu sou um merda.
— Não Nego, você não é, deixa disso — encho ele de beijos até melhorar seu humor de novo, então ele me explica o que rolou.
— Por isso, eu nunca pensei que o Adriano se ofendesse com o que eu falo, me sinto um merda por ter magoado ele.
— Você é uma pessoa incrível Luan, só por sentir isso, mas eu tenho que dizer, eu não gosto muito do Caio também, porém você passa do ponto com ele, tipo por que vocês tem essa richa?
— Quando ele conheceu o Adriano, eu ja era amigo dele, só que o Caio era gay que nem o Adriano.
— Luan, você, acha que pode sentir algo pelo Adriano, tipo o que você sente por mim? — Meu coração vai sair pela boca, mas tive que perguntar, ele pensa um pouco o que só piora tudo dentro de mim.
— Não, Adriano é meu irmão saca, eu nunca tive um irmão e na escola a galera é meio maldosa comigo, mas um dia eu vi que eles eram piores com ele.
— Luan, você sofreu racismo na infância? — É um choque para mim, me dar conta disso, Luan tem a pele retinta e o Adriano uma vez comentou que ele era magro e alto.
— Eu não ligo, não mais, porque eu tenho o Adriano, ele é meu melhor amigo, meu irmão, ele me ensinou a não ligar, a ser forte, mas ele sempre foi mais forte do que eu.
— Ele tem uma luz em volta dele mesmo — Adriano é um cara muito pica, e estranhamente não sinto ciúmes dos olhos brilhantes do Luan quando fala dele, eu sinto verdade no Luan, o que ele sente pelo Adriano é uma admiração de irmão mesmo.
— Pois é, mas eu sou um babaca,nunca pensei que tava magoando ele.
— Caio não vai tomar seu lugar como amigo do Adriano, tipo pelo que eu vejo vocês ocupam lugares diferentes na vida dele e outra tenho certeza que o Adriano vai te perdoar.
— E você Ykaro, porque aquela mulher está te perseguindo?
Meu corpo reage se enrijecendo, não esperava que ele fosse me perguntar isso, não sei se consigo falar sobre meu passado, tenho medo de que ele me julgue, mesmo sabendo que ele não faria isso, mas a insegurança em mim é forte, principalmente com ele, não sei como agir se Luan mudar comigo por causa do que eu fazia, por causa do que eu fiz. Mas ao mesmo tempo sinto que mentir para ele pode ser pior, é uma encruzilhada muito difícil.
— É complicado — isso é tudo que sai da minha boca.
— Você tem algo com ela — ele está quase dormindo, mas insiste no assunto.
— Não, mas eu tive, eu tirei a virgindade dela, só que não passou disso, eu juro.
— Acredito em você Nego — ele acredita em mim, por que isso é tão importante para mim?
— Pois é, agora ela quer ficar comigo de novo, mas eu não quero.
— Ela falou algo sobre se vingar de você — estou entrando em um terreno perigoso nesse assunto.
— Nego, eu não quero falar do meu passado e também não quero mentir para você — ele me beija de forma doce e suave, depois me puxa para ficarmos de conchinha com ele atrás de mim.
— Tá bom, quando você quiser você me fala — ele beija meu pescoço — a gente pode dormir um pouco?
— Podemos sim — respondi sentindo um verdadeiro alívio, sei que em algum momento vou ter que ter essa conversa com ele, mas por hora não tem que ser hoje.
