O sol da tarde atravessava os vitrais, pintando o chão de pedra da igreja. O silêncio era absoluto até eu avistá-lo, ajoelhado diante do altar. Quando nossos olhos se encontraram, um acordo silencioso foi selado. Ele se levantou, indicou a sacristia com um gesto. Eu segui.
Dentro, o ar estava parado, pesado com o cheiro de cera e madeira envernizada. A porta fechou-se com um clique suave. Ele se virou e, sem a batina da formalidade, era apenas um homem diante de outro. Nos beijamos com uma urgência que dispensou palavras. Sua boca era quente, seu gosto um misto de hóstia e café. Enquanto suas mãos desciam ao meu cinto, minhas mãos abriam a sua batina, encontrando o corpo quente e tenso por baixo do tecido negro.
Ele me conduziu até a mesa de madeira pesada, afastando um véu branco. A madeira era fria contra minhas costas.
"Minha vez primeiro," ele sussurrou, sua voz mais grave do que no confessionário. Suas mãos viraram-me, posicionaram-me de bruços sobre a mesa. O pano do véu era áspero contra meu rosto. Ouvi o som do pote de pomada sendo aberto. Seus dedos, untados e frios, prepararam-me com uma prática que era ao mesmo tempo clínica e íntima. A pressão era firme, inescapável.
Então, ele entrou. Foi uma invasão lenta, uma conquista total. Uma vez dentro, ficou imóvel, como se estivesse rezando. Quando começou a mover-se, foi com uma cadência profunda e ritmada, cada investida uma afirmação do seu desejo. Eu me agarrava à beirada da mesa, cada movimento seu reverberando pelo meu corpo, preenchendo-me por completo. A única coisa que existia era o peso dele sobre mim, o som da sua respiração ofegante e o rangido discreto da madeira. Quando ele chegou ao clímax, um tremor percorreu todo o seu corpo e um gemido abafado ecoou na pequena sala. Ele ficou sobre mim por um longo momento, antes de se retirar.
Ele me virou novamente. Seu rosto estava lavado de qualquer hesitação, seus olhos escuros queimavam com um novo tipo de fome. Ele não precisou dizer nada. Eu entendi.
Com suas mãos ainda firmes em meus quadris, ele me guiou para que fosse eu agora quem se ajoelhasse na fria pedra do chão. Ele ficou de pé diante de mim. As pregas da batina caíam ao seu redor como cortinas de um palco íntimo. Minhas mãos encontraram seus quadris enquanto minha boca o recebia.
Ele era salgado, vivo, real. Minha língua traçou o contorno dele antes de aceitá-lo mais profundamente. Suas mãos se enterraram em meus cabelos, não com violência, mas com uma necessidade profunda, guiando o ritmo. Seus suspiros transformaram-se em gemidos baixos, abafados, palavras em uma língua que só o prazer conhece. Sentir aquele homem de fé perder o controle, sentir seus joelhos fraquejando ligeiramente, sua respiração ficando mais ofegante, foi intoxicante. Eu o conduzi até o limite, sentindo a tensão crescer em seus músculos, até o momento em que ele se soltou com um som gutural, e eu o aceitei por completo.
Ficamos ali, no chão da sacristia, por um tempo indefinido. O silêncio que seguiu não era mais pesado, mas compartilhado, como um repouso depois de uma tempestade.
Ele se levantou primeiro, oferecendo a mão para me levantar. Não trocamos olhares. Ele foi até a pia, lavou-se com água fria. Eu me arrumei em silêncio. Ele recompôs a batina, e o padre retornou à sua forma, embora seus olhos guardassem um brilho diferente, uma paz estranha e conquistada.
Na porta, antes de eu sair para o crepúsculo, ele pegou minha mão por um instante. O toque foi rápido, mas significativo.
"Não foi pecado," ele disse, baixinho. "Foi verdade."
E pela primeira vez, ele sorriu. Um sorriso pequeno, cansado, mas real. Saí, levando comigo não o peso de uma transgressão, mas a leveza confusa de uma descoberta.
