A MÃO QUE TE MASTURBA

Um conto erótico de Rico Belmontã
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 687 palavras
Data: 05/12/2025 17:28:43

Rafael sempre gostou de se masturbar no escuro. Desde a adolescência, havia algo de sagrado no silêncio absoluto do quarto, nas cobertas encharcadas de suor, no toque solitário. Mas nada, nada o preparou para o que viveria na “Câmara do Ego”.

O convite chegou por e-mail, de uma lista de mailing obscura que ele nem lembrava ter assinado. A proposta era simples: isolamento sensorial absoluto. Uma experiência de libertação sexual e transcendência psíquica. Com um toque de “exploração somática avançada”. Ele se inscreveu sem pensar duas vezes.

Três dias depois, estava nu dentro de uma sala revestida de espuma negra, vendado, com fones emitindo um ruído grave e constante. Não havia som externo. Nenhum cheiro. Nenhuma visão. Só a sensação do próprio corpo. Ele se deitou em uma superfície acolchoada e esperou.

Horas.

Talvez dias. O tempo se dissolvia como esperma em água morna. Até que sentiu um toque.

No início, sutil. Um roçar de unha fria sob seu escroto. Depois, um dedo percorrendo sua virilha, lento, meticuloso, como se mapeasse cada dobra de pele. Rafael estremeceu. “Deve ser parte do processo”, pensou, enquanto seu pau enrijecia com uma urgência quase infantil.

A mão era pequena. Firme. Feminina. Mas o que o perturbava — e o excitava mais — era o fato de que só havia uma. Nunca mais que cinco dedos. Nenhum outro contato. Nenhuma voz. Nenhum corpo.

Só ela.

A Mão.

Ela o masturbava como se tivesse memorizado seus vícios. Apertava com força milimétrica. Passava a unha pelo freio do prepúcio. Dois dedos entraram no seu ânus, sem pedir licença, curvando na exata direção de sua próstata. Rafael grunhia, gozava, mordia a almofada. E chorava, às vezes.

Na quarta sessão — ou talvez fosse a oitava, o tempo não existia mais —, a Mão passou a dormir com ele. Deitava sobre seu peito e massageava seu coração com toques suaves, rítmicos. Ele começou a falar com ela. Chamou-a de “Mimi”. Contou-lhe sobre sua infância, sua vergonha do corpo, suas fantasias mais sujas.

Mimi respondeu com gestos. Apertava sua garganta quando ele falava demais. Acariciava seus olhos quando ele se culpava. Um dia, passou a zunhar o próprio nome em seu peito. M I M I, sangrando levemente. Ele adorou.

Mas então... veio o pedido.

Depois de o penetrar com força, Mimi segurou seu pulso esquerdo. Firmemente. Depois, com os dois dedos do meio, começou a arranhar sua pele, traçando uma linha até a base da mão. Rafael entendeu. Ela queria ser igual. Queria uma parceira. Queria um par.

Ele hesitou. Ela enfiou novamente dois dedos ainda mais fundo no seu ânus e apertou sua próstata até ele gozar em jatos espasmódicos, com dor. Chorando. Arfando. Vendo estrelas sob a venda.

Na sessão seguinte, Rafael pediu um cutelo. E ele veio. Frio. Cirúrgico.

Com Mimi o incentivando, ele se deitou sobre a almofada. Mordeu uma toalha. Decepou os nervos com precisão amadora e selvagem. Gritou quando sentiu o calor do osso ser serrado. Mas Mimi o segurava, o acariciava, lambia sua testa com algo pegajoso e quente.

Quando terminou, ele ofereceu a própria mão.

Mimi a agarrou. Beijou o coto sangrento. E levou a mão recém-amputada até a parede. Com um movimento que não fazia sentido físico, entrou nela — como se a mão fosse absorvida por um buraco invisível.

A parede gemeu. Gotejou algo escuro e espesso. O som de carne molhada se espalhou pela sala.

Agora eram duas.

Elas subiram em seu corpo como aranhas. Passaram pelas pernas, coxas, barriga. Uma masturbava, a outra enfiava os dedos fundo em sua carne ferida. Mas Rafael não sentia dor. Apenas um prazer doentio, ardente, perverso.

Ele gozou. E gozou de novo.

E as mãos se esfregaram entre si, cobertas de sêmen e sangue, rindo em silêncio.

Rafael nunca mais saiu da Câmara.

Hoje, é um torso faminto, deitado na mesma almofada, com os olhos vendados e os braços ausentes.

As Mãos — agora três, talvez quatro — o amam, alimentam-se dele, gozam com ele, vivem nele.

E aguardam novas mãos.

Novos corpos.

Novos toques.

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“Sim, eu aceito. Não vou resistir ao que vier.”

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Comentários

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não lembro se foi no século 18 ou 19 que histórias de terror sobre mãos que atacavam pessoas foram muito populares. E você foi além. O personagem amputou as próprias mãos pra que a mão amiga tivesse companheiros. Centenas de torsos humanos existiram na Antiguidade, porque a mutilação de braços, mãos, castração e retirada dos olhos eram práticas rotineiras do exército assírio. 5 mil anos depois, durante a segunda guerra mundial, houve muitos casos de mutilações. A humanidade evoluiu, mas nem tanto.

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