À semelhança do que acontecia nas pequenas cidades mais afastadas de centros urbanos maiores da Alemanha, onde me formei em medicina, a Eslovênia carecia de médicos interessados em clinicar nessas pequenas comunidades como médicos de família. Havia alguns motivos para essa falta de interesse. As clínicas eram pequenas, contando, quando muito, com uma ou duas enfermeiras auxiliares e uma escriturária. Os recursos materiais se limitavam ao básico, um aparelho de Raios-X, um ultrassom, uma sala de cirurgia para pequenos procedimentos sem complexidade. Os atendimentos se restringiam a vacinações, consultas no âmbito da clínica geral, acompanhamento pré-natal, suturas de pequenos ferimentos, atendimento domiciliar de idosos, nada enfim que desafiasse um jovem médico recém-formado disposto a revolucionar a cura de pacientes com os ensinamentos que adquiriu à duras penas. A remuneração também não servia de atrativo, embora não fosse insignificante permitindo uma vida confortável nesses lugarejos; porém, bastante distante da remuneração dentro dos hospitais de grandes centros urbanos, onde ela também vinha acompanhada de mais prestígio e fama. Por isso, esses postos mantidos pelo sistema de saúde público, geralmente eram chefiados por um médico mais velho que, ao se aposentar, muitas vezes decretava o fechamento da unidade assistencial por falta de interessados.
Minha índole pacata, uma timidez que vinha da infância, o desejo por uma vida pacífica e segura, preferencialmente junto a natureza, me levou a pleitear uma vaga numa dessas clínicas na Alemanha. Enquanto aguardava uma confirmação, atuava havia dois anos, como médico-assistente na cirurgia-geral no hospital universitário onde me graduei. Quando soube que o sistema governamental de saúde da Eslovênia também havia aberto um programa de recrutamento para o preenchimento dessas vagas, não hesitei em me candidatar, embora não soubesse pronunciar sequer um – bom dia – em esloveno. Assim que me inscrevi, comecei a pesquisar sobre o país e, quanto mais informações obtinha, mais me apaixonava pela possibilidade de morar numa de suas pequenas cidades. Encontrar um curso de esloveno não se mostrou tão fácil quanto imaginei, o idioma pouco falado fora das fronteiras do país fazia parte de especializações linguísticas de algumas universidades na Alemanha, mas eu queria algo mais simples e direto, não outro curso universitário. Encontrei no Sprachenatelier de Berlim, onde residia, um curso para iniciantes e me matriculei. Logo constatei que não seria tão fácil dominar o idioma que faz parte do grupo de línguas eslavas meridionais e que, dentro do próprio país, tem mais de trinta dialetos e subdialetos a depender da região geográfica, chegando a criar uma falta de inteligibilidade mútua entre eles. Bem, eu não estava interessado nesses pormenores e nem desconfiava qual deles estava aprendendo.
Sob protesto dos meus pais que não queriam me ver morando longe e quanto mais num vilarejo de um país estrangeiro e que, só ficaram sabendo da minha candidatura quando recebi uma carta de aceite para a cidade de Kranjska Gora no noroeste da Eslovênia, cuja população mal chegava aos 6.000 habitantes, próximo as fronteiras da Áustria e Itália, eu aceitei a vaga sem desconfiar do que o futuro me reservava.
- Não sei porque você faz esse tipo de coisa, Ingo! Deixar uma vida cheia de possibilidades em Berlim para se meter num fim de mundo daqueles. Pior, cuja língua você nem consegue falar! Como pretende se comunicar com seus pacientes, por telepatia, pela DGS (sigla para a língua por sinais na Alemanha)? – questionou contrafeito meu pai.
- Você é emancipado, meu filho, mas eu te proíbo de fazer uma loucura dessas! – exclamou minha mãe, ainda mais zangada e revoltada que meu pai. – Nenhum rapaz solteiro, bonito, bem sucedido como você tem esse tipo de atitude! Você tem tudo aqui! Veja seu tio, um médico bem-sucedido de prestígio que pode te ajudar a alavancar sua carreira, e você opta por se enfurnar numa aldeia que só o fará regredir na carreira. Já nem sei mais como enfiar um pouco de juízo na sua cabeça dura, Ingo! – acrescentou desolada.
- Do jeito que vocês falam até parece que estou me alistando numa guerra! Primeiro, estou aprendendo o idioma e não será preciso usar telepatia ou qualquer outro estratagema para me comunicar com meus pacientes. Segundo, não sou nenhum rapaz bem-sucedido, sou apenas um médico que pegou seu diploma há pouco mais de dois anos e, o fato de vocês dois terem carreiras consolidadas e um excelente patrimônio não faz de mim alguém especial. Vocês estão cansados de saber que sempre fui avesso a baladas, que gosto do contato próximo à natureza, que as pessoas e multidões me deixam desconfortável. Eu sei que posso ser feliz numa cidadezinha pacata onde as pessoas precisam de atendimento médico e valorizam um tratamento mais humano. – retruquei decidido.
- Juro que se houvesse uma maneira de te amarrar junto a nós eu o faria! – exclamou meu pai.
- Ainda bem que não pode, não é? – devolvi
- Seu abusado! Depois de tudo que fizemos por você! É assim que se mostra grato? – questionou minha mãe.
- Querem saber porque estão agindo assim? Pela primeira vez vocês não têm o controle total sobre mim, e é isso que os deixa tão revoltados, e não o fato de eu estar me mudando. – afirmei.
A despedida no aeroporto de onde partia meu voo para Liubliana, capital da Eslovênia, com escala em Zurique foi outro dramalhão de novela mexicana, com minha mãe se debulhando em lágrimas como se eu estivesse seguindo para o cadafalso. Meu pai se continha, mas me abraçou com tanta força que fez minhas costelas estalarem. Só então percebi que talvez toda aquela minha introspecção vinha dessa super proteção, e me senti feliz como um passarinho que subitamente vê a porta de sua gaiola aberta.
Antes de seguir para Kranjska Gora, tive que tratar dos trâmites burocráticos do contrato que precisei firmar com o sistema governamental de saúde na capital, Liubliana. Do contrato constavam o salário e as formas de reajuste, um bônus anual, o carro que teria a minha disposição, as formas regularidade do repasse de verbas para a clínica, e a casa alugada onde iria residir a uns dois quilômetros de distância da cidade às margens do lago Jasna.
A casa, um sobrado com telhado de duas águas bem inclinado, implantada num lote generoso que findava numa espécie de trapiche às margens do lago, não se diferenciava das do entorno. Não havia cercas separando-a de uma construção baixa do vizinho do lado esquerdo, nem do terreno com plátanos e faias do lado direito, apenas o jardim fronteiriço com canteiros de flores e o acesso à garagem eram delimitados por uma cerca baixa da rua. Paredes pintadas de branco a realçavam entre as árvores frondosas do quintal, e a caixilharia de portas e janelas de madeira envernizada lhe conferia um ar campestre. Era grande e espaçosa para as minhas necessidades sem deixar de ser aconchegante. Uma enorme lareira dominava a sala de visitas, enquanto um antigo fogão a lenha disputava uma das paredes da cozinha com outro de indução numa bancada moderna, ao lado de uma pia sob uma janela que dava para o quintal dos fundos e de onde se avistava o deque do trapiche e as águas serenas e azuladas do lago cercado de abetos pontiagudos. Me encantei com a paisagem, parecia ter encontrado meu lugar no mundo. Os antigos moradores haviam deixado um armário antigo de carvalho cheio de entalhes na sala, uma cristaleira que ocupava toda uma parede na copa anexa à cozinha e um conjunto de mesa com três cadeiras de ferro ao relento no deque do trapiche, era toda a mobília da casa, o que tornava urgente eu sair para comprar de pronto pelo menos uma cama e um colchão. E foi o que fiz pouco depois de inspecioná-la.
Eu tinha duas opções, Klagenfurt na Áustria e Kranj, a quarta maior idade da Eslovênia onde podia encontrar algo que fosse do meu agrado em termos de mobília, pois ambas distavam quase a mesma quilometragem de Kranjska Gora, uns 60 quilômetros. Fui a Klagenfurt naquele mesmo dia e a Kranj no dia seguinte, pernoitando provisoriamente num hotel familiar enquanto esperava pela entrega dos móveis. Como eu tinha duas semanas para a mudança, teria ainda tempo de sobra para ajeitar a casa antes de me apresentar na clínica comunitária.
Cheguei cedo à clínica na manhã fria da segunda-feira de outono, e precisei esperar alguém aparecer, pois não tinha as chaves. Ela chegou num Skoda Fabia vermelho fabricado há pelo menos uma década; devia ter cinquenta e tantos anos, cabelos grisalhos nas têmporas amarrados num coque no pescoço; estava acima do peso, mas caminhava com desenvoltura e firmeza; foi econômica ao me cumprimentar com certa desconfiança e nenhuma simpatia.
- Deve ser o zdravnik Ingo Holler! – exclamou sem entusiasmo, após me medir da cabeça aos pés.
- Sim, muito prazer! – devolvi intimidado pelo olhar dela.
- Sou a enfermeira Sveta Zadravec! Trabalho aqui há 35 anos. O zdravnik Yasen Bisjak e eu demos início a clínica e desde então me dedico aos pacientes da cidade. Conheço cada um deles, vi alguns nascerem aqui mesmo, entre essas paredes e outros tantos morrerem a despeito de tudo que fizemos por eles. – revelou.
- É o ciclo da vida! O melhor que temos a fazer é cuidar para que nossos pacientes tenham um gozando de boa saúde, não é mesmo? – devolvi.
- Por que veio para cá? É jovem, bonito, estrangeiro, mal consegue se expressar em nosso idioma, não acha que está fora do lugar em que deveria estar? – perguntou, sem meias palavras e até um tanto quanto ríspida, como se minha presença a incomodasse.
- Gosto de levar uma vida pacata e acho que apesar da cidade ser pequena, há muitos desafios a se vencer. – respondi.
- Hã! Vou lhe mostrar sua sala e os consultórios. – retrucou, como se aceitar minha presença fosse inevitável e acima de sua vontade. – Já deve saber que terá mais uma enfermeira à sua disposição, a senhora Mira Majcen que, para variar está atrasada como sempre, e uma secretária responsável pelo arquivo de prontuários, relatórios financeiros e requisição de suplementos, a senhora Hana Vidmar. Talvez fosse o momento certo, com essa mudança toda, de o senhor advertir a enfermeira Mira sobre esses atrasados constantes, afinal estamos aqui para atender a população e não ficar resolvendo problemas domésticos no horário de expediente, não concorda, doktor? – indagou, praticamente me obrigando a tomar uma atitude.
- Sim! – respondi, meio sem jeito, uma vez que determinar ordens não era o que eu sabia fazer. – Vou conversar com ela quando chegar para descobrir os motivos desses atrasos.
- Ah, então não vai mudar nada por aqui! – exclamou indignada. – Ela vai lhe derramar um rosário de desculpas como fazia com o doktor Bisjak, e tudo vai continuar na mesma! – acrescentou inconformada. Comecei a pressentir que teria problemas com essa senhora que se julgava dona da clínica e de tudo que se referia a ela.
A enfermeira Mira chegou, de fato, pouco mais de uma hora depois, e tinha um discurso pronto na ponta da língua para se justificar. Assenti sem protestar, já que ela era extremamente simpática e havia me trazido um generoso pedaço de Kremšnita, uma torta composta de diversas camadas de massa folhada crocante recheada com bastante creme de baunilha e coberta com açúcar de confeiteiro que emanou seu aroma por todo ambiente assim que ela abriu o pote no qual a trouxe.
- Hvala lepa! (=Muito obrigado!) – agradeci, já que sentia o estômago colado às costas por não ter tomado café da manhã antes de sair de casa, onde também não havia nada que prestasse para se comer.
- Vai ser tudo igual! – ouvi a velha Sveta resmungar, enquanto balançava a cabeça em desaprovação.
- Espero que a senhora não se atrase todos os dias, mesmo que traga uma delícia como essa! – exclamei, com os lábios cheios de açúcar de confeiteiro, o que fez a senhora Sveta me lançar um risinho de satisfação disfarçado.
- Não, claro que não! Peço desculpas e posso lhe explicar o motivo do meu atraso! – foi logo dizendo a Mira, enquanto criava uma estória convincente.
- Não será necessário! Falamos nisso depois! Notei que já há pacientes na sala de espera, não vamos deixá-los esperando, não é? – ela se apressou a iniciar o trabalho. A velha Sveta continuava a me encarar e parecia começar a acreditar que nem tudo seria como antes.
No meu primeiro dia onze pacientes procuraram a clínica, a maioria pessoas de idade, uma mãe com dois garotos em idade pré-escolar e um rapaz trazido pelos colegas que havia caído de um telhado no qual estavam trabalhando. Devido a ele ter perdido a consciência por alguns minutos segundo o relato dos colegas, dei prioridade ao atendimento. Os Raios-X não mostraram nenhuma fratura, mas mantive-o sob observação até o final do expediente só por garantia, depois da Mira haver lhe feito os curativos necessários. Ambos garotos estavam com uma virose, bastou prescrever uma medicação de suporte e liberá-los. Dos pacientes idosos, dois homens e uma senhora se recusaram a ser atendidos por mim depois de saberem que eu era o novo médico da cidade, e perguntaram pelo doktor Bisjak. Um dos senhores saiu resmungando – Não vou me consultar com esse moleque que mal saiu dos cueiros! Onde já se viu, nem sabe falar a nossa língua e deve saber tanto de medicina quanto um camponês. O doktor Bisjak sim, era médico e conhecia bem a minha doença. – saiu desabafando com a Sveta que parecia concordar com ele. Os demais permitiram que os atendesse, ou fingiram aceitar, pois pareciam não ter colocado muita fé no meu diagnóstico e no que lhes prescrevi. Eu só ia descobrir no retorno que lhes agendei se seguiram minhas orientações. Confesso que nunca havia passado por isso no hospital da universidade, onde tanto meus diagnósticos quanto minhas prescrições sempre foram bem aceitas. Estava aí mais uma questão a ser resolvida, angariar a confiança daquela gente.
Ia completar um mês que eu estava morando na casa depois da chegada da mobília que havia comprado e de a ter disposto conforme meu gosto pessoal. Me surpreendi com o resultado, a casa ficou aconchegante e tinha a minha cara. Não havia expediente na clínica aos sábados, mas eu passava umas horas por lá após o café da manhã para me inteirar dos prontuários dos pacientes e avaliar no que consistiam as demandas em saúde daquela população. Um ou outro curioso acabava batendo na porta e me relatava seu problema, que eu escutava e clinicava segundo a necessidade.
- O doktor vai atender aos sábados também? – questionavam.
- Não! Venho apenas para conhecer melhor a rotina e os problemas mais comuns dos pacientes. – respondia.
- Nunca tivemos um doktor tão novinho por aqui! – afirmavam. – E muito menos tão bonito! – acrescentavam algumas mulheres.
Naquele sábado eu ainda estava sentado à mesa do café na cozinha quando repentinamente um enorme Kangal amarelo-claro com a cara preta entrou pela porta aberta e veio me farejar. Tomei um susto tão grande que quase me engasguei com o café quente, embora ele se mostrasse mais curioso do que disposto a me agredir. Petrificado na cadeira, não sabia se o encarava, se o mandava embora, ou se lhe oferecia um mimo, enquanto seu focinho percorria minhas pernas. Escolhi a última opção, estendendo-lhe uma torrada coberta de geleia de mirtilo, que sumiu em sua boca gigante numa única abocanhada, sendo seguida por um abano do rabo, o que entendi como um muito obrigado.
- De onde você surgiu, amigão? Nunca te vi por aqui! Sabia que é falta de educação invadir a casa dos outros sem se anunciar? O quê, quer mais um pedaço? – perguntei, quando ele pousou a cabeça na minha perna. – Também, pelo seu tamanho, uma única torrada não passa de um petisco! – exclamei, oferecendo-lhe outra torrada, que igualmente foi devorada numa única abocanhada.
Depois disso ele começou a explorar a casa, percorrendo os cômodos como se estivesse conferindo se tudo estava nos conformes.
- Não quero parecer um péssimo anfitrião, meu amigão, mas tenho uns compromissos e preciso sair. Que tal você voltar para os seus donos? – ele me encarava como se eu fosse um debiloide, mas abanava o rabo ao ouvir minha voz carregada de sotaque. – Façamos o seguinte, por hora você sai pela mesma porta que entrou, e numa próxima ocasião, seja menos buliçoso ao entrar na minha casa, combinado? – ele soltou um latido forte e se sentou na minha frente, me encarando enquanto o rabo varria o chão. – Acho que isso e um sim, estou certo? – acrescentei, apontando-lhe a saída pela qual ele passou correndo, sumindo antes que eu conseguisse ver para onde se dirigiu.
Passei quase o dia todo em Klagenfurt explorando a cidade que não conhecia e descobrindo no que ela podia suprir as minhas necessidades futuras, comprando roupa de cama, mais um cobertor, pois o único que eu havia trazido da Alemanha estava se mostrando insuficiente para as noites geladas de outono, que dirá quando chegasse o inverno e, algumas cuecas e uma jaqueta que me encantou na vitrine de uma loja. Circulei pelo Südpark Shopping, almocei um risoto de salmão numa mesa externa do Markwirt e encerrei a tarde com um espresso doppio e um pedaço de torta de chocolate numa mesa na calçada do Café DomGassner. Estava escuro e garoando quando cheguei em casa, sem fome, do tanto que havia me empanturrado. No pátio defronte a casa vizinha estava estacionado um GAZ Tigr verde-oliva enlameado até a altura das janelas, foi a primeira vez que um sinal de vida apareceu no terreno vizinho, pois até então a casa, que já não era bonita, se mostrava inabitada.
O domingo amanheceu nublado e frio e eu acordei de um salto quando ouvi o ronco estrondoso de um cortador de grama quebrando a tranquilidade daquela manhã por volta das 06:20h. Praguejei enquanto me espreguiçava na cama. Quem em sã consciência acorda a essa hora para cortar grama, e nesse frio de congelar os ossos? Só podia ser na casa vizinha onde até então nunca havia visto viva alma. Arrastando um cobertor enrolado nas costas, fui até uma janela de onde se podia avistar o terreno vizinho, e lá estava ele, um sujeito enorme enfiado apenas num short que se amoldava ao corpão parrudo e de onde emergia o mais musculoso e peludo par de coxas que eu já tinha visto. Engoli em seco quando me deparei com o volume que havia no meio delas e que apontava para gente formando uma barraca, enquanto algo me dizia que aquilo não estava duro, nem havia alcançado seu tamanho final quando estivesse excitado. O machão que empurrava o cortador de grama desenhando carreiras sobre o gramado era um colírio para os olhos de qualquer gay, ainda mais um como eu que nunca tinha sentido uma rola no cuzinho buliçoso. Cabelo curto, queixo anguloso, barba por fazer, ombros largos e musculosos encimando um tronco vigoroso que terminava num abdômen cheio de dobras, todo conjunto forrado por pelos que começavam com dois redemoinhos entre os mamilos e desciam por uma trilha estreita que sumia para dentro do short. A maneira como os músculos saltavam ao menor movimento dele e aquela expressão taciturna e concentrada no que estava fazendo, puseram meu cuzinho em polvorosa. Era tanto fogo no rabo que precisei esfregar uma coxa na outra para acalmar as piscadas voluntariosas.
- Mein Gott, woher kommt das denn alles her? Was für ein Prachtkerl! (= Meu Deus, de onde surgiu isso tudo? Que macho!) – exclamei em alemão, pois não o saberia expressar com a mesma eloquência em esloveno sentindo todas aquelas palpitações.
Subitamente o vi acenando na minha direção, percebendo que estava diante da janela com o olhar grudado em sua figura viril e me esquecendo completamente da discrição. Acenei tímido e desapareci da janela, como se fosse um garoto que estivesse a bisbilhotar e fora apanhado.
Me pus a preparar o café depois de ter o sono interrompido precocemente. A porta da cozinha começou a ser arranhada com agitação. Quando a abri, o Kangal se lançou para dentro abanando o rabo e se esfregando nas minhas pernas.
- Ei amigão, não está cedo demais para tanta agitação? – ele soltou um latido forte, antes de lamber minha mão. – Presumo que aquele gostosão do outro lado seja seu dono! Você é um cara de sorte, sabia? Queria eu ter um dono como o seu! – exclamei e, para meu azar, em esloveno, antes de avistar o sujeito em frente a porta, o que me fez corar e perder completamente a dignidade.
- Peço desculpas por ele! Vem, Ajka, saia já daí, vamos para casa, seu intrometido! – a voz dele era grossa, autoritária, mas não grosseira, mais um elemento para ajudar meu cuzinho a perder a compostura.
Nem me atrevi a encará-lo, pois estava certo de que ele ouviu o que disse para o cachorro a respeito dele. Contudo, ele sorriu e num tom sereno e amistoso soltou – Zdravo! Dobro jutro! (=Olá! Bom dia!), que eu respondi envergonhado. Já comecei mal dando um tremendo fora ao me referir a ele como gostosão e ainda por cima dizer que queria ter um dono como ele, o que não estaria pensando de mim agora? Ele percebeu que fiquei encabulado, mas fingiu não ter notado. Deu um passo na minha direção com a mão estendida e se apresentou – Sou seu vizinho, Lovro, muito prazer! – minha mão praticamente sumiu dentro da dele e tremia para completar meu embaraço.
- Ingo, muito prazer! – devolvi retraído.
- Cheguei anteontem de madrugada de viagem e não percebi que a casa voltou a ser habitada, me desculpe se o acordei! – não distingui nada do que ele disse, meu olhar hipnotizado não se desviava daquele corpão quase pelado, daquele torso sensual, do volume pontudo na cueca boxer que, erroneamente, pensei ser um short quando o vi cortando a grama. Minha nossa, que macho, era só no que minha mente se concentrava, o que me fez demorar a notar que ele me encarava de maneira inquisitiva. – Venha, Ajka! Até qualquer hora! – exclamou, batendo na coxa para atrair o cachorro que não desgrudava das minhas pernas. – Vem rapaz, já incomodou o bastante! – acrescentou, enquanto o cão o encarava como quem diz – não vou a lugar algum antes de ganhar um petisco.
- Acabei de fazer um café! Já fez o desjejum? Não quer me acompanhar? – perguntei, enquanto o efeito de seu corpão tesudo me devolvia a serenidade. – O Ajka está esperando o dele, não é amigão? O que vai ser, o mesmo de ontem, ou um belo pedaço de salsichão grelhado? – indaguei, deixando o cão estabanado.
- Na verdade, estou varado de fome! Então foi aqui que ele se meteu ontem de manhã! Ele deve ter percebido que havia gente na casa e achou que seriam os filhos dos antigos moradores, um diretor de escola, sua esposa e dois garotos que brincavam bastante com ele. – revelou. – Lamento que ele tenha vindo te perturbar.
- Não tem problema, gosto muito de cachorros, e ele também parece ter ido com a minha cara. – devolvi, enquanto o Lovro se acomodava à mesa, produzindo fogachos que iam tomando conta do meu corpo inteiro.
Passamos quase duas horas sentados à mesa do café conversando e nos conhecendo. Ele se prontificou a me ajudar com a louça, o que recusei. No entanto, protelou a despedida ao me ver junto à pia, ainda usando o pijama dentro do qual meu bundão enorme e carnudo preenchia a calça. Quando saiu, caminhou em direção ao trapiche e foi, lentamente, entrando na água do lago. Se fora a temperatura mal chegava aos oito graus, imaginei qual seria a temperatura daquela água. Ele ficou alguns minutos imerso até os ombros dentro dela e ao sair, o volumão pontudo dentro da cueca não havia encolhido um milímetro sequer e, acho que sua intenção ao entrar naquela água gelada, foi dar um alento àquela ereção.
Ele passou o dia terminando de cortar a grama, lavando a lama grudada no GAZ Tigr e provavelmente dando uma geral na casa, pois entrava e saía dela como se estivesse empenhado numa faxina geral. Eu não parava de ir até a janela e dar uma espiada naquele machão se movendo com a agilidade de um felino dentro daquela cueca que o deixava sedutoramente sexy.
À noite ele voltou, bateu de leve na porta da cozinha, usando um conjunto de moletom meio puído, mas que não escondia o corpão parrudo que estava dentro dele.
- Fiz uma sopa de lentilhas, quer jantar comigo? – perguntou com um sorriso camuflado. Notei que ele havia feito a barba e que os cabelos ainda estavam ligeiramente úmidos. Se fez isso para parecer menos selvagem, conseguiu. Embora a aparência primitiva lhe caísse muito bem e lhe dava um charme todo especial.
- Será um prazer! – respondi, voltando a sentir um espasmo anal quando ele deu um apertão no cacete que parecia estar lhe atiçando os brios.
Entendi o convite como eu tendo despertado algum interesse nele, que o fez querer estreitar os laços de vizinhança. Eu nunca havia sentido algo semelhante e tão intenso por um homem, era como se a energia que emanava dele viesse impregnada de feromônios que me deixavam tão excitado quanto uma fêmea no cio. E, eu ainda nem havia tido um contato físico com aquela pele, aquele rosto viril, aquela barba cerrada, aqueles músculos insinuantes.
Afirmar que a casa é despojada seria um eufemismo. Não havia quase nada dentro daquelas paredes com a pintura desgastada, o teto baixo que dava uma sensação de clausura, as poucas e pequenas janelas que não conseguiam iluminar o interior e uma mobília que se resumia ao básico. A casa mais parecia um bunker improvisado que servia de abrigo temporário. Tudo estava distribuído num único cômodo, cozinha, sala, um canto de refeições e o quarto com uma enorme cama com cabeceira de ferro trabalhado, à exceção do banheiro delimitado num canto por duas paredes e uma porta, e de um anexo cujo acesso se dava por outra porta externa no quintal.
- Passo pouco tempo por aqui! – disse ele, notando meu olhar percorrendo o ambiente, como se estivesse se desculpando pela precariedade.
- Mora em outro lugar? – perguntei
- Não! É que estou sempre acampando junto a natureza, o mais distante possível da civilização. – respondeu.
- Sozinho?
- Com o Ajka! É a melhor companhia que tenho. – esclareceu. – Deve achar que sou um bronco, e sou mesmo! Não sou muito sociável, prefiro minha própria companhia.
- Parece uma vida solitária, se me permite dizer!
- Nem sempre estar rodeado de pessoas significa que não se é solitário. Poucas pessoas conseguem conviver consigo mesmo, encarar sua consciência, viver sem depender dos outros. – argumentou.
- Concordo! Mas, às vezes é bom trocar ideias com outras pessoas, isso nos faz rever nossas próprias opiniões. – devolvi.
- Só que raramente se encontram pessoas com quem vale a pena trocar experiências. – retrucou. – Como está percebendo, sou um eremita de convicções fortes. As pessoas se afastam de mim quando percebem meu desinteresse por elas.
- Então devo me considerar um privilegiado por ter recebido esse convite para jantar e sua companhia essa manhã durante o café! – exclamei, arriscando um leve sorriso.
- É que você conseguiu uma façanha que jamais imaginei acontecer, me deixar seduzido e excitado com sua presença. – engoli em seco, não esperava algo tão sincero já no primeiro encontro, se é que aquilo era para ser um encontro.
- Nem sei o que dizer! – exclamei, corando feito um pimentão. Ele sorriu, ao notar que me deixou abalado.
Durante um mês nos encontramos diariamente, ora na casa dele, ora na minha, ora dando uns passeios pela região. Percebi que não era apenas eu a ficar cada vez mais atraído por ele, por sua sensualidade, por sua masculinidade que saltava dos poros. Os olhares que me escrutinavam estavam mexendo com algo dentro dele que não conseguia mais disfarçar. Isso sem mencionar as constantes e repetidas ereções que o assolavam quando secava minha bunda arrebitada. O furor que o acometia era tamanho que ele chegava a ficar confuso e atrapalhado, o que me fazia rir.
Já havia se tornado quase um hábito jantarmos juntos na minha casa, ele dizia que eu cozinhava bem melhor do que ele. Se era verdade eu não sabia, talvez fosse apenas uma desculpa para não ter que preparar a refeição. A estadia dele se prolongava noite adentro, mesmo quando eu tinha que estar na clínica no dia seguinte. Algumas vezes cheguei a adormecer no sofá ao lado dele, acordando na manhã seguinte sob um cobertor com o qual ele me cobrira antes de seguir para a casa dele. Eu segurava minha ansiedade não mencionando o desejo de transar com ele, de levá-lo para o meu quarto e deixar que se apossasse de mim. E ele, também não expressava o que sentia, se é que sentia o desejo de comer meu cuzinho, sentir meu corpo atado ao dele.
O inverno estava sendo particularmente rigoroso. As ruas amanheciam com mais de trinta centímetros de neve, os pés afundavam nos quintais brancos, nas margens do lago se acumulavam placas transparentes de gelo e uma bruma se erguia das águas como numa panela de água fervente. Quase como um rito religioso, o Lovro entrava nas águas geladas do lago com uma sunga ou a cueca, permanecia alguns minutos e depois saía se esfregando antes de se enxugar. Era a visão mais espetacular que se podia admirar, ou eu estava tão fascinado por ele que era assim que a via.
- Precisa vir comigo um dia desses! – disse ele quando fui até o trapiche enquanto ele se secava.
- Tenho certeza que meu coração vai parar de bater se me enfiar nessa água gelada!
- É uma questão de costume, aos poucos o corpo se habitua e até sente falta quando se mergulha. – afirmou. – Pode ser que o meu também pare de bater se eu vir esse corpão gostoso mergulhando ao lado do meu! – acrescentou. Sorri encabulado. Ele sentia tesão por mim, já não restava mais dúvida. Por que então não se apodera de mim, não me envolve nesses brações, não mete esse cacetão no meu cuzinho?
Aconteceu ao anoitecer do dia seguinte quando eu havia acabado de voltar do trabalho e saía do banho ao atender a porta dos fundos. Ele trazia o jantar ainda fumegando e uma garrafa de vinho nas mãos, enquanto o Ajka passava apressado pelas minhas pernas e ia se espreguiçar diante da lareira. O Lovro estava estranho, falou menos que o normal, não tirava os olhos de cima de mim, ajeitava a pica num frenesi indisfarçável. Eu estava lavando os pratos quando ele me abraçou por trás, deu uma encoxada potente e sussurrou junto ao meu ouvido.
- Não aguento mais, quero meter nessa bunda, quero você para mim! – foi tudo com o que andei sonhando desde o dia que o vi pela primeira vez.
- Ai Lovro! – suspirei todo arrepiado quando senti o cacetão sendo esfregado nas minhas nádegas.
Numa fração de segundos a calça do meu moletom estava embolada nos pés, minha bunda sendo amassada por suas mãos fortes, o cangote sendo lambido e chupado, a respiração de ambos acelerando e se tornando audível, quase um gemido, enquanto eu empinava a bunda demonstrando meu desejo.
O Lovro pincelou lentamente a cabeçorra vazando pré-gozo ao longo do meu rego e, de primeira, assim que sentiu as preguinhas corrugadas do meu cu, a enfiou para dentro de mim. Gani de dor ao senti-la atravessando meu esfíncter anal dilacerando as pregas e afundando num deslizar continuo para dentro do meu ânus. Ele virou meu rosto em sua direção, cobriu minha boca com um beijo molhado e, ao mesmo tempo que enterrava o caralhão na minha carne quente e úmida, mordiscava meus lábios, afundava a língua na minha boca e a entrelaçava com a minha. Eu me sentia deliciosamente usado, suas mãos percorriam meu corpo num frenesi descontrolado e minha pele, onde ia sendo tocada, começava a fervilhar numa quentura prazerosa. Enquanto bombava fundo meu cuzinho, que eu lhe oferecia empinando o rabo contra a virilha, tinha os biquinhos dos meus mamilos amassados entre seus dedos num tesão que estava me levando a loucura, e me fazendo pronunciar seu nome em longos e prazerosos gemidos de irrestrita entrega.
- Que tesão de rabo é esse Ingo, porra do caralho? Você é tão apertado, quente e macio! É a primeira vez que está dando esse cuzinho tesudo? – perguntou, sem parar de bombar aquele cacetão grosso no meu cu que já começava a arder como se lhe tivessem enfiado uma brasa.
Eu só gemi e procurei novamente pela boca dele, cujo sabor parecia amenizar um pouco aquela dor que, apesar do prazer crescente, não se dissipava. Será que aquele era o momento certo de lhe confirmar que era virgem, quando o tesão que estava sentindo pelo meu cu o levava a socar a verga grossa cada vez com mais intensidade e sofreguidão até o talo, deixando o sacão pesado bater no meu reguinho aberto a cadência da foda? Por mais ridículo que possa parecer, tive vergonha de confessar que ainda era virgem aos quase 27 anos de idade, pois me pareceu que isso fazia de mim um nerd ou algo do gênero. Porém, ele teve a confirmação, embora não tivesse mencionado nada, quando, minutos depois de haver inundado meu cuzinho com sua porra leitosa, ao puxar o caralhão saciado vagarosamente para fora, viu minhas preguinhas arrebentadas vertendo gotas de sangue vermelho rutilante. No mesmo instante ele me puxou com força contra o peito quente dentro qual o coração ainda batia acelerado e me envolveu em seus braços musculosos, voltando a me beijar lasciva e carinhosamente.
- Eu te machuquei! Está doendo? – perguntou, enquanto nossas línguas se lambiam mutuamente. – Devia ter me dito que estava doendo!
- Foi tão prazeroso que eu não queria interromper esse momento mágico! – exclamei, sentindo a umidade viril dele escorrendo pela mucosa anal esfolada.
- Isso quer dizer que gostou? Que foi tão bom para você quanto foi para mim, sentir meu cacete encapado pela maciez do seu cuzinho? – perguntou, abrindo, o que eu só viria a constatar com o tempo, um de seus raros sorrisos que, no entanto, o faziam parecer ainda mais sexy.
O tesão ainda ardia em nossos corpos anunciando que apenas aquela foda não havia sido suficiente para arrefecê-lo por completo. Levei o Lovro para o quarto, onde ele se encarregou, sem disfarçar o prazer que isso lhe causava, de limpar o sangue das minhas preguinhas, misturado a um pouco de seu esperma que havia vazado do meu cuzinho todo intumescido, arroxeado e sensível.
- Seu cuzinho é tão lindo! – exclamou, num sussurro carregado de tesão. Seria esse o momento de admitir que até há pouco era virgem? Absurdo! A essas alturas ele não tem mais dúvidas que acabou de foder um cu que nunca tinha visto e sentido uma pica dentro dele. Só o encarei com um sorriso tímido expressando a felicidade que estava sentindo.
Pela porta aberta do banheiro vi ele lavando o caralhão na pia e isso me deixou tão excitado que as contrações anais voltaram com tudo, causando espasmos na musculatura anal que iam se disseminando por toda pelve. Meu pau voltou a endurecer, enquanto eu me revolvia sobre a cama sem tirar os olhos da colossal tora de carne que ele lavava, sem saber que estava quase me matando de tanto tesão. Caminhando em minha direção com as pernas afastadas e o pauzão pesado balançando feito um pêndulo, foi abrindo os braços ao me ver contorcendo sensualmente o corpo explicitando que ele ainda estava afogueado e querendo mais.
- Tesão da porra! Está com as pregas arregaçadas e já quer levar vara de novo, seu putinho gostoso! É isso, tesudinho? Quer sentir minha pica dentro desse rabão mais uma vez, quer? Vem cá para o seu macho, fala que quer levar pica no cu, fala! – ronronou, ao deixar seu peso cair sobre mim, enquanto nossas bocas se uniam em beijos vorazes.
- Mete esse pauzão em mim, Lovro, mete! – gemi manhoso, enquanto abria as pernas e as enrodilhava em sua cintura, afagando carinhosamente sua nuca que estava toda arrepiada de tesão. – Aaaaiiii macho, meu cu! – o grito ecoou no silêncio da noite quando o pauzão afundou deslizando para o fundo do meu cu recém lanhado e sensível.
Bastou eu sentir os primeiros movimentos de vaivém do cacetão grosso escorregando na mucosa anal para me esporrar todo, despejando o sêmen cremoso e denso sobre meu ventre, enquanto tinha o cuzinho fodido por sua gana descontrolada. Eu me agarrava ao tronco maciço dele, cravava as pontas dos dedos em suas costas e as arranhava à medida que dor e prazer transformavam meu orgasmo em algo sublime e épico. O Lovro me estocava com força, deixando o tesão explodir entre urros guturais no meu rabinho apertado sob a forma de jatos abundantes de esperma que pareciam não ter fim, arreganhando as preguinhas que ainda estavam intactas.
- Caralho, o que foi isso? Porra, como você pode ser tão tesudo? Gozei feito um touro nesse cuzinho da porra! Ah, cacete, como é bom gozar assim! Ah, doktorzinho! Você é tudo que eu precisava nessa vida! – sussurrava ele, deitado pesadamente sobre mim, deixando-se afagar pelas minhas mãos deslizando por sua nuca e tronco, enquanto o caralhão ia lentamente amolecendo encapado pelos esfíncteres estreitos do meu ânus.
O Ajka ergueu a cabeça, nos encarou, soltou um suspiro e voltou a afundar a cabeça entre as patas, como se soubesse que o dono tinha desempenhado com desenvoltura e excelência sua função de macho. Foi a última coisa que vi antes de cair no sono ao lado daquele corpão quente que se aninhou ao meu.
Acordei sozinho na cama na manhã seguinte, o Ajka também não estava no quarto. Chamei por ambos e tive que me contentar com o silêncio, um silêncio que me fez sentir uma pontada no peito. Enrolei meu corpo nu num cobertor e saí pela casa percorrendo cômodo por cômodo e chamando pelo Lovro. A cada passo sua porra pegajosa se fazia sentir no fundo do meu cu, bem como a ardência torturante que parecia queimar dentro dele. Fui até a janela que me permitia ver a propriedade vizinha, o GAZ Tigr não estava lá, a pontada no peito foi ainda mais intensa que a primeira. Eu precisava conferir o que estava acontecendo, vesti uma roupa e fui até a casa vizinha. Chamei pelo Lovro e pelo Ajka, nada se movia dentro dela. Eu não queria sentir aquilo, aquela nova pontada que pareceu abrir um rombo no meu peito criando um enorme vazio. Voltei para casa cheio de perguntas que não encontravam resposta. Apelei ao bom-senso, à razão, tentando encontrar uma explicação que me trouxesse um pouco de tranquilidade, mas ela não veio à medida que o dia passava e nenhum movimento na casa ao lado se fazia presente.
O Lovro não disse que eu era tudo o que ele precisava nessa vida? Ele não disse que eu o fiz gozar feito um touro, o que entendi ser o resultado do prazer que lhe proporcionei, então por que desse sumiço repentino sem explicações? Não que eu as estivesse cobrando, mas não seria isso o certo a se fazer depois que me entreguei a ele de corpo e alma? Um simples – Adeus! ou Até Breve! – já seriam o bastante para eu saber que foi maravilhoso, porém não haveria continuidade. Passaram-se duas semanas nas quais vivi essa incerteza, essa angustia de não ter notícias do primeiro macho a entrar no meu corpo e deixar sua essência dentro dele.
- O Doktor está no mundo da lua! Já me fez essa pergunta três vezes, Doktor! E eu lhe respondi que sim, que já liguei para o laboratório cobrando os exames da Sra. Potočnik, e que eles chegarão esta tarde. Também já lhe disse que agendei a consulta dela para amanhã de manhã. O Doktor está bem? É muito jovem para estar esclerosado feito o Doktor Bisjak que precisava ser lembrado até que seus óculos estavam sobre a testa dele. – disse a enfermeira Sveta, com sua ranhetice costumeira.
Minha cabeça estava no mundo da lua, quer dizer, no Lovro, no corpão dele, em seu jeito sexy de me encarar, naquele cacetão que abriu uma cratera no meu cuzinho ao pulsar forte dentro dele deixando sua virilidade úmida. Não parava de me perguntar o que foi que deu nele para sumir sem sequer um – Até Breve! – ou mesmo um – Foi legal, mas paramos por aqui! – nada, absolutamente nada, nenhuma palavra. Devo ser ruim de cama, pensei; o primeiro homem a me comer já não curtiu o sexo comigo. Mas, o que foi que eu fiz de errado? Foi minha inexperiência, faltaram carícias, meu cu não o satisfez? Se foi isso, como o Lovro conseguiu gozar tanto, e duas vezes, a ponto de o sêmen chegar a vazar do meu rabo de tão encharcado que ficou e, porque ele mentiu, dizendo que tinha gostado de esporrar no meu cu? Eram tantas as dúvidas que não conseguia me concentrar noutra coisa.
Para exacerbar ainda mais a minha irritação pela falta de notícias, a enfermeira Mira continuava chegando bem atrasada quase todos os dias, sempre com uma nova estória e algo para me subornar. Aquilo estava passando dos limites, implicava na rotina da clínica, deixava pacientes desassistidos esperando por horas e, quando ela chegava toda lépida e faceira como quem tinha passado a noite com a boceta preenchida pelo cacete de um macho, minha raiva se aproximava do ponto de ebulição.
- Não precisa mais voltar ao trabalho na segunda-feira, senhora Mira, estou lhe despedindo nesse momento! Já fiz a solicitação de uma nova enfermeira junto a Secretaria de Saúde Estatal e ela começa na próxima semana. – comuniquei com firmeza, e sendo observado de soslaio pela senhora Sveta que, certamente, estava vibrando por dentro.
- Foram os meus poucos atrasos? Se foi isso, eu prometo nunca mais me atrasar, doktor! – retrucou ela, inconformada com a demissão.
- Isso a senhora já me prometeu dezenas de vezes, e nunca cumpriu. Também estou insatisfeito com a maneira que lida com os pacientes, com o relapso na execução de suas obrigações e na falta de compromisso. – retruquei. Ela devia estar me amaldiçoando por dentro, por notar que eu, ao contrário de outros homens, não perdia a cabeça pelo par de seios fartos que tinham sempre uma parte generosa exposta. Fazia tempo que ela vinha duvidando da minha masculinidade, especialmente depois de o Lovro aparecer na clínica com certa frequência pouco antes do final do expediente.
Eu estava me espreguiçando na cama e planejando ir até Kranj naquele sábado para fazer algumas compras, já que a cidade tinha lojas e supermercado melhores que Kranjska Gora, quando ouvi o latido forte do Ajka na porta da cozinha. Ele voltou! Fiquei tão exultante que saltei da cama e fui correndo abrir a porta, até me esquecendo que só estava usando uma cueca.
- Ei amigão, que alegria toda é essa? Você voltou, seu malandro! Onde foi que seu dono se enfiou todo esse tempo? Veio buscar seu petisco, foi? Olha o que comprei para você! – conversava eu com o cachorro que pulava em mim numa euforia sem tamanho. – Senti sua falta, sabia! E do seu dono também! Promete que não conta nada para ele, mas tenho sonhado com ele todas as noites, e não são os sonhos mais castos que alguém poderia ter. – emendei, antes de perceber que o Lovro estava junto a porta, todo molhado depois de sair do lago e metido num daqueles seus shorts que, agarrado às suas coxas peludas, não disfarçava o tamanho de seu dote.
Engoli em seco, corei, sem conseguir tirar os olhos do que via, o mais lindo e sexy macho que já tinha visto, com a água a lhe escorrer pelo corpão másculo. Ele sorriu timidamente, seu forte não era o sorriso que parecia economizar por alguma razão.
- Oi! Venha Ajka, não vamos incomodar o Ingo a essa hora! – sentenciou, como se fosse tudo o que tinha a me dizer.
- Quer uma toalha para se enxugar? – perguntei apalermado e com o cuzinho a se revolver de tesão.
- Não obrigado, já estou indo para casa! Venha Ajka, já fez a sua visita, vamos para casa! – respondeu. De repente, fiquei tão puto que não consegui segurar as palavras.
- O que eu fiz de errado? Por que desapareceu todo esse tempo, sem dizer nada? Agora vem ter à minha porta e finge como se nada tivesse acontecido, qual é a sua Lovro?
- Precisava pôr os pensamentos em ordem! Vou acampar longe de tudo e de todos quando preciso ficar comigo mesmo e meditar sobre a vida. Não tem nada a ver com você, ou com o que tivemos! Isto é, tem tudo a ver! Estou super confuso, e precisava desse tempo. – respondeu, não esclarecendo nada.
- Agora é você quem está me deixando confuso! O que devo pensar? Não quero ser chato ou te cobrar alguma coisa, só queria entender por que sumiu assim. – retruquei.
- Porque você me marcou de um jeito que tirou completamente a minha paz de espírito, me deixou tão abalado que não paro de pensar um segundo sequer em você, naquela noite, no toque da sua pele perfumada na minha, no sabor inebriante dos teus lábios, no seu cuzinho aninhando meu cacete. Não foi só você que teve sua primeira vez naquela noite, foi a minha também com um homem. Só tinha rolado com mulheres, você foi o primeiro cara que me fez descobrir um mundo desconhecido. – confessou.
- Já entendi! Não se preocupe, você não deixou de ser hétero e macho só por ter me enrabado e gostado. Pelo menos foi o que me disse. Vamos esquecer o que aconteceu, você segue seu caminho e eu o meu, e está tudo bem! – devolvi.
- Você não entendeu foi nada! Estou há semanas sentindo a falta do seu corpo, suas carícias, seu cuzinho que me deixa de pau duro a todo momento. – revelou.
- Então por que está agindo assim? Não dá para entender!
- Você é um médico, é um cara estudado, percebe-se que vem de uma família bem situada na vida, e eu sou um sujeito que só frequentou uma escola técnica, que moro numa casa que você bem viu, não tem nada além do básico estritamente necessário, que não sou sociável e prefiro a minha própria companhia à dos outros. O que eu tenho a lhe oferecer, Ingo? Fala para mim, o quê? Tesão, desejo, uma vontade de te ter sempre ao meu lado, uma necessidade quase mórbida de querer te proteger em meus braços, é só isso que eu tenho a te oferecer, e isso não é nada perto do que você merece. – desabafou, inconsolado.
Caminhei até ele, o chão aos seus pés estava molhado e o corpão dele ainda pingava a água do lago, passei meus braços sobre seus ombros, deslizei as mãos até suas costas largas e quentes, aproximei meu rosto do dele e cobri sua boca com um beijo carinhoso e lascivo ao mesmo tempo.
- Quem te disse que eu preciso mais do que isso para ser feliz? – perguntei, num murmúrio sem parar de chupar seus lábios e afagar suas costas, roçando meu corpo quase nu no dele.
- Cacete, doktorzinho! O que veio fazer nesse lugar esquecido pelo mundo, me deixar maluco, foi? – grunhiu entre dentes, me erguendo do chão e me levando até o quarto, fazendo meu tesão explodir.
Assim que ele me soltou aos pés da cama, eu puxei aquele short molhado para baixo deixando o caralhão à meia bomba saltar para fora, e caí de boca na chapeleta estufada, lambendo-a, chupando-a e sentindo a pulsação vigorosa que endurecia todo o pauzão. O Lovro grunhiu, afastou as pernas, agarrou minha cabeça e a afundou em sua virilha, fazendo o cacetão mergulhar na minha garganta até eu perder o fôlego. Agarrei-me às suas coxas musculosas, ergui o olhar em direção ao rosto dele, e suguei o pré-gozo que começava a escorrer. Ele se contorceu, gemeu forte, pronunciou meu nome e se entregou a libertinagem da minha boca voraz. Minha mão espalmada subia pelo abdômen trincado dele até o umbigo, afagando os pelos. A outra escorregava vagarosamente por toda sua virilha e apalpava os dois bagos enormes e ingurgitados.
- Caralho, doktorzinho, vai me fazer gozar, seu putinho safado! Estou avisando, doktorzinho, pare de chupar, está me deixando maluco! Ah, ... eu ... vou ... tire meu pau da boca ou .... Ah, Ingo seu veadinho tesudo do caralho, o que está fazendo? Eu avisei, olha o que fez comigo! Cacete, você está me mamando e engolindo minha porra, tesão do caralho! – ronronava ele, enquanto ejaculava um sêmen denso e delicioso na minha boca, cravando os dedos nos meus cabelos.
- É disso que tem receio, que eu me afeiçoe a você e te queira como meu macho? Diz para mim, Lovro, tem medo de que nos apaixonemos um pelo outro? – perguntei, enquanto terminava de lamber a porra que lambuzava o pauzão dele.
- Estou apaixonado por você desde aquela noite, seu veadinho, se é que ainda não percebeu! – ronronou ele, deixando minha língua percorrer o emaranhado de veias salientes que envolvia sua pica.
- E eu por você, seu macho inseguro! – devolvi, antes de tirar a minha cueca e me deitar de bruços sobre a cama abrindo ligeiramente as pernas para mostrar que ele ainda tinha mais um trabalhinho a fazer no buraquinho sequioso que eu lhe arrebitava.
A penetração foi lenta, potente e cuidadosa o que não amenizou a dor que me obrigou a ganir quando a cabeçorra me abriu esgarçando minhas pregas anais. O Lovro percebia aos poucos que minha fendinha não era como as bocetas que ele havia fodido, que se distendiam sem muita resistência para permitir a entrada de seu caralhão grosso. Meu esfíncter musculoso não se estirava com facilidade e, assim que o cacetão se alojava no meio dele, uma contração forte o fechava travando a fendinha estreita.
- Isso me alucina, redobra meu tesão! Nunca senti meu pau sendo encapado com tanto ímpeto! – exclamou extasiado pelo prazer. – Cada gemido seu me incendeia por dentro, me faz te desejar como nunca desejei nada antes com tanto empenho. – grunhiu, entre os dentes cerrados quando me puxou pela cintura contra a virilha peluda roçando meu reguinho aberto.
Meu corpo se entregava a ele na mesma intensidade em que eu queria me fundir aquele homem cheio de desejos e carências. Assim que o caralhão terminou de deslizar para o fundo do meu cu pulsando vigorosamente, meu gozo jorrou forte em meio aos gemidinhos manhosos e lascivos que escapuliam da minha boca, onde o Lovro havia enfiado dois dedos que eu chupava com avidez. Após o gozo que melou o lençol, senti as forças abandonando meu corpo que se tornava cada vez mais letárgico enquanto o entra e sai do cacetão dele me esfolava o cuzinho numa onda de prazer sem igual. Ele rugiu rouco e forte ao atingir o clímax e se despejar dentro do meu casulo anal até o inundar com seu esperma leitoso.
Desabou todo suado e ofegante sobre mim, colando seu tórax nas minhas costas, beijando ora minha nuca, ora minha boca arfante, e deixando o cacetão amolecer vagarosamente dentro do meu cuzinho. Se fosse possível, eu queria ficar assim para sempre, com ele grudado em mim como se fizesse parte do meu próprio ser.
- Vai fugir de novo? – perguntei, antes de ele voltar para a casa dele.
- Tem certeza de que é isso que você quer, um cara que tem pouco a te oferecer e do qual você logo vai se cansar?
- É isso que pensa de si mesmo, que é incapaz de fazer alguém feliz? – questionei
- Sou um espírito livre! Estou sozinho há anos, gosto de estar sozinho na natureza, de não ter que dar satisfações a ninguém, de não ter alguém preocupado comigo e com meu paradeiro. Vou te fazer sofrer pela minha inconstância, e isso é a última coisa que eu quero, te magoar e te fazer infeliz, você não merece, com tanto carinho que tem para dar. – respondeu, me deixando num vácuo dolorido.
- Entendi! Foi como eu disse há pouco, melhor cada um seguir seu caminho. Não vou cercear sua liberdade! Adeus, Lovro! – fiz um esforço enorme para engolir aquele nó que se formou na minha garganta para não chorar na frente dele, feito um palerma que não consegue controlar suas emoções.
- Não precisamos dizer Adeus! Eu passo temporadas fora, mas sempre volto para casa. – argumentou ele.
- E quando volta para casa espera que eu esteja aqui, pronto para saciar seu desejo sexual, afagar seu ego, suprir suas carências, é isso, Lovro? – questionei desapontado. – Não vai rolar! Não vai rolar porque eu espero muito mais do macho para quem me entrego! Eu quero um companheiro de vida, de parceria integral, não só de sexo. – afirmei. – Adeus, Lovro! Acampe na natureza, curta sua solitude, e seja feliz!
Ele ficou abalado, não esperava toda essa determinação e, sinceramente, não sei o que ele quer da vida, uma foda descompromissada aqui, outra acolá deixando um vazio enorme em quem estivesse disposto a ceder aos seus caprichos.
Ele ficou três dias sem me procurar, embora desse um mergulho todas as manhãs nas águas do lago a partir do trapiche de onde seu corpão sexy e aquele caralhão volumoso no short faziam meu cuzinho piscar de tesão. Quem vinha me visitar com sua fidelidade canina era o Ajka que invariavelmente estava diante da porta da cozinha todas as manhãs esperando seu petisco e uma sessão de afagos, antes de se deitar aos meus pés enquanto eu tomava o café da manhã. Ao contrário do dono, ele não podia me ver sem logo vir correndo na minha direção fazendo festa e me cobrindo de lambidas.
- Você deveria ensinar o seu dono a ser tão fiel quanto você, sabia! Aquele eremita ogro acha que vou arrancar um pedaço dele se se prender a mim. Sei bem o quanto ele gosta de ficar grudado no meu cuzinho com aquele pauzão insaciável, mas tem medo de assumir uma relação achando que vai perder a liberdade. Pois que fique com ela! – eu precisava perder essa mania de ficar falando com o Ajka, pois ao me virar lá estava o Lovro, tinha ouvido cada palavra que falei, o que me deixou encabulado.
- Viu como eu estava certo, você acaba de afirmar que sou um ogro, depois de uns poucos encontros! Agora imagina um mês inteiro, um ano, alguns anos, você vai acabar me odiando! – sentenciou ele.
- Não vou mais discutir com você, fique com suas convicções! O que quer, por que está aqui?
- Vim me despedir, já que da última vez me acusou de partir sem dizer nada, vou acampar por algumas semanas na Baía de Kotor em Montenegro entre os Alpes Dinários. E, não queria partir com você zangado comigo. – sentenciou, meio sem jeito.
- Boa viagem! Aproveite a liberdade! Tchau! – devolvi zangado.
Ele deu uns passos na minha direção, me puxou com força contra o tronco e colou furiosamente sua boca na minha até me fazer perder o fôlego, enquanto sua língua lambia minha úvula. Depois me soltou me deixando parado no meio da cozinha petrificado como uma estátua.
- Eu só queria saber o que fazer com você, seu doktorzinho putinho! – exclamou, ao sair pela porta.
O verão havia se iniciado oficialmente há dois dias, embora as temperaturas ainda não tivessem se conscientizado disso e, o Dan Državnosti (Dia em que se comemora, desde 1991, a independência da Iugoslávia), feriado nacional, seria dali a dois dias, daí o Lovro ter escolhido essa época para mais um de seus acampamentos solitários.
Ele estava carregando víveres, apetrechos de camping e outras tantas tralhas no GAZ Tigr conforme eu podia acompanhar da janela que dava para o quintal dele. O Ajka continuava deitado sob o telhado do alpendre da porta da minha cozinha, também acompanhando tudo que o dono fazia, mas com uma cara de quem não estava a fim de seguir com ele. Segundo havia me dito, ele partiria de madrugada, antes das estradas ficarem cheias devido ao feriado. O movimento de vai e volta ao redor do GAZ Tigr cessou ao escurecer, assinalando que tudo estava pronto para a viagem. Ele chamou pelo Ajka que ainda me deu uma última encarada antes de seguir para casa, como se dissesse – Você não vai pedir para eu ficar? – e caminhou lentamente com o rabo caído até seu dono.
Segui até o trapiche após o jantar, a noite estava fresca, o céu forrado de estrelas e uma lua em quarto crescente brilhava espalhando sua luminosidade sobre as águas do lago. Meus pés balançavam descalços dentro da água e meus pensamentos vagavam numa desordem turbulenta, refletindo o que se passava em meu peito, estranhamente sufocado por algo inidentificável.
Não percebi a aproximação dele, e tomei um susto quando ele, com sua sutileza paquidérmica e força braçal, me puxou para junto de si, sem me dar tempo de protestar antes do beijo cobrir minha boca. Me despir sem que eu conseguisse deter suas mãos obstinadas não levou mais que uns poucos minutos, antes de me deitar sobre as tabuas do trapiche, abrir minhas pernas jogando-as sobre seus ombros e, num único e preciso impulso, enfiar o pauzão no meu cuzinho, o que me obrigou a soltar um gritinho que ecoou na noite silenciosa. Quando seus lábios se desgrudaram dos meus pude finalmente questionar aquela atitude intempestiva.
- Perdeu o juízo, foi? O que pensa que está fazendo? Acha que pode chegar assim do nada e ir enfiando esse bagulhão enorme em mim e achar que estou de acordo com isso? Tire esse cacetão de mim, Lovro, imediatamente! – exigi, me debatendo debaixo do peso dele.
- Perdi o juízo sim! Por culpa sua, doktorzinho! Por culpa sua! Desde que se mudou para cá minha cabeça não encontra paz, você não sai de dentro dela e eu só fico me questionando quem sou, que tipo de vida estou levando, se não seria o caso de te incluir nela e me estabelecer, parando de vagar por aí sem saber o que quero da vida. Porque no momento a única certeza que eu tenho é que quero você, seu doktorzinho putinho e tesudo. – sentenciou, à medida em que ia empurrando o pauzão para o fundo do meu rabo, me fazendo perder a vontade de reagir, de impedir que me possuísse com sua gana exacerbada.
- Já deixei as coisas bem claras! Você e eu somos incompatíveis, queremos coisas diferentes da vida e, antes que alguém saia machucado dessa relação é melhor encerrarmos por aqui. – argumentei, tentando ser o mais assertivo possível, embora o pauzão dele estivesse me fazendo perder as forças e a determinação ao vibrar com vigor no meu ânus distendido.
- Incompatíveis, é isso? Somos incompatíveis, é o que está afirmando? Então me explica o que é que está acontecendo agora, seu corpo todo está tremendo nos meus braços, esse cuzinho delicioso e estreito está mastigando minha pica, seu olhar me encarando está me dizendo que sou seu macho, onde está a incompatibilidade nisso? – indagou, ao terminar de atolar o cacetão até o talo no meu cu receptivo.
- Ah Lovro, não me peça para explicar o que nem eu mesmo sei explicar! Eu acho que te amo, seu ogro! – exclamei, afagando o contorno de seu rosto hirsuto.
- Então você sabe exatamente como me sinto em relação a você! Porque acho que também te amo e que quero ficar com você e parar de procurar um sentido para a vida, quando estou cada vez mais convencido de que ela só vai fazer sentido no dia em que me unir em definitivo a você. – asseverou, segundos antes de primeiro jato de porra tépida jorrar no meu cuzinho quente. – Doktorzinho, você tinha que bagunçar tanto a minha vida, tinha? É como estou fazendo agora que vou te cobrar todos os dias da minha vida o motivo pelo qual você embaralhou tudo na minha mente.
- Comendo meu cu? – perguntei, antes de o beijar libertina e sofregamente.
- Comendo seu cu! Me apossando de você! Te fazendo gemer manhoso e satisfeito como agora! – respondeu, deixando os jatos fartos de esperma jorrarem sem controle.
- Ai Lovro! – gemi, envolto no prazer e no tesão.
- É assim mesmo que eu quero, você gemendo extasiado – Ai Lovro! – Ai meu macho! – Ai meu amor! – toda vez que eu estiver te inseminando. – exclamou, me encarando com um sorriso dominador e ao mesmo tempo amoroso.
No recesso do Natal daquele ano o levei comigo para a Alemanha para conhecer meus pais, e para confirmar a eles o que já sabiam, que eu era gay e tinha encontrado nele o homem dos meus sonhos. Foi nosso primeiro Natal juntos e eu espero que ainda hajam muitos outros pela frente agora que o Lovro se estabeleceu com um comércio de artigos para camping em Kranjska Gora, na mesma rua da clínica onde eu, aos poucos, vinha ganhando a confiança e o respeito dos meus pacientes e o apoio solidário da velha Sveta, convencida da minha postura e determinação, depois que demiti a Mira. Em casa, na que adquirimos do meu locador, o Ajka nos contemplava, bonachão e espreguiçado, fazendo amor na cama entre gemidos de luxúria e prazer. Quando, ao final do sexo, com o cu completamente encharcado de sêmen, eu deitava a cabeça no peito do Lovro e sentia sua respiração e seu coração batendo forte, me vinha a certeza de ter acertado na loteria da vida ao me mudar para essa pequena e charmosa aldeia da Eslovênia.