Traída

Um conto erótico de Maya Elara
Categoria: Heterossexual
Contém 880 palavras
Data: 23/12/2025 19:20:33

Choque, não existe palavra melhor para descrever o que estava sentindo naquele momento. Como se o meu sangue quente estivesse sendo inundado por água gelada. Como se uma onda tivesse me acertado em cheio, tirando meus pés do chão.

Cada palavra ecoava na minha cabeça sem realmente significar alguma coisa. Minha mente, embotada, estava submersa.

Pouco a pouco as palavras que ecoavam foram tomando forma e o significado delas girava em minha mente. E então a raiva foi crescendo dentro de mim, pude sentir minhas entranhas se contorcendo pela cólera. A água gelada que outrora inundava o meu corpo foi substituída por fogo.

E agora eu estava em chamas! Cada célula do meu corpo vibrava, os músculos retesados pulsavam e doíam, e o sangue jorrava quente em minhas veias com força.

Ele estava ali, com seus olhos cheios de dor e pesar, suas mãos acariciavam meu rosto com ternura, o calor do corpo dele foi como uma faísca que incendiou o que queimava dentro de mim.

Minha mente continuava turva, mas agora a água borbulhava, quando nossos lábios se chocaram, foi como se algo tivesse sido libertado dentro de mim, uma fera voraz estava à solta e ela só queria uma coisa: caçar!

Sedenta a fera tomou-lhe os lábios, faminta de desejo, ela queria causar a ele a dor que nela pulsava, queria sentir os lábios se partindo sob suas presas, arrancar-lhe a pele com as unhas, mas mais do que tudo queria tirar do rosto dele o olhar de carinho. Aquele olhar não condizia com as palavras que pesavam dentro de mim.

As mãos dele me tomaram com força em um instante com desejo fugaz e no outro me restringiam; ele havia percebido as minhas intenções. A criatura dentro de mim queria que ele me tomasse com força, que as mãos dele fizessem minha pele arder tanto quanto eu ardia por dentro, sentir o membro dele dentro de mim, pulsando a cada estocada com a mesma força que meu sangue queimava. Mesmo com a resistência inicial, ele retribuiu as minhas investidas, eu sentia nele a fome pelo meu corpo, o desejo brilhando nos olhos, o corpo quente e duro contra mim. Ele se ergueu e pude ver além da água que turvava a minha mente, além da raiva e da dor que fervia dentro de mim, vi o carinho que ele havia cultivado pelo tempo que estávamos juntos, vi as marcas que a criatura já havia deixado outrora e as que afloraram, vermelho vivo, na pele dele.

Não era realmente ele que eu queria ferir, era a mim, queria que ele me machucasse, que ele revidasse, queria sentir na carne a dor que me consumia por dentro, porque era de mim que eu tinha raiva. Tinha raiva por ter ficado triste e magoada por algo que eu sabia que aconteceria, por algo que era exatamente o que eu esperava, mas que uma parte de mim rezava para que eu estivesse errada, pedia todos dias por mais um dia. Mais um dia na minha utopia, pedia só mais 5 minutos para continuar sonhando.

Eu cuspi palavras de provocação e o desejo foi embora de seus olhos e ele me tomou nos braços de forma gentil, suas mãos voltaram a ser ternas me acalentando em meio à minha fúria. Eu não queria carinho, não queria cuidado. Eu queria fúria, queria que ele sentisse o mesmo que eu, queria que ele domasse a fera que me devorava por dentro.

As mãos dele me tomaram com força novamente, seus olhos carregados com algo que eu não consegui identificar me inquiriam, eu podia sentir que ele ardia, que se eu dissesse sim, ele me tomaria com força, sem cuidado, sem carinho, somente com o ímpeto. Mas se fôssemos por esse caminho, não haveria volta, iríamos machucar um ao outro.

Eu sentia as mãos dele com força em meus pulsos, a respiração quente no meu rosto, o corpo tenso me prensando contra a cama. Eu o queria, tinha fome do corpo dele como sempre tive. Sentia o calor pulsando entre as minhas pernas, o meu peito estava em chamas, ansiando para que seus lábios macios e vorazes tomassem meus seios, para que suas mãos percorressem meu corpo com a fúria que parecia fervilhar sob sua pele.

Por mais que a raiva e o desejo me consumissem por dentro, queimassem a minha pele, por mais que meu corpo gritasse por senti-lo com força dentro de mim, eu o abracei, abri o peito e deixei jorrar em palavras o que me feria, o motivo da minha cólera, o meu pesar, minhas inseguranças. Me dei conta de que silenciosamente ele havia entrado pelos meus muros e sem perceber ele havia conquistado um espaço, e eu me rebelava contra isso.

Mesmo em meio à dor eu o queria, e ele a mim, e então eu senti a mão dele em meu pescoço.

A força, o desejo, a fome. Ele me prensou novamente com o seu peso, suas mãos fortes me prendiam enquanto eu o sentia duro contra o meu corpo, sentia o seu calor, a respiração ofegante no meu ouvido me provocando, ele me penetrou, eu senti o meu corpo se dilatar para recebê-lo e se contrair para senti-lo, a cada estocada eu o sentia fundo dentro de mim.

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