Acordo com afagos na minha cabeça, com a pica de Felipe já dura dentro da minha boca e já começo a mexer minha língua, tocando em cada parte que consigo alcançar. Ele começa a respirar mais forte e puxa minha cabeça para fora, tirando meu pirulito favorito.
- Bom dia Ju
- Bom dia, Felipe ou Senhor?
- Felipe. Se arruma rapidinho, vamos tomar café na padaria.
Eu me levanto e corro para o banheiro, tomo só uma ducha, visto o vestido floral que ele deixou separado e corro para a sala.
Andamos na rua como dois namorados, de mão dadas, mas Felipe está distante de mim, no seu próprio mundo. Somos atendidos assim que nos sentamos na mesa e Felipe, como sempre, pede para mim, exatamente o que eu estava querendo, mesmo sem eu falar, e começamos a comer silenciosamente.
Pensando bem, desde que me mandou me arrumar, Felipe não se dirigiu mais a mim. Merda, eu realmente aprontei ontem? Mas o que eu fiz de tão grave?
- Felipe, podemos conversar?
- Se não for sobre ontem sim. Eu ainda tenho algumas coisas a me resolver antes de conversar sobre isso.
Fico calada, isso era exatamente o que eu queria.
Quando saímos, ele pega um frango assado para o almoço e seguimos calados para casa. Ele está pensativo, com um ar triste em volta de si, como se estivesse se questionando sobre tudo e todos em sua vida.
Chegando em casa eu me jogo no sofá, e fico quieta, sem vontade de ver nada, e ele segue para a sacada.
Minha cabeça só pensa na sua frase de ontem “VOCÊ ME FAZ DUVIDAR SE SOU UM BOM DONO JULIANA”. Como eu fiz isso? Entendo que o desafiei, mas não foi para tanto... ou foi?
Acabo cochilando e sou acordada pelo cheiro de almoço. E quando chego na cozinha, está tudo pronto. Nestes anos de casamento Felipe realmente aprendeu a cozinhar. Ele sempre falou que isso era algo que tinha vontade, mas nunca tinha encontrado ninguém que desse nele a vontade de prover, e comigo ela surgiu.
- Você põe a mesa?
Aceno e começo a colocar tudo bonitinho, como se fosse um jantar romântico. A comida pode ser simples, mas com ele tudo é estrelado.
Tento puxar alguns assuntos durante o almoço e ele sempre me responde de modo educado e apreciativo, mas pensativo. Sinto algo se rachou em Felipe, que de algum modo o que eu fiz o magoou de um modo que eu não entendo.
Esta cedo ainda, o dia começou cedo. Não são nem 13h, e já estamos novamente no sofá. Ele coloca Morden Family, e começamos pela milionésima vez a reassistir a hilaria família americana. No fim do episódio, já estou deitada em seu ombro, e ele fica fazendo pequenos círculos em minha coxa.
- Eu te forcei ontem? Peguei pesado demais? Te lembrei dele, ou daquele dia?
- Não, você não me obrigou a nada Felipe. Absolutamente diferente daquele dia amor, a degradação foi intensa, mas eu gostei. Quando você acabou de me banhar, a única coisa que eu queria era que me montasse e me fudesse forte, feito um cachorro no cio.
- Foi isso que eu achei, que bom que não estava te lendo errado.
- Você pode me dizer o que aconteceu de tão grave? Eu não estou entendendo direito o que fiz que te magoou tanto.
- Eu nunca quis te obrigar a nada Juliana, nunca achei que eu e você estivéssemos competindo por alguma coisa, por poder, dominância, atenção. A dinâmica na minha cabeça nunca foi assim. Fiquei com medo de ter feito a mesma coisa com você que a Marcela me acusou. Na minha cabeça você estava querendo me desafiar, testar meus limites e tentar ir embora, falando que eu não tenho pulso o suficiente, ou demais. E acabei entrando em um lugar sombrio na minha cabeça. E descontei em você.
Filha da puta. A ex-mulher dele consegue sempre se infiltrar em sua cabeça, mesmo depois de tantos anos.
- Não, Felipe de jeito nenhum. Você não estava me oprimindo. E eu não estava te desafiando. Eu juro, só não queria comer aquela merda, não por mim mesma. Se você tivesse mandado eu comia
- É, eu sei que teria. Desculpa Ju, eu exagerei. Me deixei ser levado por fantasmas do passado. Foi errado te colocar no mesmo patamar dela. E foi injusto esperar que você lesse a minha mente. E depois descontar frustações que nem eram suas em você. Ontem você me pediu perdão, mas não, eu que devo te implorar por perdão por minhas ações e palavras de ontem, me perdoa?
- Para Felipe, não tem nada a ser perdoado. E não, não é injusto esperar que eu saiba o que você quer e precise, que eu leia a sua mente, você sempre lê a minha.
Ele afaga a minha cabeça, como quem diz “esse é meu papel”.
- Isso não é sua obrigação Felipe
- É sim, você me dá o que tem de mais precioso, é meu papel me assegurar que você está sã, e segura sempre Ju. Conhecer cada pedacinho seu para poder te servir direito.
Eu me levanto e me rearrumo de modo a estar segurando seu rosto com minhas mãos.
- E você faz isso, eu prometo. Não tem nem um momento que eu não me sinta segura com você. Eu não quis brigar por posição com você, não quis desafiar a sua dominância, você não se impõe a mim de qualquer jeito Felipe. Tudo que eu faço com você é porque eu quero, porque quero te dar prazer e te deixar orgulhoso de mim.
Limpo uma lagrima que sai solitária do seu olho. O caminho que ela faz me ofende, ela não tem direito de estar naquele rosto perfeito.
- Eu me dou a você porque eu quero Felipe – repito pausadamente –, porque eu preciso disso, porque você me prova a cada segundo que é digno de mim, mais que digno de mim. Eu me submeto a você porque você é dono de parte da minha alma Fe.
- Se isso mudar, ou se você se sentir sufocada, promete que me fala? Me dá uma chance de mudar? Não quero nunca te oprimir Ju. Não quero que se sinta forçada a ficar comigo, ou que é isso ou nada. A gente ajusta o que você quiser, quantas vezes quiser.
- Prometo. Mas isso nunca vai acontecer
Ele me puxa para um beijo calmo, que coloca todo o sofrimento que passou em sua cabeça. Agora eu sei que sua reação ontem não foi a mim. Foi medo, medo de me perder, medo de se perder, medo de que eu estivesse ali obrigada, que a minha “rebeldia” fosse por não querer me submeter mais a ele e não soubesse como falar. Medo de que ele fosse o “monstro” que sua ex maldita pintou, que a “obrigava” a ser sua submissa por motivos nefastos, que o chamou de manipulador.
- Você ainda tem planos para gente? – Pergunto tentando mudar a direção da conversa.
- O que? – responde confuso
- Você ainda tem planos para este feriado?
- Você ainda quer?
- Claro que quero! Você me prometeu que eu ia te servir esse carnavale eu ainda nem fui fudida. – Respondo com um biquinho exagerado
Ele sorri, um sorriso fraco, mas que está indo para o caminho certo.
- Não sei se minha cabeça está no lugar certo Ju.
- Não está mesmo não Felipe
Ele me olha com um pouco de surpresa, talvez pela minha tentativa de fazer uma voz sexy. Eu me afasto dele, me levando e tiro minha calcinha, deitando-me no sofá de pernas abertas.
- O lugar certo dela é no meio das minhas coxas, senhor
Agora sim a gargalhada que sai dele é a certa, e seus olhos voltam a brilhar corretamente, com divertimento e tesão.
- Ahh menina, você não cansa de me dar ordens hein....
- Teve algo sobre ser afogada ontem? Se eu me mostrasse Bratt? - Pergunto com o máximo de petulância que consigo colocar na voz.
- Sim, algo sobre uns vídeos que eu sei que você anda assistindo vadia.
- Eu?!?!? Só assisti porque queria saber o que você estava assistindo!
Ele se abaixa, coloca o nariz bem em cima da minha buceta e inala.
- Hoje você está cheirosa.
- Obrigada F.e.l.i.p.e. – digo rebolando lentamente para o provocar, e rio quando recebo o beliscão que estava esperando
- Obrigada Senhor – me repito rebolando mais rápido
- Mas acho que não vou mudar meus planos não, vou manter o cronograma que passei muito tempo pensando....
- Sim, senhor, por favor, eu me submeto a você livremente, hoje e sempre.
Um novo beliscão me atinge, desta vez pegando meus lábios, juntando e torcendo.
- Vai ficar limpinha para mim, te espero no escritório.
Levanto-me e vou correndo para o banheiro. Parece que a tarde ainda tem salvação.