Teu nome na areia - Capítulo 1

Um conto erótico de Michel Ress
Categoria: Gay
Contém 1383 palavras
Data: 14/11/2025 17:34:07

— E aí, brow, tudo na boa?

— Oi, Higor. Tudo certo, e tu, cara?

— Cara, não vejo a hora de chegar. Tô mega ansioso!

Dei risada. Estávamos na sala da casa do meu amigo Higor. Éramos amigos desde a infância, crescemos juntos e éramos praticamente irmãos, um vivia na casa do outro.

— Tenho uma péssima notícia, cara. — Higor olhou pros dois lados, se aproximou e disse em voz mais baixa: — Meu coroa vai junto.

Falou com um ar de decepção.

— Ah, vai ser legal! Teu pai é gente boa.

— Só se for com você. Ele disse que vai pra cuidar da gente! Pô, temos vinte anos, né? Pelo amor de Deus!

— Higor, talvez ele também queira se divertir. E lembra que a casa da praia é dele — tentei ser razoável.

— Felipe, como é que eu vou comer a Priscila com meu pai me enchendo o saco o dia todo? — cruzou os braços. Dei risada.

— Até parece que você nunca comeu sua namorada aqui nessa casa, com teu pai no quarto ao lado. — Revirei os olhos.

— Tá, mas a mulherada não vai se soltar com ele por perto.

— Você já olhou pro seu pai? Acho que o problema é elas quererem dar pra ele, e não pra você. — Falei rápido demais. Higor sabia que eu era bi, mas nunca tinha feito um comentário assim. Ele me olhou de canto e abriu um leve sorriso.

— Parece que não vai ser só elas que vão querer dar pra ele.

Fiquei vermelho. Gaguejei, sem saber o que dizer, e só mostrei o dedo do meio.

Kaio, o pai do Higor, era sim um gostoso, não nego. Mas ele era o pai do meu melhor amigo. Cresci vendo ele como uma figura paterna, nunca como algo a mais.

— Vai se ferrar! Quem gosta de coroa é asilo! — tentei brincar. Kaio devia ter uns quarenta e cinco, mas não aparentava nem de longe essa idade. Só falei aquilo pra ver se o idiota do Higor esquecia o que eu tinha dito.

— Olha, talvez no asilo eu encontre outra coroa gostosa. E seria bom não fazer nada o dia todo. — A voz veio detrás de mim. Minhas pernas ficaram bambas.

— Mas não se preocupa, pai! Quando o senhor ficar mais velho e continuar me enchendo o saco nas férias, eu te coloco num asilo de verdade! — Higor gritou. Eu ainda não tinha coragem de me virar.

— Até lá, você já vai ter sido deserdado. Boa sorte! — Kaio respondeu, rindo.

Eles sempre se provocavam assim.

Kaio teve o Higor muito cedo. Era jovem, brincalhão, tratava os filhos e os amigos com leveza. Sempre achei o "tio" Kaio o máximo, bem diferente do meu pai, que era carrancudo e sério.

— Mas me explica, Lipe, por que você falou aquilo? Realmente me acha tão acabado assim? — ele perguntou.

Eu ainda não tinha me virado, só via o Higor rindo da situação.

Com um esforço tremendo, virei e aí veio o golpe final: Kaio estava sem camisa, suado, de short. Puta merda.

— Ah, tio, eu tava brincando! O senhor ainda dá um bom caldo — falei baixo, tentando disfarçar.

Ele me olhou fundo nos olhos e abriu um leve sorriso.

— Caldo de tofu, né? — Higor brincou. —Pai, o senhor precisa tomar banho depois da academia! Dá pra sentir o cheiro daqui! — Higor zombou.

Mas, na verdade, o cheiro era bom. Amadeirado, misturado com suor... algo que me fez segurar a respiração.

— Que cheiro o quê, seu zé mané! Vem aqui! — Kaio pulou em cima do filho e começou uma "lutinha".

— Sai, seu fedido! — Higor protestava, rindo.

Fiquei observando os dois rolando pelo chão, brincando, e não consegui tirar os olhos do corpo de Kaio. Ele era todo definido, agindo como um adolescente bobo. Parte de mim queria estar no lugar do Higor. Antes que eu deixasse escapar qualquer olhar suspeito, saí e fui pra cozinha.

Peguei um copo d'água, tentando pensar em outra coisa. Minutos depois, ouvi passos.

— Tô chateado contigo. — A voz grave fez meu estômago gelar.

— Desculpa, eu não quis dizer aquilo sério — falei rápido.

— Pô, Lipe, quantas vezes já pedi pra não me chamar de "senhor"? E ainda por cima me chama de idoso? — ele cruzou os braços. Os bíceps ficaram tão evidentes que eu achei que iam explodir.

— Eu... eu... — gaguejei e tomei outro gole d'água.

Ele deu uma gargalhada e se aproximou.

— Tô brincando contigo, seu bocó! — Me abraçou forte.

Ele sempre me abraçava, mas dessa vez foi diferente. O calor do corpo dele, o cheiro... algo dentro de mim despertou. Fiquei excitado. "Que merda é essa?", pensei.

Afastei-me rápido, sem jeito, e forcei um sorriso.

— Perdoa, tio. Não te chamo mais de senhor. E, sério, você tá em ótima forma. Queria eu ter um corpo assim. — Tentei soar neutro.

Ele sorriu de volta, e dessa vez senti algo diferente no olhar dele.

— Ah, garoto... olha pra você. Bonitão desse jeito. O Higor me disse que você pega mulher pra caramba. — Ele pousou a mão no meu ombro.

Senti o peso e o calor dela.

— Ele é mentiroso. — Baixei o olhar, tímido.

— Pode até ser, mas nisso acho que ele não mentiu. E a sua namorada, como é o nome mesmo?

Namorada... pois é. Eu tinha, até descobrir que era bi. Terminei antes de trair, e comecei a me conhecer melhor. Só o Higor sabia e eu rezava praquele boca-aberta guardar segredo.

— A Rafaela e eu terminamos faz tempo, senhor... quer dizer, você tá mal informado. — Sorri, e ele me lançou um olhar de repreensão pelo "senhor" de novo.

— Hum. E você tá bem com isso? — perguntou sério.

— Tô sim, de boa. — Menti, escondendo as noites em que chorei confuso.

— Certo. — Ele pousou a mão no meu ombro novamente. — Preciso de um favor teu.

— Claro. Qual é?

— Eu vou pra praia com vocês não por férias, mas por causa dele. — A expressão ficou sombria.

— O que o Higor aprontou dessa vez?

— Depois daquela noite, eu não consigo mais deixar ele sozinho.

Baixei a cabeça. As lembranças vieram como um soco.

Higor sofria de depressão. Desde que perdeu a mãe, nunca mais foi o mesmo. Um dia, numa crise, tomou um monte de remédios. Disse que não foi de propósito, mas quem toma vinte e três comprimidos de antidepressivo por acidente?

Ele me mandou uma mensagem estranha antes. Fui correndo pra casa dele, e o encontrei desmaiado. Chamei o Kaio, e juntos o levamos pro hospital.

Depois da lavagem gástrica, ele ficou alguns dias internado. Mas o que doía era ver que ele ainda carregava aquele vazio por dentro.

— Eu sei que você entende — disse Kaio, com a voz embargada. — Tento fazer de tudo, mas às vezes parece que nada adianta. Por isso vim pedir tua ajuda.

— Você sabe que eu nunca vou deixar o Higor na mão.

— Eu sei... — Ele abaixou a cabeça. Fiquei com pena.

— Ei, vai dar tudo certo. Ele tá melhor, agora só fala dessa menina. — Falei, tentando aliviar, embora por dentro tivesse ciúme.

Kaio riu, mas logo ficou sério de novo.

— Tomara. Só espero que ela não machuque ele. Ele se apega fácil demais... não entendo a quem ele puxou.

— Sério isso? Você não entende? — Ri debochado.

— Ei, rapaz, eu sou mó pegador! — Ele tentando usar gíria era engraçado.

— Falou o homem que chorou quando terminou com a Marília e ficou de cama por dias.

Ele estreitou os olhos, ameaçando rir.

— Olha o respeito! Não me chamou de velho ainda? Então respeita os mais velhos!

— Tá bom. Mas aceita: você e ele são iguais quando o assunto é sentimento.

Ele ergueu os braços, rendido.

— Falando sério agora, obrigado por tudo que faz por nós. Apesar de ter a idade dele, é bem mais maduro. Às vezes acho que devia se soltar mais.

Mal sabe ele o quanto eu já tava solto.

Sorri, e ele me olhou de um jeito intenso.

— A vida é curta, Lipe. Se não aproveitar, vai se arrepender no futuro.

— Vou? E você, tá aproveitando? — rebati.

— Um pouco... mas ainda falta aproveitar muito mais. — Os olhos dele ficaram grudados nos meus.

— Falta o quê? — perguntei, sentindo o coração acelerar.

— Falta eu... —

— Pai? Lipe? Onde vocês estão? — a voz do Higor ecoou, quebrando o momento.

Continua…

Oi gente segue o perfil, tenho vários lá, e esse que tem mais capítulos no watt

ivanjunior93

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