O emprego
Joel vendeu o carro assim que ficou desempregado ainda no primeiro mês que ficamos juntos novamente. Ficou péssimo e nenhum dos argumentos que ele usou para Hélio (que foi demitido do cursinho uma semana antes) funcionou com ele, ele fez uma senhora faxina que demorou três dias inteiros, tio Caio disse que ia deixar porque ia ser bom pra o apartamento e o manter ativo e se desestressando nos primeiros dias.
Foi na sexta-feira daquela semana que a gente foi levado para a casa que tio Renato estava entre alugar ou não, mas era tão confortável e cabia a todos nós sem problema, era como fazer uma viagem sem sair da cidade. Mesa da sala de jantar. Tio Caio em uma ponta da mesa e tio Renato em outra, eu já não sabia como animar Joel, Hélio do nada caia no choro, foi tio Galvão que começou a falar, comigo, como se o que tivesse a dizer dependesse exclusivamente de uma conversa e não de uma solução que ele ia tirar do bolso.
Ele me perguntou se eu tinha ideia de ter família com filhos, cachorro, escola dos pequenos e jovens com… Não, acho que nenhum de nós deseja e mesmo que deseje, tem o sexo que entre nós não é exporádico, eu não ia abrir mão de Murilo por filho algum, Murilo e seu parceiro, que agora é Hélio, são muito meus parceiros também, eu olhei para tio Renato. Tio Galvão diz que foi um acidente tardio, deveriam ter encontrado esse irmão, parceiro, comparsa, esse querido antes, era como reconhecer alguém com quem sempre se sonhou em ter, tio Caio e ele ou tem amigos héteros ou contatinhos, mas amigos como os héteros tem e podem falar sobre uma trepada incrível… “Renato é algo, não é uma pessoa, é uma função, um cargo em nossas vidas que só ele pode ocupar, eu não sei como viver sem Caio, nós precisamos de Renatão e Nelsinho pra nos dar apoio, e eu sei que eles olham pra gente como a gente olha pra eles, e sei lá, é isso, vocês quatro estão vivendo algo diferente de Sebastião e Bosco, eles são os monogâmicos da comunidade, a gente também é, mas é de outra maneira, enfim… Eu ia dizer outra coisa…”
Ele me pergunta se eu daqui a trinta anos iria cuidar dele e de meu tio como cuidei de meu pai, trocando fralda, claro, cuidei de minha mãe e cuidarei deles, e completei dizendo que cuidaria dos quatro, em momentos recentes de minha vida cada um já me acudiu como soube, claro que eu vou estar presente quando eles precisassem, Joel disse e Murilo também, que nesse momento nem ele mesmo e nem o filho perfeito (Hélio) podem ajudar ninguém, ao contrário, estão bem na pior, mas não fariam diferente de mim, Murilo disse que seria como poder compensar o que não pode fazer pelo pai e o que não ia ter condições de fazer com a mãe, uma compensação importante pra ele.
Tio Renato toma a palavra e diz a Murilo que nunca quis ser pai, sempre se soube gay, nunca fantasiou isso, em sua época chegar a fazer mais de quarenta era uma possibilidade remota, as coisas são ruins hoje, mas já foram ainda piores, mas nunca escondeu de ninguém que quando o viu foi amor à primeira vista, sempre disse que adoraria ser parente de Murilo como tio Caio era meu, que sempre disse que ia fazer o possível para ajudar Murilo no que pudesse, porque… porque Murilo é um garoto que o faz relembrar de si mesmo quando ele costumava sonhar e fazer planos para o futuro e ter esperança e estar aberto à dor e aos pesadelos, mas não evitava o contato, sempre sonhando.
“E você foi muito forte em não se curvar ao poder financeiro de sua família, de não vender a você mesmo quando você estava vulnerável, e agora tem esse rapaz aí do seu lado, batalhador e com o único salário comprometido com o cuidado dos pais, irmão eletricista, irmã dona de casa, família humilde e rica de outro jeito. Seu companheiro é o mais bem sucedido, e o salário dele é digno, mas é dos pais, e se isso não merecer reconhecimento e apoio, foda-se a vida, o mundo não presta. Ouvimos vocês falando que nos apoiariam, e Murilo, você me tirou de uma tristeza imensa, de uma depressão, me ensinou a sonhar com suas mãos sempre sujas de graxa, a gente ama você, vocês, todos vocês, e vocês precisam de apoio e a gente pode ajudar, e antes de alguém dizer que não precisa, precisa, que não devemos nos preocupar, a gente só faz isso pisar em ovos para não invadir a vida de vocês e pisando em ovos. Hélio e você vão morar conosco, Nelsinho chiou, disse para a gente vir pra cá ou trazer vocês pra cá, mas eu acho que vocês precisam juntar a grana de vocês, esse momento é terrível mas é temporário, Galvão acha que o ideal é nunca deixar vocês saírem de perto da gente, Caio, para variar, trouxe a melhor ideia, ouvir vocês, e eu a melhorei ainda mais, vocês são obrigados a aceitar que somos uma família, inclusive você, Hélio, se não como meu outro sobrinho, como meu genro indireto. Ok, acho melhor começar essa conversa fazendo uma sopa e pegando o pão pra fazer torradas, temos um longo final de semana, está chovendo e é isso.”
Foi um fim de semana com jogos e tínhamos muito a conversar, Hélio se mostrou muito mais receptivo que meu marido, foi a partir daquela sexta que assumimos que essa era nossa relação com ou sem cartório, eu sou um homem casado. Hélio pediu a mão de Murilo em casamento, disse que era muito precipitado, mas… Murilo riu, lembrei que eu fui pedido em casamento dois dias depois de meu marido ter me conhecido numa suruba no motel.
Naquele fim de semana descobrimos que Bosco não sabia que era pai de um casal de gêmeas, filhas de uma faxineira que trabalhou com ele, ela estava se casando e o atual não queria criar filho de ninguém, ela que sempre se orgulhou da maternidade ia deixar Ana Maria e Ana Lúcia com o pai, a única coisa que Sebastião pediu foi que antes que a mãe fugisse com o circo (sim, ela estava indo com o palhaço) deixasse a guarda regularizada com o pai, e agora eles são pai e pai de duas meninas que estão desfraldando, agora eu sou padrinho e conheci minha afilhada pelo Skype, Murilo também vai ser padrinho, sem igreja porque Tião é do candomblé.
E depois de rirmos disso ficamos decididos a achar uma solução, sentamos nós quatro, meu marido e eu, Hélio e o dele, fomos para a sala com um baralho, enquanto a gente jogava, conversava, Hélio disse que estava muito envergonhado, mas não podia se negar a receber ajuda, não era sobre ele, era sobre seus pais, Joel o puxou para um beijo, disse que se não fosse por ele Murilo nem estaria na mesma sala que meu marido, apontou para o coração de Hélio disse que conhecia pouco, mas se ele era uma aposta minha para Murilo, se era uma aposta de Murilo para si mesmo, era uma aposta de todos nós, Hélio ficou tão emocionado que mostrou todo o jogo antes de enxugar as lágrimas, então… o que nós queremos?
Antes de qualquer coisa, Murilo queria dizer que ou Joel parava de relembrar das coisas ruins ou ia ter de enfrentar as consequências, um ficou olhando para o outro com raiva, do nada Joel olha para Hélio e diz que prefere ele a Murilo, e brigam, Hélio quer separá-los, eu nem me movi, vi que os dois se divertiam em brigar, já vi isso antes, estava tudo voltando ao normal, de repente estava Murilo fazendo cócegas em Joel até que esse admitisse ser um inferior. Essa família que estava se formando, um órfão, um rejeitado, um deslocado e um amado, mas todos interessados em ficarem juntos. Hélio e eu chegamos para aumentar a brincadeira, cócegas, parecia que a gente não ia chegar a qualquer resolução, mas Murilo tinha uma ideia, e a gente seguiu essa ideia, melhorando, retirando coisa, pondo coisa, e jogando e rindo e trocando beijos entre nós quatro e sendo observados por outros quatro, tio Caio sorri para a gente.
Jantamos um arrozinho com salada e frango, parou de chover, parou de ser uma semana difícil e mesmo tendo tantos problemas eu tenho um marido maravilhoso e eu vou cuidar dele, eu o amo, e ele merece a felicidade. Foi Murilo quem falou, a gente aceitava ajuda, Joel iria prestar serviço que lhe fosse dado, mas que pra ele fazer ninguém fosse demitido como aconteceu com ele que perdeu o emprego para o recém formado filho do primo do dono, ele ia aceitar qualquer salário, estava com uma parte da poupança e a grana da venda do carro, queria montar um cursinho pré-vestibular, usar a grana para fazer parceria com Hélio e outros demitidos e alguns insatisfeitos da empresa de onde Hélio saiu. A necessidade faz empreendedores. Meus tios estavam sorrindo com isso, então chega a hora de Joel dizer que ter ficado na casa de Bosco foi necessário e ele será eternamente grato, mas sabe que o casal sentiu alívio na sua saída, toda família precisa de seu espaço e todo casal precisa de sua intimidade, por isso telefonou para o proprietário do apartamento em que moramos juntos e fez um acordo com ele, pagar um valor de aluguel que fosse abatido do total de venda do imóvel, temos intenção de compra, precisamos do imóvel, mas esse ainda não é o momento.
O homem fez uma contraproposta que gostamos, ele disse que estava velho, precisava do dinheiro para custear sua morada numa casa geriátrica, é alto o valor, ele está com setenta anos e não quer ser um peso para os sobrinhos. Fizemos um acordo, mantê-lo na instituição até o fim da vida dele, cobrir os custos de sua estadia e lhe fazer uma visita semanal, e se cumprirmos isso, o apartamento é nosso em herança, isso precisa ser feito em cartório, mas ele ficou feliz em ter esse acordo conosco, disse que éramos bons meninos e que nunca recebeu uma única proposta de venda ou aluguel do imóvel depois de termos saído. Tio Nelson disse que era o mais próximo que podíamos chegar uns dos outros e manter a privacidade.
Ele respira fundo e pede a tio Renato para ir morar com ele, desocupar aquela casa e nos emprestá-la por um ano, depois nos alugar por um valor de mercado, ajudar-nos com nosso projeto e parar de se sentir deprimido nesse castelinho tão grande, tio Renato revirou os olhos, disse que não, óbvio, se ao menos houvesse um pedido de noivado ou algo assim, sempre sonhou em casar e parece que era o único ali que ia morrer sem realizar esse marco na vida. Tio Nelson riu.
Churrasqueira, meus queridos, foi churrasco a noite inteira, bebi, bebi cerveja, tequila e vinho, vomitei, vomitei na rampa de acesso à garagem, pior que vomitar foi ouvir as gargalhadas e as piadas sobre como os jovens são caretas e coisas do tipo, Hélio me levou para a ducha enquanto meu marido buscava toalha e roupa limpa para mim, fiquei sóbrio rápido, vesti um pijama e um roupão, fiquei sentado numa cadeira pavão vendo meus tios namorando de um lado, tio Renato e tio Nelson se pegando do outro, meu namorado olhando pra mim enquanto sentado entre Murilo e Hélio era beijado e mordido na orelha, lambido na nuca por ambos, ele me olhava enquanto beijava os dois, tirou o pau pra fora e era meu chamado, os mais velhos já haviam saído para fazer uma putaria só entre eles na sala, fui até meu marido para poder chupar seu pau.
Logo não era um, eram três, Joel os beijava, segurava minha cabeça e eu entalava com a pica de outro na garganta. Ele pegou minha mão e chamou os outros para entrarmos, passamos pela putaria na sala, tio Caio quicava no pau de tio Renato, tio Nelson dando de quatro para tio Galvão, fomos muito rápidos em passar para o quarto, Murilo passou a chave na porta. minhas roupas foram tiradas enquanto eu recebia beijos, morddas e meu marido mostrou aos outros dois como dar na minha cara quando me comessem.
Achei que viriam os três de uma vez, mas não foi assim, tio Renato tinha uma daquelas cadeiras suspensas de couro para comer cu, eu nunca tinha visto pessoalmente, me colocaram lá e me prenderam os pés e as mãos, Murilo me mostrou uma correia com uma bola de plástico duro no meio, uma coisa para servir de arreio e me perguntou se eu toparia, “Não, Murilo, Mateus já está imóvel, diminuir a capacidade dele de interromper de dizer…”, “Eu quero, Joel, eu quero, você está aqui e é meu marido, você toma conta de mim, você vai me usar como um brinquedo”, nunca mais faço isso, mas foi bom demais.
Assim que me colocaram preso e prenderam o freio em minha boca, Hélio chega com uma máscara de dormir e tapa minha visão, eu era lambido, mamilos chupados e mordidos, testículos torturados por apertos e tapas, meus pés sentiram cócegas enquanto uma língua invadiu meu cu, cada um dos três falou algum tipo de putaria ou de elogio no meu ouvido, esfregaram as barbas ou a cara lisa no meu pau, cada um deles fez seu próprio boquete em mim, em todos os momentos uma boca constantemente em meu pau, chupadas fortes, lambidinhas, a presença de uma boca imóvel que exige que seja eu a me mover, até o uso dos dentes em marcar muito suavemente minha rola da base até o topo, muito estimulado, quase sem reações, eu achei que ia sufocar, eu senti um prazer enorme, mas perdi o controle de mim mesmo e apesar de ser tudo tão bom, foi também angustiante e eu recomendo muito, mas não pra mim. Pararam quando gozei, parecia litros, Murilo tirou a venda e vi o beijo entre Joel e Hélio, a luz era branda e ainda assim incomodou no início, dois segundos e o beijo era a três, ou se eu contar como a porra que unia uma boca a outra como uma baba que passa de língua a língua, então foi quatro.
Meu corpo doía, caramba, como me senti fodido no bom e no mau sentido ao mesmo tempo, o freio foi tirado com todo o cuidado do mundo, Hélio disse que minha porra era mais amarga ainda que a de Joel, mas era numa quantidade enorme e fluida, quase não consegue dividir com os outros, a vontade era de beber aos poucos, ao teminar de soltar minha boca ele me beija, meu marido me pega nos braços e me põe na cama, meus pulsos são amarrados nos tornozelos e eu vejo os três de pau duro, eu podia dizer qualquer coisa, mas eu não tinha condições de pedir por água, as palavras me escapavam, minha inteligência se ausentou completamente, eu era só sensações, fiquei olhando Joel e Hélio namorando, Murilo me fodia por trás e eu estava amarrado como uma caça é amarrada pelas quatro patas para ser consumida, eu estava vendo a cena de meu marido namorar outro cara, ambos bolinando o cu e o pau um do outro, se beijando, chupando os mamilos e olhando para Murilo e eu, Murilo puxa meus cabelos enquanto me fode gostoso, “Olha que tesão de homem, olha que delícia ver meu macho e o teu, agora eu vou lá chupar o cacete dos dois e te dar um minuto de descanso”, ele fez isso sim, mas não tive nem vinte segundos de descanso, Hélio logo veio me foder, dizia que era muito gostoso de ver o macho dele chupando o pau de seu melhor amigo, senti todas as palavras voltarem, mais nenhuma delas podia ajudar a outra para eu falar da alegria de saber que meu homem voltou a ter um melhor amigo, um parceiro.
Hélio mordeu meu pescoço enquanto apertava meu peito, disse que parecia que eu estava encorpando, deixando o corpo de moleque pra trás e ganhando corpo de macho, foi ele que me chamou de lontra pela primeira vez, eu não sabia o que eram ursos e lontras. Ele disse que não ia cair na minha armadilha de fazê-lo gozar ainda. Ele passa a chupar meu pau, Murilo me empurra sua piroca boca a dentro e meu marido me desamarra, ele se deita e eu passo a chupá-lo a agradecer dentro de minha cabeça ele ser esse filho da puta que pega um cara foda como eu e faz de veadinho sempre quando quer, eu sento em sua pica e ele me beija, diz que estou com gosto do pau de outro cara e me dá na cara, eu não queria gozar sendo surrado por ele, mas controlar estava difícil, que sorriso lindo, ele me olha enquanto aperta meu pescoço com as duas mãos, eu seguro seus pulsos, quando eu aperto ele afrouxa e quando eu afrouxo ele aperta, ele me sufoca, mas me dá o controle e então ele me solta e eu desabo sobre ele.
Murilo aponta a cabeça de sua pica no meu cu e mostra a Hélio como eu gosto, eu sinto isso novamente, o prazer de ter dois homens dentro de mim ao mesmo tempo, em pouco tempo, Murilo dá lugar a Hélio e eles ficam se alternando, meu marido me come e fala que é muito bom sentir a pica de outro homem dentro de mim, que lhe dá prazer me dividir com outros caras, “Amor, você é putinha, você é boiolinha, viadinho, bichinha, amor, basta colocar pressão e seu cuzinho já quer piroca, você é maravilhoso, e só isso, eu quero que você seja feliz e se sinta livre com qualquer um de nós três, mas você é meu”, eu gozei, e foi tudo entre minha barriga e a dele, Joel mandou Murilo e Hélio aproveitarem o banquete e esses dois gostam de gala, lamberam meu homem e eu, fui colocado de quatro e Murilo foi o primeiro a gozar dentro de mim, eu o chupei enquanto o Hélio também gozou em mim, eu chupava os dois enquanto meu marido fodeu o que agora era uma xoxotinha úmida e na sequencia foi chupado pelos dois, me deixaram dormir sozinho, era o mínimo, eu precisava descansar.