Enquanto a namorada não vem 2

Um conto erótico de Alan
Categoria: Gay
Contém 841 palavras
Data: 22/11/2025 20:34:48

2

Ele vestia um short tactel de elástico. Cabelo militar, corrente de prata em volta do pescoço com a imagem de uma figura feminina cravada no metal. Ele sorriu erguendo a palma da mão para o porteiro e a mulher.

- Desculpe, - falei. - A rodinha ficou no caminho... Me inclinei pra segurar...

O cara se virou para mim dando-se conta de que havia alguém literalmente aos seus pés.

- Tudo bem aí? - disse o porteiro. - Precisa de ajuda?

Ele veio em nossa direção, naquele momento desejei possuir olhos com lazer para fuzilá-lo. O porteiro alterou a voz ao dirigir-se ao rapaz a minha frente.

A mulher de antes veio da casa vizinha já com os pés descalços no chão, cheia de dedos e dentes, toda toques e sorrisos. O porteiro e a mulher começaram a bajular o menino que terminou vermelho, as bochechas e o peitoral. A mulher queria avançar no dono do dez. O porteiro queria avançar na dona do nove. Esbarravam em uma pedra porém, eu.

Eu só queria continuar de pé!

Mas deixei a mala cair de proposito, o grito de dor que a mulher bradou foi estridente, a parte de cima da mala acertou seu mindinho e o porteiro sentiu como se fosse com o pé dele. .

- Ah, me desculpe! - falei no reflexo.

Antevi que o dono do 10 ainda na porta de casa, cruzando os braços me lançou olhares de reprovação mas acabou sorrindo. Eu senti minhas bochechas esquentarem. Tentei ajudar a mulher a se erguer, e falhei miseravelmente.

- Eu ajudo, - disse o porteiro muito solícito.

A mulher fez força para continuar onde estava, olhando em cheio nos olhos do dono do 10 ao meu lado. Será que era ele a pessoa com quem eu vinha falando esse tempo todo, para alugar um quarto no apartamento 10? Ele então desarmou os braços e a segurou pelo outro lado. As mãos dele, descobri, eram curativas porque logo a tocou a mulher reascendeu-se inteira como uma árvore de natal.

O porteiro ficou igual a rodinha da minha mala, para trás.

O dono do 10 com a mulher em seu cangote, ainda se virou para mim e disse entredentes:

- Pode entrar, fique a vontade, já volto...

Eu olhei para dentro a janela de vidro na parede da sala dava para o prédio do outro lado da rua. Barulhos de escapamento e buzinas dos carros subiam mesmo com a música tocando mais para dentro de casa. Era uma música de rock internacional que por cansaço mental não identifiquei.

O porteiro por algum motivo: "curiosidade, bisbilhotice", talvez. Entrou logo atrás de mim.

- Como isso mudou... no tempo da dona Bia era outra coisa.

"Eu devia te empurrar daqui!", pensei, ele tinha me visto chegar todo molhado. Havia dito que o elevador não prestava sendo que subiu neste mesmo elevador!

Mas um mosquito de curiosidade me picou antes.

- Bia quem? - soltei.

- Esse apartamento, - o sujeito colocou a mão do lado da boca abafando a voz, - era a dona desse prédio todo, ficou com o filho.

O rapaz chegou justo na hora em que o porteiro contaria mais sobre a vida do "patrão?". Mas como um gato velho nunca cai em falso, o porteiro mudou rápido de assunto:

- Aliás, meu nome é Elio, e estou a disposição, - estendeu a mão. - Aqui no prédio precisou, Elio vem ver o encanamento, Elio um rato desse tamanho apareceu aqui, Elio recebe minhas compras, Elio corta meu cabelo...

"Como é ridículo um funcionário tentando se mostrar útil ao patrão", pensei e para cortar a auto-humilhação do homem:

- Alan, sou Alan, prazer... - falei entredentes.

Elio finalmente se ofereceu para colocar as malas para dentro mas o dono do apartamento as trouxe primeiro. Ele não disse uma palavra ao porteiro e o dispensou sem dizer nada.

O dono do 10, media mais de um e noventa e exibia no peitoral divisões como uma cuba de gelo: a linha do peito subdividia a barriga em gomos menores, e duas linhas maiores inclinadas aos lados do umbigo. Antes do cós do short, vinham os seus trapézios muito bem definidos.

Ele caminhou em minha direção sorrindo timidamente e uma ruga na testa.

Como o porteiro antes dele, o dono do apartamento, o descamisado a minha frente, ofereceu a palma da mão. Eu me aproximei e não reparei nas malas entre nós, me embaracei no peso das malas e caí nos joelhos. Ele gargalhou.

Virei motivo de piada para um homem cujo nome eu nem lembrava direito, porque durante meses conversei com vários antes de acertar com esse. Minhas bochechas queimaram.

- Eita! - ele disse e me puxou pela mão. Dei um salto e trombiquei com ele. - Sou Diogo.

"Que umbigo feio", pensei olhando para baixo, ergui a mão, "vai amassar meus dedos", mordi o lábio inferior, e finalmente foquei no rosto dele. "Diogo, Diogo, tem o som de um gonzo".

Havia mais de um Diogo naquele aplicativo de casas, pensei comigo, com toda a minha atrapalhação, será que eu podia ter me enganado e estar no apartamento errado? Senti minhas bochechas arderem na mesma hora.

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Comentários

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Curioso pelo desenrolar, tá muito bom, continua

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