O beijo a quatro se desfez em risadas nervosas e olhares cheios de promessas. O gelo tinha sido pulverizado. Saímos da piscina, a atmosfera na varanda agora carregada de uma eletricidade palpável. A barreira do "casal de amigos" tinha ruído, e agora éramos quatro pessoas nuas de intenções, unidas por um ato que mudava tudo. O ar quente do verão nordestino parecia ainda mais pesado, denso com os desejos não ditos que agora pairavam entre nós.
"Vou buscar mais uma garrafa de vinho lá dentro", disse Carla, a voz um pouco rouca. "E algo pra gente beliscar." "Eu te ajudo", Ana emendou, rápida demais. As duas trocaram um olhar que desta vez era um telegrama, um código que eu, como homem, não era capaz de decifrar completamente, mas que entendi como um plano sendo traçado. E entraram na casa, os corpos molhados deixando um rastro de pegadas no piso de madeira.
O silêncio que ficou era diferente. Não era desconfortável. Era um silêncio de antecipação. Eu e Fernando ficamos ali, perto da churrasqueira, sozinhos. Ele me serviu mais uma dose de uísque, o gelo estalando no copo.
"Sua namorada é... intensa", ele disse, quebrando o silêncio. "Você é um cara de sorte." "Eu sei", respondi, sentindo uma onda de orgulho, uma pontada daquela compersão que eu mal sabia nomear, mas que me deixava duro só de pensar. "Estamos descobrindo", admiti, deixando claro meu status de novato naquele jogo. Ele riu, uma risada baixa, de quem sabe das coisas. "A descoberta é a melhor parte. Acredite em mim."
Lá Dentro (A Perspectiva de Ana)
Assim que a porta de vidro se fechou atrás de nós, Carla se virou para mim, os olhos brilhando. "Meu Deus, que loucura foi essa?", ela disse, rindo, mas a voz dela era pura excitação. "Eu que te pergunto", respondi, sentindo meu próprio corpo vibrar. "Você beija bem pra caralho." Ela sorriu. "Você também não é nada mal."
Fomos até a cozinha, a desculpa perfeita. Enquanto ela abria a geladeira de inox, eu a observei. Carla era uma obra de arte. O corpo esculpido, os peitos enormes e firmes. Havia uma confiança nela, uma segurança que eu admirava. Ela sabia o poder que tinha. E sabia usá-lo.
"Eles estão lá fora, né?", ela disse, tirando uma garrafa de vinho branco. "Só esperando." "Esperando o quê?", perguntei, me fazendo de desentendida. Carla riu. "Ana, por favor. Eu vi o jeito que seu namorado olhava pra gente. E vi o jeito que o Fernando olhava pra você. Eles estão famintos."
Ela tinha razão. Eu conhecia aquele olhar no meu homem. O olhar de desejo misturado com uma pontada de pânico, o olhar que ele me dava quando eu contava minhas histórias do passado. Ele queria aquilo. E eu, sinceramente, também. O beijo com Fernando na piscina... foi elétrico. Havia uma pegada nele, uma dominância que me lembrava de outros tempos, de outras bocas. E beijar a Carla... foi uma surpresa deliciosa.
"Acho que eles não aguentam muito tempo", eu disse, pegando duas taças. "A gente deveria dar um showzinho pra eles?", Carla provocou, o olhar brilhando. "Só pra ver o que acontece." "Um showzinho?", repeti, a palavra saindo com uma rouquidão que não era minha. "É. Jaja eles vão vir atrás da gente. Vamos dar algo para eles olharem."
Ela pegou na minha mão e me puxou, não para a sala, mas para o corredor dos quartos. O coração batia forte no meu peito. Era um jogo. Um jogo perigoso e excitante. E eu estava pronta para jogar.
Lá Fora (A Perspectiva de Aécio)
Enquanto Fernando falava sobre barcos e negócios, minha mente estava dentro da casa. O tempo começou a se arrastar. Cinco minutos. Dez. A ansiedade era um bicho crescendo dentro do meu peito. Olhei para Fernando. Ele parecia tranquilo, bebericando seu uísque. Mas havia um brilho nos olhos dele. Ele sabia. Ele estava no controle.
"Posso te fazer uma pergunta, cara? Mais pessoal", ele disse de repente, a voz séria. "Manda." "Você não sentiu nem um pingo de ciúme quando eu beijei a Ana? A maioria dos caras surtaria."
A pergunta capiciosa. O teste. Respirei fundo. Era a primeira vez que eu falaria sobre aquilo com outro homem. "Ciúme?", refleti. "Não. Na verdade... foi o contrário." Fernando ergueu uma sobrancelha, interessado. "O contrário?" "É. Me deu um tesão fodido", confessei, a palavra saindo com mais facilidade do que eu esperava. "Ver ela sendo desejada por um cara como você... ver ela te beijando... me deixou duro na hora."
Fernando me encarou por um longo tempo. E então, ele abriu o sorriso mais largo e genuíno que eu já vi. Ele não estava me julgando. Ele estava me reconhecendo. "Bem-vindo ao clube, meu amigo", ele disse, batendo com o copo dele no meu. "Você é dos meus. Você é corno. E não há nada mais delicioso no mundo do que isso, né?"
Eu congelei. A palavra. "Corno". Dita assim, abertamente, sem vergonha. Com orgulho. A confissão dele me libertou. "Caralho", foi tudo que consegui dizer. "É isso aí", ele riu. "A Carla sabe. Ela adora. É o nosso jogo. E pelo visto, a Ana também gosta de jogar."
Quinze minutos.
"Com licença", eu disse, agora com um novo propósito. "Vou ver o que elas estão aprontando." Ele sorriu. "Nós vamos ver."
Caminhamos pé ante pé pelo deque. A casa estava silenciosa. Fomos andando pelo corredor dos quartos. Uma das portas estava fechada, mas uma fresta de luz escapava por baixo. E eu ouvi. Gemidos. Baixos, femininos.
Aproximei-me como um ladrão. A janela do quarto, de vidro, dava para a lateral da casa. Dei a volta por fora, o coração na boca. E então, eu olhei.
A cena que vi através da janela paralisou o sangue nas minhas veias.
Carla estava deitada na cama, nua, as pernas abertas. E entre as pernas dela, a minha Ana. De quatro, a bunda grande e redonda virada para a janela, para mim. Ela chupava a buceta da outra com uma dedicação, uma fome que eu nunca tinha visto. A cama, posicionada de frente para a janela, transformava a cena em um espetáculo particular. A buceta e o cu da minha esposa estavam completamente abertos, expostos. O melado de tesão escorria pelas pernas dela, um fio brilhante que balançava no ritmo dos seus movimentos. Eu estava paralisado.
De repente, senti uma presença ao meu lado. Era Fernando.
Ele olhou para a cena, e seu queixo caiu. Vi os olhos dele, fixos na minha mulher, se encherem de um desejo primitivo. Ele estava hipnotizado.
"Puta que pariu", ele sussurrou. "A sua mulher... ela é uma deusa."
A frase dele foi a validação final. Vê-lo desejando a minha namorada daquela forma não me trouxe ciúme. Trouxe uma onda de excitação e poder. Aquela deusa era minha. E, naquela noite, eu a compartilharia.
Ele olhou para mim, a pergunta silenciosa no ar. Eu assenti. Não havia mais volta. Abrimos a porta do quarto.