DISCERE 2 - TEMPO DE AMAR - CAPÍTULO 11: DOCE VINGANÇA

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Gay
Contém 2991 palavras
Data: 14/10/2025 00:53:18

— Você sabe o trabalho que me deu? — Gabriel rosnava, os dedos enroscados nos cabelos do ex. — Eu inventei desculpas para o meu pai, passei vergonha, tudo por sua culpa! Eu vou acabar com a tua vida, e se isso significar destruir também a paz de quem está perto de você, melhor ainda. — Ele riu, cruel. — Fui eu quem sabotou a gincana. Eu criei o perfil falso do Valentim. E, pensando bem... ele é até bem gostoso. Quem sabe não faço dele meu, já que você é fraco demais pra segurar um homem?

— Idiota! — Noah gritou, desferindo um tapa que fez Gabriel cair ao chão, atônito.

***

A sala de audiovisual estava mergulhada em penumbra, iluminada apenas pela luz azulada do projetor. Narciso havia reunido o grupo ali, disposto a rever as imagens recuperadas do drone. Eles já tinham assistido ao vídeo antes das férias, mas sentiam a necessidade de reviver cada detalhe, como se buscassem coragem dentro daquelas cenas para dar o próximo passo.

O silêncio era denso, quebrado apenas pelos estalos ocasionais do equipamento. Na tela, Gabriel surgia tramando, manipulando situações, forçando confrontos e deixando claro o quanto se deliciava em jogar uns contra os outros. Valentim, mesmo já acostumado com aquelas imagens, não conseguia conter a fúria cada vez que via o momento em que Gabriel agredia Noah. O sangue fervia em suas veias, o punho se fechava de forma quase automática. Subitamente, tomado pela raiva, levantou-se, decidido a sair dali e encarar o rival.

Noah, rápido, segurou-lhe o braço.

— Olha, eu sei que você tá bravo, mas precisamos agir com cautela.

Valentim o encarou com olhos inflamados, a respiração pesada.

— Esperamos as férias todas, Noah. O filho da puta te bateu. Isso eu não vou aceitar...

— Mas eu bati de volta — retrucou Noah, surpreendentemente calmo. — Escuta, amor... eu sei que é complicado. Eu mesmo queria levar esse vídeo direto pra diretoria, mas a gente pode pensar grande e...

— Humilhar o filho da puta na frente de todo o Discere. — Karla o interrompeu, a voz firme, carregada de ressentimento. Ela ainda carregava as marcas da dor pela morte do pai, e talvez por isso não escondesse a raiva. — Ele acabou com os jogos da escola por causa de ciúmes. O Gabriel é patético e merece ser exposto, mas não como ele tentou fazer com a gente. Nós mostramos quem ele é, diante de todo mundo.

Breno assentiu, um meio sorriso cúmplice surgindo em seu rosto.

— Concordo. Nada seria mais justo.

No canto da sala, João Paulo encolheu os ombros e se aproximou de Narciso, a voz trêmula.

— Eu estou com medo dele.

Narciso pousou a mão em seu ombro, transmitindo segurança.

— Não precisa. Eu tô aqui.

— E as provas no celular, Valentim? — Quis saber João Paulo.

— A equipe de T.I do meu pai está analisando. Eu quero pelo menos ter acesso aos aplicativos que o Gabriel tinha. É uma maneira de me inocentar. — Explicou Valentim.

— Mas é sério, gente... — insistiu João Paulo, o olhar varrendo cada um dos presentes. — Esse garoto tentou atacar todos aqui. Noah, Breno, e você, Narciso. Ele não tem nada a ver com a nossa vida. Só queria ter um final de semestre tranquilo.

— Pessoal, eu mais do que vocês quero ver o Gabriel no chão, mas temos que pensar direito. Ano passado a carreira política do meu pai quase acabou. Eu não posso ser irresponsável, mesmo querendo acabar com esse cretino. — Afirmou Noah. — Vamos esperar o retorno da equipe de T.I do Valentim.

A tensão pairou no ar por um instante, como se cada um precisasse engolir sua própria raiva para dar lugar à razão. Aos poucos, o grupo começou a rascunhar um plano. Seria necessário paciência, engolir alguns sapos e esperar o momento certo. Gabriel não ficaria impune, mas sua queda aconteceria no palco mais doloroso possível: diante da escola inteira, sem chance de manipular a narrativa.

O corredor silencioso da escola contrastava com o burburinho que, momentos antes, enchia a sala de reunião. Assim que ficaram sozinhos, Narciso e João Paulo se renderam ao que mais tinham feito nos últimos dias: beijar. Aquela rotina secreta transformara cada canto vazio da instituição em refúgio para carícias apressadas, como se o mundo inteiro coubesse apenas nos dois.

João Paulo, no entanto, carregava consigo uma preocupação que não conseguia disfarçar. O medo de perder a chance de estudar em uma escola tão prestigiada o consumia. Uma expulsão seria o fim de um sonho que ele lutara para conquistar.

— Tá bom, chega. — pediu João Paulo, afastando Narciso com delicadeza.

— Estava tão gostoso. — murmurou Narciso, ajeitando os cachos do colega com a ponta dos dedos. — Seus cabelos são tão fofos.

João Paulo sorriu de leve, endireitando a gravata de Narciso.

— Inclusive, eu nem te agradeci.

— Agradecer pelo quê? — perguntou Narciso, arqueando a sobrancelha.

— Por estar ajudando meus amigos.

Narciso suspirou, encostando-se à parede.

— Mas estou sendo ameaçado também. O Gabriel queria que eu me aproximasse de vocês para tramar alguma coisa. Juro, sempre achei que esse tipo de gente só existisse em novelas, séries ou filmes. Mas ele faz essas maldades por prazer. Só que eu cansei de viver preocupado com a opinião alheia.

João Paulo franziu o cenho, absorvendo aquelas palavras.

— Entendi... obrigado. — disse, antes de se inclinar e beijar Narciso outra vez, num gesto breve, mas cheio de significado. — Mas precisamos ter cuidado.

— Eu sei. — Narciso concordou, tocando de leve a mão dele. — E obrigado por entender. Sei que é injusto pedir discrição para você, que é assumido.

João Paulo respirou fundo, encarando o vazio do corredor.

— Eu só me preocupo em perder a oportunidade de estudar aqui.

O silêncio que se seguiu não era incômodo. Era a confirmação de que, apesar dos riscos, eles estavam dispostos a continuar.

***

Sem a Gincana das Estações, o Instituto Discere parecia mais frio. Os corredores haviam perdido parte da energia vibrante, e os alunos se voltaram para os estudos e suas rotinas. Gabriel, por sua vez, mantinha distância — ao menos por enquanto. Noah aproveitou esse espaço para se dedicar a algo maior: o Clube LGBTQPIA+ Arco Íris. O primeiro encontro estava marcado para aquela semana, e ele preparava uma roda de conversa e debates. Ansioso, via ali uma oportunidade não apenas de fortalecer a comunidade queer da escola, mas também de criar um ambiente seguro e verdadeiro, onde vozes que antes se calavam finalmente poderiam se erguer.

Noah contou com a ajuda de Karla e Breno para organizar os últimos detalhes na sala que passaria a ser o lar do Grupo Arcoíris. O trio pendurava bandeiras coloridas da comunidade LGBTQIAP+ pelas paredes, enquanto uma desenhista convidada caprichava na lousa, escrevendo com traços artísticos o nome do clube que nascia. A energia era de entusiasmo e expectativa, cada objeto colocado carregava um significado especial.

Enquanto Noah ajeitava algumas folhas em cima da mesa, Karla testava diferentes posições para as bandeiras e Breno se equilibrava em uma cadeira para prender outra, estampada com as cores da comunidade bissexual. Foi nesse momento que a professora Leda entrou na sala.

Ela caminhou devagar, observando a decoração com um sorriso orgulhoso.

— Ficou muito lindo. — elogiou, genuinamente impressionada com a dedicação dos alunos.

— Obrigado, professora. — respondeu Noah, animado. — Fizemos com carinho, porque essa causa é muito importante para todos nós.

Com cuidado, ele pegou uma pilha de papéis sobre a mesa e estendeu para a professora.

— Este é o cronograma do nosso primeiro encontro.

Leda passou os olhos pelo documento, surpresa com a organização.

— Que incrível, Noah. Parabéns, de verdade. São poucas as escolas em que os próprios alunos idealizam um clube voltado para a comunidade queer.

Enquanto ela folheava as anotações, Breno aproveitou para compartilhar uma ideia.

— Professora, o que a senhora acha de uma palestra sobre relacionamentos abusivos? — perguntou, ainda concentrado em prender a bandeira na parede.

A professora ergueu as sobrancelhas, atenta.

— Interessante. É um tema muito em alta e extremamente relevante.

Karla, que observava a cena, suspirou de forma teatral, fingindo tristeza.

— Eu também acho. Mas o grêmio considerou esse tema... inapropriado.

Leda fechou a expressão, discordando prontamente.

— Inapropriado? De jeito nenhum. Esse tema é super necessário. — afirmou, já pegando o celular para anotar a sugestão na agenda. — Vou conversar com a equipe do grêmio estudantil.

Noah, cauteloso, tentou suavizar.

— Professora, não queremos entrar em atrito com o grêmio. O grupo acabou de nascer, seria ruim começar com um conflito.

A professora sorriu com firmeza, mas em tom tranquilizador.

— Não se preocupem. Vou dizer que foi um pedido meu. Eles não vão negar.

Karla não resistiu e abraçou Leda com carinho.

— Obrigada, professora. A senhora é a melhor.

Naquele instante, o trio teve a certeza de que o Grupo Arcoíris não estava sozinho. Havia aliados dispostos a abrir caminhos, e isso tornava tudo ainda mais especial.

***

Sabe quem recebeu uma boa notícia naquela tarde? Valentim Cardoso de Almeida. O rapaz havia sido aprovado na tão sonhada prova de direção. Explodiu em alegria, correndo pela casa e chamando pelos pais com a empolgação de quem acabara de conquistar um troféu.

— Pai, eu passei! — disse ele, abraçando Victor com força.

Victor retribuiu o abraço, orgulhoso.

— É isso, filho. Eu sabia que você ia passar. Afinal, tendo Noah como uma das suas maiores motivações, era quase inevitável.

Valentim riu e, sem perder o bom humor, arriscou:

— Oh, pai... e como minhas notas estão boas, e eu ainda passei direto na prova de direção, não acha que estou merecendo um presente?

— Só dizer o modelo, filhão! — respondeu Victor, para a alegria radiante do rapaz.

***

Os dias foram passando, e a equipe do Clube Arco-Íris se dedicou intensamente à preparação de uma palestra especial para os mais de trinta jovens que haviam se inscrito. Contra a própria vontade, Gabriel ficou encarregado de fazer o discurso de abertura.

Como um político nato — uma habilidade que, sem dúvida, aprendera com o pai — ele encantou boa parte da plateia com suas palavras ensaiadas. Porém, Valentim, Noah, Karla, Breno, João Paulo e Narciso permaneceram impassíveis, pouco convencidos de sua sinceridade.

— Nós, que fazemos parte da comunidade LGBTQPIA+, devemos nos unir. Já não basta o mundo lá fora que insiste em tentar exterminar a nossa existência. — Gabriel dizia em tom grave, gesticulando com as mãos. — Por isso, a importância do Clube Arco-Íris, comandado pelos nossos colegas Noah, Karla e Breno. Agora, quero convidar Noah para dizer algumas palavras.

Colocou a mão sobre o ombro do colega, gesto que fez Noah conter o impulso de revirar os olhos.

— Obrigado, Gabriel. — As palavras saíram pesadas, quase ásperas, como vidro arranhando a garganta. Respirando fundo, ele voltou a atenção ao público. — Infelizmente, por causa de uma alma sebosa, a Gincana das Quatro Estações foi interrompida. Vocês devem se perguntar por que eu gostava tanto daquela competição... bem, foi nela que eu encontrei o amor da minha vida.

Apontou para Valentim, que sorriu imediatamente, adorando ser paparicado.

— Te amo, vida.

— Também te amo.

Noah continuou, com um brilho genuíno nos olhos:

— Valentim foi a pessoa mais corajosa que eu conheci. Enfrentou todos para que ficássemos juntos, descobrindo assim a sua bissexualidade. E hoje, eu estou ajudando a criar este espaço: um lugar seguro, onde possamos conversar, desabafar e celebrar quem realmente somos. Então, aproveitem o Clube Arco-Íris!

A sala estava cuidadosamente decorada com bandeiras coloridas, fitas vibrantes e cartazes que celebravam a diversidade. Na lousa, lia-se em letras artísticas: Grupo Arco-Íris. Os jovens, acomodados em cadeiras dispostas em semicírculo, aguardavam ansiosos pela palestra que trataria de aceitação e orgulho.

Os convidados eram de peso: a youtuber trans Nayara Bernardes, o escritor Junior Soares, a professora Leda e a dra. Eunice, psicóloga renomada.

Nayara foi a primeira a falar. Com um carisma natural, contou sua trajetória de transição, expondo as dores e os preconceitos enfrentados, mas também a vitória de poder viver com autenticidade. Muitos alunos se emocionaram com sua coragem.

Em seguida, Junior Soares falou sobre sua obra. Seus livros sempre destacavam protagonistas queer, mostrando que pessoas LGBTQPIA+ podiam, sim, estar no centro das narrativas. Ele arrancou risos e reflexões com suas histórias.

Por fim, a dra. Eunice abordou a importância da autoaceitação e do cuidado com os próprios sentimentos. Seu tom acolhedor fez muitos se sentirem abraçados por suas palavras.

Após as falas, a equipe do Clube promoveu uma dinâmica de integração entre os participantes. Risadas, partilhas e olhares cúmplices encheram o ambiente. No encerramento, cada jovem recebeu uma lembrancinha: artes feitas por Nayara, livros de Junior, pequenos símbolos de afeto que tornavam aquele dia ainda mais inesquecível.

Ao fim da palestra, o grupo de amigos decidiu estender a celebração em um restaurante. No entanto, enquanto se organizavam para sair, Narciso chamou Valentim de lado.

— Olha, eu sei que a gente gosta de estar junto sempre... mas eu percebi que o João Paulo fica desconfortável às vezes. — disse ele, em tom baixo. — Muitas vezes, ele não tem dinheiro para acompanhar todas as nossas saídas.

Valentim o escutou com atenção, percebendo que aquela era uma verdade que não podia ser ignorada. A amizade, afinal, também se fazia no cuidado e na sensibilidade com o outro.

Os amigos se reuniram em frente ao colégio, rindo e conversando enquanto aguardavam o motorista de Valentim. O clima era de comemoração: o início do Grupo Arcoíris trazia esperança de algo maior, de inclusão, de pertencimento. Para muitos ali, significava o começo de um espaço seguro.

— O que vocês querem comer? — perguntou Karla, animada.

— Não sei. — respondeu Valentim. — Que tal você escolher, João Paulo?

O garoto se assustou com a sugestão.

— Eu? Sei lá... Eu não ando muito onde vocês costumam ir. Podem ir sem mim, eu tenho que ajudar a minha mãe e...

— Negativo. — interrompeu Noah, abraçando Valentim pelo ombro. — Deve ter muitas opções legais que você conhece. Pensa aí, vai.

João Paulo ficou alguns segundos pensativo, até arriscar:

— Vocês gostam de cachorro-quente?

— É meu favorito! Mas tem que ter purê de batata. — exclamou Breno, já salivando só de imaginar.

A decisão estava tomada. Logo todos se espremiam dentro do carro de Valentim, rindo com a falta de espaço, cantando as músicas que tocavam no celular e celebrando duas conquistas de uma vez: o clube que nascia e a vitória pessoal de Valentim, prestes a tirar a sua primeira habilitação provisória.

O destino era Paraisópolis, mais precisamente o ParaiDog, um foodtruck conhecido que ficava perto da casa de João Paulo. O lugar tinha movimento constante, e João Paulo fez questão de apresentá-los à dona: Clarissa, uma senhora magra e alta, de voz grave, mas com um carisma contagiante. Ela abriu um sorriso ao ver João Paulo chegar acompanhado.

— Que felicidade ver você com amigos, menino! — disse, abraçando-o com carinho.

João Paulo corou, apresentando um por um. Clarissa parecia radiante, e logo começou a preparar cinco dogões prensados.

Os sanduíches chegaram fumegantes à mesa: pães macios prensados até ganharem uma crosta dourada, recheados com salsicha, queijo derretido, vinagrete fresco e repolho refogado. O molho escorria pelas laterais, e o cheiro misturado de queijo e tempero caseiro era irresistível.

Porém, antes mesmo de terminarem, uma garoa forte começou a cair, obrigando-os a correr com as embalagens nas mãos. Rindo do imprevisto, seguiram para a casa de João Paulo.

Quem adorou a visita foi Joana, sua mãe. Ela os recebeu com entusiasmo e levou o grupo para a cozinha. Lá, todos se sentaram ao redor da mesa pequena, terminando de comer os dogões prensados enquanto conversavam, faziam piadas e postavam stories animados nas redes sociais.

Pela primeira vez, João Paulo não sentiu vergonha da sua realidade. A simplicidade da casa não parecia importar para ninguém ali. Ele percebeu, com um calor no peito, que aqueles amigos estavam com ele não pela aparência, mas pela amizade verdadeira.

E isso, para João Paulo, era a maior conquista da noite.

***

Do outro lado da cidade, em um quarto pouco iluminado, Gabriel encarava a tela do computador com uma mistura de fúria e frustração. Usava uma de suas várias contas falsas para espionar os rivais. Cada risada, cada abraço e cada foto compartilhada pelo grupo fazia o sangue ferver em suas veias.

Nada saía como planejado. Suas mentiras já tinham sido desmascaradas, suas ameaças ignoradas e as tentativas de sabotagem não haviam rendido resultado. O ápice de sua raiva, no entanto, veio quando se deparou com uma postagem de Narciso: uma foto em que Valentim e Noah trocavam um beijo, cercados de amigos e felicidade.

— Esses idiotas... — murmurou entre dentes, cerrando os punhos sobre a mesa. — Como eu faço para derrubá-los? Já menti, sabotei, ameacei... e nada.

Ele recostou-se na cadeira, a mente girando em busca de uma nova forma de atacar. Então, um pensamento venenoso lhe atravessou a cabeça.

— O atorzinho ainda não sofreu, né? Que tal eu mexer com a carreira dele? Afinal, todo mundo passa por um cancelamento. — Um sorriso cínico se desenhou em seu rosto.

Sem perder tempo, ele printou a foto e migrou para a rede social Z, onde se sentia em casa com o anonimato e a manipulação. Seus dedos ágeis digitaram uma mensagem carregada de hipocrisia:

"Chocado com o ator Narciso Figueiredo que apoia esse tipo de pouca vergonha. E as crianças que seguem ele? @narcisiofigueiredo @NeoMeses @fuxicodatv #chocado #enojado #alguemprotejaascriancas"

Em poucos minutos, o efeito cascata começou a aparecer. Centenas de notificações pipocaram, como fagulhas de um incêndio prestes a se espalhar.

Nos comentários, as opiniões se dividiam. Alguns rechaçavam a postagem de Gabriel, defendendo Narciso e o direito de amar. Outros, no entanto, alimentavam a onda de ódio, repetindo discursos carregados de preconceito.

"Meu Deus, século 21. #amoréamor"

"As crianças estão sendo corrompidas"

"Que esse @narcisofigueiredo pague por tudo"

"#salvemascrianças que esses pervertidos paguem"

"amor é amor"

"Se eu tenho um filho assim, eu meto a porrada"

"Esses atores são todos pervertidos e gays"

"Minha filha tem várias revistas desse ator, vou jogar tudo"

Gabriel observava tudo de olhos vidrados, alimentando-se do caos que ajudara a criar. Para ele, cada comentário inflamado era um triunfo, cada ataque a Narciso, um passo mais perto da vingança.

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