Cercadas no Parque - 4

Um conto erótico de Mais Um Autor
Categoria: Heterossexual
Contém 1030 palavras
Data: 11/10/2025 18:22:05
Assuntos: Heterossexual, jovem

Juro, parecia que eu tinha atravessado o espelho e estava num mundo que eu não conhecia ou entendia. Não dava para acreditar que aqueles moleques do parque tinha adicionando eu e a Line no Instagram e estavam reagindo no nossos stories, puxando papo.

Fora que a minha amiga estava contando para todo mundo da faculdade o que tinha acontecido com a gente no parque. Se gabava como tinha “negociado” uma punheta ao invés de chupar os caras.

Me peguei, um dia, até mesmo rindo da forma exagerada e divertida que Line contava a história como se fosse uma grande aventura cheia de percalços, mas que tudo tinha ficado bem no final.

Quando estava lá no parque, achei que tudo aquilo teria um impacto irrecuperável na minha vida, mas a forma que minha amiga via sua própria história, deixava as coisas tão simples, que eu me permiti perguntar se aquilo tudo era uma questão de escolha.

A coisa que mais estava me fazendo sofrer, na verdade, era a volta da Line para a Dinamarca. E não era só o fato que eu provavelmente nunca mais a veria, mas a forma como ela estava reagindo a tudo, parecia até animada. Talvez para mim era a perda da minha melhor amiga, mas para ela, que já tinha viajado o mundo e morado em diversas cidades, eu era só a amiga da ocasião.

Ainda teríamos uma última aventura juntas antes do fim do semestre: a tão aguardada última cervejada do ano, uma festa à fantasia que prometia ser épica. Eu e a Line decidimos que iríamos combinando, claro — mas, como sempre, chegar a um acordo foi uma batalha.

Ela queria algo grotesco, como irmos de zumbis em decomposição ou monstros do pântano cobertos de gosma. “Imagina, Eli, a gente entrando na pista pingando sangue falso, todo mundo abrindo espaço!” dizia com aquele brilho animado no olhar.

Mas eu me recusava a passar a noite inteira fantasiada de nojeira ambulante. Disse que queria algo um pouco mais… bonito. Ou pelo menos limpo. Depois de muitas trocas, risadas, e chantagens emocionais (principalmente da parte dela), chegamos a um meio-termo: eu iria de cheerleader, com direito a sainha curta e pompons, e ela de Jason — máscara, facão de plástico e tudo.

"Combina perfeitamente," ela disse, rindo. "A vítima e o assassino. Duas faces da mesmo moeda."

No fim, deixei a Line ficar encarregada de comprar minha fantasia, o que foi um erro estratégico. Quando abri o pacote no dia anterior à festa, quase enfartei: a sainha era minúscula, tipo duas palmas de pano, e o top mais parecia um sutiã esportivo encolhido no sol. Os pompons vinham junto, claro, mas nem isso disfarçava o fato de que eu parecia pronta para um clipe de funk proibidão.

"Ah, Eli, ficou perfeita!", ela disse, orgulhosa, me girando na frente do espelho. “É uma cheerleader pós-apocalíptica, versão safadinha.”

Suspirei e aceitei o destino, porque no fim das contas... era a Line. Ela conseguia fazer até o ridículo parecer aceitável.

Na hora da festa, pegamos um carro de app e chegamos já rindo. Ela com a máscara do Jason pendurada no pescoço, facão de plástico em uma mão e latinha de cerveja na outra. Eu, tentando não congelar com a fantasia mínima e andar sem tropeçar na minha própria vergonha.

Dançamos juntas no meio da pista, esbarrando em fantasias de piratas, diabinhas, anjos decadentes e um Bob Esponja claramente muito bêbado.

Line não me dava um segundo de descanso. “Vira esse shot, cheerleader!” gritava no meu ouvido, já empurrando mais uma dose de tequila na minha mão. Eu reclamava, ela ria, e no fim, claro, eu virava.

Foi numa dessas voltas pela festa, com a cabeça começando a rodar e os pés meio fora do eixo, que dei de cara com o André — meu peguete habitual das festas da faculdade. Toda cervejada a gente seguia quase um ritual: depois de beber, dançar, rodar por todos os grupos e enjoar da bagunça, a gente se encontrava como se fosse por acaso, ia para algum canto mais tranquilo e passava o resto da noite se beijando.

Na época, eu era tão bobinha que achava aquilo o auge da intimidade. A gente se beijava por horas, e depois, cada um voltava para sua casa. Nem transar a gente tinha transado.

Não era nem por vergonha ou medo — acho que eu nem pensava nisso como uma possibilidade real. Eu era tão inocente que achava que só de dividir aquele momento já bastava, como se o beijo fosse o prêmio final, não o começo de nada. E talvez o André, com aquele jeito certinho, acreditasse que estava fazendo a coisa certa ao não avançar nenhum sinal, como se tivesse me respeitando e me protegendo.

Não sei o que estava acontecendo — se era a quantidade absurda de bebida que a Line tinha me feito virar, se era o clima da festa, ou se havia mesmo algo diferente no jeito que o André me tocava naquela noite — mas meu corpo parecia pegar fogo. Os beijos estavam mais intensos, menos inocentes, como se todo aquele ritual que a gente fazia há meses estivesse finalmente evoluindo para alguma coisa que eu ainda não sabia nomear.

O toque dele provocava arrepios, e cada vez que ele se aproximava mais, meu coração batia tão forte que parecia ecoar dentro do meu crânio. Estávamos encostados em uma parede mais escura, meio escondidos do agito da pista, e pela primeira vez eu me peguei pensando que talvez, só talvez, quisesse mais do que só os beijos.

Foi quando senti um empurrão nas costas. Tropecei um passo para frente e, ao me virar, vi o André caído no chão, tentando se apoiar nos cotovelos com uma expressão de dor e confusão no rosto.

Demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo.

Ali, parados à minha frente, com os mesmos sorrisos debochados daquela noite, estavam dois dos moleques do parque, vestidos e agindo como homens das cavernas. Um deles apontou para o André com o queixo e disse, sem nem disfarçar o tom de ameaça: “Pode vazar, playboy. Agora é a nossa vez de brincar.”

<Continua>

Quer o conto completo? Tem no ouroerotico.com.br

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive mais_um_autor a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários