Os anos passam, as pessoas mudam, mas as lembranças permanecem.
O que vivemos na infância e na adolescência nunca se apaga
fica guardado em nós, como uma chama que insiste em arder,
lembrando o que um dia fomos e o que, no fundo, ainda somos
O tempo muda tudo, menos o que nos marcou por dentro.
As lembranças da infância e da juventude continuam vivas
sempre encontramos um jeito de revivê-las.
O tempo é mestre em transformar o que somos,
mas incapaz de apagar o que um dia nos fez sorrir.
A infância e a adolescência são raízes: crescem escondidas,
mas sustentam tudo o que somos hoje.
Anos haviam se passado. A vida seguiu seu curso, levando cada um por caminhos diferentes.
Eu passando na antiga casa nossa, onde mora minga irmã, reencontrei Chico, meu primo , meu primeiro macho, bastou vê-lo novamente, ali, com o mesmo sorriso sereno e o olhar que eu reconheceria em qualquer tempo, para algo se mover dentro de mim.
Foi um instante silencioso, desses que o corpo sente antes que a razão compreenda. As lembranças vieram como ondas suaves, carregadas de cheiros, vozes, risos antigos. Aquele passado adormecido despertava, sem pedir licença.
Falamos do presente, como quem evita o que realmente importa. Mas havia um ar suspenso entre nós — um tipo de saudade que não é apenas do outro, mas da pessoa que éramos quando tudo começou.
E, por um momento, percebi: certos encontros não pedem explicação. Eles apenas acontecem de novo, para nos lembrar que o tempo pode mudar o mundo, mas não apaga o que um dia foi verdade.
Caminhamos lado a lado, quase em silêncio.
Nos deparamos sem premeditar com o rio, que muitas vezes foi testemunha.
O som da água correndo quebrava o vazio entre as palavras que não sabíamos mais como dizer. Havia algo no ar — uma mistura de serenidade e inquietude — que fazia o tempo parecer suspenso.
O rio era o mesmo, mas nós não. Ainda assim, cada pedra, cada curva da margem parecia reconhecer nossos passos, como se o lugar guardasse em si tudo o que um dia fomos.
Os olhares se cruzavam por acaso, demorando um segundo a mais do que deveriam. E nesse breve instante, as lembranças afloravam — não como saudade do que aconteceu, mas como uma lembrança viva do que nos formou.
Ele sorriu, e o mundo pareceu caber naquele gesto simples. Nada precisou ser dito. Havia um acordo silencioso entre nós: certas memórias não se apagam, apenas aprendem a respirar dentro do tempo.
A tarde começava a se recolher, tingindo o céu de tons dourados e rosados. O riacho refletia essa luz suave, como se também guardasse o segredo do que estava acontecendo ali.
Nenhum dos dois parecia disposto a encerrar aquele instante. Caminhávamos devagar, como quem adia o fim de um sonho. Às vezes, os ombros quase se tocavam — e esse quase dizia mais do que qualquer palavra.
Havia no ar uma emoção antiga, familiar, pulsando entre silêncios e lembranças. Não era apenas nostalgia. Era o reconhecimento do mesmo impulso, da mesma curiosidade, da mesma entrega que o tempo não conseguiu apagar.
Quando ele me olhou, foi como se o passado respirasse de novo — não como algo distante, mas como uma presença viva, urgente. Nenhum de nós falou. Apenas ficamos ali, imóveis por um instante que parecia não caber no tempo.
E então, o mundo inteiro pareceu esperar o que viria depois.
Chico, se aproximou, me abraçando por trás. Já não tínhamos estrutura muscular para aventurar um revival em meio aquela natureza, propus a ele, irmos pra casa, estaríamos sozinhos mesmo.
No conforto do quarto, nos despimos, a piroca do Chico continuava linda, deliciosa, a lambi por longos minutos.
Me posicionei de quatro sobre a cama, chamando Chico para reviver o caminho que ele desbravou a 50 anos atrás.
O encaixe foi perfeito, deslizou pra dentro de mim, me arrancando um gozo imediato, ele também, me inundou o rabo de porra.