✧ O Sabor do Verão ✧
O sol da manhã entrava furtivamente pela janela da cozinha, pintando listras douradas no chão de madeira. O cheiro de café fresco pairava no ar, uma promessa reconfortante para o dia que começava. Daniel estava de costas para a porta, vestindo apenas uma bermuda, concentrado em mexer ovos numa frigideira. Seus ombros largos e as costas musculosas se moviam com uma familiaridade fácil que fazia o coração de Tiago acelerar.
Ele se aproximou em silêncio, o som de seus pés descalços abafado pelo chiado da frigideira. Os braços de Tiago circularam a cintura de Daniel, e ele descansou a bochecha no meio das costas quentes e suadas de seu primo. A pele de Daniel tinha o cheiro do sono, de sol e de algo que era unicamente dele.
Daniel parou de mexer os ovos, colocando a espátula de lado. Ele cobriu as mãos de Tiago com as suas. "Bom dia, dorminhoco", sua voz era um murmúrio grave e rouco.
"Bom dia", Tiago sussurrou de volta, subindo os beijos pelo ombro de Daniel até a curva de seu pescoço. Ele sentiu Daniel estremecer sob seu toque.
Virando-se lentamente no abraço de Tiago, Daniel o encarou. Seus olhos tinham um brilho intenso, uma fome que espelhava a de Tiago. Ele não disse nada, apenas baixou a cabeça e capturou os lábios de Tiago num beijo. O beijo começou lento e sonolento, com o gosto de café e desejo matinal, mas rapidamente se aprofundou. A língua de Daniel explorou a boca de Tiago com uma possessividade que o deixou sem fôlego.
Sem aviso, as mãos grandes de Daniel encontraram suas coxas e o ergueram com uma facilidade surpreendente. Tiago ofegou, envolvendo as pernas ao redor da cintura de Daniel por instinto. Daniel o carregou os poucos passos até o balcão da cozinha e o sentou na superfície de mármore fria, que contrastava deliciosamente com o calor que se espalhava por seu corpo.
Agora eles estavam cara a cara, no mesmo nível. Daniel se encaixou entre suas pernas, suas mãos subindo pela camisa de Tiago, explorando a pele macia de sua barriga e peito. Cada toque era deliberado, reverente, como se estivesse memorizando cada centímetro dele. Os dedos de Tiago se enredaram no cabelo grosso de Daniel, puxando-o para mais perto enquanto seus beijos se tornavam mais desesperados, mais famintos. Com uma urgência mútua, as mãos de Daniel desceram, ágeis, desabotoando e empurrando para baixo a bermuda de Tiago, deixando-o exposto e vulnerável sobre o mármore frio.
"Eu preciso de você", Daniel rosnou contra a boca de Tiago, a voz abafada pela paixão.
As palavras foram um gatilho. A boca de Tiago desceu do rosto de Daniel, deslizando pelo seu pescoço até encontrar o seu peitoral largo e suado. Ele lambeu o suor salgado, chupou a pele com força sobre os músculos firmes e sugou um dos mamilos de Daniel, que arfou com a sensação. Era tudo que Daniel precisava. Ele se ajeitou, posicionando seu pau duro na entrada de Tiago, e entrou nele com uma estocada firme e profunda. Tiago jogou a cabeça para trás, um gemido escapando de seus lábios.
Daniel começou a foder Tiago ali mesmo, no seu colo, contra o balcão. A fricção era tão intensa e desesperada que o pau de Daniel escorregava para fora do cu de Tiago algumas vezes, apenas para ser empurrado de volta com ainda mais força, mais fundo.
Os sons que preenchiam a cozinha não eram mais de café da manhã sendo preparado, mas de respirações ofegantes, gemidos baixos e o som úmido da pele contra a pele. Era cru, honesto e transbordava de uma afeição tão profunda que doía. Eles não eram apenas amantes; eram a descoberta um do outro, a peça que faltava, o sabor que nunca souberam que desejavam.
Os dias que se seguiram foram um borrão idílico. A casa, antes silenciosa e cheia de tensão não dita, agora estava cheia de risadas, música e os sons de dois corpos se descobrindo. Eles eram insaciáveis, explorando um ao outro e sua nova dinâmica em todos os cômodos da casa, a cada hora do dia e da noite.
Mas, como todas as coisas boas, o verão tinha que chegar ao fim.
A última manhã chegou com uma melancolia silenciosa. A mala de Tiago estava feita e esperava perto da porta. A casa parecia grande e vazia novamente. Eles tomaram café na varanda, o mesmo lugar onde o verão havia começado. Mas agora, em vez de um silêncio estranho, havia um silêncio confortável, cheio de memórias.
"Então é isso", disse Tiago, olhando para sua caneca.
"É isso", Daniel concordou, sua voz baixa.
Eles não falaram sobre o que aconteceria a seguir. Sobre o retorno à cidade, às suas vidas separadas. A ideia era pesada demais, real demais. Eles preferiram permanecer na bolha que haviam criado.
A viagem para a rodoviária foi silenciosa. Daniel estacionou a velha caminhonete azul no mesmo lugar onde havia buscado Tiago dois meses antes. Parecia que uma vida inteira havia acontecido nesse meio tempo.
Eles saíram do carro. O ônibus de Tiago já estava lá, com o motor ligado, pronto para partir.
"Bem...", começou Tiago, sem saber o que dizer.
Daniel não disse nada. Ele apenas deu um passo à frente e o puxou para um abraço. Não foi o abraço de urso esmagador da chegada. Foi um abraço apertado, desesperado, como se ele estivesse tentando fundir seus corpos, para que não tivessem que se separar.
"Eu...", Daniel começou a dizer, a voz embargada.
"Eu sei", Tiago sussurrou contra o peito dele. "Eu também."
Eles se afastaram. Daniel segurou o rosto de Tiago entre suas mãos grandes e o beijou. Ali mesmo, no estacionamento da rodoviária, sem se importar com quem pudesse ver. Foi um beijo que continha todo o verão. O sabor do sal, do suor, do mel. A promessa silenciosa de que aquilo não era um fim.
"Me ligue", Daniel disse, a testa encostada na de Tiago.
"Eu vou", Tiago prometeu.
Ele pegou sua mala, deu um último olhar para seu primo, seu amante, e subiu no ônibus. Ele encontrou um assento na janela e observou Daniel ficar parado ali, uma figura grande e forte, até o ônibus virar a esquina e ele desaparecer de vista.
Enquanto a paisagem de verão passava pela janela, Tiago não se sentia triste. Ele se sentia... cheio. O garoto gordo e sonhador que havia chegado ali dois meses antes não existia mais. Em seu lugar, havia um homem que conhecia o desejo, que conhecia o amor em sua forma mais crua e honesta.
Ele não sabia o que o futuro reservava para ele e Daniel. Mas ele tinha o sabor do verão em seus lábios e o calor do toque de Daniel gravado em sua pele. E, por enquanto, isso era o suficiente. O verão havia terminado, mas a história deles, ele sabia, estava apenas começando.
Fim?