Eu achei que minha ideia não iria dar certo. O problema é que pensei nisso em cima da hora e não deu tempo de pensar direito no que fazer. Quando pensei em agir, já era tarde; a Fernanda estava guardando seu carro na garagem. Ainda bem que ela não achou ruim, na verdade disse que gostou da ideia. Então, tivemos um jantar tranquilo, conversamos um pouco, sorrimos e aproveitamos bem a comida que fiz.
Quando estávamos terminando, eu pensei no que a Fernanda disse: que nossa briga foi no quarto. Se eu queria mudar sua última lembrança, teria que fazer algo especial. Mas eu deixaria isso para quando voltássemos da boate; talvez, com algumas doses de álcool no corpo, Fernanda pudesse aproveitar mais o quarto. Não era uma ideia ruim, já que tanto eu quanto ela já havíamos deixado claro que estávamos com saudades de fazer amor bem gostoso.
Com esses pensamentos, acabei lembrando da nossa briga. Era realmente uma lembrança muito ruim a que tínhamos da última vez que estivemos naquele quarto. Nunca vou esquecer da dor que senti ao ver a Fernanda deixando sua aliança sobre o criado-mudo e puxando suas malas porta afora. Acho que nunca chorei tanto na minha vida como naquela noite; sem dúvidas, foi uma das piores noite da minha vida.
Porém, isso ficou para trás. O tempo passou e, graças a Deus, as coisas mudaram. Fernanda estava ali na minha frente, com um sorriso no rosto; eu estava feliz novamente e meus sorrisos voltaram. Foi pensando nisso que lembrei de algo que tinha acontecido naquele fatídico dia e decidi mudar aquilo. Mas antes, eu iria conversar com Fernanda; se ela não concordasse, eu ficaria triste, mas não seria algo que me faria desistir. Se ela concordasse, com certeza eu teria uma ótima lembrança para pelo menos diminuir a dor da última.
Quando olhei para Fernanda para convidá-la a ir ao quarto comigo, ela parecia estar distante, com os pensamentos em outro lugar. Mas quando a chamei, ela disse que os pensamentos dela não estavam longe; pelo contrário, ela estava pensando em nós. Resolvi arriscar e a convidei para ir até o quarto quando terminássemos a refeição. Ela aceitou com uma tranquilidade que realmente eu não esperava; ela nem sequer questionou nada.
Terminamos o nosso jantar; eu peguei a mão dela e a levei até o nosso antigo quarto. Assim que ela entrou, pedi para se sentar na cama, que eu iria pegar algo. Abri o guarda-roupa e tirei de dentro do meu porta-joias a aliança que ela deixou ali no dia que foi embora. Eu nunca deixei de usar a minha; quando a coloquei no dedo novamente depois que Fernanda saiu, ela nunca mais saiu do lugar. Lugar esse em que ela nunca deveria ter saído. Foi uma das piores besteiras que fiz na minha vida, com certeza um dos motivos que levaram Fernanda a acreditar que eu a tinha traído e, consequentemente, um dos motivos dela ter me deixado.
Com a aliança na mão, sentei ao seu lado e segurei sua mão.
Sabrina— Amor, eu sei que talvez você ainda ache muito cedo, mas eu queria muito que você voltasse a usar sua aliança. Eu tenho certeza que vou recuperar sua confiança e a gente vai voltar a morar juntas como esposas. Sei que só estamos no início do nosso namoro, como você sugeriu, mas é um compromisso também, e essa aliança é para isso. Para mostrar que temos um compromisso. Não é o que eu queria e nem o que foi o motivo para eu ter comprado ela, mas eu ficaria muito feliz se você fizesse isso por mim.
Fernanda— Tudo bem, não vejo o porquê não usá-la.
Sabrina— Obrigada por fazer isso por mim, amor.
Fernanda— Não é só por você; eu realmente quero usá-la de novo. Sabrina, eu estava pensando em algo durante o nosso jantar. Acho que esse nosso namoro não vai funcionar; eu vou perder mais coisas ainda do que perdi.
Sabrina— Isso quer dizer que você vai voltar a ser minha esposa?
Fernanda— Sim, se você me quiser de volta, eu queria voltar a ser sua esposa e morar aqui com você.
Sabrina— Mas é claro que eu quero, amor!
Fernanda— Eu tenho certeza de que você vai reconquistar minha confiança em pouco tempo, e vamos voltar a viver juntas como antes. Também acho que aprendemos com nossos erros e ficar nos punindo por algo que praticamente já superamos não faz sentido. Além do mais, eu não quero perder a chance de ver os sorrisos das duas mulheres da minha vida. Eu quero muito ficar aqui com vocês duas de novo. Então, acho que você vai colocar essa aliança novamente no meu dedo no momento certo.
Eu fui colocar a aliança no seu dedo depois de ouvir tudo o que eu mais queria ouvir. A emoção tomou conta de mim e, assim que coloquei a aliança no seu dedo, não consegui me conter e me joguei nos seus braços. Dali para frente, só conseguia chorar e agradecer a ela por ter voltado para mim. Ela passou os braços ao redor da minha cintura e senti algumas lágrimas dela caírem no meu ombro. Estávamos chorando de felicidade dessa vez, e isso era ótimo. Eu pensei em criar uma lembrança melhor, mas não esperava que seria tão incrível assim. Eu tinha minha esposa de volta, naquele mesmo lugar que a perdi; eu a recuperei. Só que dessa vez eu não iria deixar ela ir embora nunca mais.
A gente ficou naquele abraço por muito tempo e, quando ela tirou o rosto do meu ombro, foi para me dar um beijo carinhoso.
Fernanda— Eu amo você, amo muito. Por favor, não vamos nos perder de novo. É tão difícil ficar sem você. Eu fiquei tão triste esses dias que ficamos separadas.
Sabrina— Eu juro que nunca mais vou negligenciar nosso amor. Vou cuidar dele da melhor forma possível, porque só de lembrar que quase estraguei tudo, meu peito dói. No que depender de mim, vamos viver juntas para sempre. Eu também amo muito você, meu amor. Obrigada por ser minha esposa novamente; juro que você não vai se arrepender de me dar essa chance.
Fernanda— Vamos cuidar do nosso amor juntas, com cuidado, com conversas, com respeito e com honestidade, como sempre fizemos antes. Eu te ajudo e você me ajuda, mas vamos fazer isso juntas; não vamos deixar a individualidade atrapalhar a gente de novo.
Sabrina— Está bem, amor, juntas!
Demos outro beijo, e esse foi interrompido pelo toque do meu celular, que tinha ficado lá na copa. Imaginei que era o Diego preocupado comigo, já que eu estava muito atrasada. Fui rápido para atender e era realmente ele. Eu disse que já estava saindo de casa e logo estaria na boate. Fernanda sugeriu que a gente retocasse a maquiagem, e eu concordei com ela. Depois de fazer isso, saímos para ir até a boate. Resolvemos ir as duas em um carro só; escolhemos o meu, mas Fernanda foi dirigindo, eu estava meio emocionada ainda depois de tudo que houve.
Quando chegamos à boate, não tinha aberto ainda para o público. Entramos e fui direto falar com Diego, para ver se estava tudo bem. Ele disse que sim, que só faltava mesmo eu chegar. Fernanda foi conversar com Laís e eu fui falar com os seguranças. Quando voltei, vi as duas no maior abraço; Laís me olhou com um sorriso de orelha a orelha, com certeza Fernanda contou a ela que voltamos. Confirmei isso quando Laís veio me dar um abraço e disse que estava muito feliz por nós duas.
Logo as portas se abriram e não demorou muito para a boate estar cheia. Eu realmente acertei a mão com o meu negócio; às vezes a casa não lotava completamente, mas sempre tinha um ótimo público. Laís tinha sugerido que eu deveria ter um show com algum DJ pelo menos uma vez por mês e fazer uma festa rave também, nem que seja com um espaço maior de tempo. Eu gostei das ideias dela. Laís trabalhava de garçonete na melhor área VIP da boate, mas eu estava pensando seriamente em tirá-la de lá.
Laís era na dela, só abria a boca quando era necessário. Porém, eu notei que ela era muito inteligente, responsável e principalmente honesta. Ela me provou isso porque, depois que começou a trabalhar na área VIP, encontrou algumas jóias, celulares e até uma carteira com uma boa quantia em dinheiro. Ela sempre verificava o local após a boate fechar. Nenhuma das outras garçonetes fazia isso; se alguma achou algo de valor perdido, não devolveu. Eu precisava de alguém para ser meu braço esquerdo na boate. Diego já era o direto, mas ele não dava conta sozinho; eu queria alguém de confiança para ensinar a fazer o meu trabalho. Eu não estava pensando em parar de trabalhar, mas às vezes ter que ir todo final de semana complicava as coisas para mim. Eu também queria aproveitar mais tempo com minha filha, principalmente quando ela começasse a andar e falar. Estava pensando seriamente em dar esse lugar a Laís, até porque Fernanda confiava nela, então acho que eu também poderia.
Me aproximei de Fernanda e chamei-a para a gente ir ao bar por um momento; logo as coisas iriam ficar mais agitadas e talvez eu pudesse ficar muito perto dela. Pedimos duas cervejas para o Diego, a minha sem álcool; eu não estava consumindo nada com álcool. Sentamos nas cadeiras fixas em frente ao balcão e ficamos conversando. Contei a ela sobre a minha ideia de treinar Laís para ficar no meu lugar e ela adorou. Na verdade, ela até parecia ser a empresária da Laís pelo tanto que elogiou a ideia e a Laís. Com certeza, Fernanda gostava muito dela, talvez por enxergar em Laís, muito de si quando era mais nova. Claro que não era só isso; Laís era mesmo uma garota muito gente boa, mas acho que esse detalhe fazia Fernanda gostar um pouco mais dela do que das outras amigas. Eu acho que a Camila tinha perdido seu posto de melhor amiga.
Por falar em Camila, ela logo apareceu, veio dar um abraço em nós e depois já foi para trás do balcão ficar junto do namorado. Como ela era nossa amiga e ajudava o Diego durante a noite, eu não me importava. Logo tive que sair para resolver alguns problemas e Fernanda ficou de papo com Camila. Demorei algum tempo e, quando voltei, Fernanda não estava mais no balcão. Ela tinha ido para uma mesa e não estava sozinha. Na mesa, além de Fernanda, estavam Camila, Joyce, Mickaela e Ingrid.
. De longe, notei que estavam bebendo champanhe, e era o mais caro. Imaginei que Ingrid ou Fernanda tinham comprado para comemorar nossa reconciliação. Me enganei completamente; assim que cheguei, Ingrid se levantou e veio me dar um abraço, dizendo que estava muito feliz por mim e pela Fernanda. Mas logo após, me mostrou um belo anel no seu dedo e, pelo seu sorriso, eu já notei o que aquilo significava. Ela fez questão de dizer que Joyce a pediu em casamento e que estava muito feliz, que vieram direto do restaurante onde foram jantar para a boate comemorar.
A comemoração não era pelo que eu esperava, mas fiquei igualmente feliz. Eu sabia o quanto Ingrid amava Joyce e já tinha falado comigo sobre seus planos de pedir ela em casamento, mas parece que Joyce agiu primeiro do que ela. Eu realmente fiquei muito feliz com aquela notícia. Minha melhor amiga iria se casar, eu tinha retomado meu casamento; com certeza, essa noite ficará marcada na minha memória.
Me sentei com elas para comemorar, mas bebi apenas uma taça de champanhe; como Fernanda estava bebendo, achei melhor não beber mais. Além do mais, eu ainda estava amamentando. Fiquei com elas por muito tempo; às vezes saía para resolver alguns problemas e logo voltava. Quando deu três da manhã, Joyce e Ingrid se despediram e se foram. Camila ficou fazendo companhia para Fernanda, já que Mickaela tinha ido para a área VIP ficar de olho na namorada. Ela dizia que confiava em Laís, mas sempre tinha uns folgados que tentavam paquerar ela; preferia ficar de olho e marcar território. Eu ria muito dela; eu sabia que era ciúmes, sim. Até porque eu já tinha visto Laís trabalhando várias vezes, principalmente no bar meio de semana, e ela não dava nem papo para quem tentava isso. Dentro da boate, ela não corria risco algum, já que os seguranças interviam se alguém tentasse alguma gracinha com qualquer uma das meninas que trabalhavam ali.
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A boate fechou às cinco e pouco da manhã. Camila foi com Diego e eu pedi para Mickaela e Laís irem na minha casa às duas da tarde para almoçar com a gente. Expliquei que precisava conversar com Laís sobre uma proposta de trabalho. Como Mickaela passava o final de semana com ela e tinha carro, poderia levar Laís; além dela ser parte interessada, era nossa amiga também. Seria legal almoçar com elas; eu gostava bastante das duas. Eu era mais amiga de Laís, a gente convivia mais, então acho que era natural, mas Mickaela também era uma boa amiga. Além do mais, eu devia muito a ela; nunca iria esquecer que provavelmente Fernanda só estava viva porque ela e Laís a salvaram da morte certa.
Finalmente, eu e Fernanda estávamos indo para casa. Dessa vez, eu fui dirigindo; Fernanda estava um pouco alterada. Nada fora do normal, mas estava, e aquilo me agradou bastante. Fernanda, quando está alegre, fica bem mais solta na cama; quando estamos as duas, aí a coisa pega fogo de verdade. Não que eu e ela precisássemos de álcool para esquentar as coisas, mas não vou negar que o álcool ajudava nesse sentido.
Assim que chegamos, Fernanda já foi direto para o nosso quarto enquanto eu trancava tudo. Quando entrei no quarto, vi as roupas dela jogadas no chão, cada peça em uma direção. Comecei a rir da situação, mas logo ouvi o barulho do chuveiro e comecei a fazer o mesmo. Tirei minhas roupas o mais rápido que pude e fui para o banheiro. Quando entrei, ela me olhou e abriu os braços, me convidando a entrar. Depois de tanto tempo, até que enfim eu a teria inteira nos meus braços novamente.
Continua...
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper