O ar na sala de aula estava pesado, carregado com o mofo dos livros antigos e o eco das últimas palavras de sua aula. Eu havia ficado para trás, fingindo revisar anotações, mas meu coração batia um ritmo tribal contra as costelas. Era só eu e ele. O professor.
Ele arrumava seus papéis na mesa, o som suave do movimento sendo o único ruísseo no vasto silêncio do anfiteatro. Eu me aproximei, os passos ecoando no piso de madeira. Ele ergueu os olhos, e não havia surpresa em seu rosto, apenas um reconhecimento quieto, como se esperasse por aquele momento desde que o sinal tocou.
“Precisa de algo?” A voz dele era mais baixa agora, mais pessoal, sem a projeção acadêmica para a plateia.
Minha boca estava seca. “Acho que sim. Acho que preciso de uma lição mais… prática.”
O silêncio que se seguiu foi elétrico. Seus olhos percorreram meu rosto, meus lábios, meu pescoço, com uma intensidade que fez meu estômago se contrair de desejo. Ele não sorriu, mas um canto de sua boca se moveu quase imperceptivelmente.
“Meu escritório,” ele disse, sua voz um fio de seda áspera. “É mais privativo.”
A curta caminhada pelos corredores desertos foi uma blur. Cada batida do meu coração parecia gritar a imprudência do que estava prestes a acontecer. O escritório dele era pequeno, cheio de livros e com um cheiro forte de café e madeira envernizada. Ele fechou a porta e o clique da fechadura ecoou como um trovão. De repente, o mundo lá fora cessou de existir.
Ele se virou para mim, e a dinâmica da sala de aula desmoronou. Aqui, entre essas quatro paredes forradas de livros, éramos apenas dois homens.
“Essa ‘lição prática’,” ele sussurrou, fechando a distância entre nós. “O que ela envolveria, exatamente?”
Não consegui falar. Em vez disso, eu fechei os olhos e inclinei meu rosto para o dele. O primeiro toque de nossos lábios foi cauteloso, uma exploração. Mas então sua mão se enterrou no meu cabelo, puxando-me para mais perto, e a cautela se desfez.
O beijo tornou-se feroz, desesperado. Eu conseguia sentir o gosto do café em sua boca, o sabor do intelecto e da autoridade que eu tanto admirava. Minhas mãos tremeram ao abotoar a camisa dele, deslizando por baixo do tecido para sentir a pele quente e os músculos tensos de suas costas. Ele era mais forte do que parecia sob os ternos austeros.
Ele me girou e me pressionou contra a estante, livros antigos tremendo com o impacto. Seus lábios encontraram meu pescoço, e um gemido escapou dos meus lábios, um som que eu nem sabia ser capaz de fazer. Sua boca era habilidosa, sabendo exatamente onde pressionar e morder para me fazer perder o controle.
Roupas se tornaram obstáculos intoleráveis. Nós as despimos com uma urgência desajeitada, até ficarmos de pé, ofegantes, um diante do outro na penumbra do escritório. Ele me olhou, seus olhos escuros consumindo cada centímetro do meu corpo com uma fome que me deixou tonto.
Ele me levou até a grande cadeira de couro atrás de sua mesa—a cadeira. Aquela de onde ele comandava a sala. Ele se sentou e me puxou para o seu colo, de costas para ele. Eu senti a calorosa dureza dele pressionando contra as minhas costas. Suas mãos eram firmes e conhecedoras. Elas me guiaram, me moveram, me possuíram por um tempo, mostrando prazeres que os livros nunca poderiam descrever. Nessa primeira dança, ele foi o condutor, o ativo, preenchendo-me com uma mestria que me fez gritar em um misto de êxtase e submissão. Eu me entreguei, recebendo cada movimento, cada investida, absorvendo a lição na própria carne.
Mas então, uma coragem que eu não sabia que possuía brotou dentro de mim. O desejo de não apenas receber, mas de tomar. De devorar aquela autoridade que sempre me intimidou e desejou em igual medida.
Com um movimento súbito, eu me virei em seu colo, até ficar de frente para ele, montado em suas coxas. A surpresa em seus olhos foi rapidamente substituída por um brilho intenso de aprovação. Minhas mãos se fecharam em seus pulsos, e eu os pressionou contra os braços da cadeira, invertendo nosso jogo de poder.
"Agora," eu sussurrei, minha voz de desejo que não mais conseguia conter, "deixa eu te mostrar o que eu aprendi."
E eu desci sobre ele. Agora, era a minha vez de liderar, de ser o ativo. Eu o tomei, controlando o ritmo, a profundidade, a intensidade de cada movimento. Meus lábios encontraram os dele com uma ferocidade que fazia seus dedos se contraírem sob minha grip. Eu beijei sua boca, depois sua mandíbula tensa, desci para o vale de seu pescoço, onde o pulso acelerado cantava uma música só para mim. Minhas mãos percorreram seu torso, explorando cada curva de músculo definido, cada fio de pelo, catalogando um território que eu só havia olhado de longe.
Eu era o aluno aplicado, e ele, meu assunto de estudo. Eu o explorei com as mãos e a boca, aprendendo cada som que podia arrancar dele—um gemido abafado quando meus dentes roçaram seu mamilo, um susprio rouco quando minha mão desceu pela barriga abaixo. A inversão era completa: eu, agora ativo, cavalgava-o com uma determinação recém-descoberta, enquanto ele, entregue, recebia com uma passividade fervorosa que apenas alimentava meu domínio.
A posição de poder havia mudado. Eu estava no comando, ditando o ritmo, o toque, a intensidade. E ele se entregou, sua cabeça recostada no alto da cadeira de couro, olhos fechados e lábios entreabertos, um quadro de pura rendição. Ver aquele homem, minha ideia fixa de autoridade, assim—vulnerável e entregue ao prazer que eu proporcionava—era intoxicante.
Nós nos movemos com uma sincronia que transcendia a experiência, uma dança primal de dar e receber, onde cada um, em sua vez, assumiu o papel de ativo, explorando e sendo explorado, dominando e cedendo em um ciclo perfeito. O mundo exterior não existia mais, era apenas o som de nossa respiração ofegante, o cheiro do nosso suor misturado e o creak ritmado da velha cadeira de couro.
Quando a tensão se tornou insuportável para nós dois, não foi apenas o meu gemido que preencheu o pequeno escritório, mas o dele também, um som brutal e profundo que eu carregarei para sempre em minha memória. Foi um clímax compartilhado, uma conclusão intensa e mutualmente arrancada, o último ato de uma peça onde ambos desempenhamos os papéis principais, de forma ativa e apaixonada.
O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pela nossa respiração aos poucos se acalmando. Eu desabei contra seu peito, sentindo o bater acelerado de seu coração ecoando o meu. Seus braços me envolveram, não mais para comandar, mas para segurar.
Ele enterrou o rosto no meu cabelo, pressionando um último beijo suave no meu couro cabeludo.
“Aula encerrada,” ele murmurou, sua voz irremediavelmente rouca.
E pela primeira vez, eu senti que não apenas entendia a matéria, mas que havia, finalmente, ensinado algo àquele que sempre me ensinou.