Depois daquela cena ao qual a mente ainda tentava recusar ser real, eu finalmente tinha voltado pra casa. Estacionei o carro após passar pelo portão, e assim que coloquei meu primeiro pé no chão, parecia que o peso do mundo inteiro estava nas minhas costas. Abri a porta devagar, ainda com o gosto amargo daquela cena presa na garganta. Célia veio logo do corredor, percebendo na hora como eu estava, assustada com a minha cara, enxugando as mãos no avental.
— Dona Solange, o que foi? Aconteceu alguma coisa?
Eu mal consegui responder. As lágrimas desciam sem pedir licença. Sentei no sofá da sala, cobri o rosto com as mãos e desabei.
— Eu peguei o Renato… de novo, Célia. Eu peguei ele me traindo outra vez.
Ela arregalou os olhos, com aquele jeito simples dela, mas cheio de sinceridade.
— Meu Deus… a senhora quer um copo d’água? Ou… eu posso fazer aquele suco de maracujá que a senhora gosta, vai acalmar.
Balancei a cabeça, soluçando.
— Não, Célia. Eu não quero nada agora. Só preciso ficar sozinha.
Ela assentiu, meio sem jeito, e me olhou como quem queria abraçar, mas sabia que não podia ultrapassar essa linha. Subi as escadas com as pernas tremendo, cada degrau era uma luta. Quando cheguei no quarto, minha raiva tomou conta.
— Seu desgraçado! Eu confiei em você...
Comecei a abrir o guarda-roupa, puxando as coisas dele sem pensar. Camisas, calças, sapatos… tudo sendo jogado dentro de uma mala. Quase sentia um certo alívio a cada peça caindo, como se eu estivesse arrancando pedaços de uma ferida.
Foi então que ouvi a voz dele ecoando lá embaixo.
— Solange? A gente precisa conversar!
Fechei os olhos por um instante, respirei fundo e desci. Não queria fugir, não queria parecer fraca. Queria olhar na cara dele.
Renato estava no meio da sala, desesperado, o cabelo bagunçado, a gravata solta. Parecia um homem perdido.
— Sol, me escuta, por favor. Não era nada do que você estava pensando...
Minha boca abriu num riso irônico, cheio de veneno.
— VAI TOMAR NO CU, RENATO! NÃO ERA NADA DO QUE EU ESTAVA PENSANDO? VOCÊ ACHA QUE POR ACASO EU VI DEMAIS, OU VI ALGO IRREAL, UMA ILUSÃO? EU NÃO ACREDITO QUE SEMPRE É ESSA DESCULPA! — Disse, em gritos, que possivelmente eram ouvidos até mesmo no andar de baixo.
— Sol, eu sei, mas foi só uma recaída, eu só dei uns flertes, não foi nada, poxa. Pelo amor de Deus, mulher.
Dessa vez, suspirei fundo, fechando os olhos. Logo os abri:
— Recaída, Renato? Você pediu perdão, jurou que estava arrependido e no dia seguinte já está enfiado com outra. Isso não é recaída, é caráter. Ou melhor, falta de caráter.
Ele levantou as mãos, tentando se aproximar.
— Você precisa entender, eu sou homem, eu tenho necessidades! Você vive ocupada, trabalhando, viajando, e eu… eu acabo ficando sozinho.
Meu sangue ferveu. Caminhei até ele e, sem pensar, minha mão estalou contra o rosto dele.
— Você é um canalha, Renato! Um safado sem vergonha. Se não fosse uma pessoa incompetente no que faz, não ficaria desocupado. Vai ver por isso que não cresce em nada!
Ele ficou parado, em choque me olhando. Não sabia o que dizer.
— Você está exagerando.
— Exagerando? — ri com amargura. — Sua mala já está semi pronta lá em cima. Vai terminar de arrumar e sair daqui.
Ele ergueu o queixo, tentando recuperar a pose.
— Essa casa também é minha, Solange. Eu não vou sair assim.
Cruzei os braços e gargalhei, mas não de alegria. Era um riso seco, carregado de rancor.
— Sua casa? Renato, essa casa foi eu quem comprou. Cada tijolo, cada detalhe pago com o meu suor. Você nunca colocou um centavo aqui. Nunca. E se sua empresa ainda anda, é porque eu seguro as rédeas dela.
Ele suspirou fundo, como se estivesse tentando encontrar uma brecha.
— Você não precisa me humilhar desse jeito.
— Isso não é humilhação, Renato. É a pura verdade. Você sempre foi um incompetente e um aproveitador.
Ele baixou os olhos, apertou os punhos, mas não conseguiu me encarar.
— Você fala como se eu fosse um monstro.
— Você não é só um monstro, é também um ingrato. Meu pai me alertou sobre você, disse que eu ia me arrepender, mas eu fui teimosa. Achei que o amor ia consertar suas falhas. E olha onde isso me trouxe.
Renato ficou em silêncio por alguns segundos. O silêncio pesado, quase sufocante. Depois subiu as escadas devagar, os passos ecoando como marteladas. Eu fiquei parada, imóvel, ouvindo cada barulho vindo do quarto.
Minutos depois, ele apareceu de novo, descendo com a mala arrastada. Os olhos vermelhos, mas ainda tentando sustentar aquele ar de autoridade que já não convencia mais ninguém.
— Eu vou embora por hoje. Mas eu volto amanhã, Solange. E quando eu voltar, você vai estar implorando por mim de volta. Você não está no seu juízo perfeito agora. Eu sei que a gente ainda vai se reconciliar.
Olhei para ele, cansada, esgotada, e sorri com desdém.
— Renato, se você acha que eu vou implorar por você, é porque não me conhece de verdade.
Ele não respondeu. Apenas saiu, fechando a porta com força.
Fiquei ali, sozinha na sala. As lágrimas vieram de novo, mas dessa vez eu não tentei segurar. O silêncio da casa parecia me engolir. Rodrigo estava no quarto, provavelmente sem imaginar nada do que tinha acontecido. E eu, sentada naquele sofá, percebi que meu casamento tinha acabado de ruir de vez.
Senti o gosto salgado das lágrimas, misturado com uma sensação estranha de liberdade. Doía, mas também era como se eu finalmente tivesse tirado um peso enorme das costas.
E naquela noite, antes de subir para meu quarto, eu jurei que nunca mais aceitaria ter alguém que desrespeitasse o que temos, por mais carente que eu estivesse. Mas será mesmo que eu seria capaz de cumprir meu juramento?
A manhã começou estranhamente silenciosa. Desci as escadas devagar, como quem carrega um peso invisível nos ombros. A cada passo, sentia o vazio da casa me lembrando de tudo que tinha acontecido na noite anterior. Quando cheguei à sala de jantar, encontrei meu filho já sentado à mesa, comendo as torradas que a Célia havia preparado. Ele ergueu os olhos para mim e, por um instante, vi neles a inocência que me sustentava nos piores dias.
Aproximei-me, inclinei-me e beijei sua testa. Ele sorriu, mas percebi que havia uma sombra de preocupação ali. Sentei-me, e assim tentei o desjejum, mas a comida parecia revirar, eu estava sem fome. E para piorar, veio a pergunta do Rodrigo:
– Mãe, e o pai? Ele não desceu para comer ainda.– ele perguntou, sem rodeios.
Engoli em seco, olhei para o prato e depois para ele.
– Seu pai não está em casa, meu filho. Mais tarde vamos conversar sobre isso – respondi, mantendo a voz firme, mas suave. – Agora quero que você se concentre nas suas aulas. Preciso que esteja bem, combinado?
– E por que mais tarde? – Ele perguntou.
– Porque agora quero que se concentre no seu dia, ta?
Ele me olhou como se quisesse insistir, mas apenas assentiu. Levantei-me, ajeitei sua blusa, e assim olhei em seus olhos, tentando ser forte:
– Vai dar tudo certo. Confie em mim.
– Tá bom, mãe.
Despedi-me com outro beijo e saí pela porta, respirando fundo. Dentro do carro, enquanto a cidade ainda despertava, meu celular vibrou. Atendi no viva-voz. Era Amanda.
– Senhora Solange, bom dia.
– Bom dia, Amanda. O que temos?
– Está tudo pronto para quando a senhora chegar, hoje temos uma reunião importante. O senhor Mário marcou uma reunião com a senhora hoje – disse ela, com aquele tom eficiente de sempre. – É sobre a sociedade em um dos novos investimentos.
– Mário? – perguntei, franzindo a testa. – Quem é ele?
– O herdeiro do grupo Cassilas. A senhora estava negociando essa sociedade antes. O pai dele faleceu recentemente e ele assumiu os negócios da família.
Um aperto tomou meu peito.
– Eu não sabia… – murmurei, olhando pela janela, vendo os carros passarem como vultos. – Que notícia triste. Eu realmente não soube disso, porque o Alfredo não me contou?
– Não sei dizer, senhora. Marco com com ele então?
– Pode marcar sim, e aproveite e diga que eu mesma irei mandar meus sentimentos a ele e a família. Que tragédia...
– Sim, senhora.
– Essa sociedade é importante, e eu não vou deixar passar. Temos um plano grandioso com esse grupo.
Desliguei e me mantive em silêncio pelo resto do caminho. O trabalho sempre foi meu porto seguro. Quando a vida pessoal desmoronava, era nos negócios que eu encontrava forças.
Chegando à empresa, caminhei pelos corredores com passos firmes. Cumprimentei algumas pessoas, mas minha mente já estava no que precisava resolver. Sentei-me diante do computador e mergulhei nos relatórios. Poucos minutos depois, ouvi uma batida suave à porta.
Era Caio.
– Senhora Solange… – disse ele, a voz baixa, quase envergonhada. – Eu queria pedir desculpas por ontem.
Levantei os olhos, surpresa.
– O que você está fazendo aqui, Caio? – perguntei, fechando a pasta que tinha em mãos.
– Vim trabalhar.
Cruzei os braços.
– Vindo trabalhar depois do que me contou? E a sua mãe? Ela está melhor?
– Sim, um pouco. Mas ainda segue internada, sabe? Eu penso em dar uma passada mais tarde no hospital.
Respirei fundo. Aquele garoto tinha uma teimosia que lembrava a minha própria juventude.
– Caio, o seu lugar agora não é aqui. É ao lado dela.
– Senhora, eu não posso deixar minhas obrigações de lado. Ainda sou novo aqui, preciso mostrar serviço.
Interrompi-o, erguendo a mão.
– Eu sou a dona, Caio. E estou dispensando você. Fique o tempo que for necessário com sua mãe.
– Mas isso não vai atrapalhar a empresa? – ele perguntou, com os olhos ansiosos.
– Não – respondi com firmeza. – Eu mesma vou garantir que não. Tenho a Amanda, ela está cuidando das suas coisas, ta bem?
Ele respirou fundo, pareceu hesitar, mas depois agradeceu e saiu. Fiquei observando a porta fechar-se atrás dele e senti um orgulho silencioso. Ainda havia jovens que se preocupavam mais com o trabalho do que com eles mesmos. Mas também vi ali uma fragilidade, uma necessidade de provar algo que eu conhecia muito bem.
As horas passaram rápidas. Quando percebi, Amanda apareceu à porta.
– Senhora Solange… o senhor Mário já chegou. Ele está aguardando na sala de reuniões.
Olhei para ela, mas o que me chamou atenção não foi a notícia, e sim sua expressão. Suas bochechas estavam coradas, e os olhos brilhavam como se tivesse visto algo fora do comum.
– Amanda, que bicho te mordeu para estar desse jeito? – perguntei, arqueando a sobrancelha.
Ela se atrapalhou.
– Não é nada, senhora… – disse, desviando o olhar. – Posso anunciá-la para ele?
– Pode. Vou só terminar de imprimir algumas coisas.
– Sim, senhora.
Ela saiu suspirando, e eu fiquei ali, sozinha, olhando para a tela do computador. Meu coração bateu mais forte, sem motivo aparente. Peguei os papéis, organizei-os e respirei fundo.
“Foco, Solange”, murmurei para mim mesma.
Mas a curiosidade, confesso, já começava a nascer dentro de mim. Quem era esse Mário que deixara Amanda naquele estado? E como seria nosso encontro?
Levantei-me, ajeitei o blazer, e com passos firmes, segui em direção à sala de reuniões, pronta para descobrir.
Terminara de tomar o café quente que Amanda havia deixado em minha mesa. Peguei também o relatório, grosso, encadernado, com todas as previsões de lucros e a arquitetura detalhada do empreendimento. Passei a mão sobre a capa como quem acaricia algo valioso. Aquilo não era só um projeto, era meu futuro. Era o sonho que eu vinha acalentando há anos: um resort de luxo, com cassino , em outro País, o início da minha empreitada fora do Brasil.
Respirei fundo, alinhei os papéis em ordem e caminhei até a sala de reuniões. O som dos meus saltos ecoava no corredor, firme, marcado, como se cada passo anunciasse a mulher que eu havia me tornado. Quando empurrei a porta, o ambiente se revelou diante de mim.
Na cabeceira da mesa estava um rosto conhecido: Ali estava o senhor Frederico. Um advogado renomado, de fala elegante, que já havia cruzado meu caminho em outras negociações importantes. Ele se levantou no mesmo instante em que me viu, abriu um sorriso respeitoso e inclinou levemente a cabeça.
– Senhora Solange, que prazer revê-la – disse, estendendo a mão.
Apertei com firmeza, retribuindo o gesto.
– Senhor Frederico, não esperava encontrá-lo aqui.
Ele sorriu ainda mais, quase divertido.
– Sim, sim. Estou assessorando o novo herdeiro do grupo Cassilas.
Foi nesse momento que ouvi o arrastar suave de uma cadeira atrás dele. Até então, a figura estava de costas para mim, apenas uma silhueta. Mas assim que Frederico pronunciou meu nome, o rapaz girou devagar, levantou-se e eu finalmente o vi.
Meu coração falhou uma batida.
Era como se o ar da sala tivesse ficado mais denso, como se tudo ao redor tivesse desaparecido, restando apenas ele. Cabelos castanhos lisos, perfeitamente alinhados, que refletiam a luz suave da sala. Um corpo jovem, firme, com a postura de alguém que sabia exatamente quem era. E um olhar… Deus, aquele olhar. Profundo, seguro, magnético.
Nunca, em toda a minha vida, eu havia visto um homem tão marcante. Não apenas bonito. Ele era presença. Era como se tivesse sido esculpido para chamar atenção sem esforço.
Ele sorriu. Um sorriso calmo, confiante, e naquele instante senti uma onda de calor subir pelo meu corpo.
– Senhora Solange – disse ele, com uma voz grave, porém suave. – É um prazer finalmente conhecê-la. Sou Mário Cassilas.
Fiquei muda por alguns segundos, coisa rara para mim. Não sabia o que responder. Senti meu rosto aquecer, e precisei me recompor.
– O prazer é meu, senhor Mário – consegui dizer, estendendo a mão. – Conheci seu pai em outras negociações, sempre nos demos muito bem. Espero que com você seja o mesmo.
Ele segurou minha mão. Seu toque era firme, mas não agressivo. Um aperto de mão que transmitia confiança e respeito.
– Tenho certeza que será – disse, sem desviar os olhos dos meus. – Pesquisei muito sobre a senhora. Sei que é uma mulher de presença, decidida, que sabe o que quer. A senhora levantou tudo isso praticamente sozinha, partindo apenas de um pequeno hotel herdado da família.
Senti o peito se encher. Estava acostumada a ouvir elogios profissionais, mas havia algo diferente na forma como ele falava. Não era bajulação. Era reconhecimento.
– É verdade. Foi um caminho árduo – respondi, tentando manter minha voz firme. – Mas aqui estou. E agora, espero que possamos construir algo juntos.
Ele assentiu, ainda sorrindo.
– É o que eu quero também. Sabe que eu não sou do ramo de hotéis, mas é necessário expandir nossos negócios.
Sentamos. Eu organizei os papéis diante dele, deslizando o relatório grosso para perto.
– Este é o projeto – expliquei. – Um resort de luxo, com cassino. Já discutia isso com seu pai. Toda a arquitetura está aqui, assim como as projeções de lucro.
Ele pegou o relatório, folheou as páginas com atenção. Seus olhos percorriam cada detalhe, e percebi que não era o tipo de homem que fingia interesse. Ele realmente lia, realmente analisava.
– Confesso que não entendo muito desse ramo – disse, após alguns minutos de silêncio. – Sou um cientista de formação, acostumado a laboratórios, não a resorts. Mas eu tenho o Frederico aqui do meu lado por isso.
– Justamente por isso – respondi, inclinando-me levemente sobre a mesa – este investimento pode ser perfeito para você. Diversificação. Expansão para áreas que garantem retorno sólido e prestígio. Tenho uma lista de países onde o jogo é legal que podemos analisar.
Ele levantou os olhos do relatório e me encarou.
– Vejo que não deixa brecha em seus argumentos.
Sorri.
– Eu não estaria aqui se deixasse.
Ele riu de leve, fechou o relatório e se recostou na cadeira.
– Gosto do que vejo. O projeto é ousado, mas muito bem estruturado. E ousadia, às vezes, é o que falta nos negócios.
– Então está dentro? – perguntei, mais séria.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, me observando. Parecia medir não apenas o projeto, mas também a mim. Finalmente, respondeu:
– Estou dentro. Eu seria louco se não estivesse, não é?
Uma onda de alívio e entusiasmo percorreu meu corpo.
– Ótimo. Então começamos uma nova fase.
Ele estendeu a mão. Eu hesitei por um segundo antes de apertá-la novamente. Era apenas um gesto formal, mas para mim pareceu mais. Seus dedos tocaram os meus com firmeza, e por um instante, tive a sensação de que o tempo havia parado.
– Ao sucesso, senhora Solange – disse ele.
– Ao sucesso, senhor Mário.
Enquanto nossas mãos ainda se tocavam, eu não conseguia afastar um pensamento incômodo: aquele homem não era apenas um sócio em potencial. Ele era um turbilhão que tinha acabado de entrar na minha vida, e eu não sabia até onde isso poderia me levar.
Fiz força para me recompor, soltei sua mão e puxei a pasta de volta.
– Em breve enviarei os contratos formais. Hoje, queria apenas que visse o escopo geral.
– Fico no aguardo. – Ele sorriu novamente, e vi um brilho em seus olhos que não era apenas profissional. – Tenho a impressão de que essa será uma das sociedades mais interessantes da minha vida.
– Um momento, por gentileza. – Ele disse, quando seu telefone tocou. Ele então deu alguns passos, e assim atendeu a ligação. Era discreto, falava baixo. Enquanto ele estava no telefone, toquei meus dedos e podia sentir ali o toque dos dedos dele. Logo ele voltou até mim.
– Perdoe a inconveniência em interrompe-la, senhorita. Uma pessoa que eu estava esperando voltar dos Estados Unidos acabou de regressar e logo mais preciso me encontrar com ela.
– Não se preocupe, eu acho que já acabamos por hoje, não?
– Nunca. – ele respondeu. – Com você, eu estou apenas começando.
Aquela frase ficou ecoando em mim muito depois de ele se levantar e sair da sala. Mas não sem antes pegar minha mão, e levar aos seus lábios, e encostar seus lábios nas costas das mãos, como um verdadeiro cavalheiro que era. Eu ainda estava ali, olhando para a porta, tentando entender por que meu coração batia tão rápido.
E pela primeira vez em muito tempo, eu não sabia se estava mais empolgada com o negócio… ou com o homem que agora fazia parte dele.