Bom dia, boa tarde e boa noite, leitores. Eu me chamo Geraldo, mas aqui no prédio todo mundo me chama de seu Geraldo. Tenho sessenta e dois anos e trabalho como porteiro neste condomínio desde 1988. Ou seja, já vi esse prédio nascer, crescer e mudar com o tempo. Esta série é sobre as amantes que tive nesse condomínio. Também as que eu comi uma vez só quanto as minhas putinhas fixas.
Fisicamente, tenho estatura mediana, corpo um pouco avantajado na barriga – culpa das cervejinhas no fim do expediente –, mas ainda dou pro gasto. A pele é morena queimada de sol, os cabelos são grisalhos, já raleando aqui e ali, mas ainda dá pra ver que um dia foram pretos. Os olhos são pequenos, ligeiros, sempre atentos. Mãos calejadas do trabalho e um sorriso fácil quando preciso ser simpático. Mas o que ninguém sabe – ou finge não saber – é que por trás dessa cara de porteiro prestativo, eu sou um verdadeiro colecionador. E minha coleção não é de selos, moedas ou figurinhas... é de calcinhas das mulheres que comi.
Mas não se engane, tenho minha ética. Nunca revelo os nomes delas para ninguém. O que acontece entre quatro paredes, fica entre quatro paredes. Além disso, nunca roubo nem pego calcinhas usadas sem permissão. Cada peça que entra na minha coleção foi dada de bom grado, como um presente da dona. É isso que faz a coleção ter valor: a lembrança de que cada uma foi conquistada de forma legítima.
No capítulo anterior, eu contei como eu, a Carolina e a Andréia brigamos e eu acabei comendo a Sarah.
Desde então, os dias e a vida passaram.
Tudo começou no domingo de tarde.
— Queria saber que história é essa de que você comeu a minha prima — soltou Carolina, com raiva incontida na voz.
Meu coração disparou. Minha voz sumiu.
— De todas as mulheres desse mundo, Geraldo! — esbravejou, com os olhos brilhando de raiva. — De todas! Você tinha que comer a minha prima? A minha prima!? Quem é que você pensa que é?!
— Carolina... Eu... eu não planejei isso. A coisa aconteceu, e não vou mentir, aconteceu porque a Sarah quis tanto quanto eu.
Ela deu uma risada sarcástica, mas o olhar estava cheio de dor.
— Isso não importa, Geraldo! Você SABIA quem ela era pra mim! Eu me sinto traída!
— Traída? Logo você falando isso, Carolina? Você mesma disse outro dia que não tá nem aí pra mim nem pra Andréia. Que a gente era só uma fase, um passatempo. Que eu não passava de um vibrador glorificado pra você!
Ela arregalou os olhos, como se eu tivesse lhe dado um tapa. Depois se recompôs, erguendo o queixo.
— Eu disse isso porque estava com raiva! Porque eu estava magoada!
— E você acha que dói menos por isso, Carolina? — rebati. — Se você não se importa comigo, se eu sou só um objeto pra você, não faz sentido você se sentir traída!
Ela gritou, a voz tremendo:
— Eu ME IMPORTO COM VOCÊ, GERALDO! — e a confissão ecoou na portaria, me deixando sem ar. — Eu sempre me importei! Você acha que eu teria dormido contigo a segunda vez... a terceira vez... feito aquele acordo... se não tivesse um pedacinho de mim que se importasse com você?
Fiquei mudo, sem saber o que dizer. Aquilo me acertou no peito como uma pedrada. Eu nunca tinha ouvido ela falar desse jeito.
— Carolina... — minha voz saiu rouca. — Eu... eu não sabia que você sentia isso. Eu pensei que...
Ela me interrompeu, chorando de raiva:
— Agora tá satisfeito? Era isso que você queria, Geraldo? Que eu admitisse que me importo com você e com a Andréia? Enquanto pra Andréia eu sou só mais uma pulada de cerca entre tantas e pra você eu sou só mais uma calcinha na tua coleção ridícula!
Senti um misto de vergonha e revolta.
— Não fala assim, Carolina... Você sabe que você nunca foi só mais uma pra mim. Nunca.
Ela enxugou as lágrimas com raiva, os olhos ainda faiscando.
— Eu não vou fazer nada contra o teu emprego, se é isso que tá temendo — disse, com a voz embargada. — Mas não quero mais falar com você, não quero olhar pra tua cara, não quero... de todas, Geraldo... Comer justo a Sarah foi o que me ofendeu de verdade.
Ela se virou para sair. Meu peito apertou. Não podia deixar ela ir daquele jeito.
— Carolina!
Ela parou perto da porta, mas não se virou.
— Você sempre foi especial pra mim. E pra Andréia, você é especial e única. Ela pode não dizer, mas eu sei que é. Eu aceito que você nunca mais olhe pra minha cara, mas, por favor, perdoa a Andréia. Ela não tem nada a ver com isso.
A Carolina ficou em silêncio por alguns segundos. Quando respondeu, a voz dela estava quebrada, cheia de dor.
— Se a Andréia se separasse do marido, Geraldo, eu assumia o namoro na hora. Na hora! Eu chamava ela pra morar comigo no meu apartamento, a gente assumia tudo. Mas ela não quis se separar. Ela prefere a comodidade de um caso secreto.
E saiu pela porta, deixando um rastro de dor e silêncio.
Fiquei ali, sozinho na portaria, com o peito apertado, até a noite chegar. O síndico tinha me avisado que eu teria que fazer plantão noturno no domingo e na terça, além de ficar o dia todo na portaria do domingo à quarta. Mas aí teria uma folga de três dias.
Tava ajeitando a portaria pro meu plantão, quando a porta se abriu e eu vi quem era. Sarah.
Ela entrou encolhidinha, toda envergonhada. Usava um shortinho curto, curto mesmo, mostrando aquelas pernas firmes e bronzeadas. A regata era fininha, e por baixo dava pra ver um sutiã branquinho, pequeno, que mal segurava aqueles peitões redondos. A barriga dela aparecia entre a regata e o short, lisinha, quando ela se mexia de certa modo.
— Boa noite, seu Geraldo... — disse, baixinho, corando.
— Boa noite, dona Sarah... — respondi, coçando a cabeça, sem jeito. — O que a senhora precisa?
Ela se aproximou do balcão, com aquele jeitinho de jovem culpada.
— Primeiro, para com esse negócio de “dona” Sarah, por favor. Você enfiou o dedo no meu cu! — Ela corou na hora. — Acho que isso dá intimidade suficiente pra tirar o dona.
Assenti.
— Eu vim pedir desculpas. — continuou, nervosa. — Eu fiquei sabendo do que a Carolina falou com o senhor de tarde. Ela me contou e eu me sinto mal, de verdade.
— Sarah, ocê não devia ter contado nada nem pro Érico, nem pra Carolina. Isso só deu problema. A gente fez o que fez, e pronto. Era pra ficar entre nós dois.
Ela levantou a cabeça, ainda vermelha, mas com um brilho de defesa no olhar.
— Eu sei, mas eu e o Érico temos um acordo. Um “passe livre” que eu gastei contigo. Eu contei porque é parte desse acordo. E com a Carolina, é diferente. Ela tinha falado tão bem da primeira transa dela com o senhor que eu... fiquei curiosa. Foi coisa de momento, impulso mesmo. Eu não fazia ideia que vocês tinham um caso.
Eu suspirei, coçando a barba.
— E eu não podia contar isso pra ocê, Sarah. Era segredo da Carolina. Do mesmo jeito que eu não saio por aí contando os seus segredos pra ninguém.
Ela baixou a cabeça, a voz saindo fraca:
— Eu sei... Me sinto uma talarica agora. Ela é minha prima, poxa. — Um fio de emoção embargou a voz dela. — Eu não queria ter causado isso.
Eu dei a volta no balcão, chegando mais perto dela.
— Ei. — Segurei de leve no braço dela. — Não se sente assim, não. Todo mundo aqui é adulto, Sarah. Todo mundo sabia no que tava se metendo. O que me deixa chateado mesmo é a Carolina. Ela falou umas coisas que ainda me machucaram.
Sarah ergueu os olhos, ainda vermelha.
— Ela me contou das duas brigas. Mas, seu Geraldo, eu não acho que ela te veja como um vibrador glorificado, como ela disse. Nem nada assim.
Ela gesticulava com as mãos.
— Ela falou no calor do momento, sabe como ela é. Quando está nervosa, diz besteiras que depois se arrepende, mas é orgulhosa demais pra pedir desculpas. No fundo, ela é uma boa pessoa, eu garanto. Ela só tá numa fase muito ruim desde o divórcio.
Eu fiquei em silêncio, digerindo as palavras.
— Eu sei que ela é boa pessoa... — falei por fim, suspirando.
Sarah estendeu a mão e segurou a minha.
— E a gente? — perguntou, a voz suave. — A gente ainda é amigo, seu Geraldo?
— Claro que sim, minha querida.
Ela se jogou no meu peito e me abraçou forte. Eu retribuí, sentindo aqueles seios macios esmagando contra mim. O calor dela atravessou minha camisa e me fez desejar coisas que eu sabia que não devia naquele momento.
Enquanto continuávamos abraçados, falei no ouvido dela:
— Me diz uma coisa: vou te comer de novo um dia, Sarah?
— Tarado! — respondeu ela, corada como um tomate, mas ainda me abraçando.
Quando terminamos o abraço, ela ajeitou a regata, respirando fundo, e falou com um sorrisinho misterioso:
— Eu vou recompensar o senhor pela vacilada que eu fiz.
— E o que cê tem em mente, minha jovem?
Sarah deu uma risadinha marota.
— Não se preocupe. Comigo, não tem meio-termo. Vai ser algo completamente genial. Ou completamente idiota.
Eu dei uma gargalhada gostosa, sacudindo a cabeça. Assim, ela saiu, rindo.
E o resto do domingo foi só uma madrugada sozinho sem nada acontecendo.
Na segunda, eu já tinha voltado antes da hora do almoço. Era umas 10h, quando entrei. Algo como três horas de sono só.
E tava sentado, tomando meu cafezinho passado na hora, quando vi dona Lourdes descendo devagarinho pela escada. Ela nunca pegava elevador, dizia que precisava fazer exercício pras pernas.
A dona Lourdes tinha 59 anos, viúva faz uns 7. Corpo de quem sempre se cuidou: um pouco cheinha, mas tudo bem distribuído. Tinha cabelos prateados, pele morena, e uns olhos castanhos tão calmos que pareciam te acalmar só de olhar. Se vestia bem, quase sempre em tons pastéis, e tinha aquele jeitão doce, bem de professora aposentada que ela era.
— Bom dia, seu Geraldo! — disse, apoiando a mão na parede. — Tá muito frio hoje, né?
— Bom dia, dona Lourdes. Frio mesmo, viu? — falei, levantando da cadeira. — A senhora está com algum problema?
Ela soltou aquela risadinha educada dela.
— Ah, não, não. Eu vim aqui porque fiz uma besteira. Esqueci de comprar pão integral e estou indo na padaria agora.
Eu conhecia a dona Lurdes desde 1992 e sabia como ela gostava de manter a rotina certinha, como se fosse um relógio.
Pouco menos de dez minutos depois, ela voltou da padaria com o pão fresquinho e passou na portaria de novo.
— Seu Geraldo, quer subir pra merendar um pãozinho com café? O senhor parece tão cansado hoje.
— Agradeço, dona Lourdes, mas não posso. Não tem ninguém pra me cobrir até a hora do almoço.
— Ainda vou reclamar com o síndico que suas escalas são injustas — comentou. — Mas não esquece de vir na quarta pra tomar aquele cafezinho com bolo.
Ela deu uma piscadinha discreta, nos despedimos, ela subiu devagarinho, e eu fiquei pensando como eu gostava daquele jeitinho doce dela.
De tarde, o movimento tava mais animado no entra e sai do prédio. Eu tava terminando de arrumar as encomendas da Amazon do dia quando vi dona Cida chegar, toda apressada, segurando a saia pra não voar com o vento.
A dona Cida tinha 58 anos, baixinha, gordinha, com aquele corpo redondo que parece feito pra abraçar. O cabelo dela era preto, mas já começando a mostrar uns fios brancos. Pele morena, bochechas rosadas. Gostava de roupas coloridas, principalmente vestidos floridos que combinavam com a energia dela. Ela falava alto, ria alto, e era uma cozinheira de mão cheia.
— Seu Geraldooo! — gritou ela logo que passou pela porta, com aquela voz animada. — Chegou minha encomenda da Amazon?
Eu já ri só de ver o jeito dela.
— Boa tarde, dona Cida! Chegou sim, chegou hoje cedo. — Peguei a caixa grande que tava no canto da portaria. — Pesadinha, viu? O que é?
Ela colocou as mãos na cintura, rindo.
— Ah, foi uma batedeira nova, seu Geraldo! A outra já tava pedindo aposentadoria, coitada. Essa aqui é chique, tem até dez velocidades.
— Quer que eu leve a caixa lá em cima pra senhora?
— Se puder, eu agradeço. — Ela olhou pros lados, cochichando. — Hoje tem? Hum... Melhor não. Você tá uma cara que se fizer algo cai no sono. Emendou com plantão de ontem?
— Algo assim — respondi o mais neutro que pude e a segui até o elevador.
No caminho, ela foi me contando mil coisas. Falou do novo vizinho que tinha se mudado, comentou da novela de ontem e reclamou do preço do leite que subiu de novo.
Quando entreguei a caixa na porta do apartamento dela, ela me puxou pelo braço e disse baixinho:
— Quinta, eu vou fazer aquele de fubá com goiabada que o senhor gosta. Mas ó, só pra você, hein? Não vou dar pros outros, não.
— Agradeço, dona Cida, mas vou ter folga de quinta a sábado.
Ela deu um sorrisão largo.
— Você precisa de uns dias dormindo sem hora pra acordar. Se é assim, eu faço seu fubá na próxima segunda.
— Vou ficar esperando, dona Cida.
Ela me deu um abraço apertado, do jeitão caloroso dela, e entrou em casa toda animada. Além de ser minha amante há mais de dez anos, a dona Cida era uma das pessoas mais bondosas (e fofoqueiras) do prédio.
Desde o domingo, o Zé Maria chegava um pouco mais cedo no prédio. Na terça, sua nova rotina já estava mais que gravada na cabeça. Depois de chegar no condomínio e tomar mais um pouco de café preto forte, antes mesmo de bater o ponto, subia até o apartamento da Natália. Ela tinha confiado nele a chave de casa para cuidar da Pipa, a golden retriever dourada e espoleta da ruiva.
Não era todo dia que uma mulher como Natália confiava tanto nele. Alta, ruiva, bonita e com aquele corpo atlético, ela parecia uma daquelas mulheres de capa de revista que ele só via de longe.
Quando abria a porta do apartamento de manhã, Pipa vinha correndo, abanando o rabo com tanta força que parecia que ia levantar voo.
— Ei, minha Pipa! — Zé Maria agachava-se para fazer cafuné nela. — Bora passear, bora! A Natália falou que você tá virando uma bolinha de tanta energia acumulada.
A Pipa respondia com um latido animado, rodopiando em volta dele. O Zé Maria colocava a coleira e saíam para a rua, a cidade ainda meio sonolenta, com poucos carros passando.
Enquanto caminhava, ele ia conversando com a cadela, como se ela fosse uma amiga.
— Tu sabe que eu tô fazendo isso porque gosto da tua dona, né? — disse num sussurro, com um sorriso maroto. — Mas ela é danada. Nem percebeu ainda, ou finge que não percebeu. Ah, Pipa, se tua dona me desse um sinalzinho...
A Pipa latiu, puxando a coleira na direção de uma pomba.
— Ei! Nada de caçar bicho. Bora andar direitinho. — Ele riu, segurando firme. — Se tu me ajudar, quem sabe eu te consigo mais petiscos.
Depois do passeio, voltavam para o apartamento. O Zé Maria sempre conferia se estava tudo em ordem. A Natália tinha uma bagunça charmosa, livros de trilha empilhados na mesa de centro, um par de tênis deixado na entrada. Ele respirava fundo, tentando controlar a curiosidade.
— Um dia, ela me deixar ver a casa toda — disse pra Pipa, enquanto deixava a cachorrinha ali, prometendo voltar na hora do almoço e de tardinha. Como fazia todos os dias.
Algumas horas mais tarde, quando eu já tava na portaria, vi a dona Cida chegar com um pote grande, daqueles de tampa vermelha, abraçado contra o peito. Ela vinha sorridente, vestida com um vestido florido cheio de margaridas amarelas, e os cabelos presos de qualquer jeito num rabo de cavalo. A dona tinha aquela energia boa que enche o ambiente.
— Seu Geraldooo! — disse, esticando o “o” como só ela sabia fazer. — Vim trazer uma coisa boa!
— Bom dia, dona Cida. Isso aí tá com cheirinho de bolo recém-feito, não tá?
Ela riu alto, aquele riso escandaloso e gostoso de ouvir.
— Acertou! Fiz um bolo de limão ontem à noite, ficou tão fofinho que tive que separar metade pra presentear vocês. Você, o Zé Maria, os funcionários todos... Todo mundo merece um pedacinho.
Peguei o pote, sentindo o cheirinho bom do bolo.
— A senhora é uma benção, dona Cida. Em nome de todo mundo aqui, muito obrigado mesmo.
Ela fez um gesto com a mão, fingindo modéstia, mas com aquele brilhozinho de orgulho nos olhos.
— Ah, imagina, seu Geraldo. Eu gosto é de agradar.
Depois, ela apoiou as mãos na cintura e ficou me olhando com ar de fofoca.
— E a reunião do condomínio de ontem, hein? — disse, baixando o tom de voz. — Foi uma verdadeira porradaria entre o Rogério, a Tatiana e a dona Marieta.
Não estava sabendo nada.
— Ih, foi confusão grande assim?
— Grande, mas, olha, eu nem entendi a treta. — Ela fez um gesto rodando a mão. — O Rogério queria meter uma nova petição pra reformas pra gente gastar dinheiro, a Tatiana discordou, começaram a falar alto. Aí, do nada, a Marieta entrou no meio, puxando assunto de outra coisa nada a ver. Acusando o síndico e o Rogério de quererem dar um golpe nela.
Eu agradeci mais uma vez pelo bolo, e ela saiu animada, abanando a mão pra mim e pros outros que passavam pelo hall.
Na hora do almoço, a portaria tava tranquila. Então eu, Zé Maria e a Lisandra sentamos na mesinha dos fundos pra comer um pedaço do bolo que a dona Cida trouxe. Tava uma delícia, fofinho e com aquele azedinho do limão que dava água na boca. Enquanto a gente comia, a Lisandra tava terminando de contar uma história que deixou eu e o Zé Maria de boca aberta.
— Então, foi por essa razão que a dona Jéssica aceitou jantar com o Lucério. E como ela salvou a vida do Lucério no jantar, ele prometeu ser uma boa pessoa por um mês inteiro — concluía a loira.
— Por isso, ele fica andando por aí procurando quem ajudar? — perguntou Zé Maria — É uma boa ação tão mecânica que dá até medo.
— Isso — garantiu Lisandra. — Eu cuido do apartamento da dona Jéssica, lembram? Eu sei quando ela mente ou fala a verdade.
Eu fiquei boquiaberto, e o Zé Maria também.
— Rapaz... — suspirou Zé Maria, aliviado. — Ainda bem que eu nunca falei disso pra mais ninguém, fora você, Geraldo.
Eu balancei a cabeça, lembrando de como a gente ficou preocupado.
— Pois é, Zé. A gente passou o último mês inteiro jurando que tava protegendo a dona Jéssica de um escândalo e o seu Rogério de uma infelicidade que nenhum dos dois merece. E, no fim, era a dona Jéssica trazendo o vampirão pro lado dos mocinhos.
A Lisandra lançou aquele olhar de bronca que ela tem.
— Vocês dois só se metem em confusão porque não perguntam pra quem sabe. Tudo que tem a ver com as casas que eu cuido, eu posso explicar. Mas não, vocês preferem tirar conclusões erradas e quase inventar um problema. Imagina a confusão que ia rolar de fofoca se mais alguém soubesse.
Eu e o Zé Maria nos entreolhamos, meio envergonhados. Ele coçou a cabeça, e eu apenas suspirei.
— Cê tem razão, Lisandra. — falei. — Da próxima vez, a gente pergunta primeiro.
— Apaguem as fotos.
Apagamos na frente dela.
— Agora, mudando de assunto... meu Deus do céu, que bolo maravilhoso! — Ela pegou outro pedaço, fechando os olhos pra saborear. — A dona Cida se supera a cada receita. Esse de limão tá perfeito.
O Zé Maria concordou, com a boca cheia.
— Melhor bolo que eu comi em meses. Aquela mulher é uma artista na cozinha.
Eu ri, limpando os farelos da mesa.
— Ela falou que quinta tem mais. Falei pra ela deixar com o João porque não tá aqui.
Ficamos ali, os três, comendo bolo e conversando, agora mais leves depois de esclarecer aquele mal-entendido.
Depois do almoço, o Zé Maria subiu novamente pro apartamento da Natália. A Pipa sempre vinha feliz, mas mais calma. Ele aproveitava para trocar a água e colocar ração fresca no potinho.
— Bora comer direitinho. — Ele se agachava, enchendo o pote. — A Natália falou pra eu não exagerar, senão tu fica gordinha e eu levo bronca.
Enquanto a cadela comia, ele dava uma olhada rápida no celular. Não tinha tempo pra passear na hora do almoço, mas saia de lá só depois de ter certeza de que ela tinha comido bem e brincado um pouco.
De tardinha, na folga do café, era hora do segundo passeio. Pro Zé Maria, esse parecia o preferido da Pipa.
Aos poucos, o zelador foi se afeiçoando não só à cadela, mas também àquela rotina. Nunca tivera um cachorro e não tinha condições de criar um. Então, um emprestado parecia ser algo que o fez experimentar como seria cuidar de um.
Já passava das 22:30 e o meu plantão mal havia começado. Tinha mais de seis horas e meia pela frente. O prédio inteiro em silêncio, só uns carros passando lá fora e, muito de vez em quando, um morador chegando. Eu tava cansado de verdade.
Na portaria tinha uma pequena smartTV, que umas moradoras se juntaram pra comprar pra gente na época da pandemia. Era o meu consolo nas madrugadas. Tava assistindo Netflix, uma série antiga de faroeste, quando ouvi passos suaves. Era a dona Lourdes, o cabelo prateado solto nos ombros.
— Boa noite, seu Geraldo. — Ela sorriu. — Plantão monótono hoje?
— Boa noite, dona Lourdes. Sim, vai ser longa a noite.
Ela fez uma carinha de preocupação.
— Deve ser muito solitário, não? De dia, é tudo animado. Todo mundo vem aqui, você visita tantas pessoas, ajuda tantos. Aí, de noite, todos voltam pros seus lares, pras suas famílias, e o senhor fica aqui sozinho...
Eu dei de ombros, tentando parecer mais animado do que eu tava.
— Ah, a gente se acostuma.
— Bem, se não for incômodo, eu podia ficar aqui fazendo companhia pro senhor até a hora de eu ir dormir. Assim, o senhor não fica tão sozinho.
No fundo, eu sabia que ela também se sentia sozinha lá no apartamento dela.
— Dona Lourdes, a senhora sabe que sempre é bem-vinda. Fica o tempo que quiser — falei, puxando uma cadeira pra ela.
Ela assentiu, sentando com cuidado. Depois, apontou pra televisão.
— O senhor precisa conhecer um dorama.
— Dora... o quê?
— Dorama! São séries coreanas, cheias de histórias emocionantes, romances bonitos, viradas surpreendentes. O senhor vai gostar.
Eu cocei a cabeça, curioso, mas meio desconfiado.
— Nunca ouvi falar, dona Lourdes. Isso é tipo novela?
— Mais ou menos. Só que com menos episódios, personagens muito profundos e... É difícil explicar. O melhor é assistir.
— Bom, então vamo ver. Mas já vou avisando: se tiver muita conversa e pouca ação, eu vou dormir.
Ela deu um leve tapa no meu braço, fingindo bronca.
— Confia em mim, seu Geraldo. O senhor vai se apaixonar pela história.
Peguei o controle remoto, meio desajeitado, e ela se aproximou, apontando qual aplicativo abrir. Logo, estávamos assistindo um dorama sobre uma moça pobre que se apaixona por um chefão de empresa. Era cheio de drama, música bonita e olhares profundos. Eu, que não entendi nada no começo, acabei me pegando prestando atenção.
— Esse rapaz aí é bom ator, viu? — comentei, apontando pra tela. — Mas essa moça é meio bobinha, fica chorando toda hora.
— O senhor tem que entender o contexto, seu Geraldo. Cada lágrima dela tem um motivo profundo.
Eu balancei a cabeça, sorrindo. Aquele momento era gostoso, tranquilo. Quando deu duas da madrugada, ela se levantou devagar.
— Já vou subir, senão acabo virando a noite assistindo.
— Obrigado pela companhia, dona Lourdes. Passou mais rápido à noite.
Ela sorriu, com aquele olhar carinhoso que eu conhecia bem.
— Eu que agradeço. Boa noite, seu Geraldo. Não esquece de me contar depois o que achou do final!
— Pode deixar.
Fiquei sozinho outra vez, mas agora, com uma sensação de conforto no peito e só faltavam três horas pra ser rendido. E o tal do dorama me ajudou a passar mais rápido.
Da terça pra quarta (na verdade, na quarta de manhã), eu só dormi umas cinco horinhas. Tinha saído às 5h00 e já estava de volta no condomínio às 13h00. Pelo menos era o último dia dessa rotina doida e exaustiva.
Cheguei no apartamento da dona Lourdes perto das 15h. Tava cansado, mas um café com bolo e um papo não se recusa. Ela me recebeu com aquele sorriso tranquilo de sempre.
— Meu Deus, Geraldo, o senhor tá com uma cara de quem lutou com um touro e perdeu — falou, rindo, me puxando pra dentro.
— Se eu tivesse mais um plantão esta semana, ia preferir encarar o touro — brinquei, me jogando no sofá dela.
Ela trouxe um copo de suco de maracujá gelado e sentou do meu lado, ajeitando a saia florida que ela sempre usava em casa. A dona Lourdes era dessas mulheres com uma beleza madura.
— Já passou da hora do almoço, mas se quiser tem bolo, biscoitinho e café.
— Ah, Lourdes, só de sentar nesse sofá incrível e papear um pouquinho, já vale ouro pra mim.
A gente ficou conversando um pouco, ela me contou umas histórias engraçadas da juventude, como sempre fazia, e depois ligou a TV pra gente ver um pedaço de outro dorama. Ela tava viciada nesses negócios ultimamente. Eu ainda não entendia bem, mas gostava de ver como ela ficava animada com as tramas.
— Olha, seu Geraldo, esse aqui é o mocinho que sofreu horrores, mas ainda acredita no amor verdadeiro — explicou, emocionada, apontando pra tela.
— O que ele passou?
— A namorada traía ele com o melhor amigo há anos. Ela se defendia alegando que todos os homens eram misóginos por natureza. Pra provar isso, ela decidiu apostar com uma amiga dela que qualquer homem podia virar um canalha, só precisava de uma decepção amorosa como desculpa.
— Aí, ela contou pro cara que traía ele com o amigo?
— Não. Ela dormiu com todos os amigos do namorado. E mandou vídeos pra ele fazendo coisas imorais com todos eles. O rapaz virou a piada da faculdade, perdeu todos os amigos. Mas continuou acreditando em suas convicções e no amor verdadeiro.
— E ele encontrou?
— Sim. Encontrou uma mulher linda, inteligente, fiel e virgem. Eles se casaram e eram felizes. Então, a ex-namorada descobriu isso e, ainda com raiva por ter perdido a aposta, decidiu destruir o casamento dos dois.
— Ave Maria! Que mulher má!
Ela riu alto, depois me olhou de um jeito diferente. Aquele olhar eu conhecia bem. Lourdes se aproximou devagar, passou a mão no meu rosto e falou num tom suave:
— Hoje eu não quero só companhia, seu Geraldo...
Suspirei, cansado, mas não resisti. Beijei ela devagar, sentindo aquele gosto doce de suco de maracujá. Em pouco tempo, a gente já tava se agarrando ali mesmo no sofá. Esqueci do cansaço por um instante, concentrado só nela.
A dona Lourdes já foi abaixando a minha calça e a minha cueca, se ajoelhando. Pegou o meu caralho, que ela conhecia desde 2016, com uma mão e as bolas com a outra. Passou a punhetar, lamber, brincar... Antes que eu pudesse pensar em algo, meu pau pentelhudo já tava na boquinha dela. Começou chupando só a cabeça. Ela sabia bem o que fazia. Primeiro, rodelinhas com a língua. Depois, lambia até as bolas. Então, colocava uma delas na boca e brincava com a língua, enquanto dava uma punhetinha no cacete.
Para não gozar logo, porque queria satisfazê-la, puxei pra perto e tirei sua roupa. Seus seios eram volumosos, com auréolas marrons enormes e bicudas. Adorava mamar aqueles peitões. Mordisquei, chupei e suguei.
Fomos caminhando até a cama. Ela detestava sexo no sofá. Ela se deitou e voltei a beijar o corpo maduro dela. Começando pelos seios mais uma vez, descendo pela barrigona até chegar na sua bucetona cabeluda e encharcada.
Chupei com vontade, éramos amantes fixos há quase 8 anos. Eu sabia como ela gostava que eu chupasse sua buceta. Lambia, sugava, enfiava um dedo. A dona Lourdes respondia segurando meu cabelo e me empurrando contra o seu vente. Ela gemia, pedia pedia para eu não parar. E eu não parei até sentir uma forte contração seguido de um grito de tesão.
Pensava se era o suficiente pra ela, mas a dona Lourdes apontou pro criado-mudo, onde colocava as camisinhas que deixava pra esses momentos. Peguei uma, encapei o meu pau, abri suas pernas e, aos poucos, fui enfiando o meu pau na bucetona querida da dona Lourdes, que me recebia com tanto carinho.
Enquanto eu ia socando cada vez mais forte, ela gemia mais alto e se contorcia como amava. Fui socando e estocando com vontade, enquanto ela me agarrava, arranhava minhas costas e gemia mais e mais. Então, ela se travou toda e se contorcendo contra a cama. Tinha atingido o orgasmo mais uma vez. A dona Lourdes era esse tipo de mulher que gozava rápido.
Depois que ela se recuperou, continuei bombando por mais um tempo, talvez esperássemos que ela tivesse o terceiro orgasmo. Mas eu não aguentei mais e gozei com vontade dentro da camisinha dentro da bucetona da minha velha amante.
Demos um beijo de língua no outro e descansamos deitados na cama por breves minutos. Eu não podia ficar muito tempo lá e ela sabia disso. Olhando pro teto e tentando recuperar o fôlego, não resisti em perguntar algo que me atormentava desde as palavras da Carolina.
— Dona Lourdes, você me enxerga como um vibrador ambulante?
Ela riu, deu um tapa leve no meu peito e respondeu:
— Claro que não, homem. Você sabe que eu gosto de você. Mas também sabe que eu tenho minhas necessidades, né?
Fiquei um tempo em silêncio, depois falei:
— Queria poder ficar aqui mais tempo, mas preciso descer pra portaria.
Ela virou de lado, me olhando com ternura.
— Se quiser, eu desço lá depois. Faço companhia pro senhor, pra não te deixar cair no sono. Afinal, pessoas solitárias não precisam ser solitárias depois que se encontram, não é mesmo?
Fiquei olhando pra ela. Sorri e balancei a cabeça.
— Obrigado, dona Lourdes.
Levantei devagar, me vestindo, e brinquei:
— Só espero que não leve nenhum dorama pra me acordar, porque aí eu é que vou pegar no sono mesmo.
Ela riu alto e me deu um beijo de despedida na porta.
— Vai, seu resmungão. Vai trabalhar que eu fico torcendo pra noite passar rápido.
Saí do apartamento dela me sentindo mais leve. O dia mal estava começando e algumas tretas iam rolar ainda.
Algumas horas passaram sem nada acontecer na portaria. Era por volta das 17h30 quando ouvi a porta abrir e a Natália entrar.
A Natália era daquelas ruivas de novela, uma pele clara e sardenta que dava vontade de morder. O cabelo longo, avermelhado, descia solto pelas costas. Naquele momento, ela vestia uma camisetinha branca fininha, dessas que marcam tudo, e eu conseguia ver o contorno do sutiã bege por baixo. A parte de baixo era um shortinho de algodão cinza, curtinho, mostrando aquelas pernas firmes e a bunda redonda que balançava de leve enquanto ela vinha andando. O peito dela, farto e empinado, parecia que ia saltar pra fora da camiseta a qualquer instante. Tive que me ajeitar na cadeira pra não ficar tão evidente a minha ereção.
Estranhei, porque não tinha chegado nada pra ela. A Natália nunca vinha aqui sem motivo.
— Boa tarde, seu Geraldo — disse, meio sem jeito, mordendo o lábio inferior. — O senhor tá ocupado agora?
— Boa tarde, Natália. Ocupado? Que nada. É só o tédio mesmo. Aconteceu alguma coisa? — respondi, curioso.
Ela respirou fundo, visivelmente envergonhada.
— Eu... precisava de um favorzinho seu. Pago, se for preciso. — Ela abaixou um pouco a cabeça, como se estivesse pedindo algo proibido.
— Que é isso, Natália? Não precisa falar de dinheiro assim de cara. Primeiro me conta o que aconteceu.
Ela se mexeu desconfortável, a camiseta esticando nos seios.
— Eu tô com uma dor terrível nas costas desde segunda-feira. Primeiro eu dormi mal, depois precisei dormir sentada na cadeira e, bom, eu já tava com uns probleminhas de distensão muscular leve. Aí, piorou tudo. — Fez uma careta, levando a mão ao ombro. — Falaram pra mim que o senhor tem uma massagem que acaba com qualquer dor.
Na hora, meu coração acelerou. Lembrei que a Sarah e a Natália eram bem amigas. E a Sarah tinha dito que ia me compensar por ter aberto a boca sobre a gente. A peça começava a se encaixar na minha cabeça. A Sarah devia ter comentado comigo pra Natália, e agora a ruiva estava ali, me dando uma chance de ouro.
— Tenho sim, Natália — falei com voz calma. — Um tipo de massagem especial. Resolve mesmo.
Os olhos dela brilharam de alívio.
— Ai, que bom! O senhor pode fazer em mim? Eu ia ter que faltar na academia de novo hoje, e já faltei ontem...
Na hora, pensei que ela tivesse com tanta dor assim, teria ido no médico. Mas não foi. Isso confirmava a minha teoria de que isso era coisa da Sarah. Era minha chance de me dar bem.
— Posso sim, Natália. Mas olha, não quero dinheiro, não. Faço por amizade mesmo.
— Ah, seu Geraldo, o senhor é um anjo. Eu agradeço demais!
Puxei uma cadeira pra ela sentar. A Natália se acomodou de lado, deixando o ombro virado pra mim. A camisola subiu um pouco, revelando mais da coxa. Engoli seco e comecei o trabalho.
Minhas mãos foram direto para o ombro dela, firmes mas gentis. Primeiro, movimentos circulares, leves, aquecendo a musculatura. Depois, fui apertando mais fundo, sentindo os nós de tensão se desfazerem sob meus dedos. Desci pelas costas, trabalhando cada parte como se estivesse esculpindo uma obra de arte. A Natália soltou um suspiro longo, quase um gemido, fechando os olhos.
— Nossa... isso é... maravilhoso — murmurou, quase arfando. — Mais... por favor.
Continuei, aumentando a pressão. Eu sabia exatamente onde tocar, como deslizar os polegares para transformar dor em prazer. Aos poucos, percebi que a dor dela tinha desaparecido, substituída por algo muito mais gostoso.
— Ai... meu Deus... — suspirava, cada vez mais alto, o corpo se entregando. — Mais... mais!
Com outras mulheres, essa massagem sempre terminava em sexo. Mas a Natália com certeza era mais seletiva e resistente que a maioria.
Mas também gemia alto demais.
— Natália, a senhora tá fazendo muito barulho... — falei num sussurro, inclinado sobre ela.
Sem parar a massagem com uma mão, levei a outra mão para perto do rosto dela e ofereci meu dedo indicador.
— Morde, assim não escapa nenhum gemido.
Ela olhou a minha mão com nojinho, talvez quase saindo do transe por causa da proposta. Mas logo, com a minha massagem continuando, ela parou de resistiu, abriu a boca e aceitou, mordendo meu dedo com força. Continuei a massagear com a outra mão, sentindo o corpo dela tremer sob meu toque. O som abafado dos suspiros dela me deixava duro de tesão.
No auge, Natália tentou dizer algo, mas a boca estava ocupada, mordendo meu dedo com tanta intensidade que doía. Ela tremia, arrepiada.
Quando finalizei a massagem, tirei meu dedo da boca dela e tapei os lábios dela com a palma da mão, permitindo que ela soltasse um gemido alto, intenso, de clímax, enquanto eu abafava o som.
Depois de alguns segundos, soltei-a. A Natália respirava ofegante, o rosto vermelho, o corpo relaxado. Aos poucos, ela recuperou o fôlego. Abriu os olhos devagar, como se estivesse acordando de um sonho.
— Seu Geraldo... — disse com a voz rouca, quase emocionada. — Eu não tenho palavras... A dor sumiu como num milagre!
Sorri, satisfeito.
— Fico feliz de ter ajudado, Natália. Eu disse que a minha massagem é boa, não disse?
Ela riu, ainda meio tonta, e se alongou toda, exibindo o corpo perfeito.
— Meu Deus, eu me sinto nova em folha! Agora eu entendo porque dizem que essa massagem é tipo um segredo contado à boca pequena... — falou, brincando e alongando as costas. Como alguém testando movimentos que sentia falta de fazer.
— Agora eu vou poder ir pra academia feliz da vida. Mas, por favor, seu Geraldo, não comenta isso com ninguém, tá?
— Fica tranquila, Natália. Minha boca é um cofre.
Ela riu de novo, agradeceu mais uma vez e saiu rebolando natural.
Fiquei sozinho na portaria, vendo-a desaparecer no corredor. Por dentro, ria satisfeito. Agora, faltava agradecer à Sarah e ir cavando meu caminho pra pegar a calcinha da Natália.
Estava beirando as 20h, quando ouvi o barulho do portão automático se abrindo e um grupo de mulheres entrou rindo alto. Elas vinham da academia, todas suadas e felizes, com aquelas roupinhas justas que deixavam qualquer homem tonto.
No meio delas, estava a Sarah. Ela usava um top preto bem colado, que deixava os seios empinados e suados à mostra, com a barriguinha lisa aparecendo. Por baixo, uma calça legging vinho, apertada, marcando cada curva da bunda redonda e das coxas torneadas.
Levantei a mão e acenei discretamente, chamando a atenção dela. A Sarah me viu, se despediu das amigas e veio caminhando pra cá, toda linda e suada. Ela entrou na portaria, pra gente poder conversar com mais privacidade.
— Boa noite, seu Geraldo! — disse, ainda ofegante do treino. — Chegou encomenda pra mim?
— Boa noite, Sarah. Não é sobre encomenda, não. Eu queria te agradecer pela compensação que a senhora me deu hoje.
— Compensação? Que compensação, seu Geraldo? Eu ainda não fiz nada...
— Ah, fez sim, Sarah. Eu tô falando da propaganda que a senhora fez da minha massagem pra dona Natália. Hoje mais cedo, ela veio aqui dizendo que tava com uma dor nas costas e pediu pra eu dar um jeito. Falou que recebeu uma boa indicação sobre mim.
Ela arregalou os olhos.
— O quê? — Sarah colocou a mão na cintura, incrédula. — Seu Geraldo, eu nunca falei nada sobre sua massagem pra Natália. E ela estava mesmo com dor nas costas. Ela vinha reclamando desde terça de manhã. Faltou na academia ontem de tão ruim que estava. Aí, hoje, apareceu novinha em folha, toda feliz. Foi você?
Eu cocei a cabeça, meio desnorteado.
— Uai, mas se não foi a senhora, então quem falou de mim pra ela?
— O senhor fez essas massagens em mais quantas?
— Eita... Se não foi a senhora, pode ter sido qualquer um. Morador, funcionário... Eu já fiz tanta massagem de ombro e costas que podia ser doutor de clínica. Vai ver foi até uma recomendação inocente.
— A compensação que planejei era outra. No próximo domingo, vou fazer uma torta de frango pra te dar de presente. — sorriu Sarah, doce. — É uma das poucas coisas que eu sei cozinhar bem.
Abri um sorrisão na hora.
— Opa! Torta de frango feita pela senhora? Eu aceito com gosto. Vai ser um banquete!
Ela riu, balançando a cabeça, divertida. Depois, pegou a mochila, ajeitou os cabelos suados e se despediu com um sorriso.
— Boa noite, seu Geraldo.
— Boa noite, Sarah.
Quando ela saiu, fiquei sozinho na portaria, pensando. Aquela história estava muito estranha. Se não foi Sarah quem contou pra Natália sobre a massagem, então quem tinha feito isso? E por quê?
Não estava no prédio na quinta, sexta e sábado. Por isso, não participei dos polêmicos e absurdos eventos do sábado, envolvendo Maurício, Rebecca, seu Raimundo e uma quarta e heroica pessoa.
Mas enquanto eu estava fora e as tretas rolavam solta no andar dos apartamentos de Jonas/Cinthia e Maurício/Rebecca, quem também não estava sabendo de nada eram Zé Maria e Natália.
Os dois estavam no apartamento da Natália. O Zé Maria agachado no chão da sala, brincando com a Pipa, que abanava o rabo de um jeito tão animado que parecia ter molas nas patas. Ele sorria, passando a mão no pelo dourado do animal, mas seus olhos não se desligavam do que realmente lhe chamava atenção: a Natália, que preparava pipoca.
O shortinho caseiro dela, curtíssimo, era de um algodão fino, cinza-claro, marcando o contorno da bunda arrebitada de um jeito que fazia o coração do Zé Maria disparar. As coxas da Natália eram firmes e bronzeadas, resultado das corridas e caminhadas que ela sempre comentava. Por cima, ela vestia a camisa do Londrina, azul e branca, larga.
— Essa Pipa aqui é mais animada que o nosso ataque, viu? —brincou Zé Maria, tentando disfarçar o desejo com humor.
— Não fala isso, Zé! O time é ruim, mas é o nosso time. — Natália se virou, apoiando o quadril na bancada. O movimento fez o shortinho subir um pouco mais. Zé Maria engoliu seco, mantendo o sorriso no rosto. — Eu tava no estádio em 2017, quando ganhamos aquela Primeira Liga. Quase chorei de emoção.
— Jura?
— Sim. Aí, os filhos da puta cancelaram o torneio. Juraram que seria o embrião da “Premier League brasileira”.
— Duvido que tivessem cancelado se o Flamengo tivesse ganhado.
— De foder. Eu também estava lá quando o Londrina subiu pra B em 2015. Estava lá nas finais.
Ela colocou a pipoca numa tigela pros dois.
— Só não fui pro pro jogo do acesso em 2021 e pra última conquista do estadual porque foram na pandemia. Mas este ano, se o Londrina for pra final, eu dou meus pulos. Vou pra Londrina nem que tenha que botar um aluno com peruca vermelha pra dar aula por mim.
O Zé Maria soltou uma gargalhada calorosa, ainda com a mão no pelo da Pipa.
— Ah, Natália, tu é doida mesmo!
Ela se aproximou, trazendo a tigela de pipoca fumegante.
— Por que não vamos juntos? Seria uma aventura e tanto, Zé. E tendo companhia sempre é melhor.
O coração do Zé Maria quase pulou pela boca. Ele queria dizer sim na hora, mas tentou manter o tom casual.
— Olha... Sabe como é, o trabalho... Se eu tiver uma folguinha, quem sabe...
A Natália sorriu, e se jogou no sofá. O Zé Maria se acomodou ao lado, e os dois se prepararam para mais um sofrimento do Londrina. O primeiro tempo foi arrastado, sem emoção, com jogadas perdidas e passes errados. No intervalo, Natália suspirou, frustrada, e se ajeitou no sofá. Aos poucos, ela acabou se deitando, apoiando a cabeça no colo do Zé Maria.
Ele sentiu um calor subir pelo corpo. O coração acelerou, e ele quase parou de respirar por um instante. O zelador só pensava que a ruiva ia matar ele desse jeito. Pensou em mil coisas, mas manteve o semblante tranquilo. Sua mão, hesitante no início, começou a fazer cafuné nos cabelos dela.
Natália sorriu, fechando os olhos por um instante.
— Zé, tenho que te agradecer. Aquele conselho sobre falar com o seu Geraldo. Nossa, ele resolveu minhas dores nas costas. Ele fez uma massagem que, olha, foi especial mesmo.
O coração do Zé Maria se apertou. Seus pensamentos viraram um turbilhão. Massagem especial? Ah, esse velho safado! O seu Geraldo era um talarico, um traíra, um passa na frente dos amigos. Ele respirou fundo e respondeu com educação, forçando um sorriso.
— Que bom que ele te ajudou, Natália. O importante é você tá melhor agora.
O segundo tempo continuou no mesmo ritmo, e o jogo terminou em um 0 a 0 sonolento. A Natália permaneceu com a cabeça no colo do Zé Maria pelos 45 minutos mais acréscimos.
— Aff, Zé. Segundo jogo que a gente assiste junto e segundo empate sem graça. Olha, vou te falar, se o próximo for outro empate ou derrota, melhor a gente parar de ver juntos. Vai que a gente junto é pé-frio pro Londrina.
O Zé Maria abriu um sorriso amarelo, meio sem jeito.
— Ah, Natália, não fala isso... — Ele tentou parecer descontraído, mas por dentro sentiu uma pontada de tristeza. Ele queria qualquer desculpa pra continuar passando essas tardes ao lado dela.
Ela se levantou, espreguiçando-se. O movimento fez a camisa subir. O Zé Maria desviou o olhar rapidamente para não parecer um tarado.
— Obrigada pela companhia, Zé. Mesmo com o empate, foi bom demais te ter aqui.
— Eu que agradeço, Natália. — Ele sorriu, sincero, mesmo com o coração apertado. — Tu sabe que pode contar comigo pra qualquer coisa.
Eles se despediram na porta, e Zé Maria voltou para a portaria com passos lentos. Enquanto caminhava, sua mente era um redemoinho. Ele ia se vingar do seu Geraldo por ter passado na frente dele e comido a Natália. Ah, como ele ia se vingar...
Pois bem, leitor. No próximo capítulo, vou voltar ao condomínio e descobrir todo o caos que aconteceu enquanto eu estava fora. Também, teremos a vingança da Carolina. E eu também vou conhecer o “irmão mais velho” da Lisandra: Miguel.
Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Em breve, teremos a continuação.
NOTA DO AUTOR 01: Vamos brincar um pouco com a vida real. Se o Londrina subir pra Série B, o Zé Maria come a Natália. Se ele não subir, morre na praia como o próprio Londrina.
Como estabeleci que o seu Geraldo era torcedor do Naútico, então ele só vai comer a Natália se o Naútico subir pra Série B.
Faltam três rodadas. A última rodada da segunda fase da Terceirona/25 é dia 11 de outubro de 2025.
NOTA DO AUTOR 02: Esse capítulo foi puxado pra frente e dividido em dois por uma recomendação dos leitores de mostrar mais as amantes mais velhas do seu Geraldo. Se curtiram a ideia, coloquem nos comentários e elas vão aparecer mais vezes.
NOTA DO AUTOR 03: O que acharam do easter-egg antecipando as revelações do passado de um determinado personagem importante da novela?
NOTA DO AUTOR 04: A ordem dos próximos capítulos:
* Queria Ser Síndica, mas Porteiros e Zeladores Me Viram Pelada (One-shot da Tatiana)
* Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 16
* Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela - Parte 02
* Quem Vai Comer a Advogada Evangélica? - Capítulo 10
* Apostei que Faria Aquela Médica Certinha Virar Minha Putinha - Parte 04
* Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 16.5
* Eu e Minha Esposa Pulamos a Cerca... E o Caos Explodiu - Parte 08
* Passando a Vara nas Vizinhas. Ou Não. - Capítulo 13
* Minhas coleções de calcinhas, amantes e putinhas - Parte 10