..CONTINUANDO:
Vanessa despertou com os primeiros raios de sol invadindo o quarto, atravessando a cortina clara e acariciando seu rosto com suavidade. Ainda deitada, sentiu o cheiro salgado vindo do mar e escutou, ao fundo, o som das ondas quebrando na areia. Era cedo, mas o céu já prometia um daqueles dias lindos, de verão calmo e céu limpo.
Virou o rosto devagar e viu Lucas, esticado na cama ao lado, dormindo pesado. Ele usava apenas uma cueca branca que mal escondia o volume adormecido, o corpo jovem jogado entre os lençóis como quem havia entregado tudo de si. Vanessa sorriu sozinha. Havia mesmo sido uma noite deliciosa.
Sentou-se na beirada da cama, ajeitou o cabelo com os dedos e colocou os óculos. A boca estava seca, consequência do vinho, dos beijos, e dos gemidos abafados da noite anterior. Pegou o celular sobre a mesinha e notou uma notificação do marido. Uma mensagem curta:
"Vamos tomar café juntos? Precisamos conversar."
Sem pensar muito, ela ligou. Ele atendeu de imediato, mas antes que dissesse qualquer coisa, ela desligou. Preferia manter o controle. Em seguida, digitou:
"Vou tomar um banho e desço pra tomar café com você. A gente conversa."
No banheiro, ao abaixar a calcinha, notou o absorvente encharcado com o gozo de Lucas. Parte havia vazado durante a noite, mas ela sabia — sentia — que a maior parte da gala havia ficado dentro dela. Ficou ali, sentada no vaso, olhando o conteúdo íntimo e sorrindo, meio debochada, meio reflexiva. "Será que agora a semente pega?".
A pergunta ecoou em sua cabeça como uma provocação do destino. Não conseguiu evitar a lembrança da noite quente que tivera com o rapaz. Lucas havia sido intenso, dedicado, faminto. "E o Pedro?", ela pensou, franzindo os lábios. Talvez a noite pudesse ter sido ainda melhor se ele também estivesse mais disposto. Afinal, o menino também era uma tentação.
Depois de um banho demorado, colocou uma roupa de ginástica: top leve, short justo, o corpo revigorado pela ducha. Planejava caminhar pela praia após o café — precisava de ar fresco para clarear a mente e o ventre.
Antes de sair, passou pelo quarto novamente. Lucas seguia apagado, o peito subindo e descendo em um ritmo pesado de quem dormia sem culpa. Pedro, enrolado no sofá, parecia não ter se mexido desde que caiu ali. Ela os olhou com carinho silencioso, um deles certamente seria o pai de seu bebê. Digitou uma mensagem para os dois:
"Vou tomar café com o Marcão e depois caminhar um pouco. Acordem e aproveitem o dia, meninos."
Saiu do quarto sem fazer barulho, pegou o elevador e foi até o andar onde o marido estava hospedado. No caminho, respirou fundo. Precisava se manter firme não queria ser cruel.
Bateu à porta três vezes. Quando Marcão abriu, estava vestido para malhar, calça de academia, regata preta e uma cara meio sem sal. Ela se surpreendeu quando ele a puxou para um abraço logo de cara. Um gesto inusitado, quase esquecido. Ela retribuiu, contida.
— Ia te chamar pra caminhar depois, mas imaginei que você ia querer usar a academia. — disse ela, casual.
— É. Tô tentando manter a cabeça no lugar. — respondeu ele, pegando em sua mão, um toque que não existia mais entre eles há tempos. Caminharam juntos pelo corredor até os elevadores.
Marcão engoliu seco, como se cada passo trouxesse mais peso que o anterior. Havia dormido pouco, agitado pela ansiedade e pelo tesão. A ideia de sua mulher com outro o assombrava... e ao mesmo tempo, o deixava absurdamente excitado. Sem querer admitir ele havia se masturbado pelo menos três vezes fantasiando a mulher com outro, algo IMPENSÁVEL para ele.
Pela primeira vez, ele não via Vanessa como uma extensão dele. Ela era algo muito mais precioso agora. Não só uma joia de exibição, mas a mais cobiçada.
Ainda processava tudo quando, já dentro do elevador, soltou, com a voz presa na garganta:
— Como foi ontem?
Vanessa o encarou por um instante. Seu olhar era sério, mas sem pressa. Mediu as palavras.
— Ué... você disse que não queria saber detalhes. — respondeu ela.
— Acho que mudei de ideia. — confessou, quase num sussurro, desviando os olhos.
Ela o observou com atenção. Leu algo novo no rosto dele. Uma mistura de culpa, desejo e rendição. Quis perguntar o que, exatamente, ele esperava ouvir... mas preferiu guardar as interrogações. Não ali.
Outro casal entrou no elevador, interrompendo o clima com sorrisos matinais. Vanessa respirou fundo, como se se preparasse para uma nova performance.
Logo estavam na área do restaurante.
O restaurante do hotel ainda respirava a calmaria da manhã. Algumas poucas mesas ocupadas, casais dispersos, vozes baixas. O aroma do café recém-passado flutuava no ar, misturado ao cheiro quente de pães assados, frutas cortadas, bolos frescos, tortas macias e uma variedade de sucos coloridos que brilhavam sob a luz natural que entrava pelas enormes janelas. A mesa de buffet era uma pintura farta de delícias.
O casal que havia dividido o elevador com eles seguiu discretamente para o outro canto do salão. Vanessa e Marcão escolheram uma mesa próxima às janelas de vidro, com vista privilegiada para o mar. O céu azul profundo e o brilho do sol anunciavam um dia claro, belo e promissor.
— Você está bonita hoje — disse ele, surpreendendo-a ao puxar sua cadeira. Um gesto simples, mas que não acontecia há anos.
Vanessa sentou-se com graça. Ajeitou os cabelos, ajustou os óculos com um leve toque dos dedos e respondeu com um sorriso calmo.
— Obrigada. Dormi bem... — disse, com sinceridade.
Marcão assentiu em silêncio e se acomodou à sua frente. Por alguns segundos, ficaram ali, dois desconhecidos íntimos, encarando o mar e o vazio entre as palavras. Vanessa tomou um copo d’água devagar, sentindo o frescor aliviar a secura na boca — resquício do vinho, dos beijos, e da entrega selvagem da noite anterior.
Ele parecia desconcertado. Nervoso como um adolescente diante da primeira paixão. A ansiedade ficava evidente nos pequenos gestos: mãos inquietas, respiração contida. Vanessa percebeu, e achou quase cômico. “Parece que o corno ficou educado de repente”, pensou, mordendo um sorriso.
Marcão tentou se ocupar. Pegou frutas, pão, manteiga. Vanessa montou uma tigela com iogurte, mel, sementes e frutas cortadas. Mastigava com a calma de quem domina o ambiente. Ele, ainda se adaptando à nova posição no tabuleiro, foi direto:
— Eu não sei explicar exatamente o que eu senti ontem... — começou, evitando encará-la.
Vanessa ergueu os olhos, mastigando em silêncio.
— Eu imagino. Mas é assim que você me faz sentir quando me humi...
— Não — ele a interrompeu, a voz tensa. — Você não entendeu. Eu senti... — ele hesitou, engoliu em seco. — Eu senti muito ciúmes... e talvez... algo a mais.
Ela o encarou com curiosidade genuína. Seus olhos brilharam com um misto de surpresa e instinto. Segurou as mãos dele sobre a mesa. Um gesto que, para além da provocação, ainda carregava amor pelo homem além de um companheirismo antigo.
— Fala — sussurrou, com doçura.
Marcão respirou fundo, a voz tremendo.
— Eu senti excitação. Um tipo estranho de prazer em imaginar você... com ele.
Vanessa arregalou os olhos, sem esconder o espanto. Aquilo ultrapassava todas as barreiras anteriores. A confissão de Marcão era inesperada. Ele sempre fora um animal quando alguém ousava olhar para ela. Mas agora era diferente, ela o havia dominado.
Ele olhou para baixo, visivelmente envergonhado, mas não conseguia negar o que sentia. Na presença dela, com o corpo pós-banho, o cheiro leve de creme, o decote sutil escondido sob a roupa de ginástica... tudo contribuía para aumentar a imagem da mulher que havia sido possuída por outro homem. E agora, essa mulher estava ali, diante dele, mais viva do que nunca.
— Ontem... foi a primeira vez em muito tempo que me senti desejada. Desejada de verdade — disse ela, sem desviar o olhar, a voz firme e sem culpa.
Marcão apertou os lábios. O coração batia descompassado.
— E... gostou?
Ela deu uma risadinha irônica, segurando a colher no ar.
— Quer mesmo saber?
— Quero — respondeu ele, quase num sussurro. — Preciso.
Vanessa apoiou os cotovelos na mesa e se inclinou levemente. Os olhos dele se fixaram nos dela, quase hipnotizado.
— Teve beijo na boca, puxão de cabelo, língua no meu cu... gozos tão intensos que escorriam pela minha coxa. O garoto me explorava como se eu fosse uma escultura perdida que ele havia acabado de descobrir. Um tesouro esquecido. Você ainda quer saber mais?
Marcão não respondeu. Apenas apertou as mãos sob a mesa, tentando disfarçar a ereção evidente que começava a marcar sua calça. O desejo, a vergonha, o tesão doentio se misturavam dentro dele como um coquetel venenoso.
Ela recostou-se com elegância na cadeira, pegou mais uma colherada do iogurte como quem comentava sobre o clima.
— Mas estou aqui, não estou? Você me pediu pra vir. — Ela sorriu. — Era pra ser minha semana. Minha missão era clara: engravidar. Mas você achou que estar por perto resolveria algo. Foi uma bela idiotice, Marcão... e agora olha só até onde você teve que se meter.
— Sim... eu... — ele abaixou a cabeça e murmurou: — Merda...
Vanessa ergueu uma sobrancelha, divertida.
— Dói, né? Saber que o que você chamava de sua propriedade agora brilha em mãos alheias?
Ele assentiu, o rosto vermelho, os olhos úmidos — mas não de tristeza. Havia algo mais ali.
— E brilha mesmo. — disse ele, ajustando-se na cadeira e revelando, sem disfarçar, o volume rijo sob o short de treino.
Vanessa franziu a testa, surpresa. Aquilo era uma confirmação escancarada. Seu marido estava, de fato, excitado com a dor.
Ela sorriu de lado, lentamente, depois pegou o guardanapo e limpou os cantos da boca.
— Depois do café, vou caminhar na praia. Preciso pensar.
— Posso ir com você?
Ela hesitou. O olhar firme, direto.
— Não. Preciso pensar no que você acabou de me dizer.
Marcão assentiu. Não havia nada que pudesse dizer. Apenas assistiu sua mulher terminar o café com a mesma elegância provocadora de quem, claramente, passou a controlar o jogo.
...CONTINUA…