Ainda Temos Tempo?

Um conto erótico de M. G. Costa
Categoria: Homossexual
Contém 979 palavras
Data: 19/08/2025 02:25:13

PRÓLOGO

Ele não conseguia nem me encarar. Quando meu celular vibrou mais cedo com uma mensagem dele, dizendo que era para eu encontrá-lo na praça do bairro, eu esperava tudo, menos aquela notícia. Poxa, as minhas malas já estavam prontas.

— Olha para mim, Marcos — falei, para que ele me olhasse nos olhos — Quando você soube?

— Faz dois dias — ele me encarava enquanto dizia — Eu ainda estava tentando entender e pensando numa maneira de te contar.

— Faz dois dias que você sabe, okay — eu tentava reorganizar os meus pensamentos — E resolveu me deixar no escuro todo esse tempo? Eu te liguei, mandei mensagem e você me disse que estava tudo bem!

— Foi covarde da minha parte, eu sei, mas Otto tenta me entender — ele tentava se defender, mas eu não daria essa oportunidade.

— Ela está grávida, é a única coisa que se tem para entender — me abaixei cobrindo o rosto com as mãos — Me explica como aconteceu; se já faz meses que terminaram.

— E nós terminamos no dia da formatura — se abaixou para poder falar diretamente comigo — Mas nós transamos nesse dia também, e a camisinha acabou estourando. Isso tudo aconteceu antes de eu ir atrás de você!

— Isso não muda o fato: ela vai ter um filho teu — fui me levantando, não queria ficar encarando ele de tão perto — Então o relacionamento não estava tão ruim, como você dizia.

— Eu queria ficar contigo Otto — se pôs de pé e me puxou para perto, me abraçando. Como era bom sentir o abraço dele, era reconfortante, mas a sua fala me trouxe desconforto.

— Queria? Então, tu não queres mais? — Me afastei para encará-lo. Dizer aquilo me deu um aperto tão grande no peito.

— Otto, ela está grávida de um filho meu — disse me olhando nos olhos — Tu sabes que eu não posso deixá-la sozinha. Vou me casar com ela.

Nesse momento, eu me afastei dele, tinha que pensar no que fazer. Estar naquela praça, sobre aquela ponte, era um lugar marcante na nossa história. Foi aqui que nós brincamos, fizemos amizade, passamos boa parte da adolescência e foi o lugar em que ele se declarou para mim. Ele querer terminar aqui, me machucava de tantas formas.

Ele tentou se aproximar mas eu o empurrei, para manter uma distância, e ele continuou insistindo. Comecei a ser mais agressivo. Na tentativa de me segurar para me conter, nós acabamos caindo, comigo por cima dele. O olhar de tão perto, perceber que talvez não teria mais esse contato com ele, me fez ter o impulso de o beijar. Sentir a boca dele na minha teve tantos gostos: paixão, carinho, revolta e despedida. Aquele beijo seria a minha despedida dele. Uma despedida de tudo que vivemos, não diga apenas do nosso rápido namoro, mas dá nossa relação como um todo. Como é bom ter os braços dele me apertando, poder massagear os seus cabelos com as minhas mãos, e mesmo que seja por uma última vez, ter ele junto a mim.

— Eu vou embora — terminei o beijo unindo as nossas testas — Eu preciso de um tempo.

— Tudo bem, amanhã nós conversamos — ele disse, olhando nos meus olhos.

— Você não entendeu — comecei a me levantar — Eu vou embora e não quero falar com você.

— Tu vais me deixar sozinho? — a incredulidade era perceptível em seu rosto.

— Sozinho? Isso é uma coisa que tu não vai ficar — tentei ser indiferente — Vai casar, ter um lindo filho, formar a família perfeita, e claro, dar orgulho ao teu pai.

— Meu pai não tem nada a ver com isso — tentou se manter firme nas suas palavras

— Tem sim, Marcos! — deixei a raiva sair — Depois da tua adolescência, todas as tuas escolhas se refletem no teu pai!

— Você não entende! — Ele esbravejou — Eu já estive no lugar do bebê, e você sabe disso, mas o meu pai não me abandonou!

— Eu sei — tentei soar arrependido pelas minhas palavras — Mas entenda Marcos, é doído para mim, eu não vou ficar aqui esperando o convite do chá de bebê.

— Então esse é o nosso adeus? — eu podia ver as lágrimas em seus olhos.

— Sim — tentei segurar a emoção, não podia deixá-lo me ver chorar— Eu estou indo, adeus Marcos.

Enquanto eu me virava para dar os primeiros passos, sinto ele me abraçar por trás. Naqueles poucos segundos, vi os nossos momentos passarem como um filme, em minha mente. Nosso primeiro encontro, primeiro abraço, as risadas, nossas brigas, o primeiro beijo e os nossos momentos mais íntimos.

— Eu te amo Otto — me apertou em seus braços — Mas eu não posso.

— Eu preciso ir Marcos — não deixei que ele terminasse a frase, as lágrimas já caiam.

Me separei daquele abraço sem olhar para trás. Seguir andando para a saída da praça. Deixei para trás o homem que eu amava, a partir de agora eu teria que seguir sozinho. Nossos planos de viajar juntos caíram por terra, mas eu ainda poderia ir sozinho. Um dos meus maiores sonhos era conhecer o litoral do país, queria fazer isso com o Marcos do meu lado. A minha caminhada terminou antes de chegar em casa, me sentei no meio fio, e deixei as lágrimas saírem, junto com a dor da separação.

No momento em que eu estava me levantando para continuar o trajeto, o meu celular tocou: era o tio Aluísio.

— Oi tio, eu saí rapidinho, o senhor quer alguma coisa? – disfarçando a voz de choro.

— Meu filho vem pra casa. – sua voz me pareceu estranha, como se segurasse o choro.

— Aconteceu alguma coisa? — Senti um desespero tomar conta.

— É o seu pai, meu filho. — paralisei por uns segundos escutando meu tio me contar o que tinha acontecido. Quando eu dei por mim eu já estava correndo no rumo casaA História já também está sendo postada no wattapad, já com 6 capítulos.

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