Castillo e Marino - 06

Um conto erótico de Luís Castillo
Categoria: Homossexual
Contém 4223 palavras
Data: 18/08/2025 20:44:11
Última revisão: 19/08/2025 05:18:50

Assim que eu saí do escritório, começou a chover. Dirigindo no asfalto molhado, concentrei a atenção no trânsito; uma parte da minha mente, porém, voou para longe. Numa tela aberta na minha memória, começou a se desenrolar a história de dois amigos: Renan e Luís. Quando eram meninos, eles pareciam irmãos. Na adolescência, trocaram confidências, compartilharam descobertas e um deles se descobriu apaixonado pelo outro — mas não foi correspondido. Por mais de duas décadas, ficaram separados, até que chegou o dia do reencontro.

O carro entrou numa rua pouco movimentada. Pisquei os olhos e, no filme da minha vida, surgiu um novo personagem: éramos agora um Castillo e dois Marinos.

Embaixo de um forte temporal, cheguei à minha casa. Ao passar pelo portão, deixei o carro na área coberta e saí correndo pelo jardim. Atingido por rajadas de vento e chuva, cheguei encharcado à cozinha.

Meu pai estava preparando o jantar. Ao ver a água pingando dos meus cabelos e escorrendo pelo terno, mandou que eu fosse tomar um banho quente e vestir uma roupa limpa. Para não molhar o tapete da sala, fui me despir na área de serviço. Quando pisei de novo na cozinha, ele me olhou da cabeça aos pés.

— Você nunca perde a mania de andar pelado pela casa. Sua mãe reclamava muito quando você fazia isso.

Sem ver problema em estar nu, fiz cara de menino teimoso e desfilei pela cozinha. Como se fosse um jurado de programa de culinária, aspirei o cheiro do caldo verde, que borbulhava na panela, e provei o sabor.

— Está ótimo, parece até que foi feito por mim. Parabéns, o senhor é um cozinheiro de altíssimo nível.

Mesmo contente por ter recebido um elogio, seu Antero fingiu ser um pai repressor.

— Antes de comer, vá se vestir. Não quero jantar com um homem nu sentado na minha frente.

Deixando fluir o meu lado gayzinho do papai, saí requebrando em direção à escada. Antes que eu alcançasse a sala, levei um tapa na bunda.

— Você não toma jeito, Luís.

Essas brincadeiras com o meu pai me ajudaram a relaxar um pouco, mas a conversa que tive por telefone com Renan não parava de martelar na minha cabeça. Embaixo do chuveiro, analisei novamente as palavras que trocamos.

“Luís, preciso falar pessoalmente com você. É sobre nós dois e também sobre Tarso. É urgente.”

A voz estava tranquila, mas eu senti que havia preocupação: Renan já sabia que eu e Tarso estávamos namorando. Não havia nada de errado nisso, mas falei como se precisasse me justificar.

“Eu e Tarso estamos muito bem. Seu filho é um homem incrível, estamos felizes juntos.”

O telefone ficou mudo. Imaginei que Renan estivesse refletindo sobre minhas palavras, por isso fiquei esperando. Depois de um instante, ele rompeu o silêncio.

“Meu filho me conta tudo, ele já me falou sobre esse namoro. Ele quer me apresentar a você amanhã, num jantar aqui em casa. Eu e você precisamos ter uma conversa antes disso. Podemos nos encontrar pela manhã?”

Seria estranho, mas era necessário. Sem saber se estava agindo certo, convidei Renan para ir à minha casa. Sem hesitar, ele aceitou.

— Mande a localização, por favor. Por volta das nove e meia, estarei lá.

O banho quente me fez bem. Ouvindo música, passei um creme no corpo e me cobri com um roupão. Enquanto tomava uma tigela de caldo, comentei com meu pai sobre a conversa que tive com Renan. No seu melhor tom de advogado, doutor Antero fez algumas considerações sobre o caso.

— Você já deveria ter contado tudo ao Tarso. Ele até poderia achar engraçado o fato de que você e Renan foram amigos na adolescência, mas agora vai achar estranho você não ter falado antes. Ficou parecendo que você tinha algo a esconder; ele vai se sentir enganado. Essa história parece um drama adolescente, mas o caso é complicado de verdade.

Doutor Antero falou como se eu tivesse cometido um crime. Eu errei, mas ainda havia tempo para corrigir tudo. Pela manhã, eu falaria com Renan; à tarde, conversaria com Tarso. À noite, teríamos um jantar a três.

— Estou meio perdido, mas vou encontrar um jeito de falar com Tarso sem parecer que quis esconder alguma coisa dele. Estou pensando em dizer que guardei essa informação porque queria fazer uma surpresa. Vou começar mostrando umas fotos antigas em que eu e Renan estamos juntos. Acho que vamos até nos divertir com isso.

— Sei não, Luís… Acho isso meio sem noção. Talvez seja melhor ir direto ao ponto, explicar tudo e pedir desculpas. Confesso que, no lugar dele, eu ficaria desconfiado e muito magoado.

Minha ideia era fraca mesmo e o caso só piorava: o meu pai estava do lado do genro. O doutor Antero sempre foi um homem justo.

Saltando de um assunto a outro, conversamos um pouco sobre questões do escritório. Antes das dez, cada um foi para o seu quarto. Com os pensamentos bagunçados, eu me encolhi embaixo do edredom e, apesar das tensão, não demorei a adormecer.

Quando acordei, o céu estava limpo. Esticado na cama, fiquei brincando com a pica e pensando nas emoções que teria pela frente. Liguei o celular e vi que Tarso havia mandado uma mensagem e uma foto da rola.

“Bom dia, meu amor. Na sua intenção, já comecei o dia de pau duro. Espero você às dezoito. Beijos.”

Meu namorado era lindo; sempre alegre, atencioso e apaixonado. Sentindo-me desleal, mandei uma mensagem para ele.

“Oi, Tarso. Acordei com vontade de tomar o leite dessa sua pica gostosa. Estou ansioso para ver você. Beijos, meu amor.”

Desejando ter o caralho de Tarso arrombando o meu cu, castiguei a rola. A vadia atirou a porra para cima com muita força: a primeira jatada caiu no peito; a segunda chegou ao queixo. Esticando a língua, provei o sabor do meu gozo. Com a ponta do dedo, recolhi um pouco da gala que escorria sobre a barriga e avaliei a consistência. Minha porra matinal estava muito viscosa.

Sentindo-me renovado, dei uma geral no meu quarto. Desde menino, gosto de cuidar do meu espaço e das minhas coisas. Após colocar tudo em ordem, tomei banho e me arrumei para receber a visita.

Pouco antes das nove e meia, a campainha tocou. Meio apreensivo, percorri a área da piscina e atravessei o jardim. Ao abrir o portão, dei de cara com um motoqueiro.

Não dava para ver o rosto por trás da viseira do capacete, mas eu conhecia aquela moto — até já havia montado na garupa. Com um toque na buzina, o piloto pediu passagem. Dando dois passos para o lado, deixei que entrasse. Com muita habilidade, ele abriu caminho entre os canteiros e estacionou perto do carro do meu pai.

Ao descer da moto, o visitante tirou o capacete e lançou um olhar pelo jardim da mansão Zamora. Depois escaneou o meu rosto e estendeu a mão.

— Luís, meu amigo, é bom ver você de novo.

Ele continuava lindo. Nos cabelos agora curtos, havia alguns fios brancos. A barba parecia ter sido feita naquela manhã; o bigode e o cavanhaque destacavam a boca carnuda. No seu rosto, vi o futuro de Tarso.

— Seja bem-vindo, Renan.

Com firmeza, ele apertou meus dedos. Olhando no fundo dos meus olhos, abriu um sorriso discreto.

— Você não mudou nada, Luís. Qual é o segredo para se manter sempre na casa dos vinte?

— Você também continua o mesmo. Ficou ótimo com esse corte de cabelo… mas você gostava muito dos cachos.

— Quando estou com o cabelo grande, fico igual a Tarso. A gente fica parecendo irmãos.

Ainda segurando minha mão, ele mirou a piscina e contemplou a fachada da casa. Depois fixou os olhos em mim.

— Por dentro, eu mudei muito, Luís.

Em silêncio, fiz um gesto para que me acompanhasse. Quando entramos na sala, ele estendeu a mão para o meu pai.

— Bom dia, doutor Antero. É uma satisfação rever o senhor.

Depois dos cumprimentos, meu pai avisou que iria tomar sol na área da piscina. Sentados frente a frente, eu e Renan demos início à conversa. Sem meias palavras, ele contou que soube do meu envolvimento com Tarso desde o princípio.

— Ele me mostrou uma selfie que fez com você num evento da faculdade; estava muito empolgado por ter conhecido o renomado advogado Luís Zamora Castillo. Alguns dias depois, falou que iria sair com você. Quando voltou para casa, disse que estava se sentindo muito homem por ter transado com um viúvo jovem, famoso e bonitão. Confesso que fiquei muito surpreso com isso. Você e o meu filho… O destino faz coisas que ninguém consegue entender, não é?

Fez bem ao meu ego saber que Tarso falou essas coisas a meu respeito. Só não entendi por que Renan não lhe contou nada sobre a nossa antiga amizade.

— Por que você não contou ao seu filho que a gente se conhece?

A resposta, como era de se esperar, foi em forma de pergunta.

— E por que você não disse ao seu namorado que a gente se conhece?

A partir desse ponto, a conversa avançou. Renan me falou sobre sua amizade com o filho e concluiu fazendo uma revelação que me deixou confuso.

— Contei a Tarso tudo sobre nós dois. Ele só não sabe que o Luís da minha história é você.

— Contou tudo? E o que é tudo, Renan? Você e eu fomos bons amigos. O que há de mal nisso?

— Luís… eu disse a Tarso coisas que nunca disse a você.

Renan falou de um jeito enigmático, por isso o encarei com seriedade. Sustentando o meu olhar, ele expôs algo que me deixou atônito.

— Você nunca percebeu nada, não foi? Eu disfarçava muito bem mesmo. Naquele tempo, eu vivia na maior confusão. Eu fugia de mim, por isso passei a fugir de você. Aquele beijo que você me deu… você não imagina o quanto foi difícil resistir. Eu queria ir fundo, queria entender uns desejos que me deixavam agoniado quando estava do seu lado. Fui fraco, tive medo, achei que podia ser um caminho sem volta. Eu estava de casamento marcado, tinha que me reprimir.

Como se aquele beijo frustrado tivesse ocorrido há poucos instantes, mordi meu lábio e fiquei olhando para Renan. Só agora eu entendi por que ele havia ficado tão tenso naquela ocasião. Sem fugir do meu olhar, ele continuou a expor sua verdade.

— As pessoas falavam coisas sobre a gente, diziam que eu e você éramos namorados. Meu pai chegou a me colocar contra a parede, perguntou se eu era veado igual a você. Alguns amigos insinuavam que nós dois éramos um casalzinho gay. Até Soraia desconfiava, ela não entendia nossa amizade. Antes do casamento, ela conversou comigo sobre isso. Consegue imaginar o constrangimento? Tive que repetir várias vezes que nunca transei com você nem com qualquer outro cara. Se fosse hoje, eu não teria me submetido a essa palhaçada. Não teria nem casado; assumiria o meu filho sem ter que viver ao lado de uma pessoa que me julgava mal o tempo todo.

Muitas coisas do passado adquiriram outro sentido. A forma como Soraia me olhava; a frieza do pai de Renan quando nos via juntos; as piadinhas que alguns amigos faziam… A gente fingia não perceber, mas tinha consciência de que todo mundo estava de olho na nossa amizade. Éramos apenas amigos, mas ele ganhou a fama de ser o namorado de um gayzinho.

— Desculpe, Renan. Eu nunca imaginei que, por causa de nossa amizade, você tivesse passado por essas coisas.

— Você não tem culpa de nada. Havia muita pressão em cima de mim. Lembra-se da minha mãe? Dona Verônica queria controlar todo mundo, inclusive o meu pai. Várias vezes, ela mandou eu me afastar de você, dizia que não pegava bem para um rapaz ter um amigo gay. Na minha casa, a hipocrisia rolava solta. Você falava sobre os problemas que enfrentava por gostar de homem; eu nunca falei sobre os problemas que enfrentava por ser o tipo de homem que sou.

Depois de uma pausa, Renan expôs aquilo que eu já havia entendido.

— Eu sei que ser gay é para os fortes, mas ser alguém que curte mulher e homem também não é fácil, Luís. As pessoas acham que somos confusos, fingidos, não temos coragem de escolher. Hoje não me incomodo com essas opiniões; naquele tempo, ficava meio perdido. Imagine, por exemplo, um cara ficar com uma menina e também sentir tesão pelo irmão dela. Eu tinha até vergonha dessas coisas, mas agora dá vontade de rir. Quer saber? Adoro ser assim.

Enquanto ele falava, voltei no tempo. Nossas brincadeiras na piscina do condomínio onde morávamos, as lutas de mentira rolando sobre o tapete da minha mãe, as noites em que dormimos na mesma cama, feito irmãozinhos… Não era só eu quem sentia prazer nessas ocasiões. Se Renan não tivesse sido covarde, nossa história teria sido outra. O fato de que ele também curtia mulher não seria problema para mim. Sempre tive a mente aberta para isso. Inclusive, antes de casar comigo, Guillermo teve algumas namoradas.

Não sei por quanto tempo viajei pelos meus pensamentos. Para atrair minha atenção, Renan tocou de leve no meu joelho.

— Lembra-se daquele dia em que lhe contei o que Douglas andava espalhando sobre você?

— Lembro… mas que importância tem isso agora?

— Sabe por que eu não parava de rir enquanto falava? Era para disfarçar a raiva. Douglas foi um filho da puta com você, eu devia ter quebrado a cara dele. Você se entregou ao vagabundo e ele contou para todo mundo. Eu sei que fiz papel feio em despejar no seu ouvido o que ele andava dizendo, mas foi o jeito que encontrei de alertar você.

Envergonhado, fechei os olhos — e, no fundo da mente, vi o sorriso cínico de Douglas. Quando abri os olhos, Renan falou algo que doeu mais do que se eu tivesse levado um soco no estômago.

— Além da raiva, eu tive inveja de Douglas. Eu e você… um deveria ter sido o primeiro cara do outro. Eu nunca me perdoei por ter deixado que fosse diferente.

Sem medo de parecer ridículo, ergui para ele os olhos cheios de lágrimas. Por causa do medo e das fraquezas de Renan, o meu grande sonho — que também era dele — não pôde ser realizado.

— Renan, há coisas que nunca poderão ser remediadas, porque só se perde a virgindade uma vez. Mas eu ainda não entendi onde é que Tarso entra nessa história.

Como se estivesse exausto, ele passou a mão nos cabelos e se ajeitou no sofá. Olhando para um vaso de plantas, respirou fundo. Depois voltou a falar.

— Quando Tarso ainda era menino, aumentaram os meus desentendimentos com Soraia. Eu estava insatisfeito com a vida de casado, não aguentava mais sufocar o meu outro lado. Comecei a sair com alguns caras e acabei arranjando um namorado. Ela percebeu que eu estava diferente, cismou que eu tinha arranjado outra mulher. Passou a me seguir e me pegou com o meu parceiro.

Essa revelação me deixou espantado e profundamente magoado: o namorado de Renan deveria ter sido eu, não um cara qualquer. Não fazia sentido, mas encarei isso como uma traição imperdoável.

— Depois desse flagrante, minha vida virou um inferno. A gente brigava todos os dias. Uma noite, ela me fez várias acusações. Falou inclusive sobre você.

“Minhas amigas diziam que você e aquele seu amigo, o tal de Luís, eram namorados. Eu me fiz de surda e cega. Nunca deveria ter casado com um rapaz que, desde menino, vivia com um veadinho de lado. Ele sumiu da sua vida para não ver você casado comigo, não foi isso? Agora você anda por aí atrás de outros iguais a ele.”

Ouvir essa história estava se tornando cada vez mais difícil para mim. Sem saber, eu contribuí para a separação do casal Renan e Soraia. Justo eu, que nunca realizei o sonho de transar com ele.

— É aí que Tarso entra. Ele ouvia minhas brigas com Soraia; devia saber qual era o motivo de tantos desentendimentos. Quando ele me contou que era gay, tivemos uma longa conversa. Dei todo apoio a ele e falei sobre mim e sobre você. Confessei que, se pudesse, eu voltaria no tempo para ficarmos juntos. Ele me perguntou por que nunca fui à sua procura.

Eu e Renan juntos… a história bem poderia ter sido essa. E Tarso talvez vivesse hoje como se fosse o nosso filho.

— Boa pergunta, Renan. Por que você nunca me procurou?

— Eu procurei sim. Fiz umas pesquisas na internet e encontrei informações sobre o doutor Luís Zamora Castillo. Você estava casado com um homem importante, sua vida era outra, não tinha mais espaço para mim.

Ainda havia muitas coisas para serem esclarecidas, mas já era quase meio-dia. Alegando que não queria mais tomar meu tempo, Renan tocou no principal assunto da conversa.

— Luís, vamos guardar segredo sobre o nosso passado. Se souber que a gente se conhece desde meninos, Tarso vai ligar as histórias e, por mais que a gente explique, ele não vai entender. Ele vai se sentir traído por nós dois. Se não tinha nada demais, por que a gente não falou antes? É isso o que complica tudo.

Eu entendi os motivos de Renan, mas o pedido era absurdo. Eu estava construindo uma história de verdade com Tarso, não poderia passar a vida toda escondendo algo dele.

— Isso não faz sentido. É melhor a gente esclarecer logo essa história. Vai ser difícil, mas Tarso vai entender.

— No lugar dele, você entenderia, Luís?

Era uma boa pergunta; eu nunca me imaginei na situação em que Tarso estava.

— Essa história está me deixando maluco, Renan. Parece uma bobagem, mas virou uma complicação da porra.

— Então, para que mexer nessa história? Só serviria para afastar nós três. Eu sei o quanto Tarso gosta de você. Além de serem namorados, vocês já são parceiros no trabalho. Eu sei que você tem contribuído muito com a formação dele. Não quero atrapalhar nada; fico feliz de ver meu filho e meu amigo se dando tão bem. Nós não vamos mentir para ele, só vamos deixar o passado bem guardado.

— Isso é cinismo, Renan.

— Não acho. Eu perdi todas as oportunidade de ficar com você, não tem mais como recomeçar. Agora você vai querer perder Tarso?

Eu já estava gostando muito de Tarso, não teria sentido perdê-lo por uma história frustrada que ocorreu antes mesmo do nascimento dele.

— Eu não sei, Renan. Você me deixou confuso.

— Desculpe, eu não vim aqui pressionar você. É uma pena que nosso reencontro tenha sido assim. É melhor eu ir embora, você precisa pensar. Se você decidir abrir a história ou se concordar em guardar segredo, vamos encarar tudo juntos. A gente sempre foi parceiro em tudo, lembra?

Perdido em pensamentos, acompanhei Renan até o estacionamento. Antes de montar na moto de Tarso, ele me deu um abraço. Quando ele partiu, fui sentar com o meu pai e, de forma resumida, contei como foi a conversa. Seu Antero só disse que não queria estar na minha pele.

Depois do almoço, meu pai foi descansar no quarto e eu fiquei sozinho na beira da piscina. Minha cabeça estava fervendo; os pensamentos iam de um lado a outro e não chegavam a lugar algum. Para refrescar as ideias, tirei a roupa e pulei na água.

No fim da tarde, tratei de me arrumar. Escolhi uma calça preta e uma camisa cor de vinho. Depois de passar um creme no rosto, arrumei os cabelos para o lado e apliquei um perfume suave atrás das orelhas. Por fim, tirei a aliança do dedo e guardei-a numa gaveta.

Antes de sair, dei algumas instruções ao enfermeiro Mauro. Meu pai insistia em dizer que não precisava mais de um acompanhante, mas eu não me sentia seguro para deixá-lo sozinho à noite. Depois de organizar tudo, chamei um carro para me levar à casa dos Marinos.

Foi Tarso quem abriu o portão. Depois do nosso beijo, ele me pegou pela mão e me levou ao encontro de Renan, que me recebeu com um sorriso de sogrão.

— Boa noite, Luís. É um prazer conhecer o namorado do meu filho.

Ao apertar a mão dele, eu sorri sem graça.

— Boa noite, Renan. É uma satisfação estar aqui.

Como se fosse nos unir num abraço, Tarso colocou uma mão no meu ombro e a outra no ombro de Renan.

— Finalmente o meu pai e o meu namorado estão se conhecendo.

Sem saber o que fazer, peguei Tarso pela cintura e lhe dei um demorado beijo na boca. Quando abrimos os olhos, Renan continuava ao nosso lado. Como um bom anfitrião, ele nos convidou para sentar à mesa.

Enquanto comíamos, falamos sobre assuntos aleatórios. Viagens, academia, esportes, investimentos… e tudo era motivo para a gente rir. A situação era o que se poderia chamar de surreal. Em alguns momentos, eu até esquecia do segredo que pairava sobre nossas cabeças.

Depois do jantar, ficamos conversando na sala e ouvindo músicas. Deitado no sofá, com a cabeça no meu colo, Tarso recebia meus carinhos nos cabelos e, de vez em quando, puxava minha cabeça para beijar minha boca. Sentado numa poltrona, Renan nos deixava à vontade para namorar. Meu sogro era um cara legal.

Perto das onze, Renan avisou que iria para o quarto. Espreguiçando-se, Tarso se levantou e passou o braço por meu ombro.

— Eu e Luís também vamos nos deitar.

O quarto do meu namorado era muito organizado. Além da cama e dos armários, tinha uma escrivaninha e uma estante cheia de livros. Na mesinha de cabeceira, havia uma foto em que ele e Renan exibiam belos sorrisos. Estranhei que Soraia não estivesse com eles, mas esse assunto não era da minha conta.

Como se estivesse em casa, tomei banho, escovei os dentes e passei um pente no cabelo. No espelho, vi meu rosto aceso — devia ser por causa da mistura de vinho e tesão.

Na cama, Tarso me abraçou e nos beijamos. Depois ele conduziu minha cabeça para o meio das suas pernas. Com muito amor, fiquei namorando a picona dele: cheirei, lambi, chupei e passei o talo babado na minha cara.

Depois de ser mamado, Tarso se deitou atrás de mim, passou um braço pela frente do meu peito e dobrou minha perna para a frente. Dando beijinhos no meu pescoço, ele ficou girando os quadris contra a minha bunda, até seu caralho encontrar a entrada do meu cu. Adoro ser pego de ladinho, mas a engatada doeu.

— Tarso… ah.

— Mexa essa bunda, Luís.

Prendendo-me com mais força, ele deu uma socada rápida e crua. Sua cintura bateu com força na minha bunda e o som abafado encheu o quarto. Dobrando a cabeça para trás, consegui receber a língua dele na boca e tomei um pouco do seu cuspe.

Sem pressa, saboreando o quente contato da carne, ele ficou me fodendo. Lentamente, o pau entrava e saia do cu. Girando a cintura no mesmo ritmo, a gente desfrutava o prazer de sermos machos que se engatam. O atrito entre nossas pernas, o calor do peito dele nas minhas costas, as putarias que a gente sussurrava, tudo fazia o desejo aumentar.

Minha rola não parava de babar no lençol; eu era um veadão safado mesmo. Era um puta tesão dar o cu ao meu novinho na casa dele, com o seu pai dormindo no quarto ao lado. Talvez Renan ainda estivesse acordado; talvez até pudesse ouvir nossos gemidos, nossas palavras de machos que se botam para foder quando estão na cama.

As fincadas se tornaram cada vez mais rápidas, cada vez mais fundas. De tanto prazer, a gente estava quase gritando.

— Vai, Tarso! Me fode, porra! Meta!

— Tome pica, veado!

— Ai, caralho!

Nessas condições, seria difícil segurar o gozo. Agoniado, Tarso desengatou e mandou que eu ficasse de frente. Ele gostava de leitar meu cu olhando nos meus olhos. Assim que levantei as pernas, ele se deitou em cima de mim, meteu novamente o cacete na minha bunda e botou para arrombar comigo.

No melhor estilo filhinho que come o paizão, Tarso desceu a madeira no meu cu. Com os pés apoiados nos seus ombros, segurei na bunda dele e o incentivei a me varar sem pena. Urrando de tesão, ele esticou as pernas, jogou o peito sobre o meu, despejou cuspe dentro da minha boca e empurrou a língua sobre a minha.

Cravado no fundo do meu cu, a rola inchada de Tarso começou a pulsar. No mesmo instante, minha pica começou a vibrar entre nossos ventres. Unidos pela força do gozo, compartilhamos um longo gemido. E muita porra foi derramada.

Depois de uma puta foda, o sono tomou conta do nosso corpo. Com olhos fechados e voz de menino, Tarso falou suas últimas palavras daquela noite.

— Você é meu. Só meu, Luís.

Tarso era o meu homem; eu era feliz por pertencer a ele. No que dependesse de mim, a amizade que tive com o pai dele ficaria escondida para sempre, até ser esquecida. A partir dessa noite, eu e Renan teríamos uma ótima convivência de genro e sogro.

Passando um braço pela cintura de Tarso, entrelacei nossas pernas e fiz com que nossos caralhos se grudassem. Depois de beijar seus lábios, soprei uma verdade dentro da sua boca.

— Sou todo seu, Tarso. Só seu.

Não dava para saber se eu havia tomado a decisão correta; isso o tempo diria.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 6 estrelas.
Incentive Luís Castillo a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil de Xandão Sá

a vida não é perfeita mas ela presta, com todos os seus defeitos. o mais delicioso dessa história é que são personagens cheios de humanidade, com seus desejos, medos, erros e tesão. acho que renan e luis vão acertar as contas do passado na cama e conflitos existem em todos os lugares...

0 0
Foto de perfil genérica

UMA RELAÇÃO BASEADA NA MENTIRA NÃO TEM COMO ACABAR BEM. SE CORRER O BICHO PEGA SE FICAR O BICHO COME. TARSO É ADULTO SUFICIENTE PRA ENTENDER O QUE ACONTECEU. MAS A DECISÃO CABE A VOCÊ. MUITO TARDE PRO RENAN SE ARREPENDER. BABACA DEMAIS, DANÇOU, A FILA ANDA.

0 0
Foto de perfil genérica

A verdade vai vir a tona e tem colocar os pingos nos is.

0 0