Depois de ouvir os audios, raciocinar tudo, minha mente rodeava tanto, que não cheguei a ver a hora, e acabei dormindo. No dia seguinte, acordei cedo, mas não por causa do trabalho. A cabeça fervia desde a noite anterior, e eu sabia que precisava ver a Mônica… longe de todo mundo, sem olhares curiosos, sem interrupções. Peguei o celular e disquei o número dela.
Ela atendeu rápido, a voz ainda sonolenta.
— Pedro? Bom dia...
— Bom dia, Mônica. Recebei a minha mensagem ontem? — perguntei.
— Sim, eu recebi. — Ela disse, enquanto ainda se espreguiçava no telefone. — Primeiro eu achei que falava sério mesmo, pensei que... Nunca mais ia falar com você. O que houve?
— Preciso te ver. — falei, direto. — Mas não em qualquer lugar. Anota o endereço… e vem sozinha. Eu não quero, no momento, que alguém do nosso círculo nos veja juntos.
— Tá... — Ela respondeu.
Não dei muitos detalhes, só o suficiente para ela entender que era importante.
Cheguei antes no quartinho de um motel que eu conhecia ali, um canto discreto que quase ninguém sabia que existia. Não era o melhor lugar para encontra-la, mas era um discreto. Tranquei a porta por dentro e fiquei esperando. O silêncio só era quebrado pelo som distante da rua, abafado pelas paredes antigas.
Quando ouvi passos no corredor, meu peito acelerou. Ela bateu na porta uma vez, e eu corri para abri-la. A mesma se abriu devagar e ela entrou. Antes que qualquer palavra fosse dita, fui até ela. Segurei seu rosto entre as mãos e a beijei, com força, com urgência. Senti o corpo dela relaxar no meu, como se aquele momento fosse inevitável.
Nossas bocas estavam ali juntas se tocando como se fossem a primeira vez que estávamos ali nos beijando. A urgência ao qual os nossos lábios estavam se movimentando mostravam a saudade e a vontade que eu tinha de poder beijar e tomar aqueles lábios tão macios quanto tocar com os lábios um tecido de seda. Mônica me abraçava, apertando meu corpo contra o dela enquanto nós estávamos ali nos beijando intensamente.
Beijava a boca dela intensamente enquanto as minhas mãos estavam ali se deslizando pelas curvas do corpo dela. Acabei por escorregar uma de minhas mãos e agarrar bem a bunda dela, apertando ainda por cima de sua veste enquanto eu comecei a caminhar sim desgrudar nossos lábios e acabei por jogar ela em cima da cama. Acabei então ficando por cima, e ali fiquei beijando os lábios intensamente, nossas línguas estavam ali se enroscando com vontade enquanto vejo ela passear as mãos pelo meu corpo.
Mônica acabou então escorregando as mãos e tirando minha camisa. Estavamos definitivamente ali nos reconciliando. Não importa, no fim eu amava muito aquela gostosa. Quando estava no meio de suas pernas aproveitei para tirar a sua veste junto da calcinha, e assim eu estava ali praticamente no meio das pernas, vendo aquela bucetinha lisinha e rosada. Acabei então caindo de boca, assim passando a chupar lentamente aquela bucetinha gostosa, enquanto a minha língua foi percorrendo na região. Dava uma chupada gostosa, movimentando a minha língua com cuidado, pois ainda era virgem.
Depois de deixar a bucetinha toda babada, eu acabei subindo novamente. Minha boca foi chupando cada canto de seu corpo, eu beijei seu ventre, subindo para beijar e envolver a boca no seu seio. Logo, ela se deitou de lado, e empinava a sua bundinha pra mim.
— Bota sem camisinha.. Goza no meu cu.
Eu então deixei o pau todo melado, enquanto tomei ali um cuidado para colocar um pouco de gel na entrada do cuzinho dela. Começamos então a mexer, te colocando o pau entradinha do cuzinho dela enquanto ela deu um gemido junto com um grito.
— Você está incomodada? Quer que eu coloque mais devagar?
— Eu confio em você. — Ela respondeu.
Foi então que comecei a meter bem devagarzinho enquanto ela estava deitada de lado. Mônica acabou então empinando ainda mais a bunda e logo eu comecei a meter, passando então a comer bem gostoso aquele cuzinho. Ela então mordeu o seu lábio e levou os seus dedos ali enquanto começou a jogar a bunda contra mim. Ela gostava de dar de lado, parecia que machucava menos.
— Ahh. Arg. Pedro... — Ela dizia.
Eu estava ali metendo gostoso. Quando fechei os olhos alguns pensamentos começaram a vir a minha mente. Coisas que não me agradavam muito, mas, se eu queria perdoá-la, me perdoar, era algo que eu tinha que superar.
— Pedro... — Ela olhou pra mim, gemendo, numa mistura de dor e tesão.
Eu sabia que ficaria para sempre na minha mente o que aconteceu entre nós dois, e principalmente o que o desgraçado do Vitor fez.
Talvez foi aquilo que começou a fazer com que o meu corpo passasse a se mover, eu passei então a meter um pouco mais forte naquele cuzinho. Ela começou a gemer, além de começar a gritar. Mudamos de posição enquanto ela ficou de quatro, levou uma de suas mãos aos meus fios de cabelo e começou a puxar.
Continuamos ali fodendo, até estar próximo de gozar.
Naquele momento acabamos se deitando de bruços, meu pau já estava quase dentro do cuzinho dela por inteiro, continuava movimentando meu quadril enquanto beijava as costas e o pescoço dela. Acabei jorrando com violência, minha porra se espalhava completamente dentro daquela bunda. Quando tirei meu pau, um pouco do resquício do meu gozo saía junto, e se espalhava pelas nádegas dela.
Cansado, ainda permaneci deitado do lado dela. Eu olhei para ela, Mônica estava praticamente acabada. Segurei então a mão dela em seguida.
— Arf... Você gostou? — ela perguntou.
Eu tinha gostado. Muito. Mas ainda me incomodava com o fato de tudo ter ocorrido.... Na viagem. Não queria admitir, mas, até dar o troco pelo que fizeram com ela, comigo, eu ainda me lembraria do... Vitor, Rafael.
— Gostei, amor. — respondi, olhando pra ela. Ela então me selou os lábios.
Quando nos separamos, ainda sem fôlego, naquela cama, eu comentei com ela em seguida:
— Eu ouvi os áudios… — falei, olhando nos olhos dela. — Os que você mandou… Eu acho que preciso te contar uma coisa.
— O que? — ela perguntou.
Foi então que contei sobre tudo. Sobre o passado, sobre a professora Ana. Sobre meu erro, que anos depois, viria dar o troco em minha vida, usando meu grande amor. De certa forma, eu me sentia responsável pelo que aconteceu com Mônica.
Ela ouviu tudo. Atentamente, sem desviar o olhar dela do meu. O olhar dela endureceu por um instante, ela me olhava de forma firme. Mas não desviou do meu.
— Obrigado por me contar, Pedro. — ela me respondeu. — Isso confirma as minhas suspeitas, sabe, pois eu soube de coisas também, Pedro. Muito mais coisas.
— Mais? — perguntei, tentando processar. — O que mais você sabe?
Ela respirou fundo, como se estivesse prestes a atravessar uma linha sem volta.
— Bom, eu vou te contar. Isa se arriscou muito pra descobrir sobre isso.
— Pode contar.
Um leve sorriso surgiu nos lábios dela, mas era um sorriso sério, pesado.
— Você só precisa estar pronto para ouvir… e para o que vai acontecer depois.
Os relatos á partir de agora, serão na visão de Mônica.
"Ainda estávamos em São Paulo quando pedi para a Isa me conseguir um número de telefone. Eu já tinha uma ideia de quem poderia me ajudar a descobrir tudo que estava acontecendo.
No dia seguinte, ela apareceu com um sorriso maroto e me entregou um papel dobrado.
— Tá aqui, o telefone do Rafael. — disse, me encarando com aquele ar de “espero que saiba o que tá fazendo”.
Agradeci, mas pedi para ela não se meter mais nisso. Não queria que ela se encrencasse. Mas ela, teimosa e já envolvida, de alguma maneira, retrucou:
— Depois do que descobri ontem à noite? Nem pensar. Agora é que eu tô dentro.
— Como assim? O que você descobriu ontem?
Foi então que ela desbloqueou o celular e me mostrou um print que me fez gelar. Era do telefone de Vanessa, e nele tinham mensagens trocadas com o Vítor. E tinha áudios que deixavam claro: elas não estavam só querendo sacanear o Pedro… tinha dinheiro envolvido. Muito dinheiro.
Meu coração disparou.
— Mas por que o Vitor pagaria tanto assim pra prejudicar só o Pedro? Não faz sentido… — murmurei, mais para mim mesma.
No final, chegamos a conclusão de que, alguma coisa aconteceu entre o Pedro e o Vítor, ou até mesmo o rafael. os audios deixavam claro que o que Pedro fez no passado, e eu poderia esperar e perguntar a ele quando chegasse em casa, mas eu queria saber naquele momento.
— Eu acho que tem uma pessoa que pode responder isso. — Isa disse.
— Quem? — perguntei.
— O Rafael. Pelo que vi, ele tá bem mais envolvido nesse plano do que a gente imagina.
— Bom, isso eu sei, por isso eu penso em falar com ele. — comentei.
— Eu acho que consigo arrancar dele mais fácil as coisas do que você. — Ela disse.
— Como assim?
— Aquele cara sempre quis me pegar, toda vez que ele sai com a Vanessa ele fica me bulinando, e eu nunca dei bola. Mas... Posso ver se consigo algo pra você.
— De jeito nenhum, Isa. Não vou te deixar fazer isso. — retruquei.
— Eu já comecei, amiga. Aliás, falando no cachorro. — Ela então mostra o telefone dela, tocando. Era ele. Ela atende, com o viva voz.
Isa — Alô.
Rafael — Oi gatinha. Tudo bom?
Isa — Tudo ótimo. Gostou de ontem?
Rafael — Claro, eu tava mó carentão. Não sabia que curtia falar sacanagem.
Isa — Eu posso curtir fazer bem mais coisas com você. Como te falei antes. — ela em seguida pisca. — Eu não dava mole, pela Vanessa. Mas ela te meteu tanto chifre aqui com o Vítor, né?
Rafael — Ah, aquele filho da puta não aguenta ver uma cocotinha que já quer meter o pau. — Ele riou. — Mas tu sabe que eu sempre quis você, e sem tirar onda, to muito querendo pegar a sua amiga também. A muié do Pedro vai me ligar quando?
Isa — Ai é com ela, gostoso.
Rafael —Eu preciso sei lá, me desculpar com ela pelo que aconteceu, ta ligado, porque eu não queria precisar envolver ela nesse lance. Minha rixa é com o Pedro.
Isa — Mônica é muito sonsa, eu te falei. Ela nem sonha que vocês encenaram pra ela.
Rafael — Shh, fala baixo, princesa. Ela não pode ouvir isso ai não. — mal sabendo que eu já estava ouvindo. — A gente quer ela explodindo com ele quando ela chegar. Depois disso o Vítor vai enviar pra ele as fotos comendo o cu dela pra quebrar ele.
Isa — Aquilo que você me contou sobre ele é verdade mesmo?
Rafael — Sim, papo reto mesmo. Minha raiva com ele é porque ele destruiu minha vida, ta ligado. Ela era minha única família e o cara brincando com os sentimentos dela. Agredia ela. E ainda fez ela se matar depois de terminar com ela. Usou e jogou fora, e nem se importou que ela era casada com o meu mano.
Isa — Por isso mesmo que estou disposta a te ajudar a ferrar com aquele cara.
O telefone então havia desligado e eu tinha mais uma bomba na minha mão. Havia alguma coisa errada naquela história, Pedro nunca fui de encostar a mão em uma mulher, não importasse o que. Mas havia alguma coisa na voz de Rafael que dizia que ele estava falando a verdade, porém restava saber se ele havia escutado a verdade. Naquele momento eu tinha uma carta na manga, ele queria muito me conhecer.
E naquele instante, olhando para aquele número no papel, eu soube que, se eu ligasse para ele, não haveria mais volta "
No dia seguinte, voltamos todas para o Rio de Janeiro. Eu ainda estava com a cabeça cheia, tentando processar tudo que havia acontecido.
Voltei então para o presente, onde Pedro estava comigo, deitado na cama, ouvindo o relato no telefone. E eu já esperava a reação dele:
— Mas que filho da puta. — ele disse. — Ele te disse isso mesmo, que eu agredia ela? Mas quem agredia ela era o desgraçado do marido!
— Fica de boa, eu não acreditei nisso. — comentei.
— E você chegou a encontrar ele em algum momento, Mônica? — Pedro me perguntou. Respirei fundo.
— Sim. Depois que saí da sua casa, aquele dia. Mas foi uma conversa rápida.
— Mas você saiu pra ir pra casa dos seus pais! Você mentiu? — Ele perguntou. Olhei em seus olhos.
— Claro que não, Pedro. Eu na verdade nem cheguei a ligar pra ele desde que peguei o número. Ia fazer isso como último recurso, caso eu não conseguisse te fazer ver a verdade. Mas ele se antecipou, veio atrás de mim.
— O que ele falou? — ele perguntou.
Eu contei então do dia que encontrei ele, depois que saí da sua casa, quando retornei para o Rio. Rafael apareceu do nada, me chamando pelo nome. Ele queria saber por que eu pedi o telefone dele e nunca liguei. Eu respirei fundo e respondi que ele deveria ter um pouco de consciência… afinal, eu tinha acabado de descobrir que você tinha me traído, sem contar outras coisas que nem valia a pena comentar ali.
Ele me olhou sério e perguntou por que eu não terminei com você. Eu disse que não via motivo pra acabar com tudo agora… que, no fundo, nós estávamos quites. E que eu só queria apagar tudo o que aconteceu, e que eu iria contar também sobre a minha traição. E foi naquele momento que eu vi o semblante dele mudar, como se ele visse que o que ele queria, estava acontecendo tudo errado. Você tinha que ver o desespero nos olhos dele.
— E o que aconteceu depois? — Perguntou Pedro. Eu continuei:
Ele tentou de início me convencer a terminar com você, que eu merecia coisa melhor. Eu disse que ele não tinha direito de falar aquilo, e que ele também não tinha direito de engana-lo fingindo que era amigo seu. E foi então que ele me disse, olhando nos meus olhos, que você ainda escondia algo muito grave de mim.
Minha curiosidade falou mais alto e eu demonstrei interesse, olhando ali mesmo nos olhos dele. Perguntei o que era, mas ele devolveu com outra pergunta: se ninguém tinha me contado nada. Eu expliquei que só ouvi insinuações — que no passado, você teria se envolvido com uma mulher casada — mas que isso não importava, porque foi antes de me conhecer.
Eu disse que apesar de achar isso nojento, afinal de contas eu não esperava que você fosse desse tipo, eu não poderia falar nada, já que eu dei o troco com ele ficando com o Vitor no fim das contas que também estava em processo de separação, porém era casado. Só que Rafael me contou que seu caso era ainda mais grave, já que ele usou e abusou da pessoa e depois jogou fora viu e esta pessoa ficou com tanto trauma que acabou perdendo a vida.
Naquele momento eu pedi mais explicações com relação a isso mas Rafael acabou desconversando. Ele então acabou pegando a minha mão e olhou diretamente para os meus olhos e disse que eu não merecia ter alguém como Pedro, e que eu lembrava de certa forma "ela".
Questionei Rafael sobre quem ele estava falando. Ele então disse que era sobre a irmã dele, e que quando ele olhava para mim conseguia enxergar a pureza que a irmã dele tinha antes de se envolver com o Pedro.
Eu acabei empurrando Rafael quando ele chegou mais perto, e comentei para ele não me procurar mais. É claro que ele me procurou ontem.
Voltei então a conversa com o Pedro, enquanto ainda estávamos deitados na cama. Pedro seguia ouvindo os acontecimentos, prestando atenção em tudo. Pedro então me perguntou sobre o conteúdo da conversa.
— Amor o Rafael me procurou algumas horas depois que ele saiu com você. Ele me disse que sabia que você iria acabar me descartando.
— E você?
— Eu apenas disse que você provavelmente entendeu tudo errado.
— E depois? — ele perguntou.
— Ele então me perguntou o que eu havia dito para você. Eu disse que apenas disse que acabei sabendo de sua traição e que eu acabei traindo você também. E que você não aceitou e foi embora. Mas não falei nada sobre as coisas que descobri.
Foi então que vi nos olhos de Pedro uma certa tristeza. Onde logo em seguida ele balançou a cabeça, e olhou diretamente para mim e segurou minhas mãos. Com uma determinação no olhar, ele então dizia:
— Mônica vamos colocar uma pedra nesse assunto. Eu não vou negar, que como homem, eu me sinto frustrado por terem nos enganado, e por sua primeira vez... Lá atrás... Ser de outro homem que não seja eu.
— Me desculpa... — Eu disse, quase saindo lágrimas nos olhos. Ele me confortou, de um jeito fofo, e continuou.
— Você errou, eu também errei, e sinceramente, eu acho que errei não só com você mas também comigo mesmo. Tudo isso está acontecendo por minha culpa, porque eu acabei envolvendo você nisso. Eu não quero que eles façam nada de ruim com você, portanto eu quero que você se afaste. Eu vou resolver isto.
Eu o entendia, mas não podia, simplesmente abandonar tudo, depois de tudo que fizeram comigo, conosco. Eu sinto que precisava agir, por nós dois.
— Eu não posso me afastar Pedro. Eles me prejudicaram também, acabaram me usando para prejudicar você. Eu me sinto suja mas ainda mais, eu me sinto com raiva desse povo.
— Então tá bom Mônica. Eu preciso pensar em alguma coisa eu preciso procurar alguém. Alguém que entenda o que eu posso fazer contra esse pessoal de uma vez para nunca mais sermos importunados por eles.
— Então ta bom, amor. Mas sabe, eu tava pensando em uma ideia. — disse.
— Qual ideia? — ele perguntou.
Foi então que comentei com o Pedro sobre nossa ideia, minha e da Isa. Eu estava feliz pois dessa vez iríamos fazer algo junto, para desmascarar todo esse pessoal, e ao mesmo tempo podemos finalmente ficar em paz.
Acabamos nos despedindo com um beijo apaixonado. Pedro então me olhou nos olhos, com um sorriso de ponta a ponta, ele me disse que me amava e que ninguém mais iria nos machucar. Iríamos ficar ainda separados por algum tempo. Mas nossos corações estarão conectados.
Foi então que sai do motel, e acabei tomando cuidado para não ser seguida. Pelo jeito não tinha ninguém ali, e foi então que naquele momento eu acabei pegando o meu telefone, e começando o meu plano.
Vamos voltar novamente para Pedro.
Saí do motel ainda sentindo o gosto do beijo da Mônica. A cabeça estava fervendo. Tudo o que ela me contou… o tal plano… e agora eu, mais do que nunca, precisava agir.
Não dava pra ficar só esperando o próximo golpe desse pessoal. Eu tinha que ir atrás de alguém que entendesse de lei, alguém que pudesse me ajudar a enterrar de vez esses desgraçados. Eu sabia que tinha brechas ai, que eles estavam cometendo crimes, e somente usando a justiça pra conseguir ficar em paz.
Tava andando rápido, eu sabia um bom advogado pra procurar. Eu tive um amigo, nos tempos da faculdade, um que cursou direito, seu nome era Alex. Seguia pelas ruas, quando o destino resolveu brincar comigo. Virei a esquina e lá estava ele: Marcos.
Mais magro, ombros caídos, parado no sinal vermelho como se carregasse o peso do mundo nas costas.
Nem pensei. Avancei e agarrei ele pelo colarinho.
— Finalmente! — rosnei. — Cara a cara com o desgraçado que tentou abusar da minha mulher!
Ele arregalou os olhos, começou a tremer. — Calma, Pedro… calma…
Mas eu não tava ali pra ouvir desculpa.
Ele deu um tranco e saiu correndo. Instinto puro: fui atrás. A raiva me deu gás. Alcancei ele em poucos metros e me joguei por cima, derrubando nós dois no chão. O som do soco que acertei na cara dele ecoou na minha cabeça.
— Vou acabar com você e depois vou te mandar pra cadeia, seu lixo!
— Não faz isso! — ele implorou, o rosto já inchando. — Eu… eu tenho coisa pra te contar… muita coisa!
Parei. O coração martelando no peito. — E por que eu não te quebro todo aqui mesmo?
— Porque… porque é coisa grande… é sobre o Vitor… — ele engoliu seco. — Eu prometo que falo tudo se você não me entregar agora.
— E porque você acha que eu teria interesse? — Perguntei.
— Porque diz respeito a uma armação dele pra te ferrar e querendo ou não, eu tô na mão dele.
Alguns minutos depois, estávamos na minha casa. Ele ainda tremia, a mão suando no copo de água que eu tinha dado. Eu estava em pé, braços cruzados, esperando.
— Fala logo, Marcos.
Ele respirou fundo.
— Na primeira vez… eu… eu bebi demais e tentei sim abusar da Mônica… — engoli a raiva e deixei ele continuar. — O Vitor me intimidou depois e eu me afastei. Mas… antes dessa última viagem… ele me achou.
— E?
— Ele tinha um vídeo daquela noite… me ameaçou… disse que ia me mandar pra cadeia se eu não fizesse o que ele queria. Eu não queria me meter de novo, Pedro. Eu recusei.
— E aí?
— Ele… ele disse que era perigoso… que já sumiu com gente imprestável antes. E nessa hora eu entendi o que ele quis dizer… e que poderia fazer o mesmo comigo.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, analisando cada palavra. Ele me olhava como se esperasse um veredito.
— Você tá me dizendo que isso tudo é verdade? — perguntei, encarando fundo.
— É… é sim.
— E porque eu deveria acreditar em você?
— Porque eu levei ele pra conversar comigo na rua da minha casa. Lá tem a câmera do sistema de segurança. Elas mostram nós dois.
— E você tem audio, alguma coisa?
— Não. — ele disse
— Então isso não significa nada. Ele pode ter falado qualquer coisa pra você.
— Mas mostra que ele me ameaçou sim, ele me agarrou no colarinho e quase me deu um soco. Se quiser, eu pego ela e te dou.
— Mano.. Só fica ai. — disse, enquanto estava pensando no que fazer.
Pensei rápido. Isso podia ser uma oportunidade. Peguei o telefone e disquei um número que eu não usava há um bom tempo.
— Alex? É o Pedro. Preciso de você agora. É sério.
Meu velho amigo advogado chegou em meia hora. Sentou-se no sofá, ouviu cada detalhe da história, sem interromper. Quando Alex terminou de ouvir tudo, ele se recostou na cadeira, cruzou os braços e ficou em silêncio por alguns segundos. Eu sabia que ele estava calculando cada detalhe na cabeça.
— E aí, Alex… o que a gente pode fazer legalmente pra acabar com esses filhos da puta de uma vez por todas?
— Pedro… se isso tudo que você me contou for verdade e se a gente conseguir provas, eles estão encrencados até o pescoço — ele disse, firme. — Você pode processar tanto o Rafael quanto o Victor por fraude e por prejuízo moral. Isso, se bem feito, pode render multas pesadas contra eles.
Ele fez uma pausa, respirou fundo e continuou:
— Já a Vanessa e a Elisa… essas duas entram em corrupção e aliciamento, por conta dos trinta mil que receberam para armar a traição. Isso é crime.
Eu fiquei calado, absorvendo cada palavra.
— E tem mais — Alex prosseguiu. — Todos eles podem responder por falsidade ideológica, fraude e difamação, por conta da edição do vídeo que te incriminou. Sem falar que o quarteto — Victor, Rafael, Elisa e Vanessa — pode ser enquadrado por associação criminosa.
— E o Victor? — perguntei.
— Esse, especificamente, responde também por extorsão mediante grave ameaça. Artigo 158 do Código Penal. Pena de quatro a dez anos, mais multa. E, se conseguirmos o tal vídeo, a situação dele piora muito.
Nesse momento, Marcos pigarreou e disse:
— O vídeo existe… mas não tem áudio.
Antes que eu dissesse qualquer coisa, Alex sorriu de canto.
— Isso não é problema. Qualquer perito faz leitura labial e consegue dizer exatamente o que foi falado. Especialmente se houve coerção.
Marcos baixou o olhar.
— Mas se eu mostrar esse vídeo ai, eu posso me fuder cara. Eu não quero ir pra cadeia. — disse ele.
— Deveria ter pensado nisso né amigo, antes de fazer merda. Mas se ajudar, eu posso ver o que faço por você. — respondeu ali Alex. Eu o encarei.
— Eu… não posso mostrar o vídeo. Se eu fizer isso, eu mesmo posso acabar preso.
Fiquei encarando ele, e minha cabeça começou a trabalhar a mil. Eu precisava desse vídeo. Era a chave para começar uma mudança contra essa gente. Mas com certeza ele não daria, ele está com muito medo.
— Mano, você tem idéia do que você fez com a Mônica? Você tem obrigação de ajuda-la. — disparei.
— Olha mano, sinceramente. Eu já falei o que tinha que falar mas não contem comigo se isso for me levar pra cadeia.
Alex ficou me olhando sério por alguns segundos, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado, e disse:
— Não esquenta com ele, Pedro. Podemos conseguir esse vídeo com uma autorização judicial, o estabelecimento vai ser forçado a dar do mesmo jeito. — Alex então olhou para Marcos, sutilmente. Ele então comentou comigo.
— Pedro… você foi envolvido numa armadilha muito grande. Coisa pesada mesmo. Mas ainda tem como resolver.
Aquilo me deu um certo alívio, como se alguém tivesse acendido uma luz no fim do túnel.
— Obrigado, Alex. Você me deu um novo norte. Agora eu sei que posso tentar resolver tudo isso pela justiça — respondi, mais firme.
Ele assentiu.
— Sim, podemos. E tem mais… eu tenho um amigo que mora em São Paulo. Vou ligar pra ele, porque eu tenho uma suspeita sobre isso tudo.
— Que suspeita? — perguntei, curioso.
Ele apenas balançou a cabeça.
— Conversa pra depois. Eu te falo no momento certo.
Nos levantamos.
— Bom, eu vou arcar com os seus honorários depois, de qualquer jeito — falei, estendendo a mão.
Ele riu e empurrou minha mão de volta.
— Esquece isso. Somos amigos.
— Não, Alex… eu insisto.
Ele suspirou, rendido:
— Tá bom… já que insiste tanto, me compra um presente de casamento. Vou me casar daqui um mês e meio. E quero você e a Mônica lá.
Sorri de canto.
— Ae, cara, finalmente decidiu! Hahahaha! E aí, vai casar com qual das duas?
Ele apenas riu, deu um tapinha no meu ombro e disse:
— Tchau, Pedro.
Fiquei olhando ele ir embora. Logo depois, me voltei para o Marcos, que ainda parecia meio tenso sentado no sofá.
— É isso, Marcos, tudo ta nas suas mãos agora. Quer compensar toda merda que você fez. Então me conta, vai me dar o vídeo? — perguntei, direto.
Ele respirou fundo.
— Se eu entregar, vou ser obrigado a falar… e aí vão me processar pelo que eu fiz.
Fiquei encarando ele. Eu sabia que não seria fácil convencê-lo, mas também sabia que aquele vídeo era a peça que poderia derrubar todo mundo.
Marcos abaixou a cabeça, como se estivesse esperando que eu desistisse do assunto.
— Olha pra mim, Marcos — falei, firme. — Se você acha que vai se safar ficando quieto, tá enganado. O Vitor já usou você uma vez… e vai usar de novo.
Ele não respondeu.
— E sabe o que acontece com gente que sabe demais e não fala nada? — continuei, me inclinando pra frente. — Eles somem. Ou você acha que aquela história do Vitor ter “sumido com alguém” era só papo?
Ele engoliu seco.
— Você acha que ele vai me matar? — perguntou, quase num sussurro.
— Eu acho que você já está na lista dele. E a única forma de se proteger é vir pro nosso lado. Entregar o vídeo, contar tudo, e a gente coloca isso na mão da polícia. Com o Alex no caso, e a Mônica podendo depor a seu favor, você pode até pegar uma pena menor… ou quem sabe evitar a prisão.
Marcos ficou me olhando, pensativo. Eu sabia que a ideia de cadeia ainda o apavorava mais do que o Vitor. Sinceramente, naquele momento, eu não me importava em blefar pra ele, eu só queria colocar as mãos nesse vídeo.
— Eu ia te mostrar o vídeo mano, mas se for pra levar pra polícia, não tem como, vai arruinar minha vida. Vou ficar preso. — disse ele, hesitante.
— Não vai ficar — garanti. — Mas se você continuar escondendo o vídeo, aí sim você vai estar sozinho… e com dois lados querendo a sua cabeça.
Ele respirou fundo, passou as mãos no rosto e disse:
— Tá… eu vou pensar.
— Não pensa demais, Marcos. Esse jogo pode acabar mais rápido do que você imagina.
No dia seguinte, recebi uma mensagem do Marcos: "Preciso falar com você. Hoje. Sem o advogado."
Eu aceitei, desconfiado. Nos encontramos num café afastado, num canto quase vazio. Ele chegou de capuz, olhando pros lados como se cada cliente fosse um informante do Vitor.
— E aí, decidiu me ajudar? — perguntei, sem rodeios.
Ele respirou fundo.
— Eu… vou entregar o vídeo.
— Ótimo — respondi, tentando esconder o alívio. — Me passa agora.
— Não é assim — cortou ele. — Eu tenho uma condição.
— Que condição?
Marcos se aproximou e falou baixo:
— Eu só entrego o vídeo se você garantir que ele não vai cair direto na mão da polícia… ainda. Quero um tempo pra sumir, pra ir embora do Rio. Se o Vitor descobrir que fui eu, tô morto.
— Você sabe que se você fugir tu ta ferrado né?
— Mano, não importa, eu só quero um tempo mesmo, depois vocês podem fazer o que quiser com essa merda ai.— disse ele.
— E como você quer que eu use o vídeo então?
— Você pode mostrar só pra quem for necessário, mas sem protocolar nada… até eu estar longe.
Fiquei olhando pra ele, avaliando.
— E quanto tempo você precisa?
— Duas semanas.
— Duas semanas é muito — retruquei. — A Mônica e eu estamos no meio de um plano, e esse vídeo pode ser a chave pra derrubar todo mundo.
Ele balançou a cabeça.
— Uma semana então, pelo menos, é o que eu preciso pra pular fora.
Naquele momento percebi que, mesmo me ajudando, Marcos ainda estava jogando o próprio jogo. Mas se eu quisesse aquela prova, teria que aceitar… pelo menos por enquanto.
— Tá bom — disse por fim. — Mas se você me ferrar, Marcos… não vai ser só o Vitor que vai atrás de você.
Ele não respondeu, apenas deixou um pen drive na mesa e saiu. Fiquei olhando aquele pequeno objeto, sabendo que ali dentro podia estar o início do fim deles…
Quando o arquivo finalmente carregou, meu coração já estava acelerado.
A imagem era em preto e branco, granulação típica de câmera de segurança antiga, mas dava pra ver tudo com clareza suficiente. O corredor estreito de um prédio, piso gasto, e logo Marcos aparecendo, parado bem na frente da câmera, como se estivesse esperando alguém.
Então ele chegou. Vitor. Mãos nos bolsos, postura relaxada demais para alguém que carregava tanta ameaça no olhar. Ele parou a menos de um metro de Marcos, cruzou os braços e ficou ali, encarando… até que, num movimento rápido, agarrou o colarinho dele.
Congelei.
A boca de Vitor se mexia, palavras curtas, firmes, carregadas de veneno. Mesmo sem áudio, dava pra sentir o peso daquilo. Marcos tentava se explicar, mas o olhar dele era puro medo.
De repente, Vitor afastou um lado da jaqueta e deixou à mostra a coronha de uma arma presa na cintura. Não sacou, não precisou. Apenas apontou com o queixo para a arma, como quem diz: "Você entendeu, não entendeu?"
Marcos recuou meio passo, mas Vitor puxou de novo, colando o rosto no dele, continuando a falar. Eu podia jurar que naquele momento a câmera capturou o exato instante em que o pavor tomou conta dele. De repente, aparece até mesmo Rafael, com algo na mão também, o intimidando.
A cena terminou com Vitor soltando o colarinho e saindo calmamente, junto de Rafael, como se nada tivesse acontecido. Marcos ficou parado, respirando rápido, olhando em volta antes de desaparecer do enquadramento.
Eu pausei o vídeo, respirei fundo. Aquilo não era só prova… era munição.
Com uma prova dessas, Alex poderia abrir um leque enorme de acusações. Mas… se eu usasse agora, o Marcos ainda estava no Rio, vulnerável.
Peguei o celular e mandei uma mensagem curta pra ele:
"Tenho o vídeo. Você tem sete dias."