Capítulo 3 - Problemas no palco.

Um conto erótico de O.S.N.
Categoria: Heterossexual
Contém 1683 palavras
Data: 12/08/2025 14:09:52

Quando chegava perto da área onde os carros estavam estacionados, ela veio. Luciana correu em minha direção aos prantos, se jogando aos meus pés. Chorava copiosamente é aquilo só me dava mais raiva.

- Não vai, Lipe! Vamos conversar! - gritava, chamando atenção dos que estavam fora da casa e também dos que estavam dentro. Ela apertava minha perna e eu tinha nojo até de encostar em sua cabeça pra me afastar.

- tira as mãos de mim! - rosnei entre os dentes. - você me tirou a dignidade. Não me tire a razão. - falava baixo. Só ela ouvia.

me olhou com aqueles olhos lindos que por vezes me perdi em amor e desejo. E agora só via duas poças de lama e sujeira um poço de mentiras e ardis.

- Lipe, foi um erro!! Um único erro em todos esses an- - a interrompi com um rompante

- eu vi e ouvi tudo, sua filha da puta!!! Ninguém tem saudade do que nunca viveu!! Você faz isso pelas minhas costas há quanto tempo? Meses? Anos? Você sabia o que tava fazendo!!

Naquele momento, meu sangue ferveu. O toque dela, antes tão aconchegante e gostoso, agora parecia ácido. Me queimava. Sentia minha pele formigar e arder. Eu cheguei a fechar minha mão. Senti minha respiração alterada e comecei a tentar me controlar.

Andre e Daniel se aproximaram junto com Lívia e Valeria, sem entenderem direito o que tava acontecendo.

- por favor, pessoal. Tira ela da minha perna. Eu tô a ponto de deixar minha razão de lado e dar o que essa piranha merece! - disse com falso controle na voz. Meu corpo rígido. Sentia minhas carnes doerem.

Luciana se assustou com a forma a qual me referi a ela. Ela sentiu o golpe. Apertou mais minha perna, não por raiva mas por desespero.

- não fala assim, Lipe!! Você sabe que eu não sou isso!! Eu te amo!! - berrava enquanto as lágrimas vertiam sem fim pela sua face.

Nessa altura, somente Mario não havia aparecido. Todos os outros estavam diante de nós. Os que não tentavam entender, eram os que se fingiam de desentendido.. Marcela e Murilo estavam pra trás, como se nada tivesse acontecido. Murilo ainda teve a pachorra de se aproximar com um sorriso debochado.

- que isso, cara... Vai acabar com a comemoraç-. Não terminou a frase. Fiz tanta força que arranquei minha perna das mãos de Luciana e acertei um soco no queixo de Murilo que desmontou. Dei alguns chutes em sua barriga enquanto os meninos, após o choque do murro, correram pra me tirar de cima. Pus meu pé bem na bochecha daquele traidor desgraçado e me virei pra ela.

- foi por esse merda que você acabou com o casamento. Eu quero que veja essa imagem e nunca mais esqueça. VOCÊ ME TROCOU POR UM HOMEM MEDÍOCRE!!!

os meninos me tiraram de cima de Murilo que cuspia sangue e tinha a boca e o nariz cortados. André me agarrava pela cintura, me empurrando, fazendo uma força descomunal pra proteger o irmão.

- que isso, Lipe?!! Você não é assim, cara!!! Calma. - disse tentando me trazer a razão. E é aqui que eu me culpo e me culparei até o fim dos meus dias.

Gostaria de avisá-los de antemão que essa história não termina bem. Em nenhum aspecto mas de todos eles, esse é o que matou algo em mim e não tenho como recuperar. Voltando...

Nesse momento, segurei a cabeça de Andre com as duas mãos. Olhei no fundo de seus olhos. Aqueles olhos gentis e sonhadores. De quem lutou e lutaria sempre. Nunca desistir. Eu lembro que foi só aí que chorei. Chorei por nós dois.

- ele tava comendo as duas, Andre!!! Esse filho da puta tava comendo a Marcela e a Luciana!!! Eu vi!!! Eu ouvi!!! E isso não é de hoje!!! Irmão, me deixa ir embora!!! Se eu ficar eu vou matar o seu irmão!!!

Pensando melhor agora, de alguma forma eu senti a vida do meu melhor amigo se esvair naquele instante. Aquele brilho nos olhos sumiu. Ele parou de me segurar. Todos pararam, na verdade. Com exceção de Marcela e Luciana, que vinham em nossas direções. Corri pro carro antes que Luciana me alcançasse de novo mas ainda vi Andre completamente catatônico.

Dirigi até a cidade com meu telefone tocando desesperadamente. Notificações de mensagem e telefonemas de todos eles. Mas não atendi. Lembro de chegar em casa pegar algumas roupas, as coisas do trabalho e alguns objetos pessoais. Ao sair olhei o apartamento. E chorei. Chorei sozinho. Me sentia amaldiçoado pela sina dos meus pais. Me sentia insuficiente pra qualquer mulher. Me senti um merda. Essa era a verdade. Catei minhas coisas, coloquei no carro e fui pra um hotel e por lá fiquei por 2 semanas.

Me afundei no trabalho e no álcool. Quando não estava trabalhando, estava tentando me matar de tanto beber. O pessoal continuava tentando contato sem sucesso. Precisava de mais tempo. Aquilo ainda queimava em mim, até que Lívia e Mário me encontraram. Eles possuíam outros conhecidos em comum do meu trabalho e alguém disse meu novo endereço. Não tinha raiva deles mas eles estavam acabados. O semblante triste e pesado. E assim se aproximaram de mim.

- não quero conversar, gente. Preciso de um tem-

- o andré morreu, Lipe. - disse Mario, amparado pela Lívia. Ambos choravam baixinho. Soluçando.

Aquilo me pegou muito desprevenido. Apesar do choque inicial, eu quis saber o que tinha acontecido com ele. Era meu irmão! O que o matou!

- como assim, Mario?! Quem matou ele, cara?! Responde, porra!!! - eu berrava e sacudia meu amigo pelos ombros. Sentia meus olhos transbordando de lágrimas.

- ele se matou, Lipe... - ele disse enquanto nos abraçavamos e chorávamos a morte dele. Eles entraram no Hotel e fomos para o meu quarto. Lívia só ficava quieta de mãos dadas com os dois. Naquele momento, era ela quem nos segurava.

Já no quarto, eles sentaram e me explicaram:

- depois daquele dia, parece que alguma coisa morreu nele. Marcela ainda discutiu com ele na frente de todo mundo, chamando ele de acomodado. Insultou a masculinidade dele diversas vezes e ele não reagiu. Ele estava fora do ar. A festa acabou naquele mesmo dia e quando voltamos, o pusemos em nosso carro e ele agiu como se nada tivesse acontecido. Achamos estranho mas pensamos que fosse só o jeito dele lidar com as coisas. - nesse momento, Mario rompeu em lágrimas e Lívia continuou a história.

- ele foi pra casa dos pais. Nunca pediu nada a Marcela. E ela... Bem, ela continuou dando pro Murilo e mais alguns outros que podiam bancá-la. Ontem, a tia Maria conseguiu falar com o Daniel, que também é médico dela e deu a notícia. Ela encontrou ele dentro do banheiro, com os pulsos cortados, envolto em sangue e já sem vida. - ela falava com a mão no meu joelho como uma tentativa de conforto.

Nunca na minha vida me senti tão miserável. Me culpava pela morte do meu melhor amigo. Sentia que eu tinha dado a punhalada final em seu peito quando descobri a dupla traição. Andre já vinha cambaleante pela vida e aquela situação quebrou tudo. Estava agoniado, sentia meu coração pesado como chumbo. Mas não chorei.

- onde será o enterro?

Meus amigos passaram a data e a hora e eu iria lá. Prestaria minha homenagem a meu irmão e melhor amigo. Assim que Lívia e Mario saíram peguei meu celular e fui atrás do contato de Mário. Só tinha uma mensagem não lida. Um áudio. Longo.

"Felipe, me perdoe pelo que causei a você e a Luciana. Nunca foi meu intento ferir ninguém. Você sempre foi meu verdadeiro irmão e sempre me alertou sobre Marcela em nossas conversas privadas e sempre pediu que ficasse de olho em meu irmão. Você estava certo e agora olha a bagunça que fiz. Tô deixando essa mensagem só pra que você saiba que te considero meu verdadeiro irmão e que você saiba que eu te amo e sempre vou te amar, independente do que aconteça. Fé e paz, irmão."

Aquilo me quebrou. Ele tentou falar comigo um dia antes da sua morte. Ele me pediu socorro e por conta desse furação que passou em minha vida, eu não percebi! Chorei e chorei muito. A culpa me consumia em escalas que eu nem sabia que eram possíveis. Me sentia a pior pessoa do mundo por abandonar meu melhor amigo que passava por algo similar a mim. Ainda sim me arrumei para o velório.

Cheguei lá toda a família estava lá. Tios, primos e todos os quais eu tive algumas interação por causa dele. Abracei a todos, menos Murilo, que não se atreveu a chegar perto de mim. Todos os amigos estavam lá, inclusive Luciana que sorriu ao me vez. Sabe-se lá por quê. Ela se moveu tentando chegar em mim mas valéria a segurou com firmeza, não a deixando sair dali.tia Maria ao me ver, me chamou e pediu que eu dissesse algo. Fui e olhei a todos e fixei meus olhar em Murilo, que ficou lívido. O filho da puta não derramará uma lágrima pelo irmão e ficará o tempo inteiro de conversinha no celular.

- Andre não era só meu amigo. Era meu irmão. O que eu nunca tive, o que sempre sonhei em ter. Ele tinha o dom de entrar em confusão! Principalmente política! - todos riram ainda que timidamente - mas tinha o melhor coração de todos. O mundo não merecia alguém como você, meu irmão. Que agora seu coração repouse entre os anjos, no lugar certo.

Todos aplaudiram. Dei um beijo em tia Maria e disse que precisaria me ausentar. Ela me deu uns tapinhas no rosto e pediu que eu me cuidasse. Fui em direção a saída e cruzei com Murilo. Ao passar ao seu lado, sussurrei alto o bastante para que ele pudesse me ouvir.

- vocês me tiraram tudo que eu mais prezava. Estejam preparados. Eu vou atrás de vocês e vocês pagarão.

Não vi o rosto dele. Não queria e não precisava. Eu ia me vingar. Não seria bonito, nem glamouroso. Eu acabaria com a vida deles como acabaram com a minha e a de Andre.

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Comentários

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Com o perdão da palavra mas......caralho q conto bom da porra, não o tinha lido ainda, mas fiquei impactado com os fatos narrados, muito bom, cheguei a sentir as dores e o sofrimento do Felipe, mas estou com medo do q possa vir a atingir o trio traíra,top de mais

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Obrigado, velhaco! É minha primeira série. Tô tentando fazer algo legal. A intensão é essa... Tentar transmitir os sentimentos e as angústias. O sexo tá lá mas é mero detalhe...

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Boa tarde Mhcmm, caramba, pesado irmão, muito pesado, pesado mesmo, a situação criada está no limite plausível do verossímil. Essa espiral autodestrutiva que o André entrou pode realmente culminar dessa maneira, mas ele já devia ter problemas emocionais anteriores, como baixa autoestima, insegurança, síndrome de rejeição, etc. A reação dele foi rápida, drástica e mortalmente passional, isso denota problemas anteriores. Bom conto, que venha a trama de uma vingança declarada, e por ser declarada, vai ser uma verdadeira guerra.

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Sei lá... Só fui escrevendo e isso me pareceu muito crível. Em algum momento do texto eu lembro inclusive do Felipe fazendo alertas sobre a mudança comportamental do amigo e ele só reparando depois

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Sim, é crível, mas uma pessoa dentro de um estado emocional equilibrado, não tira a própria vida por causa de uma traição, senão a humanidade estaria ameaçada, rsrs. A mudança de comportamento percebida, ao meu ver, foi sutil e aparentemente efêmera, em face ao ato extremo e irreversível cometido, mas tem pessoas que agem neste extremo, mesmo que não havendo indícios anteriores, é raro mas é plausível sim.

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Sim!!! Eu pensei que tivesse deixado subentendido que essa foi só a gota que transbordou o copo... Vou tentar encaixar algo mais significativo pra explicar toda a maldade...

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