Quando eu era menino, meu pai era meu protetor, meu amigão e meu ídolo. Quando fiquei adulto, ele se tornou também a minha inspiração profissional — o Direito passou a ser mais um elo entre nós dois. Temos também nossas diferenças; a principal está no fato de um ser hétero e o outro ser gay. Isso, porém, nunca nos distanciou; sempre tivemos uma boa relação de amizade, com momentos de muita cumplicidade.
No dia em que expus em casa a minha condição de gay, meu pai estava com quarenta e dois anos — continuava jovem na aparência e na maneira de encarar a vida. Sem fazer melodrama, ele assumiu o papel de homem que tem um filho veadinho. Em algumas ocasiões, fiquei até envergonhado por ele conversar abertamente sobre assuntos do meu mundo.
Houve uma vez que, depois de passar a tarde dando a bunda a um pauzudo filho da puta, fiquei com o cu em brasa, sem poder sentar nem andar direito. Durante o jantar, não consegui ficar quieto na cadeira. Para amenizar o incômodo, sentei de ladinho, parecendo uma menina recatada. Minha mãe e meu pai perceberam, mas nada disseram.
Terminado o jantar, levantei para voltar ao quarto. Meu pai e minha mãe trocaram um olhar e ficaram me observando. Muito desconfiado, saí andando pelo corredor. A cada passo, por causa da ardência no rego, minhas nádegas se mexiam mais do que era de costume; naquela noite, eu estava mais gayzinho do que nunca. O sofrimento era agudo, mas eu gostava da sensação de estar arrombado.
Mal me deitei, meu pai apareceu para falar comigo. Sentado na beira da cama, ele pegou no meu queixo e, olhando no fundo dos meus olhos, perguntou se eu havia saído com algum homem bruto.
— Luís, algum cara machucou você? Algum parceiro foi além do que você consentiu?
De tanta vergonha, o meu rosto ardeu mais do que o cu. Nos olhos do meu pai, vi muita preocupação. Se eu dissesse que fui comido à força, ele seria capaz de quebrar todos os ossos do vagabundo que se atreveu a abusar de mim. Eu até gostaria de ver o meu coroa colocar os músculos em ação para me defender, mas não era esse o caso. Com voz de mocinha desvirginada, relatei o ocorrido e fiz a defesa do caralhudo que havia me deixado dolorido e cheio de alegria.
— André é um cara legal, pai. Ele procurou o melhor jeito, mas foi impossível não me machucar. Ele não tem culpa de ser todo grandão.
Com a testa franzida, seu Antero parecia estar imaginando a cena: seu filhinho magrelo sendo fodido por um garotão big rola. Como se quisesse expulsar da mente essa imagem, ele olhou para o porta-retratos que estava na mesinha de cabeceira — unidos num sorriso, minha mãe, ele e eu. Depois de admirar nossa foto, ele me deu conselhos e fez uma pergunta que me deixou com mais vergonha.
— Luís, cuidado com esses caras dotados. A vida real não é um filme pornô. Em primeiro lugar, pense na sua saúde; tenha amor ao seu corpo, rapaz. Qual é mesmo a posição que você prefere na transa?
O constrangimento travou minha garganta. Acho que nenhum garoto veado imagina ter esse tipo de conversa com o próprio pai. Fazendo cara de ingênuo, soprei umas perguntas na cara dele, só para ganhar tempo.
— Preferência? Posição?
— Eu sei que você entendeu, Luís. Não precisa ficar com vergonha do seu pai; a gente também é amigo e eu entendo dessas coisas. Você prefere ser ativo, passivo ou tanto faz?
Eu queria cavar um buraco no colchão para me meter lá no fundo, mas me esforcei para parecer tão à vontade quanto ele.
— É assim, pai… Até hoje, sou aquele que morde a fronha, como se diz por aí. Passivo… entende?
— Compreendo. Cada um com suas preferências, não é? Eu só não gosto dessa palavra: passivo. Ela dá a impressão de que a pessoa não faz nada, fica paralisada, só recebendo aquilo que o outro empurra. E a gente sabe que não é assim que funciona, não é mesmo, Luís?
Caralho! O hétero machão Antero também conhecia as peculiaridades do mundo gay. Ele estava me dando aula. Como nossa conversa estava ficando cada vez mais livre, comecei a formular uma pergunta que pouquíssimos filhos ousariam fazer ao pai.
— Pai, você… Alguma vez?
Antes que eu encontrasse as palavras, ele entendeu o que eu queria saber e respondeu sem rodeios.
— Já sim, Luís. Isso faz parte da vida de muitos garotos, não é coisa de outro mundo. No meu caso, foram brincadeiras de meninos, naquela fase em que os hormônios estão estourando no corpo. Foi legal, teve até beijo na boca. Hoje não penso mais nisso. Mas não vou mentir: tem uns carinhas que chupam rola gostoso pra caralho.
Nossa gargalhada foi tão alta que minha mãe deve ter escutado lá no quarto do casal. Sentindo-me muito à vontade, fiz um comentário que provocou mais sorrisos.
— Gostei de saber que, quando era novinho, doutor Antero fez a alegria de muitos gayzinhos por aí. Meu paizão subiu no meu conceito.
Quando conseguimos parar de rir, ele deu um soco de brincadeira no meu peito e usou sua autoridade para me colocar no meu lugar.
— Luís, eu sou o seu pai. Você me respeite, seu safado.
Com as duas mãos, eu o agarrei pelo pescoço e o puxei para um abraço.
— Eu amo você, pai.
Esse foi um dos muitos momentos de cumplicidade que tive na adolescência com meu amado Antero. Um confiava tanto no outro, que ele não me pediu para guardar segredos sobre o que havia me confidenciado. Meu pai sabia que eu jamais falaria sobre esse assunto com a minha mãe, muito menos com qualquer outra pessoa.
Agora que éramos dois viúvos, ele queria saber com quem eu perdi a virgindade. Impressionante como pai e mãe sabem tudo sobre os filhos. Na minha adolescência, eu escondia de todo mundo os meus sentimentos, mas dona Celine e seu Antero percebiam os meus desejos pelo meu amigo Renan.
Depois de tanto tempo e de tantas coisas que aconteceram na minha vida, meu tesão por Renan havia se apagado. Aquele amor frustrado me ensinou que ser rejeitado não é uma sentença de morte. Meu primeiro amor não me quis, mas muitos homens me quiseram — alguns, eu me dei ao luxo de rejeitar.
Falar agora sobre minha primeira desilusão amorosa era como dar um mergulho no passado. Meu pai estava esperando uma resposta, por isso eu trouxe a história à tona.
— Renan foi o meu primeiro amor, mas nunca foi o meu homem. Ele é um cara hétero convicto, até me pediu desculpas por isso. Fiquei triste, mas entendi o lado dele.
— Imagino que você sofreu por causa disso, mas a vida é isso mesmo. Quase todo mundo carrega pela vida afora uma história de amor não correspondido. O importante é dar valor aos amores que conseguimos realizar.
Por um instante, refletimos sobre o significado dessas palavras. Meu pai não era aquele tipo de homem que vivia dando lição sobre tudo, mas ele era um cara muito inteligente e atualizado. Em pé no meio da sala, ele tirou a camiseta suada e abriu o zíper da bermuda. Antes de se encaminhar ao banheiro, perguntou-me se Renan já sabia que eu estava namorando o filho dele.
— Ainda não, pai. Em breve, saberá. Eu e Tarso nada temos a esconder. Ele estava solteiro, eu sou viúvo. Somos livres.
— Tarso é um rapaz muito simpático e tem uma boa conversa. Vocês formam um casal bonito.
Eu não precisava de sua autorização, mas fiquei feliz por meu pai aprovar o meu namoro. Era bom saber que Tarso teria um bom convívio com o sogro.
A conversa estava ótima, mas o domingo estava indo embora. Exibindo as costas largas e pálidas, meu pai foi tomar banho. Ouvindo música, fiz o nosso jantar. Ao voltar para a sala, ele estava usando calça de moletom e camiseta branca. Os cabelos grisalhos estavam penteados para trás; a barba e o bigode tinham um aspecto úmido e macio.
— Está bonitão, pai. É muito bom ver você se recuperando dia após dia.
— Ainda não estou cem por cento, mas me sinto forte. Você tem cuidado muito bem de mim. Depois que sua mãe se foi, todo meu amor é seu, Luís.
Feito um garotinho, eu o abracei e coloquei a cabeça em seu peito. Apesar da idade e do AVC que havia sofrido, seu Antero ainda era um homem esbelto e vigoroso. Desde novinho, ele sempre cuidou do físico; foi com ele que comecei a frequentar academias. A pele dele estava marcada por rugas e os pelos do peito já haviam ficado brancos, mas os músculos ainda eram firmes.
Unido ao corpo do meu pai, eu sempre me sentia protegido, mesmo ele estando fragilizado. De olhos fechados, aspirei o perfume que exalava do seu corpo. Por um segundo, tive a impressão de estar nos braços do meu Guillermo.
Lembrei-me, então, de quando eu e meu marido brincávamos de ser pai e filho. Era estranho e, ao mesmo tempo, muito excitante chamar de paizão o homem que me dava a pica para chupar e me fodia de todas as formas. Às vezes, é melhor não tentar entender as nossas fantasias. Há coisas que só Freud explica, mas eu nunca quis perguntar nada a ele.
Enquanto jantávamos, fiquei lembrando das ocasiões em que meu pai e meu marido estiveram juntos. A primeira vez foi no meu casamento. Com seu jeito refinadíssimo, Guillermo cobriu de atenções o sogro e a sogra. Minha mãe ficou radiante por saber que eu havia encontrado um príncipe maduro para casar.
— Luís, o seu marido é um gentleman. Estou encantada com ele e muito feliz por você.
Dona Celine adorou o genro; já seu Antero não demonstrou nenhum encantamento por ele. Do mesmo jeito que fazia com os clientes, ele apertou a mão de Guillermo: sem sorrir, olhando no fundo dos olhos, como se quisesse mostrar que era mais forte. Parecia que o meu pai tinha medo de me perder para o meu marido. Isso nunca aconteceria; cada um tinha seu espaço na minha vida.
No enterro da minha querida avó, os dois homens que eu amava se encontraram pela segunda vez. Num gesto de solidariedade, Guillermo abraçou o sogro.
— Meus sentimentos, Antero. Tenha certeza de que, até o último instante, eu e Luís cuidamos muito bem da sua mãe. Dona Carmem teve tudo o que estava ao nosso alcance.
O abraço dos maduros foi bonito, mas meu pai ficou meio sem jeito. Com educação, ele se afastou do meu marido e pegou na minha mão.
— Obrigado, Guillermo. Agradeço pelos cuidados que você e Luís deram à minha mãe nesses últimos tempos. Ela gostava muito de você.
Mesmo num momento de muita tristeza, o meu pai ainda se sentia desconfortável com a ideia de que eu compartilhava a cama com aquele senhor. No auge dos seus sessenta anos, o meu marido exalava virilidade. Algumas pessoas se espantavam quando sabiam que, em vez de ter uma esposa, o arquiteto Guillermo Castillo era casado comigo — ainda há quem pense que um gay não pode ser másculo.
O interessante agora era que seu Antero, que nunca se sentiu à vontade diante de Guillermo, gostou de Tarso à primeira vista. Ele nem pareceu perceber que o meu namorado era vinte anos mais novo que eu.
Depois do jantar, cada um foi para o seu quarto. Estendido na cama, fiquei conversando por mensagens com Tarso. Antes das dez, a gente se despediu trocando beijos e fotos das picas. A safadeza estava gostosa, mas precisávamos dormir. A segunda-feira seria de muitos compromissos para os dois.
Nossa semana já começou plena de responsabilidades. Tarso estava no fim do período na faculdade; trabalhos não lhe faltavam. Eu estava lidando com alguns processos muito complicados. Dia após dia, trancado no escritório de seu Antero, eu metia a cara no Direito e não sentia o correr das horas. Só à noite, eu podia namorar um pouco — por chamada de vídeo.
Não era tudo o que gostaríamos, mas dava muito prazer ficar conversando putaria com Tarso na madrugada. Fazendo cara de safados, um fornecia combustível para a punheta do outro.
— Estou babando por esse caralho gostoso. Vontade de mamar… botar minha bunda para comer essa sua pica dura da porra.
— Quer o meu caralho? Quer, Luís? Então tome essa porra. Vontade de meter no seu cu até encher de leite.
— Porra, Tarso. Assim eu gozo, caralho.
— Quer tomar no cu, Castillo? Bora, veado, goze comigo. Isso, porra!
Até numa foda virtual, Tarso dominava o meu tesão. Espancando a rola com os dedos, gozei como se o meu macho estivesse esporrando dentro de mim.
Quando nos recuperamos, Tarso me mostrou o pau galado. Apreciando o leite grosso escorrendo pelo talo liso, quase lambi a tela do celular. Depois mostrei como a minha pica havia ficado. Com sua voz de adolescente, ele me fez sorrir.
— Quanto leite de pica despejado! A gente é putão pra caralho, Luís.
Namorar um novinho era uma experiência maravilhosa. E a gente nem pensava na diferença de idade. Éramos um casal jovem e cheio de tesão um pelo outro.
Na sexta-feira, meu pai foi comigo para o escritório. Aos poucos, estava retomando a vida de advogado, mas agia como se eu fosse o titular e ele o meu assistente. Com mais de quarenta anos de experiência, o doutor Antero Zamora não via problema em passar sua função para mim. Depois do AVC, ele decidiu que havia chegado o tempo de viver mais para ele mesmo e menos para os clientes. Neste caso, ele contava com todo o meu apoio.
No fim da tarde, recebi uma ligação de Tarso. Meu amorzinho disse que estava com saudades e perguntou se podia passar no escritório, para a gente se ver. Por saber que o meu pai não se incomodaria com essa visita, respondi que estava esperando de braços abertos.
Em menos de meia hora, nosso futuro advogado Tarso Marino chegou. Depois de apertar a mão de seu Antero, ele me abraçou, roçou o rosto no meu e deu um beijinho nos meus lábios.
Faltava pouco para o anoitecer. Nossos sócios já tinham ido embora, o escritório estava silencioso. Depois de conversar um pouco com Tarso sobre assuntos da faculdade, meu pai avisou que iria para casa. Enquanto guardava alguns documentos, ele fez uma sugestão que nos pegou de surpresa.
— Luís, seria interessante trazermos o Tarso para fazer estágio aqui. Depois conversem sobre isso.
Antes que eu falasse alguma coisa, Tarso abriu um sorriso e estendeu a mão para o sogrão.
— Valeu, doutor Zamora! Começando minha carreira aqui, irei longe.
— Com Luís, você vai aprender muita coisa na prática. Tenho certeza de que você será um advogado brilhante. Vocês vão formar uma dupla imbatível no Direito.
Meu pai e meu namorado estavam se tornando amigos muito rapidamente; eu fiquei até com uns ciúmes bobos. Seu Antero parecia ser o pai de Tarso, talvez o avô. Era bonito ver os dois conversando.
Antes de deixar a sala, por saber que eu gostaria de ficar mais tempo com o meu namorado, meu pai foi logo me tranquilizando.
— Falei com o segurança, ele vai dirigir para mim. E Salete pode ficar comigo até você chegar. Amanhã daremos folga para ela. Podemos muito bem ficar sem cozinheira no sábado.
Meu pai estava muito bem mesmo: já era de novo um homem muito prático. Assim que ele se retirou, Tarso partiu para o ataque. Sem pedir licença, girou minha cadeira e sentou no meu colo. Feito um garotinho brincando com o pai advogado, desfez o nó da minha gravata e soltou alguns botões da minha camisa. Eu também não perdi tempo: tirei a camiseta dele e cobri seus peitinhos de beijos e chupadas.
— Doutor Castillo, a gente precisa manter o respeito. Aqui é seu local de trabalho.
Dentro do jeans apertado, a rola dele estava em ponto de bala. Passando a mão naquela tora, dei beijinhos na orelha dele e falei com voz de quem está aflito para levar pica.
— Por hoje, minha missão de advogado está cumprida. A diversão está liberada. Você chegou na hora certa.
Depois de devorar minha boca, ele ficou em pé e roçou a calça na minha cara, para que eu sentisse a pressão da rola sob o jeans. Impossível resistir: abri o zíper, meti a mão na cueca e comecei a mamar o meu novinho cheiroso.
Rebolando e dando tapinhas na minha cara, Tarso fodeu minha boca em ritmo acelerado. Quando a baba estava escorrendo pelo canto dos meus lábios, ele abriu a minha calça, sentou no meu colo e grudou um caralho no outro.
Enquanto as picas namoravam, nossas línguas brigavam. O beijo com o gosto da rola de Tarso era de tirar o fôlego; uma delícia. Só com essa veadagem, ficamos à beira do gozo, mas a gente queria ir fundo. Saltando para trás, ele saiu de cima de mim e, num passe de mágica, um se despiu para o outro.
Depois de uma esfregação daquelas de tocar fogo nas varas, Tarso se sentou na minha cadeira, abriu as pernas e ficou dando um trato na rola. Segurando nos ombros dele, fui me abaixando e comecei a girar a bunda, até o meu cu fisgar a cabeça do seu caralho. Pegando-me pela bunda, ele comandou a descida, até que fiquei sentado nas suas coxas, com a estaca fincada no meu cu.
Ainda sentindo a dor do engate, comecei a subir e descer. Esticando as pernas e jogando a cintura para cima, Tarso passou a dar socadas e botou para foder comigo. Em pouco tempo, a batalha entre rola e cu pegou fogo: a gente se comia como se estivesse desesperado de fome.
Segurando nos meus quadris, ele me puxou com força para baixo e deu uma enfiada profunda, como se fosse rasgar minha carne. A dor foi tão gostosa, que quase gozei. Com uma força impressionante, sem desfazer o engate, ele ficou em pé, apoiou minha bunda na mesa e voltou a me varar.
Sentado na minha mesa de trabalho, escancarei as pernas para o jovem macho meter à vontade. Sem parar de me foder, ele agarrou minha pica e bateu uma punheta bem espremida. Ao sentir que eu ia esporrar, ele tirou a mão e me deixou entregue à dor.
— Marino… ai…
Meu pau virou uma tocha. O leite subiu fervendo e o jato atingiu o peito de Tarso. Em desespero, ele se jogou em cima de mim e deu mais umas cacetadas dentro da minha bunda. Nossa foda ficou bruta; eu tive medo de que a mesa não aguentasse o peso dos machos engatados.
Sem medo de nada, Tarso despejou um pouco de cuspe dentro da minha boca e grudou os lábios nos meus. Enquanto a gente se beijava, o caralho dele enfureceu e esporrou bem lá no fundo do meu cu.
— Castillo! Puto!
No instante do gozo, todos os músculos de Tarso enrijeceram; ele parecia estar chorando de prazer. Cruzando minhas pernas atrás das coxas dele, alisei sua bunda e o acolhi em meu corpo. Na foda, o meu namorado era um machão do caralho; depois de me emprenhar, ele ficava parecendo um menino sonolento. Era gostoso demais tê-lo deitado em cima de mim.
Nossa trepada foi demorada; quando voltamos à realidade, o mundo estava todo escuro. Sem pressa, a gente se lavou no banheiro da minha sala.
Para ir embora, vesti a calça e a camisa branca, com as mangas dobradas até o cotovelo; o paletó e a gravata ficaram no encosto da cadeira. Na saída, perguntei se Tarso podia me dar uma carona. Desde que voltei da Espanha, eu ainda não havia providenciado um veículo para mim. Estava usando o carro do meu pai e me valendo também dos motoristas por aplicativo.
— Na verdade, nunca gostei muito de dirigir. Só não contrato um motorista porque não nasci para ser madame.
— E agora é que você não vai contratar mesmo. Não quero saber dessa história de meu namorado botar um cara qualquer dentro do carro.
— Você é bobo, Tarso. A gente sabe que histórias de amor e sexo entre patrão e motorista é coisa de romance água com açúcar; às vezes, de filme pornô.
— Está certo, doutor. Só que hoje tenho uma surpresa: estou de moto. Tem coragem de encarar essa aventura? Estou com dois capacetes.
— Há muito tempo, não subo numa moto. Quando eu tinha sua idade, adorava pilotar. Vai ser legal andar com você.
— Então, doutor, vamos nessa. Prometo que não vou passar dos cento e vinte.
— Você não é louco, Marino!
Até para mim, que sou um homem alto, foi um desafio subir na moto de Tarso. Quando grudei o peito nas suas costas, ele virou a cabeça para trás e falou uma putaria, para animar a corrida.
— Segure firme em mim. Deixei você com o cu lascado; acho que vai doer um pouco ficar aí sentado. Mas dá pra aguentar, não é?
— Deixe de ser safado, Tarso. Ligue logo essa porra!
Rodando em alta velocidade pela noite do Rio, éramos dois rapazes livres — e um já pertencia ao outro. Com as mãos pousadas nas coxas de Tarso, desejei passar a noite inteira montado naquela máquina.
Como se tivéssemos perdido o rumo, corremos muito. Enfim, paramos num restaurante na região da praia. Enquanto comíamos, acertamos os detalhes do estágio.
— Já estava mesmo na hora de procurar um escritório para fazer o meu estágio. Seu pai foi ótimo comigo.
— Seu Antero se antecipou; eu já estava pensando nisso. Vai ser perfeito ter você comigo no escritório. Você tem muito futuro, doutor Tarso Marino.
Depois de tomar um longo gole de refrigerante, ele pegou na minha mão e me olhou de um jeito muito sério.
— Luís, nossa história está só começando, mas já estou gostando de você pra caralho. Você é um cara incrível. A gente se curte demais. E não é somente tesão, é tudo. Admiro muito você.
— Você também é um cara incrível, Tarso.
Atraindo alguns olhares, ele passou o braço por meu ombro e me deu um demorado beijo na boca.
— Com você, eu sou muito homem, doutor Castillo.
Foi a minha vez de puxá-lo para um beijo.
— Adoro ser o seu homem, Marino.
Na viagem de volta, fiquei o tempo todo com as mãos na cintura do meu amor. Quando ele estacionou ao lado do carro do meu pai, descemos da moto, tiramos o capacete e jogamos os cabelos ao vento.
— Essa é a segunda vez que vou dormir na cama do doutor Luís Castillo.
— Nossa cama, Tarso Marino. É assim que você deve dizer.
Enquanto a gente atravessava o jardim, ele lançou um olhar para a piscina e sorriu.
— É maior que a da minha casa. Adoro água, dá até vontade de mergulhar.
Sem dizer nada, comecei a me despir. Sentindo-se em casa, ele também ficou nu. Na borda da piscina, observados pela Lua, nosso beijo foi lindo. Com os braços estendidos para a frente e os caralhos apontando para o alto, contamos até três e pulamos na água fria.
A noite era só nossa.