Capítulo V - Quando os corpos dizem "sim"...
A sala ainda estava imersa em penumbra, com o cheiro do reencontro pairando no ar como uma brisa quente e íntima. Os corpos ainda nus, colados sobre o tapete macio. O silêncio não era desconfortável — era pleno, preenchido por tudo o que os olhos e os gestos já haviam dito. Caio se deitou de lado, apoiando a cabeça na mão, e passou os dedos com suavidade pelo peito de Rafael, como se quisesse decorar novamente cada traço dele.
— Eu ainda não tô acreditando que você tá aqui — sussurrou Caio, com um sorriso pequeno, mas verdadeiro.
Rafael soltou um suspiro leve, girando um pouco a cabeça em sua direção.
— Nem eu... parece que tudo foi meio insano. Aquela mensagem sua... Eu não sabia se vinha ou se era só mais um tombo que eu ia levar.
— Eu quase não mandei — confessou Caio, os olhos marejando. — Mas... eu precisava. Era como se meu corpo inteiro gritasse teu nome. Eu sonhei com você umas dez vezes. Acordava chorando. Te procurando.
Rafael sorriu de canto, e dessa vez quem deslizou a mão foi ele, até alcançar a cintura de Caio.
— Eu fui demitido — disse, sem rodeios, mas com um olhar que misturava alívio e incerteza.
Caio ergueu uma sobrancelha, surpreso.
— Como assim?
— A empresa tá passando por cortes... e, sinceramente, eu já tava esgotado. Quando me avisaram, a primeira coisa que pensei foi em vir pra cá. Era como se algo maior estivesse empurrando tudo pra esse momento.
Caio piscou, absorvendo a informação. Sentou-se devagar, ainda nu, com as pernas cruzadas no tapete e os cabelos bagunçados. Seus olhos verdes brilharam com a novidade.
— Você... quer dizer que tá livre agora?
— Livre — confirmou Rafael, também se erguendo um pouco, apoiado nos cotovelos. — E queria saber se... se eu poderia ficar aqui por uns dias. Só pra respirar. Pensar. Ficar perto de você.
Caio arregalou os olhos e, sem responder de imediato, pulou por cima de Rafael, montando em seu quadril com um riso abafado.
— “Uns dias”? Você tem noção do que tá me dizendo?
— Ele o beijou com força, quase desesperado. — Você tem ideia do quanto eu quis isso?
Rafael sorriu, envergonhado e entregue, com os olhos brilhando.
— Então você não vai me expulsar?
— Expulsar? — Caio riu, ainda montado sobre ele. — Eu vou é te acorrentar na cama, se vacilar.
— Do jeito que você gosta, né? — provocou Rafael, sorrindo com malícia, mas o tom ainda carregado de amor.
— Do jeitinho que eu sonhei, Rafa. Com você. Só você.
Caio abaixou o tronco, os peitos roçando no de Rafael, o beijo vindo como uma explosão, misto de desejo e alegria. Suas línguas se encontraram mais uma vez, com um gosto diferente agora — o gosto da esperança. Do recomeço.
As mãos de Caio exploraram novamente cada centímetro do corpo que ele tanto sentiu falta. Tocava Rafael com reverência, como se quisesse memorizar tudo de novo. Rafael, por sua vez, gemia baixo, deixando-se conduzir, de olhos fechados, confiando.
— Você sabe que eu te amo, né? — sussurrou Caio, mordiscando o lóbulo da orelha de Rafael.
— E eu também. Sempre foi você.
Caio o penetrou com calma, desta vez com um cuidado sagrado. A dor se mesclava ao prazer, mas não havia pressa, não havia brutalidade — era uma dança onde cada movimento dizia “eu voltei”, “eu senti sua falta”, “não me deixa mais”.
As mãos dadas sobre o tapete, os olhos se buscando, os corpos se moldando com precisão. E ali, no meio da sala, com a noite engolindo o último fio de luz do dia, eles se amaram pela segunda vez — como se cada estocada fosse um ponto costurando os pedaços partidos que um dia haviam deixado pelo caminho.
Após o clímax, Caio se deitou sobre Rafael, ofegante, com o rosto enterrado no pescoço suado dele. Ficaram assim por longos minutos, como se o tempo tivesse parado só para eles dois.
— Agora eu não quero mais que você vá embora — disse Caio, com a voz embargada.
— Eu também não quero. A gente pode começar de novo?
Caio o olhou nos olhos, sorriu com doçura e respondeu:
— A gente não vai começar de novo... A gente vai continuar. De onde nunca deveria ter parado.
Narrado por Caio...
O sol atravessava as frestas da janela, invadindo a sala com uma luz dourada e quente. Abri os olhos devagar, o corpo ainda cansado, mas com o coração estranhamente leve. Me sentei no sofá, coçando a nuca, sentindo os músculos doerem de uma forma boa. Olhei para o lado, e lá estava ele. Rafael.
Estava jogado no tapete, perto do carro de madeira que ficava num canto decorativo da sala. Dormia de um jeito desajeitado, os lençóis finos embolados sobre a cintura, revelando o peito nu. E foi ali que eu vi. Meu nome. Cravado no peito dele, em letras simples, mas marcantes: Caio. Parei por um instante. Aquilo me atravessou como um vento forte. Me levantei devagar e fui me aproximando sem fazer barulho. Era de verdade.
Não era imaginação da minha cabeça bagunçada por noites mal dormidas. Era meu nome. No peito dele.
Engoli seco. E aí percebi outra coisa. Na panturrilha esquerda, quase escondida pela posição, uma tatuagem de um mar. Um desenho lindo, como uma paisagem de onde a gente viveu tanto. As ondas, as pedras... e aquele azul que parecia até real. Fiquei ali, parado, observando como se estivesse diante de uma coisa sagrada. Como se ele tivesse escrito em si tudo que vivemos — e que eu ainda duvidava ser real.
Não quis acordá-lo. Não ainda. Fui até a cozinha, preparei o café. Peguei o pó preferido dele, o mais forte, coloquei a água pra ferver, tostei o pão, cortei frutas, montei a mesa com calma. Era a primeira vez em muito tempo que eu sentia vontade de fazer algo assim. Por alguém. Por ele.
Depois de uns quarenta minutos, ouvi passos pesados atrás de mim. Era ele.
— Bom dia... — a voz ainda rouca, os olhos meio fechados, cabelo todo bagunçado, e o corpo... nu.
Ele só percebeu depois. Sentou na cadeira como se estivesse sozinho, passou a mão no rosto, esticou os braços e só então olhou pra mim e arregalou os olhos.
— Merda! — ele se levantou de supetão — Caio, eu... desculpa. Eu não percebi... — e saiu correndo pelo corredor, rindo sem graça.
Fiquei rindo sozinho enquanto passava manteiga no pão. Alguns minutos depois, ele voltou, só de cueca branca, com aquele sorriso bobo e um olhar que me derretia por dentro. Sentou à minha frente e pegou uma fatia de mamão.
— Acordar assim... é perigoso. — brinquei, olhando pra ele.
— Eu tava morto de sono. Nem percebi. — ele riu e enfiou um pedaço de pão na boca.
— E... — falei, pegando a xícara de café — desde quando você tem meu nome tatuado no peito, Rafael?
Ele parou. Ficou me olhando. Depois respirou fundo e sorriu, com aquele jeito moleque que só ele tem.
— Um mês e meio.
— O quê?
— Fiz há um mês e meio. Naqueles dias em que tudo parecia um pouco menos suportável sem você. E... — ele olhou pra mim com uma calma que me desmontou
— Caio, você tá impregnado em mim. Na pele, no corpo, na memória. Onde quer que eu vá, você vai junto.
Eu não sabia o que dizer. Engoli seco. Meu coração disparava. Ele olhou pra minha reação, talvez esperando que eu dissesse algo. Mas a única coisa que consegui fazer foi esticar a mão sobre a mesa e segurar a dele.
— E aquela na panturrilha? — perguntei baixinho.
— O mar. A praia onde você me beijou pela primeira vez. Onde eu deixei de fugir. Onde você me puxou de volta.
Fechei os olhos por um segundo, sentindo tudo aquilo se enraizando em mim. Depois do que a gente viveu, depois do que enfrentamos... ele tatuou em si os lugares onde eu existia dentro dele. Eu sorri, meio bobo, meio emocionado.
— E você ainda quer ir embora?
Ele soltou um riso baixo e balançou a cabeça.
— Eu preciso voltar, Caio. Resolver algumas coisas, dar um ponto final nas amarras que eu deixei lá. Mas... — ele apertou minha mão com força — você vem comigo? Fica comigo lá... só até resolver. Depois, se quiser, a gente volta pra cá, pra nossa bagunça.
— Você quer que eu vá?
— Quero muito. Minha casa já nem parece casa. Você virou meu lar. Eu só quero ficar onde você estiver.
Antes que eu pudesse responder, o celular dele começou a vibrar em cima da mesa. Ele olhou e suspirou fundo.
— É minha mãe... — disse, antes de atender.
Eu fiquei em silêncio, apenas ouvindo a conversa.
— Oi, mãe... tô bem, tô com o Caio... — pausa — não, não vou passar aí. Enquanto você estiver na mansão com ele, não quero aparecer. — nova pausa — Sim, eu sei que o papai tá me procurando... — ele olhou pra mim, meio incomodado — Mãe, como você soube? Eu não falei pra ninguém... — e então ele suspirou mais fundo ainda — Não, mãe. Eu não vou me envolver com os negócios da família. Eu tenho uma vida pra construir. Minha. Com as minhas escolhas.
Ele desligou. Ficou uns segundos parado, olhando o celular.
— Ela sabe. Sabe da demissão. E quer que eu aproveite isso pra me tornar o filho perfeito.
— E você vai?
Ele olhou pra mim.
— Não. Eu já fui o que eles queriam. Agora eu quero ser quem eu sou. E quem eu sou... é alguém que só quer ficar contigo.
Aquela manhã se tornou uma das mais bonitas da minha vida. Entre xícaras de café, risos e palavras sussurradas, entendi que a gente não precisava correr. A gente só precisava caminhar junto, dia após dia.
Estávamos na sala, terminando de organizar nossas mochilas com algumas roupas e documentos que Rafael queria levar. O plano era passar uns dias na cidade dele, resolver as pendências, buscar o que fosse necessário e voltar logo. Eu observava os movimentos dele, sempre tão meticuloso, tão cuidadoso, como se o simples ato de dobrar uma camiseta fosse uma forma de carinho.
— Você acha que vai dar tempo de resolver tudo nesses dias? — perguntei, dobrando minha calça jeans e colocando na mochila.
— Acho que sim... Mas tô preparado pra se não der também. — Ele sorriu de lado, mas seus olhos entregavam algo mais profundo. — Vai ser estranho voltar lá depois de tudo. Mas é necessário.
Me aproximei, coloquei minha mão sobre a dele, interrompendo o movimento, e olhei bem dentro dos seus olhos.
— Rafa... Eu nunca te perguntei direito. Mas o que exatamente é a empresa Santos Montenegro?
Ele soltou um suspiro pesado. Sentou-se no tapete da sala, apoiando os braços sobre os joelhos dobrados, como se precisasse ancorar o corpo pra não deixar a alma escapar.
— Não é só uma empresa de condutores e investimentos, Caio... aquilo é um império. Um império que meu pai construiu com frieza, rigidez e controle. Ele é obcecado por manter tudo sob sua rédea. Cresci nesse ambiente. A administração foi a primeira coisa que ele decidiu por mim, sem me perguntar. Fiz a faculdade, tirei as melhores notas, passei um ano trabalhando lá... mas eu não aguentei.
Me sentei ao lado dele, o coração apertando só de imaginar o peso que aquilo carregava.
— Por quê? — perguntei, baixinho.
— Porque ele é cruel, Caio. O tempo todo. Comigo, com a minha mãe, com os funcionários... — Ele passou as mãos no rosto, como se tentasse afastar as lembranças. — Eu vivia em função de não decepcioná-lo. Mas era impossível. A cada passo fora da linha que ele traçava, vinha uma punição... palavras pesadas, humilhações. Ele me fez acreditar que eu não era suficiente. Que sentir era fraqueza.
— Rafael...
— Ele descobriu que eu não era o "homem hétero exemplar" que ele queria. E isso foi como uma sentença. Ele nunca me bateu com as mãos, mas as palavras... Deus, como doem até hoje. Cada "vergonha", cada "decepção", cada vez que ele dizia que eu era um erro. Eu tentei, Caio. Eu tentei seguir o que ele queria. Mas um dia, eu escolhi viver.
Silêncio.
Só nossos corações batendo, acelerados.
— E sua mãe? Ela sabe?
— Sabe. — Ele me olhou, os olhos marejados. — Um pouco antes de eu voltar pra cá, eu falei com ela. Disse que eu tinha reencontrado alguém, que esse alguém mexia comigo de um jeito que eu nunca tinha sentido antes. Ela ficou em silêncio por alguns segundos, e depois disse: "Filho, isso é amor. E amor a gente não desperdiça. Se você estiver feliz, siga em frente. Se permita."
— Você não teve vergonha de contar pra ela?
— Vergonha? — Ele sorriu, e dessa vez foi um sorriso limpo, bonito. — Não. Eu tenho orgulho de estar com você, Caio. Orgulho de cada parte de quem eu sou quando estou ao seu lado.
Senti o calor subir pelo meu rosto. Meu peito parecia pequeno demais pra tanto sentimento.
— Eu também tenho orgulho de você, Rafa.
Ele se levantou, enxugando os olhos com a manga da blusa, e pegou o controle da TV. Ligou a playlist de músicas românticas que ele sempre colocava quando queria criar clima.
— Espera aqui um instante... — disse, com um sorriso cúmplice. — Já volto.
Fiquei sentado no sofá, sentindo o coração martelar. Alguns minutos depois, ele voltou com uma caixinha azul nas mãos. Sentou-se ao meu lado, me olhando com um nervosismo doce nos olhos.
— Eu... pensei muito em como seria o momento certo. Mas entendi que quando a gente ama, o momento certo é agora. — Ele abriu a caixinha. Dentro, havia um colar com duas letras entrelaçadas: R e C. E duas alianças, simples, de prata, com nossos nomes gravados por dentro.
— Rafael...
— Eu sei que a vida é um turbilhão. Eu sei que ainda temos muito o que enfrentar. Mas eu também sei que não quero passar mais um dia sem que você saiba, sem que o mundo saiba, que você é meu. Que eu te escolho, todos os dias. — Ele respirou fundo. — Caio, você quer namorar comigo?
Eu não consegui responder de imediato. As lágrimas vieram primeiro. Depois, o sorriso. Um daqueles que nascem da alma.
— Claro que eu quero, Rafa. Eu sempre quis.
Nos abraçamos forte, como se estivéssemos selando um pacto silencioso com o universo. E ali, entre lágrimas e promessas, nos beijamos com a urgência de quem sabe o quanto é raro encontrar um amor assim.
A música de fundo seguia suave, mas era nossa história que agora tocava no ambiente.
— Eu te amo — ele disse, encostando a testa na minha.
— Eu te amo mais ainda — respondi, segurando a mão dele com força. — E daqui a pouco, vamos provar isso mais uma vez...
Ele riu, e os olhos dele brilharam.
A noite ainda seria longa.
Narrado por Rafael...
Era como se o tempo tivesse parado logo depois daquele “sim” sussurrado. Como se o mundo inteiro soubesse que, a partir dali, tudo em mim tinha um novo ponto de partida: o nome dele: Caio.
Ele ainda estava ali, no centro da sala, de pé, olhando a aliança nos dedos como se mal acreditasse. Eu não sei exatamente quem avançou primeiro, mas quando nossos corpos se chocaram de novo, foi como se uma energia insuportável — que nos rondava desde o primeiro olhar — finalmente tivesse permissão pra explodir.
Caio me beijou com uma fome que eu só tinha sentido uma vez antes: naquele dia em que ele me fez esquecer do mundo numa praia afastada. Mas agora era diferente. Agora a gente estava dentro da nossa casa, com as janelas abertas, o sol invadindo tudo e nenhuma culpa ou dúvida entre nós. Só desejo. E amor.
— Tira essa camisa agora… — ele sussurrou contra a minha boca, e eu obedeci sem nem pensar. Minhas mãos foram pro peito dele com avidez, como se quisessem cravar em carne viva tudo o que eu estava sentindo.
Caio me empurrou com força contra o sofá e subiu por cima de mim, mordendo minha boca, meu pescoço, passando a língua por onde encontrava pele. Eu gemia baixo, meu quadril já se mexia contra o dele, nossas calças atrapalhando o que ambos queríamos mais que tudo.
— Você é meu agora, Rafael… — ele rosnou no meu ouvido, enfiando a mão dentro da minha calça. — Inteiro. Não tem mais volta. E eu vou provar isso em cada canto dessa casa.
— Então me mostra... — desafiei, agarrando sua cintura e trocando as posições, o jogando no sofá e cavalgando seu corpo com a intensidade de alguém que esperou a vida inteira por isso.
A gente se despiu no meio da sala, entre beijos desesperados, toques firmes, mãos curiosas e bocas que não conseguiam se desgrudar. Quando finalmente estávamos nus, ele me puxou pela mão e me levou até o tapete, onde tínhamos deixado nossas coisas caírem mais cedo. Ali mesmo, entre a bagunça da sala e os restos do café da manhã, ele se deitou de bruços e olhou por cima do ombro:
— Vai devagar agora… eu quero sentir tudo. Quero guardar cada segundo disso.
E eu fui. Fui com calma, com carinho, com respeito. Entrei nele como quem entra em casa depois de muito tempo longe. Como quem volta. E ele me recebeu inteiro. Seu corpo se arqueando, os dedos se agarrando ao tapete, os gemidos escapando entre palavras que faziam meu corpo estremecer:
— Isso… assim mesmo… Me ama do jeito que só você sabe.
— Você não tem ideia do quanto eu te amo, Caio.
Nos movemos ali até que os corpos suavam e os olhos se embarcavam um no outro. Mas a vontade de tê-lo era tão imensa, tão insaciável, que ele puxou minha mão e me levou pro corredor. Rindo, quase tropeçando nos próprios passos, entramos no quarto. Caio se jogou de costas na cama e me puxou por cima dele com força.
— Agora, me fode direito… sem piedade.
— Eu pensei que você quisesse amor, não piedade — brinquei, sorrindo contra o pescoço dele.
— Amor eu já tenho. Agora me mostra o outro lado disso tudo.
Eu atendi. Com força, com entrega, com movimentos fundos e ritmados. Suávamos, gritávamos um o nome do outro. As mãos dele arranhavam minhas costas. As minhas apertavam seus quadris, prendiam suas pernas em mim. Ele ficava de quatro, depois montava em mim. Virávamos de lado. Trocávamos beijos e sorrisos. Às vezes, parávamos só pra nos olhar, ofegantes, rindo entre gemidos.
— Você é minha casa, Caio… — falei, com os lábios na curva de sua cintura.
— E você é meu lar. Entra em mim como se nunca mais fosse sair.
Passamos pelo quarto, voltamos pra sala, invadimos a cozinha. Em cima da bancada de mármore, eu o deitei de costas, nossas peles coladas, os corpos em completo transe. Transamos com gosto. Com loucura. Como se cada posição fosse um “sim” novo pro resto das nossas vidas.
E quando por fim caímos no chão da sala, exaustos, com os corpos ainda entrelaçados e os olhos molhados, eu acariciei o rosto dele e perguntei:
— Você tem noção do que acabou de acontecer?
— Tenho. A gente se prometeu com o corpo o que a alma já sabia.
E então, ali, no silêncio depois da tempestade dos nossos desejos, eu soube: a gente não tinha só começado a namorar. A gente tinha escolhido viver um no outro.