Capítulo 3 - Debaixo da coberta

Um conto erótico de Clive Hall
Categoria: Gay
Contém 5424 palavras
Data: 03/08/2025 18:16:16

Há uma fala comum que diz que “intimidade é uma merda” e, apesar de eu entender que às vezes é mesmo, no meu caso não foi. Depois da nossa primeira mão amiga eu e o Pedro desenvolvemos uma intimidade sem volta. Foi como deixar a água de uma represa que estava fechada correr. Depois de descoberto o prazer de ter outra pessoa te dando prazer essa era a única coisa que queríamos fazer. Se estávamos sozinhos no mesmo cômodo por muito tempo era certeza que hora ou outra nossas roupas seriam arrancadas e as mãos iriam acabar em volta do membro do outro.

Aquilo era como uma curiosidade sanada que eu não sabia que tinha. Não o ato de masturbar o meu amigo, essa curiosidade eu já sabia que tinha bem antes de saciá-la. Falo da visão do corpo do Pedro se contorcendo por um prazer que era eu quem dava, dos olhos dele fechando e a respiração aumentando e diminuindo enquanto ele tentava lutar contra a vontade de gozar que era a minha mão deslizando no pau dele que causava. Falo também dos gemidos que ele soltava quando estávamos sozinhos em casa, dos “não para!”, “continua”, “que delícia”, “isso é muito gostoso” que ele soltava durante e depois que gozava. E tenho certeza que ele sentia o mesmo porque por vezes pegava ele com os olhos passeando pelo meu corpo enquanto me masturbava, sentia a mão dele ir para além da minha coxa como se quisesse explorar o meu corpo para além daquela parte íntima.

Ironicamente a parte íntima havia se tornado trivial para nós e agora que tínhamos acesso a ela era o resto que despertava curiosidade. Mas havia pairando no ar a incerteza de onde aquilo iria levar. Acho que era um medo de que o contato com as outras partes do corpo levassem a algo para além do sexual, além do carnal, não necessariamente romântico mas íntimo de outra forma. Afinal, havíamos aprendido que o carinho, a exploração do corpo do outro deveria ser feita apenas de duas maneiras: com alguém do sexo oposto e depois do casamento, dois requisitos que definitivamente não preenchíamos. Mas não adiantava fingir que não existia ali um desejo que inundaria nossas vidas se forçássemos um pouco mais a tensão superficial da nossa relação.

E acho que enquanto o receio do toque mais íntimo nos impedia de romper a tensão, acabamos por falar muito. Nossa amizade se aprofundou muito rápido e logo estávamos contando de tudo um para o outro. Pedro me contou sobre a relação que tinha com a mãe que, apesar de ser a única figura parental que ele tinha, era distante. Me confessou sentir saudade do pai e o quanto doía saber que o homem que o havia matado não receberia a punição que merecia. Eu contei da minha relação difícil com meu pai, de como éramos extremamente diferentes e de como ele era uma figura muito mais opressora que paterna dentro de casa. Em nossas experiências fomos completando um outro lugar da nossa amizade, uma intimidade cuidadosa e carinhosa.

Mas não posso dizer que não exercitávamos bastante nosso lado sexual. Na verdade, compartilhar nosso lado sentimental e pessoal fez com que nosso lado sexual se aflorasse mais. Era como se o tesão corresse em nossas veias misturado ao nosso sangue. Sem a vergonha de mostrar o corpo, sempre optávamos pela nudez. Era confortável, íntimo de uma forma displicente, relaxante. Nos dias quentes ficávamos esparramados na cama com o ventilador ligado, o vento batendo em nossa pele completamente nua. Nos dias mais frios optávamos por compartilhar a mesma coberta, ainda nus por baixo do tecido quente e usufruindo também do calor humano que a proximidade trazia. E havia dias em que aquilo era sexual da maneira como já estávamos acostumados, em outros escondia um desejo de ir além e, ainda em outros, não era nada além de estar pelado com um amigo. Passamos a naturalizar o corpo e as reações fisiológicas dele, nos acostumamos a ver as partes mais escondidas do corpo um do outro. Nos vimos com os membros moles e pequenos e consideravelmente maiores quando estavam duros. Depois de jogarmos algum esporte era até costumeiro que, se fôssemos à casa um do outro, tomássemos banho juntos quando estávamos sozinhos. A conversa nem sempre era sexual assim como a nudez nem sempre convidava algo maior além de dois corpos. Naturalizamos um ao outro da maneira como viemos ao mundo e aquilo era bom.

O combo de tudo isso foi que começamos a entender muito bem um ao outro, de forma que não era mais necessário trocar palavras para saber das coisas. Sabíamos como o outro pensava e também, é claro, o que fazia o outro ficar com tesão. E isso deu origem a algo gostoso entre nós, uma espécie de flerte fisicamente provocativo. Aquele tipo de brincadeira que se instaura entre rapazes e que leva a comentários sexuais desprovidos e providos de intenção, toques brincalhões e risadas de coisas idiotas. Pedro sabia, por exemplo, que eu tenho mamilos muito sensíveis. Então, toda vez que jogava o braço em volta do meu pescoço, sua mão escapava para o meu peito e acabava passando por essa região. Ou, com um tom brincalhão, quando me cumprimentava ele apertava meu mamilo e ria falando “peitinho!” e eu fazia o mesmo com ele. Essa inclusive foi uma brincadeira que acabou se espalhando em nosso grupo de amigos.

Outra coisa que acontecia com frequência eram pegadas e tapas displicentes na bunda um do outro. O único motivo necessário era a desatenção. Se víamos que o outro não estava prestando atenção, era um tapa na bunda na certa. Essa foi outra brincadeira que nossos amigos gostaram de implementar. Mas se com os outros aquilo era uma brincadeira pela brincadeira, entre eu e o Pedro havia a intenção de provocar. Sabíamos que se com o tapa viesse uma pegada mais sacana, ou que se o dedo apertasse um pouco mais o mamilo, aquilo tinha outro significado. Era um convite para que, horas mais tarde, realizássemos nosso desejo de aliviar o tesão em dupla. E descobrimos que a relação entre provocação, vontade e satisfação era diretamente proporcional, por isso havia dias em que as brincadeiras aconteciam com muito mais frequência para que ficássemos com mais vontade e gozássemos mais.

Num dia de feriado acabamos por passar a tarde com nosso grupo de amigos. Éramos vários e sempre tentávamos arrumar um jeito de passar tempo juntos e fazer algo diferente. Sendo todos de idades parecidas, logicamente havia sentimentos no ar e muita safadeza reprimida. A religião era um guarda-chuva que cobria a todos nós e sabemos que quanto mais se diz que alguma coisa é proibida, mais convidativa ela fica.

O dia era quente e decidimos ir nadar em um lago que ficava próximo da região em que morávamos. Combinamos de levar comidas, bebidas e muito ânimo, e assim fomos em um grande grupo passar a tarde nadando, batendo papo e comendo. Eu era mais próximo do Pedro e mais três amigos, Vitor, Yuri e Júlio. Levamos uma bola e ficamos brincando de rebatê-la na água, mergulhando, jogando água um no outro e rindo. Aproveitando a situação, Pedro e eu nos esbarrávamos às vezes sem querer e às vezes de propósito, dando início aos nossos rituais de provocação. Em dado momento, Yuri saiu da água para comer alguma coisa e Vitor chegou perto de nós e disse:

— Já repararam que o Yuri tem um bundão?

— Tá reparando na bunda do cara, mano? – Pedro comentou me olhando de canto e rindo. Ambos sabíamos que já tínhamos reparado na bunda um do outro inúmeras vezes.

— Difícil é não reparar pô. – E ele estava certo. Com a água colando o tecido do short no corpo dele, era mesmo difícil não reparar que nosso amigo tinha uma bunda enorme – O cara tem de bunda o que eu tenho de pau.

— Ih olha lá o convencido! – Eu comentei.

— Que foi? Tá duvidando?

— Tô. Vai provar? – Eu provoquei.

— Só se você pedir com jeitinho. – Vitor levou a mão ao pau por baixo da água e apertou o que presumi ser seu pacote.

— Filho da mãe! – Me dei por vencido e rimos todos.

Mais tarde fomos brincar de lutinha na água e fiquei responsável por levar o Vitor nos ombros. Enquanto tentava me equilibrar e ele tentava derrubar Pedro de cima dos ombros do Júlio, senti algo roçando na minha nuca e percebi que a sunga apertada dele não ajudava a deixar discreto o pacote que ele agarrara com tanta vontade por baixo da água. E nem acho que discrição era a intenção dele. Naquele momento, sentindo o pinto dele roçando contra a minha pele, percebi a presença de uma curiosidade que minha intimidade com o Pedro me trouxera: como seriam meus outros amigos pelados? Não era uma curiosidade que vinha de um lugar de desejo sexual. Era puramente científica e utilitária. Científica pela curiosidade que desabrochava dentro de mim, e utilitária porque, bem, se pudéssemos todos usufruir da liberdade que a nudez compartilhada trazia... por que não?

Brincadeiras à parte, é claro que aquela curiosidade carregava sim algo de sexual. Mas, como já argumentei em meu prólogo, acho que a masculinidade por diversas vezes esbarra nesse limite sem querer querendo e é algo natural que acaba se misturando sim com a curiosidade não necessariamente sexual. E apesar de achar que no meu caso havia algo de sexual naquilo, penso também que era algo mais complexo. Seja lá o que fosse, era algo que eu começava a sentir e pensar sobre e aquilo me fez reparar nos meus amigos com o mesmo olhar que eu e Pedro compartilhávamos. Isso, combinado com o esfregar do pau do meu amigo na minha nuca, as coxas dele tensionadas nas minhas mãos e o remexer do corpo dele apoiado no meu fez com que algo acordasse no meio das minhas pernas.

A água ajudou a disfarçar tudo então aproveitei bastante o roça-roça do Vitor em mim. A tarde seguiu com mais brincadeiras e provocações entre eu e o Pedro que estávamos bem animados para o que vinha depois. Os toques velados pela água revelavam aos nossos corpos o convite de sempre. A troca de olhares enquanto secávamos no sol, deitados em cima de pedaços finos de pano, diziam o que as palavras não poderiam falar naquele momento sem o risco de revelar nossa intimidade para os outros. E ao fim da tarde fomos para a casa dele.

Ao contrário do que você pode estar esperando, não fomos direto para as vias de fato. Tomamos nosso banho, aproveitando que a mãe dele não estava para fazermos isso coletivamente. E mesmo ali, entre as quatro paredes do banheiro, decidimos continuar as brincadeiras e aproveitamos a nudez para dar mais apertões e tapas. Rimos, jogamos água um no outro mas não dêmos início ao nosso ritual. A provocação era um preparo gostoso, divertido, leve e a verdade era que a noite era a dona dos prazeres carnais, não a tarde.

Nos sentamos no quintal da casa do Pedro, ambos de short e sem camisa e ficamos conversando. A prosa, cada vez mais constante na nossa amizade, era em seu próprio tipo de pré-rito. O toque e a brincadeira eram convidativos, a conversa era íntima e a combinação dos dois criava algo sublime quando o assunto era prazer carnal. Eventualmente, como era de costume, nossa conversa foi para o lado sexual e Pedro começou a comentar sobre as meninas na lagoa. Seus corpos de biquíni, o formato dos seios, as cinturas. Eu, como bom amigo, o incentivei a continuar falando de suas fantasias, adicionando uma picância própria que não necessariamente revelava a verdade dos meus desejos, mas fomentava a latência gostosa do momento. Nossos corpos foram reagindo àquilo da maneira costumeira. Sabíamos que dali para frente poderíamos finalmente satisfazer nosso desejo. Começamos a nos tocar ali mesmo no quintal, sentados num banco de concreto. Sem cuecas, nossos volumes eram muito aparentes e nós os tocávamos com voracidade enquanto trocávamos palavras ardentes de desejo pelo alheio.

— Cara, eu tô muito duro. – Eu tirei a mão do meu volume e pulsei o pau – Pega aqui para você ver.

E ele sem titubear agarrou meu pau e o apertou, sentindo minha virilidade. Eu retribuí o favor sem esperar pelo pedido e passei a mão pelo volume do Pedro, sentindo ele pulsando por baixo do tecido fino do short. Encontrei o contorno da cabeça do pau dele e passei meu polegar por ela devagar, sabendo que aquilo fazia com que ele se arrepiasse de prazer.

— Que gostoso. – A voz dele saiu num sussurro de prazer. – Pegar no pau é muito bom.

Ao longo do tempo íamos descobrir que havia muitas coisas muito melhores, mas naquele momento aquele era o ato mais gostoso que colocávamos em prática. E prefaciado por todas as provocações do dia, prometia ser uma explosão mais deliciosa que o normal. Até que um barulho a interrompeu. Recolhemos nossas mãos rapidamente e tentamos disfarçar da melhor maneira possível os volumes entre nossas pernas. Yuri se aproximava de nós, tendo passado pela entrada do quintal do Pedro, e gritava nossos nomes com entusiasmo.

Quando ele chegou perto começamos a conversar rapidamente tentando tirar a atenção dele dos volumes que tentávamos esconder. Ele se sentou entre nós dois e ficamos os três ali conversando, eu e Pedro ocasionalmente olhando um para o outro. Horas se passaram, o sol se pôs, a noite chegou e Pedro arrumou uma desculpa para entrarmos para casa, e enquanto ele se levantava disse:

— Yuri, dorme aí com a gente.

E num surto de educação e gentileza, nossa noite de safadeza ia ralo abaixo. Pelo menos Yuri era boa companhia e ver a felicidade dele com o convite fez com que eu me importasse menos de perder uma punheta com o Pedro. A gente tinha todo o tempo do mundo, então podia repetir a dose quando quisesse. Como morávamos um perto do outro, Yuri foi até sua casa para pegar roupas de dormir enquanto eu e Pedro preparávamos o quarto. E quando estávamos sozinhos lá dentro ele disse:

— Vamos colocar o colchão na frente da cama.

— Do lado é melhor, não?

— Confia, cara. Coloca na frente dessa vez. – Ele me deu uma piscadinha e um sorriso que me revelou que talvez eu estivesse errado e nossa noite ainda reservava alguma surpresa.

Eu e Pedro dividiríamos a cama de casal da mãe dele e o Yuri dormiria no chão. E assim foi. Ficamos algumas horas conversando, dessa vez sem tirar nossas roupas por causa da presença do nosso amigo. Foi uma noite agradável e rimos bastante, Yuri era o tipo de cara que gostava de conversar e tudo para ele era um assunto que se rendia por quanto tempo fosse necessário então as horas foram facilmente preenchidas. Jogamos videogame, assistimos televisão e, quando o relógio já estava bem avançado, Pedro pegou seu laptop e sentou escorado na cabeceira da cama. Eu estava do lado dele com um cobertor jogado em cima de mim que ele prontamente pegou se aninhando embaixo do tecido felpudo. Ele colocou alguma coisa na televisão e conforme minha atenção e a do Yuri se prendiam ao programa, ele abriu o computador.

Não vi o que ele estava fazendo até sentir um cutucão dele. Olhei para ele e então para a tela do computador e me surpreendi ao ver um pornô na tela. Com o computador no mudo e o programa prendendo a atenção do Yuri, Pedro sorriu para mim e se moveu embaixo da coberta. Yuri comentou alguma coisa sobre o programa e eu emendei uma resposta antes que ele virasse para trás e suspeitasse de algo. Meu olhar dardejava entre a tv, ele e a tela do computador. Nela dois homens eram vorazmente mamados por uma mulher que revezava entre colocar o pau de um na boca e masturbar o outro apenas para segundos depois inverter o processo. Os dois, sentados num sofá, tinham as mãos jogadas em volta dos ombros um do outro, similar à forma como eu e Pedro costumávamos fazer. As pernas abertas, as coxas se esfregando e as mãos, ocasionalmente, sentindo o peitoral um do outro enquanto os paus eram lambidos, sugados e babados pela mulher.

Não demorou muito para o meu pau endurecer e logo percebi que Pedro fazia movimentos suspeitos por baixo da coberta. Tentei disfarçar meu volume, com medo de Yuri virar para trás e ver o que estava acontecendo. Pedro pelo menos tinha a cobertura do laptop, eu estava apenas com o tecido do short e a coberta que não eram muita coisa.

Eu e Pedro trocávamos olhares de canto e ele apontava para a tela com vontade quando alguma parte do vídeo chamava atenção. Depois de alguns minutos, percebendo que a atenção do Yuri estava grudada na tela, decidi começar a esfregar meu próprio pau por baixo do cobertor. Foi nesse momento que meu amigo virou para trás.

— Tudo bem aí? – Meu movimento súbito havia criado suspeitas e eu respondi que sim, fazendo um comentário sobre o programa na televisão logo depois.

Ao contrário de mim, Pedro não havia parado os movimentos. Eu sentia o braço dele mexendo por baixo da coberta, esbarrando de leve no meu. Ele já havia mudado o filme, colocado um novo no qual dois amigos faziam exatamente o que nós fazíamos naquele momento e se masturbavam vendo um pornô no computador. Ele entrou na conversa e começou a falar com o Yuri como se nada estivesse acontecendo. Decidi então, dificultar um pouco a vida dele.

Movi minha mão por baixo da coberta e comecei a acariciar a coxa dele. Senti o arrepio percorrer o corpo dele enquanto ele sentia meus dedos passeando pela pele dele lentamente para não levantar suspeitas.

— Mano, apaga a luz aí, por favor? – Yuri levanto de prontidão e, quando virou as costas para nós, eu rapidamente passei das coxas para o pau dele. Mas, ao contrário do que ele esperava, rapidamente encontrei meu caminho por dentro do short dele, agarrando o membro duro escondido pelo laptop.

O quarto escureceu e Yuri se virou para nós dois, fazendo com que eu parasse meus movimentos, sentindo apenas o pau quente do Pedro na minha mão, já sentindo um pouco do pré-gozo dele melando minha pele.

— Estão vendo o que aí? – Naquela pergunta e no olhar lançado para nós eu detectei um espasmo do que podia ser desconfiança. A verdade era que provavelmente eu e Pedro estávamos sendo muito menos sutis do que imaginávamos.

— Coisa de futebol. – Dei a resposta mais plausível dado que o computador estava no colo do Pedro e isso foi o suficiente para arrefecer a curiosidade do Yuri. Naquele momento fui tomado pelo alívio mas também pela constatação de que sofria de um dos efeitos colaterais do tesão. O que antes parecia algo arriscado e que eu deveria querer evitar, agora fazia com que a experiência se tornasse mais gostosa, prazerosa, mesmo que os meus movimentos estivessem totalmente concentrados no pau do Pedro. Subitamente o Yuri desconfiar ou mesmo descobrir o que acontecia não era um problema tão grande. O maior problema ali era que eu e Pedro precisávamos gozar.

Quando Yuri se sentou novamente no colchão, voltei a mexer no pau do Pedro que em momento algum havia dado sinal de amolecer. Apertei o membro dele e comecei a bater uma punheta num ritmo lento, sentindo a pele que envolve a cabeça cobrir e descobri-la. Meu amigo abriu as pernas um pouco mais e senti o corpo dele relaxar. A mão dele fez um movimento para ir em direção ao meu pau mas eu acenei uma negativa para ele. Aquela era por minha conta.

O peitoral do Pedro estava exposto e eu o via subindo e descendo cada vez mais rápido, iluminado pela luz da tela do computador que agora mostrava os dois homens de frente um para o outro. Um deles segurava os paus de ambos e masturbava-os num ritmo frenético. Pedro e eu nos olhamos, trocando um olhar que semeava algo entre nós. Em retrospecto, penso que o Pedro escolheu o vídeo de propósito. Acho que o plano dele era que tivéssemos uma sessão de punheta com nossos paus colados como os dos atores, mas já que ele não podia sugerir aquilo verbalmente então sugerira com o vídeo. O primeiro vídeo havia sido uma outra sugestão, uma que permeava nossas fantasias cheias de tesão, fazer sexo à três.

Em meio a essa torrente de pensamentos e sensações, uma conversa supostamente natural ainda acontecia entre nós três. E toda vez que o Pedro falava eu fazia questão de aumentar o ritmo da minha punheta, provocando-o, desafiando-o a manter a naturalidade mesmo quando eu sabia que o que ele queria mesmo era gemer de prazer. A feição dos atores na tela revelava que eles, ainda que silenciados pelo volume nulo do computador, estavam fazendo exatamente o que ele não podia e isso fez com que eu aumentasse mais o ritmo.

Eu conhecia o Pedro, já havia masturbado ele e o visto se masturbando vezes suficientes para saber quando o clímax se aproximava. E conforme o ritmo dos atores aumentava em tela em senti ele se remexendo por baixo da coberta. Pedro era o tipo de cara que quando chega perto do clímax se arreganha, abre as pernas e dobra a ponta dos dedos enquanto goza. Quando estava se masturbando sozinho, uma mão sempre ia para a coxa e a acariciava enquanto a outra estimulava o pinto. Quando eu era o responsável por fazer ele gozar, fazia isso eu mesmo por saber que era o que ele gostava. É claro que ali, para não chamar muita atenção, os movimentos dele eram segurados, reprimidos até certa extensão. Porém uma coisa ele fez, levou uma mão ao peito e começou a brincar com o mamilo.

Tomei as rédeas da conversa com Yuri, respondendo seus comentários enquanto continuava masturbando o Pedro por baixo da coberta. Ele se estimulava num ponto sensível para nós dois, fechando os olhos e abrindo a boca de leve como se quisesse soltar seu costumeiro “que delícia!”. Mas não podia. Os dois atores também se aproximavam do clímax e eu me dedicava à punheta do meu amigo com um cuidado refinado. Não queria fazer movimentos bruscos demais, mas não podia manter um ritmo muito lento.

E naquele momento eu sabia que ele ia gozar. Soube porque o Pedro abriu os olhos de súbito, abrindo a boca um pouco mais. Soube porque os atores do filme gozaram um na barriga do outro, e soube porque senti os jatos quentes de porra melando minha mão dentro do short. O pulsar do membro dele me deu a contagem exata: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete. E com isso senti minha mão melada pelo sêmen do Pedro como já havia sentido outras vezes. Continuei num ritmo cada vez mais lento, acompanhando o amolecer do membro dele e permaneci com a mão melada exatamente onde ela estava. Pedro não protestou e eu não senti a necessidade de deixar de tocar e massagear o pinto dele mesmo depois do êxtase do orgasmo.

Foi então que percebi que eu próprio não havia gozado ainda e que meu saco doía com a antecipação de horas de provocação. Mas Yuri ainda estava acordado e ainda conversava, por mais que sua voz estivesse progressivamente mais lenta e pesada. Não sei quantos minutos se passaram até ele finalmente pegar no sono, mas Pedro fechou o laptop e jogou a coberta para o lado. Eu tirei minha mão melada de porra de dentro do short dele e ambos nos encaminhamos para o banheiro. Quando estávamos os dois já seguramente trancados por trás da porta, Pedro falou:

— Caralho isso foi muito gostoso!

— Você acha que ele viu?

— Acho que não, mas foda-se também. – Ele tirou o short, revelando um membro também melado, os pelos pubianos marcados por fios de gozo – Tira o seu. Deixa eu te ajudar aí.

Tirei meu short, revelando um pau duro, pulsante e uma cabeça de um rosa tão vibrante que parecia mais vermelho. Pedro nos encaminhou para o box e lá dentro, sem cerimônia, agarrou meu pau e começou a me masturbar. Assim como fizera consigo, ele levou uma mão ao meu peito e o acariciou, pegou um dos meus mamilos e começou a brincar com ele entre seus dedos. Eu, ao contrário dele, não segurei um leve gemido e ele não pareceu se importar. A mão dele escorregava facilmente pelo meu pau babado, o polegar passando pela cabeça do meu pênis sempre que ela estava descoberta.

Por um breve momento nossos olhares se cruzaram e ele sorriu para mim sabendo que o que estava fazendo me levava à loucura. Então, Pedro, talvez também sofrendo dos efeitos colaterais do tesão, fez algo inesperado. Ele se aproximou de mim e inclinou a cabeça na direção do meu peito, tomando meu mamilo nos lábios e passando a língua quente pela auréola.

— Pedro, porra! – Não acho que meu gemido tenha sido discreto e também não me importava. Só sabia sentir o estímulo da língua dele na minha pele, os dentes às vezes mordiscando de leve o meu mamilo duro enquanto a mão escorregava pelo meu pau. Eu sentia uma pressão no saco e sabia que não ia durar muito tempo.

Me escorei na parede do box e uma mão minha instintivamente foi para o cabelo do Pedro, segurando os fios entre os dedos e acariciando ele ao mesmo tempo em que passava o recado de que ele não precisava parar. Aquilo era gostoso, mais gostoso do que eu podia imaginar. Se porque um homem me dava prazer ou se porque aquele homem era meu melhor amigo eu não sabia, mas era uma delícia que eu não queria que acabasse. Lembro de fazer esforço para não gozar enquanto minha mão acariciava a cabeça do Pedro e descia pelo pescoço e pela parte das costas que eu conseguia alcançar. Senti a pele dele, morna e arrepiada com o meu toque. Ele chupava meu mamilo com vontade, talvez a mesma vontade com que os atores pornô dos filmes que víamos chupavam os seios fartos das atrizes. O meu peito certamente não tinha a circunferência e nem era farto como o de uma mulher, mas Pedro parecia se deliciar com ele do mesmo jeito.

— Não vou aguentar. – Pedro parou apenas por um instante, anunciando o que foi o primeiro passo para me fazer cruzar o limiar do êxtase.

— Pode gozar em mim.

O segundo passo foi o retorno da boca dele, quente e úmida, à minha pele. Se estivéssemos sozinhos eu teria gemido alto, mas como tínhamos um visitante a apenas um cômodo de distância, dessa vez tive que me segurar. Mas a força dos meus jatos falou por mim e eu senti enquanto Pedro ordenhava cada um deles das minhas bolas. Ele não parou de chupar meu peito até que minha respiração se acalmasse e meu pau amolecesse na mão dele, se erguendo para ficar cara a cara comigo. Eu, ainda sem acreditar no que acontecera, olhei para ele e vi que meus jatos haviam melado parte de sua barriga e seu pau.

— Caralho! – Foi a única coisa que consegui dizer enquanto meu amigo sorria um sorriso safado para mim. Como ele não havia ficado duro de novo eu não sabia, mas sabia que aquilo havia sido de uma delícia inimaginável. O que mais poderíamos sentir se continuássemos explorando o corpo um do outro assim?

— Caralho. – Ele respondeu, abrindo os braços como que para fazer menção à bagunça que eu havia feito em seu corpo que se mesclava com a bagunça que ele próprio havia feito debaixo do cobertor não muito antes.

Nos limpamos com o chuveirinho do vaso por achar que o chuveiro normal levantaria as suspeitas do Yuri caso ele acordasse.

— Mano, bota uma camisa. Acho que eu exagerei no seu peito. – E enquanto ele ria num sussurro, eu reparei no espelho que o peito no qual Pedro plantara a boca estava vermelho.

— Filho da puta. – Eu brinquei.

— Vai reclamar?

— Nada. Fico é te devendo. – Eu disse dando um tapa brincalhão na bunda dele.

— Vou cobrar hein!

— É só pedir com jeitinho. – Rimos e voltamos para o quarto onde Yuri dormia, de bruços, um sono profundo. Nos deitamos.

— Você acha que ele percebeu?

— Acho que não. Mas e se tiver percebido? Você mesmo disse: foda-se.

Ele assentiu e viramos cada um para um canto. Depois de alguns minutos Pedro me cutucou:

— Cara.

— Oi?

— Olha ali. – Virei para ele e vi que ele apontava com a cabeça para o Yuri.

— Que foi?

— Vitão estava certo. Ele tem um bundão mesmo.

Rimos e voltamos a nos aninhar na coberta. Naquela noite dormi um sono dos deuses. Acho que mesmo que o mundo acabasse eu não acordaria. Estava relaxado, satisfeito e completamente drenado depois de gozar litros de porra. A noite transcorreu tranquila, ou ao menos eu pensava. E não, não foi o fim do mundo que chegou mas algo diferente.

Dois dias depois, quando estávamos eu e Pedro sentados na cama do quarto dele, de volta ao nosso costumeiro figurino que consistia de nada, ele disse:

— Cara, preciso de contar um negócio.

— O que? – Silêncio – O que, mano?!

— Não sei se devia. – Ele desviou o olhar quando o encarei.

— Você sabe que pode contar qualquer coisa para mim. Eu não vou contar para ninguém. Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu. – Ele deve ter visto a preocupação no meu olhar – Não foi nada ruim.

— Então conta, pô!

— Lembra anteontem? Quando o Yuri dormiu aqui?

— Lembro. – Ele hesitou antes de continuar.

— Então... Eu acordei de noite. – Ele olhou para mim – Acordei com ele me mamando. – E novamente ele percebeu a preocupação nos meus olhos com as implicações daquilo – Eu acordei no susto e ele percebeu. – Não o interrompi, incentivando que ele continuasse – Ele meio que ficou sem jeito e com vergonha mas aí... aí eu falei pra ele continuar.

— Tá falando sério?

— Tô.

Então o feitiço se virara contra o feiticeiro. Se Yuri era o desprevenido que havia ficado alheio enquanto eu dava prazer ao Pedro, eu havia sido também o alheio enquanto ele fazia o mesmo que eu. Bem... Não exatamente o mesmo. E naquele momento a única coisa que consegui perguntar foi:

— Como foi?

— Foi gostoso. A boquinha dele subindo e descendo no meu pau. Gozei na boca dele.

— Caralho. – Eu não sabia com o que me chocar mais. Com o fato de que Yuri havia mamado o Pedro, que o Pedro havia descoberto e pedido para continuar ou com o que veio depois.

— E pelo jeito acho que não foi a primeira vez dele. Ele parecia já saber o que fazer.

— Você acha que...

— Acho.

— Você nem para me acordar hein! – Eu falei brincando, numa tentativa de mitigar o choque de processar a informação. E veja bem, não era o choque de que meus amigos haviam feito algo proibido. Eu e Pedro fazíamos coisas proibidas há meses e aquilo já não importava mais.

O que me chocava era pensar nas implicações daquilo tudo. Se Pedro estava certo e Yuri já tinha feito aquilo antes, então será que ele já havia mamado outros amigos nossos? Se sim, será que nossos outros amigos faziam coisas semelhantes ao que eu e Pedro fazíamos? Será que faziam mais? O choque logo se tornou curiosidade e a possibilidade de ir um pouco além me foi oferecida pelo próprio Pedro.

— Chamo ele para dormir aqui de novo. Dou um jeito de colocar o colchão mais perto de você, quem sabe ele te mama também. Você quer não quer?

— Quero.

— Combinado. E aí a gente combina também que se ele começar comigo eu te acordo, se ele começar com você aí você me acorda. Pode ser?

— Mas ele vai querer mamar nós dois?

— Acho que vai. A gente tenta. Se ele não quiser ele mama um só e o outro assiste. Sei lá.

E assim firmamos um combinado. Um combinado que nos levava a um patamar diferente da nossa amizade. Minha curiosidade fazia com que um mundo de possibilidades se abrisse diante de mim e agora eu imaginava não apenas o Pedro mas também o Yuri e nossos outros amigos nelas. Pensar naquilo fez com que meu pau começasse a se remexer mas eu me contive. Ia esperar até a próxima noite na casa do Pedro para que meu saco estivesse tão cheio quanto na noite anterior. Se era para gozar na boca do Yuri, então eu ia fazer um serviço bem feito.

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Comentários

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NÃO ENTENDO O MOTIVO DE UM CONTO ASSIM NÃO SER DIVIDIDO EM CAPÍTULOS PARA SE TORNAR MAIS ATRAENTE. FICOU CANSATIVO.

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Confesso que dessa vez não consegui encontrar um lugar para dividir o capítulo para ficar com um fluxo que me agradasse em duas partes. Preferi deixar tudo num capítulo só. Pena que não tenha te agradado tanto, mas agradeço pelo feedback. Espero te ver aqui nos próximos capítulos!

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