Quando o Desejo Acontece - Parte 5

Um conto erótico de Faminta
Categoria: Heterossexual
Contém 2203 palavras
Data: 03/08/2025 14:14:45

A saudade apertou, as agendas complicaram... Combinamos um lugar no meio do caminho entre o desejo e a saudade. Um chalé, entre nossas cidades, uns dias fora de todo o externo. Apenas nós, alheios ao mundo lá fora. Era quase um tratado silencioso: entre o que sentimos e o que ainda não ousamos dizer.

Era uma manhã de sexta, gelada. Me arrumei como quem se despede da pressa e se oferece ao tempo. Vesti um vestido de lã com abertura nas costas, como quem sabe que vai ser despida com os olhos antes das mãos. Um perfume atrás da orelha. Brincos pequenos. Nada chamativo apenas o essencial. Era um ritual. Não de vaidade, mas de desejo. De preparo. De entrega anunciada. Escolhi cada peça cuidadosamente já pensando na sensação dele me despir. Era como se meu corpo gritasse: Ele vai me tocar e eu quero sentir cada toque.

Na estrada, o céu cinza dava à viagem um ar de travessia. A cada km a saudade se misturava com o novo... talvez ternura, talvez um sentimento ainda não nomeado. A estrada, em determinado ponto, estava parcialmente interditada, o que me atrasou, mas não apressou o nosso tempo. Ficamos em contato durante todo o trajeto. Ele me avisou quando chegou, estava perto, porém presa pela interdição da estrada. Rob, este é o apelido dele, só me disse: estou a sua espera, não se preocupe, venha em segurança. A estrada, que parecia tão breve na imaginação, se esticava diante de mim como se testasse minha paciência ou minha vontade.

Quando finalmente estacionei, e, antes que desligasse o motor, o vi. Do lado de fora, de mãos nos bolsos, casaco escuro, olhar fixo e o sorriso aberto. Ele veio até o carro. Me olhou com um sorriso demorado, como quem tenta conter o desejo e falha. Trazia flores. Mas o que me arrancou o ar foi o beijo. Um beijo que misturava saudade, promessa e fome. Aquele tipo de beijo que só se dá quando não se quer dizer tudo com palavras. Ele veio em minha direção devagar, com aquele andar firme e íntimo. Abri a porta e antes que eu dissesse qualquer palavra, ele me puxou com urgência suave. O beijo foi imediato e calado. Beijo de saudade. Beijo de corpo que se lembrava. Beijo que dizia: “Eu senti sua falta até no osso.” Me lembro que por um segundo respirei fundo para absorver o perfume dele. As flores passaram de suas mãos para as minha. E eu sorri. Porque era ele. Só ele faria isso: me esperar com flores e olhos de quem me deseja inteira. Ficamos alguns segundos assim, no frio, no meio da serra, com o motor ainda quente e o mundo inteiro suspenso entre nós. E foi ali, antes do quarto, antes da cama, antes de qualquer toque mais fundo que algo dentro de mim se entregou primeiro.

Ficamos ali, alguns minutos dentro de um tempo nosso. Ele me abraçou forte, o corpo colado no meu. E eu escutei entre o som da respiração dele e o vento cortando que estava no lugar certo.

Entramos. O chalé era aquecido por madeira e silêncio. A porta se fechou atrás de mim com o som exato de quem sela um pacto, cheiro de café fresco e aquela música que parecia saber da gente. Deixei a mala encostada na porta. Ele veio por trás, afastou meu cabelo e me beijou o pescoço devagar. A pele respondeu antes de mim. “Você demorou”, sussurrou. “Mas eu vim”, respondi.

“Primeiro, café.” A cozinha aberta deixava o aroma se espalhar pelo ambiente — cheiro de café recém passado, canela, e um toque de cuidado. Na bancada de madeira clara, duas xícaras já estavam à espera. Ele havia pensado em tudo. “Café passado na hora, pão de queijo aquecido no forno, frutas e… você.” Sentei-me no banco alto, com as pernas cruzadas e os ombros ainda carregando o frio da estrada. Ele se aproximou com a xícara entre as mãos, e me serviu como quem oferece um abrigo. “Achei que um começo assim combinava com a gente. Antes do toque… o tempo.” “E o café”, completei, sorrindo. Conversamos. Sobre o trajeto, os imprevistos, a ansiedade boba que tomou conta na noite anterior. Ele me confessou que dormiu mal, que revisitou nossas mensagens mais antigas e suas lembranças. Eu apenas bebi o café devagar, como quem se aquece por dentro e por fora. Esse homem tem um dom, ele me instiga, me desperta, sem o mínimo esforço, Do lado de fora, as árvores altas filtravam o sol da manhã, deixando a luz entrar com delicadeza. Do lado de dentro, o tempo se dilatava. “Você tá com frio?”, perguntou. Eu assenti, com um gesto contido. Ele se aproximou, abriu a manta que estava sobre o encosto do sofá e me envolveu. Mas não se afastou. Ficou ali, ao meu lado, os braços roçando levemente os meus. O calor que vinha dele não era só físico, era presença. Era promessa. “Esperei muito por essa manhã”, ele disse, quase sussurrando. E eu soube: A temperatura do café não era a única coisa que começava a esquentar.

Eu mantinha as mãos entrelaçadas no colo, mas sentia o corpo dele cada vez mais perto. Não havia pressa. Só presença. E uma tensão sutil, morna, que começava a se insinuar entre nós. Ele me olhou com aquele jeito que já conhecia meu silêncio. Desfez o nó frouxo do meu rabo de cavalo, deixando os fios caírem pelas costas.

“Sempre quis fazer isso…”, disse, com um sorriso que tocava mais do que os dedos. Minha nuca exposta arrepiou. Não só pelo frio, que ainda pairava em mim, mas pelo gesto. Pelo jeito como ele se inclinou, devagar, e roçou os lábios exatamente ali, onde o tecido do vestido se abria. Não era um beijo. Era uma pergunta. Um ensaio. Fechei os olhos. Respirei fundo. E, sem dizer palavra, deslizei a mão por entre a manta e toquei o antebraço dele. Meu gesto era simples, mas claro: pode continuar. Ele ergueu os olhos e me olhou por um instante longo. Um desses olhares que parecem pousar, não mirar. Depois, afastou suavemente meu cabelo das costas, com o mesmo cuidado de quem abre um presente com as mãos nuas. Beijou meu ombro. A respiração dele era quente contra minha pele gelada. Minha pele já não estava tão gelada assim. Então, com um movimento lento e seguro, ele me virou de costas e encostou o corpo no meu. Sua boca colada ao meu ouvido, a voz baixa e rouca, ele anunciou: “Dessa vez, esse seu rabo gostoso não me escapa.” Senti o arrepio subir pelas costas. Aquelas palavras me atravessaram como um sopro quente no ventre. Cruas. Íntimas. Inconfundivelmente nossas. E ainda assim ditas como se fossem a primeira vez. A manta escorregou um pouco, revelando parte do meu braço. E ele apenas o envolveu com a palma da mão, mantendo o toque. Sem urgência. Como se ali, entre o ombro descoberto e os dedos que demoravam, o desejo estivesse inteiro. Ainda contido. Mas acordado. Eu quis dizer algo, mas me calei. Ele entendeu. Ficamos assim: Entre o calor da lareira e o frio que restava na pele. Entre o que já sabíamos do outro e tudo que ainda queríamos descobrir. O quarto lá em cima era promessa. Mas a manhã ainda pedia chão.

Ele me virou devagar, como se o gesto já tivesse acontecido mil vezes na imaginação dele e na minha. Me puxou para mais perto, as mãos descendo pelas minhas costas expostas, até alcançar a curva dos meus quadris. Sua respiração já era outra. Mais profunda. Mais densa. A minha também. Fiquei de frente para ele, mas nossos olhos ainda evitavam se perder completamente. Era como se o desejo precisasse de mais um instante de reverência antes de ser consumido. Ele deslizou as mãos pelas laterais do meu vestido, sentindo cada costura, cada vinco no tecido, antes de alcançá-lo por baixo e começar a subi-lo lentamente pelas minhas coxas. O toque dele não era só físico. Era memória, reivindicação. Tirei a manta dos ombros. Ele me olhou como se estivesse diante de algo sagrado. Ajoelhou-se à minha frente, meus dedos se fecharam nos fios do cabelo dele, e beijou minha barriga, minha cintura, o osso do quadril. E então, meu sexo. Sem aviso, sem pausa, me provou como quem reconhece um território antigo e ainda assim se surpreende com a intensidade. Sugou deliciosamente todo desejo que meu corpo já sinalizava. A língua dele encontrou meu ponto com precisão, e o jeito como ele me olhava entre uma lambida e outra me desmontava. E dedos me penetravam suavemente e conforme meu corpo sinalizava ele aumentava o ritmo tanto dos dedos quanto da língua. Gozei, urrando de prazer, um gozo rápido, quente, inevitável. Como se eu tivesse guardado aquele orgasmo desde o último toque nosso e ele soubesse exatamente onde e como libertá-lo. Minhas pernas tremeram em torno dos ombros dele, e o gemido escapou sem controle. Não pedi. Não avisei. Eu apenas gozei. Inteira. Quando ele se levantou, nossos rostos ficaram tão próximos que a respiração se misturou. Nos beijamos com fome, senti meu gosto, uma fome que vinha do fundo uma sede guardada, adiada. Beijar ele era me lembrar quem eu era com ele. Quem eu só sou com ele. Me pegou no colo, com força e doçura, e me deitou no sofá, ali mesmo, sem subir as escadas. Me despiu com calma, mas sem hesitar. Eu implorava por ele, queria sentir o sabor dele. Ele só me dizia: Você terá tempo pra me mamar bem gostoso...sossega. Cada peça retirada era também uma camada da ausência que caía no chão. Fiquei nua sob a luz da manhã, e não me escondi. Ele me tocou como quem volta pra casa. Com boca, com dedos, com olhos. Desceu por entre minhas pernas com a precisão de quem sabe o que faz e o que provoca. E eu arqueei o corpo, entregue. Não disse palavra. Mas minha pele falava por mim.

Quando ele entrou em mim, foi com um gemido baixo que escapou de nós dois ao mesmo tempo como se algo tivesse finalmente se encaixado. O ritmo era lento no começo, eu precisava me acostumar com ele novamente. Um vai e vem que parecia querer durar pra sempre. Depois, acelerou. As mãos se apertaram, os corpos se misturaram num suor morno, num atrito molhado, num descompasso que gritava: estamos vivos. O sofá virou cenário de um desejo que não era só carnal era alma com sede de corpo. E corpo com saudade de alma.

Gozei mais uma vez, com a cabeça jogada pra trás, os olhos fechados e a respiração entrecortada molhando-o todinho. Ele gemeu com aquela voz rouca e falou: que saudade de sentir você esguichando. Não segurou, gozou com um gemido abafado no meu pescoço, me segurando com tanta força que por um segundo achei que ele nunca mais fosse soltar. E talvez não soltasse mesmo. Porque depois disso, ficamos ali. Entrelaçados. Em silêncio. E não era mais só desejo. Era reencontro. Era presença. Era começo.

Ficamos ali por alguns minutos, ainda entrelaçado, os corpos amolecidos, os corações tentando voltar ao compasso. Ele acariciava minha coxa com movimentos lentos, distraídos, enquanto falávamos de coisas banais, filhos, trabalho, pequenas lembranças do passado. A intimidade era tanta que até o silêncio entre nós parecia cheio de palavras. “Você sempre me desmonta”, eu disse, ainda sem fôlego. “E você… me acende”, ele respondeu, com um sorriso de canto e a voz mais grave que antes. Nos olhamos. E já sabíamos. A conversa virou pausa. E o desejo, de novo, se insinuou. Dessa vez, ele não pediu licença. Me puxou pelas pernas até me deixar sentada sobre ele, montada. O corpo dele já duro outra vez, quente sob a minha pele ainda sensível. Eu sorri com o olhar, escorregando por cima dele como quem sabe o poder que tem e ele me acompanhava com as mãos cravadas na minha cintura. O ritmo foi diferente. Urgente. Cru. Era como se não houvesse mais nada a ser dito. Só vivido. Ele mordia meu pescoço enquanto me guiava com força contra ele, e eu gemia sem nenhum pudor sem querer conter nada. As palavras que escapavam da boca dele eram outras agora. Mais sujas. Mais cruas. Mais nossas. “Olha o que você me faz, porra…” “Não para…”, eu pedia, e ele não parava. Me virou de costas. Me colocou de joelhos no sofá, puxou meu quadril com firmeza e me tomou por trás, num movimento profundo e ritmado que fazia meu corpo inteiro ecoar. Segurava firme, dizia meu nome entre os dentes, gemia baixo no meu ouvido, me possuía como quem reencontra algo que nunca deveria ter perdido. Eu gozei de novo. Sem vergonha. Gritei. O corpo inteiro em espasmos, a pele suada, a alma entregue. Ele continuou até se perder também, apertando minha cintura, os músculos tensos, a respiração falha. Gozo forte. Incontrolável. Final de mundo. Caímos os dois, ofegantes, exaustos, saciados. Rindo. Abraçados. Ficamos ali, nus, suados, entre o cheiro de sexo, o calor da lareira e o gosto de um amor que sabia transbordar. E era apenas a manhã do primeiro dia.

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