Com Você Descobri o Amor-18

Um conto erótico de AYOON
Categoria: Gay
Contém 1364 palavras
Data: 26/08/2025 18:18:37

As palavras inocentes atingiram Edgar como um soco. O peito dele queimou, e por um instante quase esqueceu de respirar. Um desejo bruto, incontrolável, percorreu seu corpo inteiro, mas se conteve, cerrando o maxilar.

— Nunca, Elijah — respondeu rouco, sentindo que dizia muito mais do que deveria. — Nunca vou te soltar.

O silêncio entre eles foi preenchido apenas pela água correndo. Elijah boiava, tímido, mas aos poucos deixava o corpo relaxar, seguro de que Edgar não o deixaria cair.

Edgar, por sua vez, só pensava no quanto aquilo era perigoso: quanto mais o garoto confiava, mais difícil seria manter os limites.

Elijah já parecia um pouco mais à vontade dentro da água, mesmo ainda segurando firme no braço de Edgar. A cada passo que o mais velho dava, a corrente fria batia contra o corpo pequeno do garoto, que ria baixinho, como se fosse uma aventura enorme estar ali.

De repente, numa coragem inesperada, Elijah juntou as mãos e espirrou água direto no peito de Edgar.

— Ei! — Edgar resmungou, levando a mão ao rosto molhado. — Moleque atrevido…

Elijah, com os olhos brilhando, mordeu o lábio tentando segurar a risada. — O senhor ficou… engraçado.

Edgar estreitou os olhos, mas um sorriso enviesado escapou no canto da boca. Ele avançou de repente, provocando ondas, e Elijah deu um gritinho, tentando se esquivar.

— Agora vai ter troco — a voz dele soava grave, quase como um aviso.

Elijah tentou fugir pela parte mais rasa, mas Edgar foi rápido: agarrou sua cintura com facilidade e o ergueu, girando-o no ar como se fosse nada. O garoto ria e protestava ao mesmo tempo, as pernas agitadas mandando respingos por todos os lados.

— P-para! Eu vou cair! — Elijah gritava, rindo nervoso.

— Relaxa. — Edgar o segurava firme, as mãos grandes envolvendo o corpo molhado e quente. — Já te disse, não vou deixar você afundar.

E então, sem perceber, ficou olhando. A água escorria do cabelo desgrenhado de Elijah, descendo pelo rosto e pelo pescoço fino, pingando na regata encharcada que grudava no peito pequeno e esguio. Os olhos azuis, ainda cheios de medo e diversão, o encaravam como se ele fosse o único porto seguro no mundo.

Droga… — pensou Edgar, com o coração pesado e acelerado. — Por que ele parece tão bonito até assim, todo molhado e assustado? Ele nem sabe o que faz comigo. Nem imagina.

Elijah, sem entender o silêncio repentino, pigarreou tímido. — S-senhor? Vai me soltar?

Edgar respirou fundo, forçando a carranca de volta ao rosto, tentando esconder o turbilhão dentro dele. Não posso pensar assim. Ele é só um garoto… um garoto que confia em mim. E ainda assim, tudo que eu quero é…

Ele o pôs de volta na água com cuidado, sustentando sua cintura até os pés tocarem o fundo raso.

— Você me paga por essa — murmurou, mas a voz saiu rouca demais, traindo o que sentia.

Elijah baixou o rosto, rindo nervoso. — Eu… eu só queria brincar…

Edgar desviou o olhar para a queda d’água, cerrando o maxilar. Brincar… e eu aqui lutando contra mim mesmo...

Ainda assim… se ele soubesse o quanto eu quero protegê-lo, do mundo inteiro, até de mim mesmo…

O som da cachoeira abafava tudo, mas no peito de Edgar só existia aquele caos quente e contraditório: o desejo bruto e a estranha ternura que Elijah despertava, como uma chama que queimava por dentro sem jamais apagar.

— Vamos sair da água. — Edgar anunciou, a voz firme, mesmo que por dentro tivesse dificuldade de se afastar daquela cena. — Comer alguma coisa vai te fazer bem.

Elijah, ainda ajoelhado na beira da água, virou-se com os olhos azuis brilhando. — Posso… posso ficar mais um pouco aqui? — pediu baixinho, como quem teme um “não”.

Edgar suspirou fundo, passando a mão molhada pelos cabelos escuros para afastá-los do rosto. — Mais um pouco. — cedeu, contrariado. — Mas não se afaste da beirada, entendeu?

— Entendi. — o garoto sorriu, voltando sua atenção para a água transparente.

E foi então que Edgar o viu de um jeito diferente. Elijah não parecia mais o menino acuado e desconfiado que encontrara pela primeira vez. Agora estava ali, rindo sozinho quando um pequeno peixe lhe beliscava o pé, saltando com delicadeza para escapar das ondas leves que a cachoeira empurrava. O sol iluminava seus cabelos loiros, fazendo-os cintilar em reflexos dourados, e seus olhos azuis eram tão vivos que lembravam o próprio brilho da água.

Era a primeira vez que Edgar o via tão… livre.

Esse é o verdadeiro Elijah, pensou, sentindo o peito apertar de uma forma estranha. O garoto que nunca teve chance de sorrir assim. O que só agora começa a descobrir o mundo fora das correntes que o prendiam.

Ele deveria estar feliz por vê-lo assim — e estava. Mas junto da alegria vinha o peso. O peso da verdade que escondia.

Jonas estava preso. Seus homens estavam sendo caçados. O disfarce de Edgar já não era mais necessário. Elijah não precisava mais viver escondido. Não precisava mais dele.

Eu deveria contar agora, refletiu, cerrando os punhos. Dizer que acabou. Que ele é livre. Que pode ter uma nova vida, sem precisar carregar meu rosto, minha sombra, meu mundo sujo.

Mas quando desviou os olhos de novo para Elijah, que ria sozinho, fascinando-se com algo tão simples quanto um cardume passando, Edgar sentiu o conflito crescer ainda mais.

E se eu disser… ele vai embora. Ele nunca mais vai olhar pra mim assim. Nunca mais vou ouvir essa risada. Droga… como vou suportar esse vazio depois?

Ele fechou os olhos por um instante, respirando fundo, tentando retomar o controle. Sua máscara de homem duro e inabalável estava começando a rachar, e era por causa daquele garoto franzino que agora ria da vida pela primeira vez.

E, no fundo, Edgar sabia: cedo ou tarde teria que escolher entre a verdade… e o desejo egoísta de mantê-lo por perto.

Edgar respirou fundo, os olhos fixos na figura de Elijah na beira da água. Não podia mais adiar. O nó em sua garganta era tão pesado quanto a arma que sempre carregava.

— Elijah. — chamou com a voz baixa, mas firme.

O garoto levantou os olhos, ainda sorrindo, as bochechas coradas pelo sol. — Sim, senhor?

Edgar caminhou devagar até ele, parando a poucos passos de distância. O coração batia forte, mas seu semblante duro não deixava transparecer. Ele não era homem de confissões… mas agora não havia escolha.

— Eu preciso te dizer a verdade. — começou, a mão cerrada contra a lateral da coxa. — Não sou quem você pensa. Não sou apenas um comprador excêntrico. Sou um agente infiltrado. Tudo… — fez uma pausa, quase engolindo em seco — tudo começou porque eu precisava me aproximar de Jonas.

Elijah piscou, confuso. Não entendia muito bem o que aquilo significava. Edgar prosseguiu, cada palavra soando como faca contra sua própria língua:

— Quando eu te comprei… foi parte da cobertura. Eu precisava manter as aparências, e você… — respirou fundo — você foi colocado no meio disso.

O silêncio caiu pesado, só quebrado pelo som da cachoeira. Elijah abaixou os olhos, absorvendo as palavras. Depois, devagar, ergueu o rosto de novo. Os olhos azuis estavam marejados, mas havia algo brilhando ali.

— Então… — sua voz saiu fraca, quase uma súplica infantil — quer dizer que eu… que eu sou livre? Que não preciso mais me esconder?

Um sorriso tímido nasceu em seus lábios, tão puro que partiu Edgar ao meio.

— Posso… viver de verdade?

Foi nesse instante que Edgar sentiu o gosto amargo subir pela boca. Ver aquele brilho, aquele sorriso — e saber que era ele quem o libertava — deveria trazer alívio. Mas só trouxe dor. Porque junto com a palavra livre vinha a outra: longe.

Elijah poderia escolher uma vida nova, distante, sem grades e sem armas, sem precisar dele.

E Edgar, o homem duro, impenetrável, sentiu o peito se contrair.

Droga… era isso que eu queria desde o início. Ver ele livre. Então por que parece que estou perdendo algo que nunca foi meu?

Edgar desviou os olhos, apertando a mandíbula para não deixar transparecer nada. Seu corpo rígido, sempre acostumado ao controle absoluto, agora parecia pesado, quase traindo-o. Ele estava ali, na beira da cachoeira, mas queria desaparecer. Cada risada, cada brilho nos olhos azuis de Elijah queimava como fogo.

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