O Escolhido de Eldoria ☆ Capítulo 5

Um conto erótico de Tiago e Lucas
Categoria: Homossexual
Contém 1477 palavras
Data: 25/08/2025 15:51:08

✧ Sob a Mesma Lona ✧

(Lucas)

A rota para a Floresta das Sombras se estendia à nossa frente como uma cicatriz marrom na paisagem verdejante. O sol da tarde batia forte em nossas nucas, e o único som além do vento era o ofegar asmático de Tiago atrás de mim. Cada passo meu era medido, econômico; os dele eram uma confusão de tropeços e arrastar de botas. O Vínculo me trazia sua miséria em ondas de calor e dor muscular, uma distração que eu não podia me permitir. Aquele corpo não era apenas inadequado, era um risco. Se fôssemos atacados, ele seria um peso morto em menos de dez segundos. Eu não podia esperar chegar a um lugar seguro para começar. O treinamento começaria agora. Saí da estrada, entrando numa pequena clareira sombreada por carvalhos antigos. Joguei as mochilas no chão com um baque surdo. “Vamos começar o treinamento.”

(Tiago)

A palavra “começar” me encheu de um pavor gelado que superou a queimação em minhas coxas e a dor aguda em minhas costas. Eu mal conseguia respirar, e ele queria treinar? Observei, apoiado nos joelhos, enquanto ele tirava da sua mochila uma espada curta de treino, feita de madeira pesada e gasta. Ele a jogou para mim. Meus reflexos, embotados pela exaustão, quase a deixaram cair. A madeira era sólida, pesada, completamente estranha em minhas mãos acostumadas a penas e pergaminhos. “Postura de guarda”, ele ordenou, a voz sem paciência. Tentei imitar as posições que via os soldados assumindo no pátio do castelo, mas me senti um boneco desarticulado. Meus joelhos tremeram, meus braços doíam e o Vínculo me dizia que, para Lucas, eu parecia ainda mais ridículo do que me sentia. Era um misto de pena e irritação pura que emanava dele.

(Lucas)

“Não”, eu disse, a palavra cortando o ar. Ele segurava a espada como se fosse uma pá, os ombros curvados, o peso todo nos calcanhares. Um sopro de vento o derrubaria. A raiva, uma brasa quente e familiar, começou a queimar em meu peito. A incompetência dele era um insulto. “Seus pés. Abertos. Alinhados com os ombros. Dobre os joelhos. Você não está esperando na fila do pão, está se preparando para não morrer.” Aproximei-me e, sem pedir permissão, chutei de leve a parte de trás de sua panturrilha para forçá-lo à posição correta. Ele se desequilibrou com um grunhido de surpresa. O contato físico enviou uma centelha desagradável através do Vínculo, uma onda de sua humilhação e do meu próprio nojo. “De novo. Levante a espada. O gume para o inimigo, não para o céu. Os deuses não vão lutar por você.”

(Tiago)

Cada correção dele era um golpe, físico ou verbal. Minhas costas gritavam em protesto pela postura agachada, e o peso da espada de madeira parecia multiplicar a cada segundo. Eu tentava, com todo o meu ser, mas meu corpo se recusava a obedecer de forma natural. O conhecimento teórico que eu tinha sobre táticas de batalha, lido em dezenas de crônicas, era completamente inútil. Era como saber a gramática de uma língua e ser incapaz de pronunciar uma única palavra. Através do Vínculo, senti a frustração de Lucas crescer, se transformar de uma brasa em uma chama. Ele não via meu esforço, apenas meu fracasso. A paciência dele, que eu já sabia ser minúscula, estava se esgotando rapidamente.

(Lucas)

“Chega!” O grito explodiu de mim, mais alto do que eu pretendia. O som fez alguns pássaros levantarem voo das árvores. Eu arranquei a espada das mãos dele, a madeira parecendo leve como uma pena nas minhas. “Você acha que um mercenário de Malakor vai esperar você se lembrar de como ficar em pé? Ele vai cortar sua garganta enquanto você está pensando na angulação do seu pulso!” A raiva me dominou. Era a frustração com ele, com a corte, com essa missão suicida. Era o peso de tudo. “Eles te mandaram para morrer, Tiago. E você está fazendo de tudo para facilitar o trabalho deles!” Joguei a espada de treino no chão. O som da madeira batendo na terra foi definitivo. “Vou armar a tenda. Não toque em nada.”

(Tiago)

Fiquei paralisado, o eco das palavras dele ressoando na minha mente. “Eles te mandaram para morrer”. Eu sabia disso, no fundo, mas ouvir em voz alta, com tanto veneno, me quebrou. Observei em silêncio enquanto ele, com movimentos eficientes e furiosos, tirava uma pequena lona da mochila e armava uma tenda que mal parecia grande o suficiente para uma pessoa. A compreensão me atingiu como um soco no estômago. Era uma tenda de patrulha, para um único soldado. Nós dois teríamos que dormir ali. A perspectiva de ficar confinado naquele espaço minúsculo com a personificação da minha inadequação, fervendo em sua raiva silenciosa, era uma tortura que prometia ser pior do que qualquer dor muscular.

(Lucas)

A noite caiu fria. A fogueira crepitava, lançando sombras dançantes na clareira. Comemos em silêncio, o queijo fedorento de Tiago e um pedaço de carne seca minha. A tensão era uma terceira presença entre nós. Quando não dava mais para adiar, eu apaguei o fogo e fiz um gesto com a cabeça em direção à tenda. “Entre.” A ordem foi ríspida. Ele obedeceu sem uma palavra, se esgueirando para dentro do pequeno espaço. Eu o segui, e o ar imediatamente se tornou quente e rarefeito. Nossos corpos estavam a centímetros de distância um do outro, e eu podia sentir o calor que irradiava dele. Deitei de costas, encarando o teto de lona, e me forcei a controlar a respiração, tentando ignorar a presença sufocante do homem ao meu lado.

(Tiago)

Dentro da tenda, o cheiro dele era avassalador. A proximidade de seu corpo era opressiva. Eu podia ouvir sua respiração controlada e sentir a rigidez de seus músculos, mesmo sem tocá-lo. Eu me encolhi o máximo que pude, tentando me fundir com a lateral da lona, para dar a ele espaço, para parecer menor, menos presente. A exaustão do dia, no entanto, era uma força poderosa. A dor física e a humilhação emocional haviam drenado cada gota da minha energia. Apesar da ansiedade, do desconforto, do medo, meus olhos se fecharam e o sono me arrastou para a escuridão como uma maré irresistível. Em pouco tempo, eu estava completamente apagado, mergulhado em um sono pesado e sem sonhos, roncando como o urso que ele provavelmente achava que eu era.

(Lucas)

Ele roncava. Um som grave e profundo que vibrava pelo chão e pelo ar no nosso cubículo. A irritação, que eu havia conseguido domar e transformar em uma indiferença fria, voltou com força total. Cada ronco era um lembrete da sua presença, do seu peso, do fardo que ele representava. A frustração do dia, a raiva contida, a tensão da nossa proximidade forçada… tudo se acumulou em meu corpo, se alojando em meus músculos, em meu sangue, procurando uma válvula de escape. O estresse se transformou em uma necessidade física, um calor baixo e pulsante. Eu precisava de um alívio, um momento que fosse apenas meu, para liberar a pressão antes que ela me fizesse explodir. Com o máximo de cuidado, movendo-me na escuridão, minha mão deslizou para baixo, por sobre o tecido áspero das calças.

Fechei os olhos, concentrando-me na sensação, na fricção da minha mão quente e habilidosa. Com a outra mão, busquei meu próprio peito, os dedos encontrando um mamilo e torcendo-o com força, uma dor aguda e focada que se misturava ao prazer crescente, uma forma de me punir e me excitar ao mesmo tempo. Tentei esvaziar a mente, focar apenas no toque, mas era inútil. Imagens do dia invadiram meus pensamentos, vívidas e cruéis: o jeito patético como ele segurava a espada, a onda de sua humilhação reverberando através do Vínculo como um choque elétrico, o cheiro de seu queijo fedorento azedando o ar. A raiva e a frustração alimentaram o desejo, torcendo-o em algo mais sombrio, mais urgente. O aperto em meu mamilo se tornou mais cruel a cada memória humilhante, a dor ancorando-me no presente.

Minha respiração ficou presa na garganta enquanto eu me aproximava do limite, o movimento da minha mão se tornando mais rápido, mais firme, desesperado por um alívio que parecia inalcançável. O clímax veio como um espasmo silencioso e contido, um calor que inundou meus sentidos por um breve e abençoado segundo, abafando todo o resto. O alívio foi imediato, mas a evidência pegajosa de minha fraqueza momentânea esfriou rapidamente em minha pele e no tecido áspero da minha túnica. Com um murmúrio quase inaudível, a garganta seca, invoquei um Cântico de Limpeza. Uma luz fraca e avermelhada envolveu minha mão e a área suja por um instante, e então, tudo desapareceu, deixando apenas o cheiro limpo de linho e ozônio. Virei-me de costas para Tiago, o corpo mais relaxado, mas a mente ainda em guerra. Esta seria uma longa, longa jornada.

Continua…

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