O Escolhido de Eldoria ☆ Capítulo 1

Um conto erótico de Tiago e Lucas
Categoria: Homossexual
Contém 1110 palavras
Data: 24/08/2025 18:22:35
Assuntos: Fantasia, Gay, Homossexual

✧ A Profecia do Coração Inesperado ✧

(Lucas)

O ar no Salão dos Ecos Celestiais estava denso, pesado com o cheiro de pânico e pergaminho mofado. Eu me postava na primeira fila, entre os generais e conselheiros do Rei, com a espinha ereta e o queixo erguido. Lá fora, o avanço de Malakor era uma mancha escura no horizonte, uma praga que consumia vilarejos e corrompia a própria terra com sua magia necromante. Aqui dentro, porém, a esperança, por mais frágil que fosse, estava prestes a ser revelada. Os três Sábios do Pico Cinzento desdobravam o Rolo do Destino, e eu sentia os olhares de todos sobre mim. Desde criança, fui treinado para este momento. Minha magia crepitava sob a pele, ansiosa. Eu era o mago mais promissor de Eldoria, o prodígio. A profecia só poderia se referir a mim.

(Tiago)

Encolhido atrás de uma coluna de mármore perto da saída, eu só queria me tornar invisível. O Salão dos Ecos Celestiais me esmagava com sua grandiosidade. Os vitrais que choravam luz colorida sobre os nobres assustados pareciam zombar do meu medo. Meus dedos, suados, brincavam com a bainha puída da minha túnica de aprendiz. Eu conseguia sentir a energia pulsando no salão, a expectativa concentrada em uma única pessoa: Lucas. Ele era tudo o que eu não era. Confiante, poderoso, um verdadeiro herói saído das tapeçarias antigas que nos cercavam. Enquanto a sombra de Malakor nos engolia, a única coisa que eu podia pensar era em como Lucas nos salvaria. Ele tinha que nos salvar.

(Lucas)

O Sábio mais velho, Elur, ergueu as mãos trêmulas, e um silêncio sepulcral caiu sobre o salão. Sua voz, embora frágil pela idade, ressoou com um poder ancestral. “A escuridão avança, mas a chama não se apagará. Pois a antiga escritura fala da ‘Profecia do Coração Inesperado’. Quando a sombra de Malakor cobrir a terra, um mago surgirá, não forjado no fogo da ambição, mas nascido da mais pura compaixão. Seu poder, adormecido, despertará para ser a muralha de Eldoria.” Meu coração martelava no peito. “Coração Inesperado”. Talvez inesperado por ser mais forte do que qualquer um jamais sonhou. Sim, fazia sentido. Eu estava pronto para aceitar o fardo.

(Tiago)

Eu mal respirava enquanto ouvia as palavras do Sábio Elur. Um calafrio percorreu minha espinha. “Coração Inesperado”. A descrição parecia tão… grandiosa, tão pura. Meus olhos encontraram os de Lucas por um instante. Ele estava impassível, uma estátua de determinação. Era ele, sem dúvida. Uma onda de alívio me invadiu. Estávamos salvos. Lucas iria nos liderar. Eu só precisava ficar fora do caminho e tentar não derrubar nada importante enquanto a batalha acontecia. Talvez eu pudesse ajudar a preparar poções de cura, longe da linha de frente. Sim, isso parecia um bom plano.

O Rolo do Destino, no centro do salão, começou a brilhar. Uma luz azul etérea se ergueu do pergaminho, pairando no ar por um momento tenso. Ela flutuou sobre a cabeça dos Sábios, girou sobre o trono vazio do Rei Theron e então, para o choque de todos, ignorou completamente a primeira fileira de heróis e nobres. A luz ziguezagueou pelo salão lotado, um cometa de esperança buscando seu alvo. O murmúrio se tornou um suspiro coletivo quando a luz passou por cavaleiros condecorados e magos experientes, e veio diretamente na minha direção, na direção do jovem gordo escondido atrás da pilastra.

O feixe de luz azul me envolveu, quente e vibrante, fazendo cada pelo do meu corpo se arrepiar. Por um segundo, achei que fosse um feitiço de ataque perdido, um acidente. Mas não havia dor, apenas um zumbido estranho nos meus ouvidos e a sensação de mil olhares me perfurando. O silêncio no salão era agora um grito mudo. Levantei a cabeça, piscando contra o brilho, e vi o rosto de todos. Confusão. Incredulidade. E no rosto de Lucas, algo que parecia horror puro. Elur apontou um dedo enrugado diretamente para mim e declarou, com a voz quebrando a tensão: “Contemplem! A profecia se cumpriu! Tiago é o Escolhido!”.

(Lucas)

“Não.” A palavra escapou dos meus lábios como um sopro gelado. Tiago? O Escolhido era Tiago? O mesmo Tiago que na semana passada transformou uma poção de crescimento de plantas em um explosivo de gosma fedorenta? O mesmo Tiago cujo feitiço de levitação mais bem-sucedido resultou em erguer a própria túnica sobre a cabeça, deixando-o cego por dez minutos? Uma raiva fria e cortante subiu pela minha garganta, sufocando minha incredulidade. Isso não era uma profecia, era uma piada. Uma sentença de morte para todos nós, entregue por um rapaz desajeitado que mal conseguia amarrar os próprios sapatos sem tropeçar.

A voz de um duque corpulento ecoou pelo salão, expressando o que todos pensavam. “Ele? Mas… ele mal consegue acender uma vela com magia! Isso é um erro!” Outros gritos de protesto se seguiram, uma onda de pânico e desdém. Mas o Sábio Elur bateu seu cajado no chão, produzindo um som que calou a todos. “A profecia não escolhe o mais habilidoso, Duque Borin, nem o mais forte. Ela escolhe o mais puro. O coração de Malakor é forjado no ódio e na ambição. Apenas um coração livre dessas máculas pode ser seu oposto. Apenas o ‘Coração Inesperado’.”

(Tiago)

“O mais puro”. As palavras do Sábio não me trouxeram conforto, apenas um peso esmagador. Cada protesto, cada olhar de desprezo, era uma adaga no meu peito. Eles estavam certos. Eu não era um herói. Eu era um acidente. Meus olhos, desesperados, buscaram os de Lucas novamente. Eu esperava encontrar qualquer coisa: raiva, confusão, até mesmo pena. Mas o que encontrei foi pior. Encontrei um vazio gélido, o olhar de alguém que acabara de presenciar o fim de tudo. Ele não me via como um salvador improvável, ele me via como o prego final no caixão de Eldoria. E, no fundo do meu coração apavorado, eu concordava com ele.

(Lucas)

Enquanto o salão mergulhava em um caos de sussurros e conspirações, eu me sentia estranhamente calmo. A raiva havia passado, dando lugar a uma certeza sombria. O destino havia se enganado. Os Sábios, em sua sabedoria milenar, haviam interpretado tudo errado. A profecia não estava quebrada; ela estava estilhaçada, e seus cacos iriam cortar a garganta de nosso reino. Olhei para Tiago, ainda banhado pela luz azul, parecendo um filhote de passarinho que caiu do ninho. Não havia poder ali, apenas medo. E o medo não deteria Malakor. Se a profecia nos abandonou, então teríamos que forjar nosso próprio destino. E o destino que eu forjaria não dependeria de um aprendiz desastrado. Eldoria estava perdida se dependesse dele. Mas talvez… talvez ainda não estivesse perdida se dependesse de mim.

Continua…

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