Faço parte do grupo de WhatsApp do meu condomínio, onde rolam as informações coletivas, de e para os condôminos, e onde podemos contatar nossos vizinhos individualmente, chamando no privado. Assim foi que recebi um contato de Helena, da casa 71.
- Carlos, sou amiga da Clara, da casa 17, e ela me disse que tu fizeste um trabalho para ela que ela gostou muito. Tenho um trabalho semelhante aqui em casa e preciso de ajuda. Posso te ligar para conversarmos?
Respondi que estava na rua mas que poderia encontrá-la no quiosque do condomínio quando voltasse; ela topou, pediu que eu ligasse quando estivesse chegando. Acertado. Cheguei ao condomínio e pedi ao porteiro que avisasse a dona Helena que eu estava chegando e iria direto ao quiosque.
Passei reto pela minha casa não dando oportunidade nem para meus cachorros latirem ao me ver e fui direto para o quiosque. De longe, reconheci a Clara e mais uma mulher sentadas num dos bancos da pracinha em frente.
- Carlos, querido, que saudades, disse a Clara, me abraçando com vontade e me dando beijos nas duas bochechas. Helena, te falei do Carlos que resolveu um problemão que eu tinha e não sabe cobrar direito: é muito suave e delicado na cobrança! Sorriu e me entregou para a Helena que agradeceu a indicação e ficou conversando comigo enquanto a Clara ia embora.
Helena era uma mulher madura, talvez uns 45 anos, pele branca e cabelos castanho escuros e levemente ondulados, olhos amendoados mas, pareceu, olhar tristonho. Recém divorciada, mãe de um casal de filhos já adultos e que aparecem para vê-la uma vez por ano, ou duas no máximo, segundo ela. Talvez essa seja uma das causas de seu olhar tristonho. A casa 71 restou na partilha dos bens do casal, além de um sítio em Viamão e uma pequena casa na praia do Imbé. Funcionária pública do Tribunal de Contas da União, não tinha problemas financeiros e suas dificuldades eram exclusivamente emocionais. Sem marido para realizar os pequenos consertos e sem conhecer profissionais de confiança, apelou para as amigas e a Clara (ver a estória O FEMINICÍDIO) me indicou.
- Preciso de uma pessoa em que possa confiar até a minha casa, sozinha, que me ajude com os pequenos consertos que tem que ser feitos e que não me cobre “os olhos da cara”. Chamei uma empresa que achei na internet e eles queriam quase um salário mínimo por dia trabalhado; mandei-os passear!
- Certo, dona Helena ...
- Helena, disse ela, chame-me apenas Helena.
- Certo, Helena, quanto à confiança, acredite na Clara e pode confiar em mim, integralmente. Sou honesto, leal e dedicado. Quanto ao serviço e os custos, preciso ver o que tem a ser feito e, se estiver ao meu alcance fazer, dou-lhe um orçamento.
- Quando podes ir lá em casa ver os problemas a consertar?
- Posso ir agora mesmo, se for do seu agrado.
- Então vamos lá, respondeu Helena.
E fomos até a casa 71, uns 200 metros adiante do quiosque onde conversávamos. Na ida, ela ia me passando por alto os consertos necessários e eu já fazia ideia de poder fazê-los – eram simples, ao menos os que ela mencionou. Chegamos na casa 71. Não era uma casa grande; tinha dois pisos com a parte social, no térreo e 2 suítes com sacada frontal e um terraço reservado nos fundos, no andar superior. Cozinha espaçosa integrada, muito bem instalada, separada do living por um balcão que servia de mesa para café ou pequenas refeições. A instalação das luminárias era precária, havia vazamentos nos banheiros, paredes descascando, móveis por montar, gramado, jardim ... uma série de pequenas coisas que, somadas, levariam um bom tempo para o conserto. Dei um preço e um prazo e ela aceitou, liberou uma conta na loja de materiais de construção e me deu uma cópia das suas chaves. Eu disse que se ela participasse dos consertos o ritmo seria muito mais veloz e poderia acabar em um tempo mais curto. Ela se dispôs a ajudar quando estivesse em casa já que só trabalhava à tarde. Assim, começou mais essa história. Levei meses decidindo se a publicaria ou não, com medo de ferir as pessoas envolvidas mas, trocando os nomes e as casas citadas, decidi contar para todos nesta publicação.
No dia marcado para iniciar, cheguei às 8 em ponto e, antes de usar a chave, bati na porta e esperei alguns segundos antes de abri-la. Entrei e a casa ainda estava às escuras. Ao fechar a porta, ouvi passos na escada e acendi a luz do hall; avistei a Helena de pijaminha curto vindo em minha direção.
- Bom dia, Helena, desculpe se te tirei da cama.
- Bom dia, Carlos, não foi nada disso, levantei para tomar um café. Aceita um?
- Claro, cafezinho é sempre uma boa pedida.
- Gostas forte ou fraco, curto ou longo?
- Forte e curto, pode ser um 8 ou 10, se tiveres.
- Ristreto é o meu preferido, o 9, ela disse; vou fazer dois. E fomos para a cozinha.
Seu pijama era curto, de um tecido fininho, quase transparente e ela não usava sutiã por baixo, nitidamente. Seus seios bem formados sacudiam enquanto ela manuseava a cafeteira Nespresso, chamando minha atenção. Suas pernas longas - ela tinha quase 1,70 de altura - mantidas a base de exercícios de academia, ficaram completamente à mostra quando ela espichou-se para pegar as xícaras no armário suspenso. Além das pernas e coxas, a calcinha preta ficou à vista, mostrando uma bunda recheada de carne e muito bem formatada. Acho que foi nessa hora que eu me apaixonei ...
Tomamos o café e Helena voltou ao quarto para trocar de roupa enquanto eu preparava as ferramentas para iniciar o trabalho. Em momentos, Helena voltou com uma bermuda de academia e uma regata de algodão bem solta, à vontade, para ajudar nas atividades. Luvas completavam sua vestimenta. Trabalhamos até perto do meio dia quando ela disse que precisava tomar banho e preparar-se para o trabalho no escritório e eu fui almoçar.
No dia seguinte, entrei na casa 71 e fui direto à cozinha preparar os cafés. Helena já estava descendo vestindo um robe de seda creme, curto, bem acima dos joelhos, com um cinto do mesmo tecido frouxamente amarrado na cintura. Suas olheiras estavam escuras, parecia não ter dormido direito ou estar de ressaca ...
- Algum problema, Helena? Posso ajudar em algo além do trabalho? Desculpe se estou sendo indiscreto, mas suas olheiras estão fortes e escuras ...
- Nada que possas ajudar, Carlos. De qualquer forma, obrigado por tentar. Vamos trabalhar?
Não sei se propositalmente ou se simplesmente estava distraída, mas veio me ajudar sem trocar de roupa, usando aquele robe de seda curto. Depois vi, não usava nada por baixo, apenas uma calcinha preta rendada. Era uma bela visão: o corpo da Helena, aos pedacinhos, visto pelas brechas abertas no seu robe quando abaixava para pegar alguma ferramenta, no chão, ou quando se espichava para alcançar algum ponto mais alto, na parede ou em algum móvel, quando apareciam suas partes mais íntimas à vontade dentro da calcinha de pura renda da mesma cor do robe, sem cobertura alguma. Por breves momentos, pude ver todo o seu corpo, ainda que aos pedaços e em momentos diferentes: belo! Essas visões já mexiam comigo e com minha libido; eu já procurava posições buscando melhores ângulos para ver a pele e os pelos da mulher, que não percebia ou, se percebia, não se importava. Essa dúvida me excitava. A possibilidade de Helena saber que eu a examinava detalhadamente e não manifestava contrariedade era auspiciosa, permitia vislumbrar emoções mais fortes num futuro próximo. Além disso, seu perfume marcante penetrava nos meus pulmões e me deixava embriagado, inebriado e ... tremendamente excitado!
Mas ela estava entristecida, era notável seu olhar opaco, muitas vezes fixo em um ponto qualquer no espaço, como se a mente estivesse viajando, longe, muito longe! Eu a chamava pelo nome e ela voltava ao nosso plano e continuava a me ajudar no trabalho. E voltava a fixar o olhar no espaço ... De repente, duas lágrimas rolaram em sua face, ela virou-se e saiu do quarto onde consertávamos a elétrica, chorando. Pensei um pouco, dei um tempo para que ela se recuperasse e fui atrás, até o quarto dela. Ao lado da porta da sacada, ela continuava chorando. Ao me ver, disse:
- Não é nada, não é nada, já vai passar, sou uma boba completa, não te preocupes comigo, vai ficar tudo bem, não liga, não te importa com isso, não ... e explodiu em soluços.
Abracei a Helena com aquele abraço de proteção, de corpo inteiro, de calor humano, de solidariedade e ela me apertou pela cintura com os dois braços e as mãos espalmadas nas minhas costas e os dedos crispados. O abraço se apertou por obra dos quatro braços e os corpos se encontraram por inteiro, de cima a baixo, passando pela carnes macias dos seios da Helena e pelas zonas mais rijas na altura do púbis, endurecidas até, eu diria. Meu pênis reagiu, imediatamente, ao abraço apertado, e Helena sentiu. Afastou um pouco a cintura da minha mas não soltou o abraço. Eu falava carinhosamente com ela, sussurrando em seu ouvido palavras doces, de encorajamento, de incentivo para que reagisse ao que quer que a estivesse ferindo, enquanto fazia carinho em sua nuca com os dedos abertos entre seus cabelos. Ela relaxou e deixou a cintura encostar na minha, novamente.
Eu estava ficando nervoso, excitado ao extremo. Seu perfume suave e gostoso, levemente adocicado, penetrava em meus sentidos me levando a imaginar, a sonhar, a desejar aquela mulher frágil naquele momento, atormentada por algo pesado, terrível, que eu desconhecia. Acarinhada, aos poucos foi relaxando e recuperando a estabilidade, afrouxando os braços. Soltou o abraço e olhou para mim com as faces molhadas de lágrimas, agradeceu minha proteção e carinho, deu-me um beijo na bochecha e foi para o banho. Voltei ao trabalho, com o pau duro! Helena saiu para seu trabalho.
Mas, voltou cedo, no meio da tarde, enquanto eu ainda estava na casa dela, trabalhando.
- Veio conferir se ainda estava trabalhando, Helena?
- Não, vim beber um whisky. Me acompanhas?
- Um brinde?
- Sim, brindemos as minhas férias ...
- Claro, será um prazer! Eu já ia parar, mesmo ...
Ela serviu dois copos de Blue, generosamente, e sentamos nas cadeiras do terraço dos fundos sob o grande guarda sol azul para bebericar e falar amenidades, sem compromisso, ouvindo música suave na caixa do Spotify. Depois da terceira dose, os assuntos começaram a ficar sérios e a Helena transformou suas feições, enrugando o rosto e uma expressão sisuda tomou conta do rosto. Foi marcante a mudança e senti que precisava virar o jogo ou ela ia desandar novamente.
- Que música linda, Helena, queres dançar um pouco?
Ela deu um pulo da cadeira e se aprumou para dançar comigo. Segurei-a pela mão, com a mão esquerda, e pela cintura, com a mão direita espalmada bem solta em suas costas, sem apertar. E dançamos meia música ... ela desabou num choro convulsivo, soluçante e se entregou novamente em meus braços com a cabeça no meu peito. Molhou minha camisa de tanto que chorou. Fiz tudo o que podia, naquele momento: alisava suas costas, seus cabelos, sussurrava palavras doces em seu ouvido ... Comecei a mover meu corpo no ritmo da música romântica que estava tocando. No início, só eu mexia. Aos poucos, Helena começou a mover seus quadris e os pés no mesmo ritmo e, lentamente, recomeçamos a dançar. Agora, eu a segurava com as duas mãos em sua cintura e ela me enlaçava pelo pescoço.
- Carlos, como és querido, preocupado, delicado e dedicado! A Clara não exagerou quando disse que tu eras um amor e que segurou uma barra pesada com ela. Obrigado por seres assim.
- Não agradeça, Helena, apenas não consigo ver uma mulher bonita em desespero como tu estás e ficar de braços cruzados. Se houver algo que possa fazer, eu faço.
- É, talvez eu te conte, um dia, o que está acabando comigo.
- Vamos tomar mais um Blue, esse John Walker 21 anos é fabuloso, não achas?
- É muito bom, mesmo. A solução é beber para esquecer as merdas dessa vida, ela respondeu.
Servi mais duas doses de whisky e voltamos a beber, ouvir música baixinho e conversar. Aos poucos, Helena começava a se abrir comigo, a confiar em mim mas eu já queria mais; queria que ela me usasse para afogar suas mágoas, sua dor, porque sabia que essa terapia passava por envolvimento físico, por sexo, para extravasar seu sofrimento evidente. Talvez se ela abrisse o motivo, pudéssemos ir mais rápido na solução. Mas, ela hesitava, não queria abrir sua dor para um quase desconhecido. Acabou o litro do Blue e ela foi buscar outro. Eu fui na cozinha ver algo para beliscarmos. Fervi umas salsichas, abri um vidro de pepinos, um de ovos de codorna, fiz cubinhos com um queijo gouda e montei um picadinho para espetarmos com palitos. Quando voltei para o terraço, Helena havia trocado a roupa social do trabalho no escritório por seu robe de seda e já abrira o whisky; me esperava com dois copos na mão, cheios de Blue.
- Grande ideia, Carlos, esse picadinho vai fazer o contraponto com o whisky, e propôs um brinde à nossa conversa e nossa dança. Sabe quanto tempo faz que eu não dançava? Hummm, nem eu me lembro mais, tanto tempo passado.
Quando tocou outra música que ela gostava, lenta, saltou da cadeira e gritou:
- Quero dançar mais!
E me enlaçou pelo pescoço. Eu a peguei um pouco abaixo da cintura e ela se encostou inteira em mim amassando seus seios volumosos no meu peito; agora, estava apenas com o robe de seda, não havia nada por baixo, senti nas mãos que a seguravam que não havia tecido algum pressionando suas ancas, seus quadris, apenas a seda do robe roçava em seu corpo. A mulher estava nua, nas minhas mãos e dependurada em meu pescoço com a cabeça acomodada no meu peito. Vou ter que tomar alguma providência. Quando a música parou, Helena pegou o copo de whisky, já pela metade, e entornou o resto, mais de uma dose completa, na boca, como se bebesse uma água para matar a sede. Sua língua já arrastava antes disso; agora, então, ia ser difícil falar. Veio dançar, novamente, tropeçando nas próprias pernas, o cinto do robe desatado, a frente escancarada; abraçou-me, disse que eu era um amor, encostou a cabeça de lado no meu peito e ... dormiu. Tive que segurá-la para que não caísse. Peguei-a no colo e a levei para sua cama. Fiquei alguns segundos admirando seu corpo nu com aquele robe aberto todo na frente e seu púbis peludinho me desafiando, chamando para o crime. Pensei: não tenho prazer se a parceira não tem prazer junto e, mesmo com o pau duro e a mulher à disposição, a cobri com o robe, amarrei o cinto e pus um lençol leve sobre ela. Venci o desafio! Senti-me mais forte, mais homem!