O CÓDIGO DO PRAZER XVI

Um conto erótico de Ryu
Categoria: Heterossexual
Contém 3922 palavras
Data: 17/07/2025 12:05:03

16 – Modo Público Ativado

Ela caminhou decidida em direção à porta de entrada. A cada passo, o risco aumentava — e o meu autocontrole diminuía.

- Você não vai — falei, ainda tentando manter a autoridade.

Ela pôs a mão na maçaneta.

- Tô indo.

- Não, você não tá bem.

Ela girou a maçaneta.

- Tchau, Anderson. Cuida do apartamento que eu vou cuidar da minha parte do bosque.

Foi nesse momento que eu percebi: ela ia mesmo. Aquela mulher era absolutamente capaz de descer no meio da madrugada, nua, só pra provar um ponto.

- Tá, tá! Eu vou com você. — ergui as mãos, vencido pela insanidade amorosa.

Ela parou e olhou por cima do ombro, vitoriosa.

- Mas só se você se vestir. Coloca uma roupa decente, por favor.

Ela sorriu, satisfeita.

- Tá bom, senhor covarde. Mas só porque eu gosto de você com essa cara de rendido.

E saiu rebolando em direção ao quarto, como se tivesse acabado de ganhar um campeonato.

A mulher era uma tempestade.

E eu… era o tolo apaixonado que adorava ser levado por ela.

Enquanto isto, eu também fui me vestir.

Simone voltou do quarto vestida com uma calça leve e um moletom largo que, e com um brilho provocante nos olhos. Fomos descendo pelas escadas em silêncio, rindo baixo como adolescentes fugindo dos pais. Cada passo tinha um gosto de aventura proibida — e de cumplicidade.

O bosque do condomínio era mais bonito do que eu lembrava à noite. Árvores altas balançavam suavemente com o vento. Alguns postes acesos deixavam manchas douradas no caminho de pedrinhas. Mas Simone não quis saber de trilha iluminada. Me puxou por entre as árvores até uma parte mais erma, entramos no bosque devagar, onde a luz mal tocava o chão.

Na parte fechada do bosque, o gramado fresco nos recebeu com umidade e cheiro de terra.

Simone se divertia igual uma criança, rindo baixinho. A grama se transformou em solo batido, mais escuro, mais frio.

O silêncio lá dentro era outro. Nem o som da piscina a gente ouvia mais. Só o farfalhar das folhas lá no alto, e uns grilos perdidos, teimando em cantar.

— Aqui — sussurrou, olhando ao redor. — Esse pedaço aqui é só nosso.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, ela me puxou pela gola da camiseta e me beijou com uma intensidade que me tirou o ar. Era diferente. Não era apenas desejo — era liberdade, loucura, confiança. Era o beijo de alguém que conhecia meus limites e, ainda assim, me fazia atravessá-los ... O beijo veio com gosto de cloro e de desejo contido. E o jeito que ela me olhava, com o rosto meio iluminado por um raio torto de luz que vinha de não sei onde, me fazia querer ficar ali pra sempre.

Tiramos os tênis, ficamos ali, com os pés descalços sentindo cada pedrinha, cada galho fino que estalava sob o peso do corpo.

A escuridão era quase total, só quebrada por uns fiapos de luz dos postes lá longe, filtrados pelas folhas. Eu conseguia ver Simone de relance — a silhueta dela, os braços cruzados por causa do frio, os olhos atentos como se o bosque tivesse algo pra contar pra gente.

Mas aí ela me empurrou de leve pra trás, e eu entendi o que ela queria.

Tirei a camisa e fui descendo devagar, até minhas costas encostarem no chão úmido. A primeira coisa que senti foi o frio — gelado, direto na pele ainda molhada. Galhos finos e folhas secas espetavam as minhas costas, alguns quebrando com estalos pequenos, outros simplesmente ficando ali, incômodos. Quando eu tirei o resto da roupa, uma pedra se encaixou exatamente onde não devia, me obrigando a me mexer um pouco de lado. A terra era dura, e o cheiro de húmus, de raiz, de mato esmagado, subiu forte pelas minhas narinas.

Simone também se despiu, veio por cima de mim, com o corpo quente e macio, os joelhos afundando devagar no chão ao meu lado. Ela se debruçou, os cabelos molhados caindo no meu rosto, e me beijou de novo. E naquele beijo tinha um calor que fazia tudo ao redor sumir por uns instantes. A língua dela encontrando a minha, o ritmo calmo, profundo… Era como se o incômodo do chão se dissolvesse por alguns segundos.

Mesmo assim, lá no fundo, o desconforto não sumia de verdade. A pedra ainda estava lá, o galho sob o ombro ainda pinicava. Mas o beijo de Simone fazia tudo parecer suportável. Como se o corpo dissesse “isso aqui não tá bom”, mas a alma, ou sei lá o quê, respondesse: “mas vale a pena.”

Fiquei sem reação por um momento. Simone, ali no meio do bosque, comigo, no meio da madrugada… Eu nunca pensei que ela fosse tão ousada. Tão livre. E tão minha.

Quando a primeira gota caiu no meu rosto, pensei que fosse uma folha molhada escorrendo. Mas logo veio outra, e mais outra, e percebi que o céu tinha resolvido participar daquilo também. A chuva não veio por acaso. Ela chegou como um afago, um gesto da natureza.

Senti o frio se misturar ao calor da buceta da Simone envolvendo meu membro. A penetração foi deliciosa, ao mesmo tempo que o cheiro de terra molhada se intensificou, invadindo tudo.

Ao sentir o movimento do corpo de Simone em cima de mim, rebolando no meu pau, sua expressão de liberdade e de tesão enquanto eu massageava seus seios, por um instante, eu deixei de notar as pedras sob minhas costas, os galhos pinicando, a umidade fria grudando na pele.

A chuva suave caía no tempo certo, no lugar certo. Era fina, quase tímida, mas constante — caía sobre nós como um véu leve, molhando ainda mais o que já estava molhado. Mas tudo parecia perder força diante da avalanche de prazer que Simone me proporcionava.

Ela continuava por cima de mim, cavalgando no meu pau como se o resto do mundo não existisse. E aquela chuva, longe de atrapalhar, parecia abençoar. Era como se o céu dissesse: "sim, é aqui, é agora." Como se selasse, sem palavras, algo que a gente já sabia sem dizer — que aquele momento era nosso, que mesmo no desconforto havia beleza, e que amar também era isso: deitar-se no chão áspero da vida e, ainda assim, encontrar aconchego no outro.

E ali, entre os lábios de Simone e a garoa que nos cobria, por mais louco que fosse, tudo parecia fazer sentido. O incômodo era parte do encanto. E o encanto, naquele instante, era inteiro.

Gozamos juntos, ouvi um riso abafado de Simone.

Quase incrédulo notei que eu também estava rindo, como se ambos percebêssemos ao mesmo tempo o absurdo delicioso do que tínhamos acabado de viver.

Simone se levantou primeiro, os joelhos marcados de terra, o corpo úmido e vibrante. Eu a segui, limpando as costas com as mãos em vão — a roupa, ou melhor, a falta dela, já contava toda a história.

Nos vestimos. Começamos a sair do bosque em silêncio, os passos afundando levemente na lama fresca. Foi quando, à distância, ouvimos o ronco abafado de um motor — e lá estava ela, a moto do segurança, circulando lentamente pelo condomínio, farol cortando a névoa da garoa como uma lanterna de caçador.

O coração disparou. Nos entreolhamos por um instante, e deu pra ver nos olhos de Simone o mesmo brilho que eu sentia no peito: um medo elétrico, perigoso, que não assustava, mas acendia alguma coisa dentro da gente. O risco de sermos vistos, descobertos, de encontrar alguém ali — um vizinho, um funcionário, um segurança — tornava tudo ainda mais vivo. Aquele receio alimentava o prazer do que tínhamos acabado de fazer. A adrenalina misturada com a água da chuva era quase uma segunda pele.

Estávamos sujos, desalinhados. Se fossemos pegos, adeus dignidade. Mas não fomos flagrados. A moto passou longe, e o bosque, cúmplice silencioso, nos escondeu bem. Entramos pela lateral do prédio, de mansinho, os corpos ainda molhados. Subimos as escadas rindo baixo, como se estivéssemos aprontando alguma coisa proibida.

Ao entrar no apartamento, com o cabelo pingando e as roupas grudadas ao corpo, fechamos a porta como quem sela um segredo. E nos olhamos — cúmplices, leves, meio envergonhados, meio orgulhosos. Como duas crianças travessas que acabaram de enganar os pais. E, no fundo, talvez fosse isso mesmo: uma travessura boa demais pra contar.

— Agora sim. O apartamento tá oficialmente inaugurado.

Sorri, sem ter mais forças pra nada.

— Inaugurado com louvor.

Simone percebeu a lata de cerveja tombada no meio da sala, ainda escorrendo. Fez aquela cara de “ai, que beleza”, pegou um pano e foi limpar.

Enquanto isso, dei um pulo até a piscina e recolhi as roupas e as algemas.

Peguei tudo, rindo sozinho, até notar algo estranho: a câmera da piscina começou a se mover, devagarzinho, como quem espia pela fechadura.

Ah, Simone...

Levantei a cabeça, olhei bem pra lente e mandei um beijo safado, com direito a piscadinha.

Voltei pra sala como quem não deve nada. Simone já tinha terminado a faxina relâmpago e me esperava com uma garrafa de cerveja na mão.

— Você tava me espionando pela câmera da piscina, né? Vi ela se mexendo! — falei, semicerrando os olhos, no estilo “peguei no flagra”.

— Ah ... você viu? Droga, você repara em tudo! — disse ela, com aquele sorrisinho safado de quem não nega, mas também não se entrega fácil.

— Então, chefe... tava conferindo se eu fiz tudo certo?

— Fez sim! Inclusive superou as expectativas. Tá aqui sua recompensa! — disse, estendendo a cerveja como se fosse uma medalha.

Abrimos a garrafa e brindamos, leves e felizes.

— Eu nunca imaginei que você fosse tão ousada — falei, ainda tomado pela adrenalina da noite.

— Louca, você quer dizer! — retrucou ela, dando mais um gole.

— Sim, mas no melhor sentido! Divertidamente louca. Maravilhosamente louca.

— Você não faz ideia, Anderson... Eu adoro experimentar, ultrapassar limites. Matar ou morrer!

Não entendi bem aquela última frase. Talvez fosse só a cerveja falando por ela..

Passava das três da manhã quando nos deitamos. Lá fora a chuva tinha aumentado e tinha esfriado, mas o corpo dela era quente — e se encaixava no meu como se sempre tivesse pertencido ali. Fechei os olhos por instinto, embora a cabeça ainda girasse. Pela ousadia, pela entrega. Pelo amor, talvez.

Dormimos abraçados.

O despertador tocou às 6h15.

Abri os olhos devagar, sentindo o peso do corpo como se estivesse feito de concreto. Devia ter dormido por, no máximo, três horas. Tudo ao redor parecia em câmera lenta. Minha única vontade era me afundar de novo naquele colchão, onde Simone ainda dormia tranquila — mas o trabalho me chamava.

Tomei banho no modo automático, vesti a roupa de trabalho e saí com o cabelo ainda úmido e a alma meio flutuando.

No caminho para o trabalho, uma garoa ainda insistia em cair, bocejei umas quatro vezes seguidas. Tomei café no copo, sentado no carro. Bati a cabeça leve no volante num sinal vermelho.

Mas… sorri.

Mesmo cansado. Mesmo exausto.

Sorri, porque valera a pena. Cada minuto. Cada provocação. Cada beijo naquela sacada, naquele bosque, naquele amor que era tão desafiador quanto irresistível.

Simone era minha loucura preferida.

E, apesar de tudo, eu já esperava a próxima.

Cheguei na empresa arrastando os pés, com os olhos quase grudando de novo a cada piscar. O café forte que tomei no carro parecia ter desistido de mim no meio do caminho. A luz branca do escritório só deixava mais evidente o cansaço estampado no meu rosto.

Madalena, minha sócia — sempre atenta, sempre debochada — apareceu no corredor com aquele sorrisinho que ela reservava pras boas piadas internas.

— Anderson… você tá um caco. — Apontou com o dedo. — A noitada foi boa, hein?

— Nem começa, Madalena — murmurei, tentando parecer digno.

— Ah, claro. Certeza que foi só um problema de insônia… acompanhado de vinho, lingerie e falta de juízo. Vai dizer que tô errada?

Não respondi. Apenas soltei um suspiro e segui para minha sala. Era dezembro, véspera do recesso de fim de ano. A empresa, quase vazia. Metade do time já em ritmo de férias, a outra metade fingindo que trabalhava enquanto organizava o amigo secreto.

Pouco serviço. Quase nada pra resolver. Só uma manhã empurrando tarefas com o que me restava de energia mental.

Quando o relógio bateu 13h, fui até a copa da empresa, aqueci uma lasanha congelada e sentei com o prato no colo. A lasanha parecia papelão. Eu mastigava devagar, com os olhos pesados, o corpo implorando por uma cama.

Foi aí que aconteceu.

Apaguei.

Simplesmente… dormi. Sentado. De garfo na mão, cabeça pendendo pro lado como se fosse um boneco de posto desinflando. Só acordei com a voz da Madalena vindo de algum lugar ao meu lado.

— Ei, dorminhoco. Vai pra casa, vai. Eu seguro as pontas aqui. Você trabalhou como um condenado nas últimas semanas. E, olha pra você… tá pior que o estagiário depois do happy hour.

— Certeza?

— Absoluta. Vai logo antes que eu tire uma foto sua babando e poste no grupo.

Agradeci com um aceno preguiçoso. A chuva já tinha passado, saí da empresa com o sol batendo no rosto.

Cheguei em casa e fui direto pro quarto. Tênis no canto, camisa largada na poltrona. Nem me troquei direito. Deitei na cama como um saco de areia e desmaiei.

Acordei às 17h15 com o som abafado da notificação do celular vibrando na mesinha de cabeceira.

O celular vibrou e, ao ler a mensagem da Simone, senti aquele aperto conhecido no peito. Ela disse que ia se atrasar de novo — dessa vez estava ajudando os pais na tal nova unidade do hospital. Eu quis acreditar. Tentei. Mas aquela pulga atrás da orelha já vinha me incomodando.

Precisava esfriar a cabeça. Calcei os tênis e desci para caminhar no bosque do condomínio. Andei um pouco, sem rumo, só deixando os pensamentos correrem soltos. Passei em frente ao lugar que tive a aventura sexual com a Simone, a algumas horas atrás.

Foi quando a vi. Camila.

Ela estava um pouco mais adiante, sozinha, se alongando perto do início da trilha. Usava uma calça de ginástica colada, daquelas que parecem pintadas no corpo, e um top que deixava a barriga à mostra. Ela era linda. Jovem, o corpo todo tonificado, uma expressão leve, concentrada no que fazia. Parecia alheia a tudo ao redor, e talvez por isso mesmo eu não consegui desviar o olhar logo de cara.

Senti uma pontada de culpa, claro. Mas não conseguia parar de admirar sua beleza.

Fiquei parado por alguns segundos, observando em silêncio. Ela ainda não tinha me visto. Respirei fundo, tentando decidir se devia seguir meu caminho ou ir até ela e puxar conversa. Afinal, éramos vizinhos.

Fui me aproximando devagar, os passos afundando levemente na trilha coberta de folhas. Camila continuava no mesmo lugar, agora inclinada para frente, alongando as pernas com as mãos nos tornozelos. A calça de ginástica realçava ainda mais as curvas do corpo dela naquela posição — era impossível não notar. Tentei desviar o olhar, me concentrar nas árvores, no céu, em qualquer coisa. Mas falhei.

Ela se endireitou suavemente, ajeitando o top no corpo, e só então me viu. Sorriu.

— Oi, Anderson! — disse, com aquela voz leve, tranquila. — Caminhada solitária hoje?

Seus belos olhos azuis pareciam brilhar. Sorri de volta, meio sem jeito.

— Oi, Camila. É... só eu mesmo. A Simone ficou presa no trabalho. Está ajudando os pais com a nova unidade do hospital que eles estão montando.

Ela assentiu, os olhos atentos, ainda com um sorriso discreto nos lábios.

— Ah, verdade. Ela comentou disso outro dia, acho... Deve estar puxado, né?

— É... tem sido. — Olhei pro chão por um instante, chutando de leve uma pedrinha. — Ela vive saindo tarde. Quase não para em casa.

Camila passou a mão no rabo de cavalo, ajeitando o cabelo com um movimento natural, elegante. Me observava com um olhar curioso.

— E você, vem sempre aqui nessa hora? — perguntei, tentando soar casual.

Ela riu baixinho.

— De vez em quando. Gosto da tranquilidade daqui no fim do dia. Dá pra esvaziar a cabeça.

Assenti. Era exatamente por isso que eu estava ali também

- A vida é uma correria. É bom esvaziar a cabeça de vez em quando.

- Eu falo para o Eduardo, pra ele largar um pouco os negócios. Pra gente mudar pra praia. Quem sabe lá para Santa Catarina. Ele não pode ficar se estressando tanto.

- Eu penso um dia e, morar na praia – respondi – as praias de Santa Catarina são ótimas.

Enquanto eu falava, Camila se virou de costas para mim sem dizer nada e, lentamente, começou a alongar as costas. Apoiou as mãos em duas barras de alumínio, próprias para isto. Curvou o corpo com calma, como se cada movimento tivesse sido ensaiado, a bunda empinada bem na minha direção. A calça colada desenhava cada detalhe do corpo dela. Dava pra ver o contorno da boceta.

E não era apenas o corpo. Era o jeito. O tempo do movimento. A confiança. Parecia saber exatamente o que estava fazendo.

Na minha cabeça, uma dúvida se instalou imediatamente — ela fez isso de propósito? Não podia afirmar, mas a forma como ela se posicionou, bem à minha frente, sem pressa, … parecia intencional.

Tentei olhar para o lado, para o chão, para qualquer lugar, mas os olhos teimavam em voltar para ela.

Camila se ergueu devagar e, sem se virar, falou por cima do ombro:

— Quer alongar comigo?

— Acho que vou ficar te devendo essa, Camila — disse com um sorriso sem graça, levantando as mãos como quem se rende. — Não estou exatamente preparado pra isso agora… nem fisicamente, nem mentalmente.

Ela deu uma risadinha leve, sem parecer ofendida. Pelo contrário.

— Então me ajuda, pelo menos — disse, com aquele olhar que misturava inocência e algo mais profundo, mais consciente. — Prometo que é simples.

Antes que eu pudesse responder, ela já estava de frente para mim, levantando um dos braços e girando o tronco, como se estivesse prestes a fazer algum movimento que exigisse equilíbrio. Se aproximou e apoiou uma das mãos no meu ombro. Depois, a outra mão. O corpo dela estava quase todo colado ao meu.

— Só segura firme — disse, com a voz baixa, concentrada no próprio corpo.

Eu fiquei ali, parado, com os braços ao lado do corpo, tentando parecer o mais natural possível. Mas era impossível ignorar o que estava acontecendo. O calor do corpo dela, a proximidade. Ela pressionava o quadril para frente enquanto alongava as costas, e seu corpo encostava no meu mais do que o necessário. Muito mais.

"Ela está fazendo isso de propósito", pensei. Não era só impressão. Nenhuma mulher se encosta assim por acaso. O jeito como ela inclinava o corpo, como movia os braços e se ajustava contra mim… tudo parecia calculado. Medido. Testando meus limites.

Tentei manter o foco. Respirar devagar. Não reagir.

Eu não sabia exatamente o que ela queria. Mas sabia o que aquele momento estava fazendo comigo. Meu pau ficou duro!

Ela riu, virando-se finalmente para mim, com aquele sorriso despreocupado no rosto.

— Ninguém começa sabendo. Vem, eu te mostro. É só alongamento, Anderson.

"É só alongamento", ecoou na minha cabeça. Mas algo no tom da voz dela, no jeito que ela me olhava, fazia parecer que não era só isso.

Eu estava no bosque do condomínio onde moro com a Simone. A mesma Simone que, apesar de todos os meus receios e suspeitas, ainda era minha esposa. E Camila? Casada com o Eduardo, que apesar de mais velho, parecia um sujeito decente — e, acima de tudo, meu vizinho.

Qualquer pessoa podia passar ali, reconhecer a gente e começar a falar. As paredes nesse lugar são finas quando se trata de fofoca. Uma conversa atravessada no elevador, um comentário maldoso na área da piscina, e pronto: estrago feito.

Me afastei levemente, com um sorriso educado, tentando ser gentil, mas firme.

— Camila... eu acho melhor eu ir. Já está ficando tarde.

Ela olhou por cima do ombro, ainda com o corpo meio inclinado, e respondeu com um tom quase inocente:

— Já estou terminando. Só mais cinco minutinhos, prometo.

Eu assenti, hesitante. Ela voltou aos alongamentos, agora se abaixando de forma lenta, as pernas bem abertas, os quadris se movendo sutilmente. Novamente, encostava em mim para “equilibrar”, como se realmente precisasse daquele apoio. Mas estava claro: ela queria provocar. Queria ver até onde eu ia permitir.

Fiquei ali mais um pouco, em silêncio, observando seus movimentos, o corpo flexível e preciso. Os cinco minutos pareceram bem mais longos do que eram de fato. Quando finalmente ela se ergueu, passou a mão na testa e sorriu para mim, como se nada daquilo tivesse sido fora do comum.

— Pronto. Agora sim.

Ela começou a caminhar de volta na direção dos prédios e, por reflexo, eu fui junto. Caminhávamos lado a lado pela trilha que levava de volta ao prédio.

Camila quebrou o silêncio com um tom casual, quase distraído:

— Sempre tento manter uma rotina de exercícios, sabe? Desde a época que eu trabalhava como modelo... ficou o hábito. Alimentação balanceada, nada de cigarro, drogas jamais. Álcool bem pouco, só socialmente. E chocolate, fritura… só de vez em quando, nos fins de semana, se eu me permitir.

Olhei para ela. O corpo falava por si. Ela era a imagem do equilíbrio — pele luminosa, curvas no lugar, postura impecável mesmo só caminhando. E, sem pensar muito, deixei escapar:

— Saúde é o que não te falta… — sorri, balançando a cabeça com leveza — você tem muita saúde mesmo.

Assim que as palavras saíram da minha boca, me dei conta do que tinha acabado de dizer.

Sério, Anderson? “Você tem muita saúde”?

Aquilo soou como uma cantada rasa, quase infantil. Uma mulher como a Camila — linda, elegante, com presença — provavelmente já tinha escutado dezenas, talvez centenas de comentários ao longo da vida. E certamente muito mais criativos, inteligentes... e bem colocados que esse meu comentário improvisado de quinta categoria. Quis enfiar a cara na gola do casaco.

Desviei o olhar, constrangido. Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa para disfarçar, ela soltou uma risadinha leve, e quando virei o rosto, vi aquele sorriso dela. Não era debochado, nem forçado. Era genuíno… e lisonjeado.

— Obrigada — disse, com os olhos ainda brilhando. — Vindo de você, até soa como elogio sério.

Aquilo me deixou ainda mais confuso. Ela não só percebeu o tom, como respondeu com uma leveza quase... receptiva. Ou será que eu estava vendo demais? Lendo intenções onde só havia simpatia?

O prédio já surgia à frente, com as luzes acesas e o saguão vazio àquela hora. Eu podia ver meu reflexo no vidro das portas automáticas.

Entramos e fomos até o elevador. Enquanto esperávamos, ela olhou para mim, como se tivesse lembrado de algo importante.

— Ah, Anderson… mês que vem vai ter eleição para síndico, né? — disse casualmente, cruzando os braços com aquele ar seguro. — Eu vou me candidatar.

— É mesmo? — respondi, surpreso.

— Sim. Já tô com um projeto pronto pra apresentar. Algumas ideias que podem melhorar muita coisa aqui no condomínio. Coisa bem pensada, nada improvisado. E eu queria que você visse. — Ela virou ligeiramente o corpo em minha direção, os olhos atentos. — Queria sua opinião.

— Claro… mas acho melhor você mostrar pra mim e pra Simone juntos, né? Assim ela já fica por dentro também.

Camila deu um sorrisinho, e então balançou levemente a cabeça.

— Prefiro te mostrar primeiro. Depois você repassa pra ela — disse, com naturalidade, mas com um brilho malicioso no olhar. — O projeto está lá em casa.

Ela me olhou nos olhos, e continuou:

- Não vai se arrepender se subir comigo… posso te mostrar agora, se quiser. Vou te mostrar tudo ... tudinho mesmo. Você vai gostar do que vai ver!

Continua ...

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Comentários

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O bosque merecia uma cena. E que cena!

Acho que foi o momento mais erótico da série até aqui, com os detalhes sensoriais muito bem trabalhados. Terminei o texto até mais inspirado pra escrever.

Quanto a história, suspeito que o Anderson terá mais motivos pra se arrepender do que parece.

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Foi uma cena que gostei de escrever.

Quando pensei nos dois no bosque uma coisa para mim ficou clara, trabalhar os detalhes sensoriais durante toda a cena, para que a todo momento ficasse evidenciado que o sexo acontece no bosque, ao ar livre e o impacto disso no Anderson.Senão não faria diferença a cena acontecer no bosque ou dentro de um quarto.

E acredito que sim, foi o momento mais erótico da série. Essa cena configurei para ser romântica, com cumplicidade e leveza.

Muito obrigado pelo elogio.

Quanto ao Anderson parece que todo mundo tá prevendo uma situação difícil pra ele.

No próximo capítulo teremos uma noção melhor sobre isso.

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E a Simone... Cheia de Horas Extras!!! kkkkk

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O Anderson anda bem devagarzinho!!! kkkk

A Simone cheia de... pra dar e ele "nada a receber!!!" kkkkk

Esse projeto deve ser "muito boa!!! Desculpa Muito Bom!!!" kkkkk

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No próximo capítulo vamos conhecer o tal projeto.

Com certeza é muito bom!

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Pobre Anderson!!! kkkk

"Eu nunca pensei que ela fosse tão ousada. Tão livre." Inocente esse Menino!!!! kkkkk

"E tão minha." Será? Será?? Será??? kkkkk

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Ninguém mais acredita na fidelidade de Simone 😅

Vamos ver o que acontece.

Obrigado Zanon.

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Esse " projeto* que a Camila quer apresentar ao Anderson com certeza deve ser muito bom 😅🤫🤫 mesmo. Se duvidar ela ganha de goleada na próxima eleição para Sindico kkk. Mas como dizia o Pedro da série Carga Pesada" É cilada Bino "

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😅😅😅

O projeto é ótimo!

Não quero dar spoiler, mas tá com jeito de cilada mesmo!

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Esse sexo no bosque ficou dukaralho!

A Simone tá agindo meio estranho. Essa câmera se mexendo, da margem a várias coisas.

Parabéns, ótimo capítulo!

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Muito obrigado Letícia, bom que gostou da cena no bosque.

Sobre Simone e a câmera, tem coisas que não posso me aprofundar, por risco de dar spoiler.

Agradeço por acompanhar e comentar.

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Agindo estranho 😂😂. Isso soa como elogio para ela . Ela tá pulando as cerca aínda com o colega Doutor Fernando 😂😂. Ta na hora do Anderson tirar essa história a limpo

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Pensando melhor em cima do que você falou sobre a Simone 🤔,tô achando que ela é uma Ninfomaníaca pois não satisfeita em transar em casa e em vários lugares,ainda quis ir para o bosque.

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