Tudo o que eu aprendi sobre perdão

Um conto erótico de Caio
Categoria: Heterossexual
Contém 8826 palavras
Data: 16/07/2025 20:07:02

Antes de tudo, o que é perdoar?

Às vezes, perdoar é um gesto bonito. Um passo corajoso em direção ao recomeço. Algo que exige maturidade, amor e uma fé quase cega de que as pessoas podem mudar.

Mas outras vezes… perdoar é só se arrastar por um campo minado, torcendo pra não explodir por dentro. É aceitar carregar uma cruz que ninguém vê, enquanto por dentro tudo vai apodrecendo devagar.

Nem todo perdão é nobre. Nem toda segunda chance é libertadora. Às vezes, elas são apenas prisões com portas abertas — e a gente permanece ali dentro, por teimosia, por medo, por amor.

Eu aprendi isso da pior maneira. No silêncio das noites que não terminavam. Na cama dividida com alguém que eu parecia não conhecer mais. Nas coisas que fiz e depois me arrependi. Na raiva que eu sentia dela. E de mim.

Essa é a história de como eu tentei perdoar. E de como, no processo, quase me perdi.

Me chamo Caio, 1,78 de altura, pele branca queimada do sol, cabelos curtos e negros, olhos igualmente pretos. Nessa época tinha 25 anos.

Nunca fui de me apaixonar fácil. Tive uma infância boa, pais presentes, uma adolescência tranquila. Cresci no interior, mas me mudei aos dezoito pra fazer faculdade em outro estado. Era o que eu queria. Liberdade. Vida nova. Independência. Eu me formei em engenharia civil com 23 anos, consegui emprego numa construtora logo depois e fiquei por aqui mesmo. A saudade da família bate de vez em quando, mas a vida que construí era minha, com esforço e foco. Me orgulho muito disso.

Namoros? Nenhum sério até então. Algumas ficadas, histórias pontuais, nada demais. Sempre fui mais reservado, preferia conversar a beber, assistir um filme a sair pra balada. Nunca me senti deslocado, só… não era a minha vibe e eu estava bem com isso.

Foi nessa fase estável da vida que conheci a Júlia. Ir à igreja não era exatamente um plano meu, mas algo dentro de mim queria me reconectar com algo maior. E foi ali, naquele templo pequeno, que a vi pela primeira vez.

Ela parecia tão deslocada quanto eu. Sentava nas últimas fileiras, cabeça baixa, como se não quisesse ser notada. Um dia, ela saiu antes da pregação terminar, e sem saber bem por quê, fui atrás dela. A gente começou a conversar ali, na calçada da igreja, com ela acendendo um cigarro e pedindo desculpas por “fumar perto de um cara religioso”. Eu ri. Disse que não era bem assim, ainda estava pensando se entrava na igreja ou não.

Nos falamos todos os dias depois disso. Ela era doce, engraçada, cheia de opiniões fortes, mas com um olhar triste às vezes. Nunca forcei nada. E talvez por isso, ela foi se abrindo. Começamos a sair com frequência e, dois meses depois, estávamos juntos. Ela me contou que vinha de uma família difícil, com muitos problemas. Pais ausentes, brigas constantes. Eu sentia uma necessidade imensa de protegê-la.

A primeira vez que transamos foi mágica.

Estávamos no meu apartamento, onde enfim podíamos ficar à vontade. Ela estava deitada no meu ombro, os cabelos perfumados tocando meu pescoço, enquanto ríamos de besteiras durante um filme qualquer. A conversa fluía solta, mas por dentro eu estava em chamas. Cada vez que ela ria e se aconchegava mais, eu sentia meu corpo reagir.

Ela percebeu. Sempre percebia.

Virou-se de lado, os olhos nos meus, e me beijou com uma calma cheia de intenção. A língua dela procurou a minha com fome contida. O beijo cresceu, nossos corpos se aproximaram, e quando minha mão deslizou por baixo de sua blusa, ela gemeu contra minha boca.

— Faz tempo que eu quero isso — ela sussurrou. — Não consigo mais fingir que não te quero.

Minha mão encontrou seus seios por baixo do sutiã, e ela arqueou o corpo. Senti os mamilos duros, sensíveis, se moldando ao toque dos meus dedos. Ela mordiscou meu lábio, o olhar lascivo.

— Vamos pro seu quarto? — disse, a voz rouca. — Quero sentir você inteiro.

Assenti e a beijei com força, caminhando com ela até o quarto entre beijos e roupas sendo arrancadas pelo caminho. Quando chegamos, eu já estava completamente nu. Ela estava apenas de calcinha e sutiã, peças que tive o prazer de tirar lentamente.

— Você é tão linda — murmurei, admirando seu corpo nu. Ela sorriu, tímida e provocante ao mesmo tempo.

— Então me mostra o quanto me deseja...

Deitei-a na cama com cuidado, abrindo suas pernas com as mãos, e beijei sua coxa esquerda bem devagar, sentindo os arrepios sob minha boca. Subi até o centro de seu desejo, e puxei a calcinha para o lado com a língua, sentindo o calor e o cheiro doce de sua boceta molhada.

Ela gemeu alto ao primeiro toque da minha língua.

— Ah... porra... assim mesmo...

Segurei firme suas coxas e comecei a lamber com vontade, explorando cada dobra, cada suspiro. Meu nome escapava de seus lábios como um sussurro sujo entre gemidos descontrolados.

— Não para... — ela pediu, entre respirações ofegantes. — Vai me fazer gozar...

Aumentei o ritmo com a língua, circulando o clitóris com precisão enquanto ela se contorcia sob mim. Quando gozou, gritou meu nome, o corpo todo tremendo. Eu não parei. Continuei devagar, sentindo seu gozo escorrer na minha boca, como se eu estivesse bebendo o melhor dos néctar.

Subi por seu corpo, e ela me puxou para um beijo selvagem, sentindo o próprio gosto na minha boca.

— Agora me fode — disse, cravando as unhas nos meus ombros. — Me faz sua.

Me encaixei entre suas pernas e a penetrei de uma vez, sentindo aquele calor apertado me engolir por inteiro. Ela gemeu alto, jogando a cabeça pra trás.

— Isso... caralho, amor... você é tão gostoso...

Comecei com movimentos lentos, profundos, sentindo o corpo dela se moldar ao meu. Nossos olhares grudados, suados, ofegantes. Ela rebolava sob mim, e eu a segurava pela cintura, socando fundo com mais força a cada gemido que escapava.

— Você gosta assim? — perguntei, ofegante, os dentes cerrados.

— Sim... mais forte... me fode com força, amor... — implorou, as pernas me envolvendo.

Aumentei o ritmo, sentindo os estalos dos nossos corpos se chocando. O quarto cheirava a sexo, os lençóis ensopados, a cama rangendo sob a fúria do nosso desejo.

— Vai gozar de novo pra mim? — sussurrei no ouvido dela, mordendo de leve sua orelha.

— Sim... sim... porra, goza comigo... dentro... não para...

O corpo dela estremeceu quando gozou de novo, gritando sem pudor. Eu deixei vir também, metendo fundo uma última vez, sentindo meu gozo explodir dentro dela. Ficamos assim por um tempo, colados, corpos ainda pulsando, o suor grudando a pele.

Caímos lado a lado, ofegantes, rindo baixo.

— Isso foi... intenso — ela disse, ainda sem fôlego.

— Foi tudo — respondi, tocando seu rosto. — Ainda melhor do que eu imaginava.

A conexão entre nós crescia. Júlia era carinhosa, dedicada, bagunçada do jeito certo. Quando, numa noite chuvosa, ela apareceu chorando na minha porta dizendo que havia sido expulsa de casa, não hesitei em acolhê-la. Ela não explicou direito, só disse que a situação com os pais tinha ficado insustentável. Eu conhecia parte da história e não quis forçar nada. Ela estava vulnerável e eu só queria que se sentisse segura.

A convivência foi surpreendentemente boa. Tivemos desentendimentos bobos no começo, coisas de espaço e rotina, mas logo nos ajustamos. O sexo era frequente e incrível. A vida seguia num compasso bom: trabalho durante o dia, noites de conversa, séries, risadas, planos. A gente ainda frequentava a igreja, até começarem os olhares e comentários maldosos sobre morarmos juntos sem casar. Isso nos afastou do ambiente religioso, mas não um do outro.

Por mais de um ano, fui feliz com ela. De verdade. Era tudo o que eu sempre quis e nem sabia.

Até aquela noite.

Cheguei mais cedo do trabalho, cansado, querendo só tomar um banho e deitar. Ela ainda estava no salão onde trabalhava, disse que ia fechar mais tarde. Estava prestes a me jogar no sofá quando alguém bateu na porta. Achei estranho. Não esperava ninguém.

Abri. Um homem. Cinquenta e poucos anos, baixo, barrigudo, cabelo ralo. Tinha uma postura esquisita, como se estivesse achando graça da situação.

— A Júlia tá aí? — ele perguntou.

— Ela ainda tá trabalhando. Quem é o senhor?

Ele me olhou de cima a baixo, deu um risinho.

— Namorado, é?

— Sim.

— Ih... — ele murmurou, como se estivesse com pena. — Então acho que temos um problema, irmão.

— Que tipo de problema? — perguntei, sem paciência.

Ele olhou pros lados, depois pra mim de novo, com aquela cara cínica.

— Olha... eu não tô aqui pra arrumar confusão, mas... tive um desentendimento com ela. Só queria resolver civilizadamente.

— Desentendimento como?

— De trabalho, entende?

Demorei um segundo pra captar o que ele estava insinuando. Meu cérebro deu um nó.

— Como assim? Não acha inapropriado vir resolver isso aqui?

O cara não respondeu de imediato. Em vez disso, tirou o celular do bolso, abriu um navegador e depois virou a tela pra mim.

— Reconhece?

Na tela, um site de acompanhantes. A página de uma mulher com o rosto borrado, mas os cabelos, o corpo… eu conhecia. Mesmo com as tatuagens também borradas, era inegável, a posição, os tamanhos, as curvas do corpo. Era ela. Júlia. Usava outro nome, uma descrição falsa, mas não dava pra negar.

A sensação foi como se alguém tivesse tirado o chão debaixo de mim. Um soco no estômago. O sangue gelou.

— Isso é alguma piada? — murmurei, tentando encontrar ar.

— Eu não queria me meter, sério. Só achei justo vir aqui. Tivemos um problema no último encontro, que não vem ao caso explicar. Mas se você tá com ela, não precisa mais nada. Tô fora.

Ele deu meia-volta como se aquilo fosse uma visita casual, sorrindo com deboche, como se houvesse conquistado uma vitória. Eu o segurei pelo braço com força.

— Você tá dizendo que… vocês fizeram programa?

— Cara, me solta. Eu pago, não sou cafetão. Mas sim. Já vi ela várias vezes. — Sorriu, parecia se divertir com a situação. — Inclusive, ela é famosa por aí, pra quem é putanheiro.

Soltei ele antes de quebrar alguma coisa. Ou a cara dele. Vontade não faltava, mas agredir um quase idoso não parecia o mais esperto, nem tinha cabeça para aquilo.

— Some daqui.

Ele foi andando devagar, como se tivesse pena de mim. Fechei a porta com força. Sentei no chão da sala, coração acelerado, suando frio.

Peguei o notebook. O mesmo site. Pesquisei o nome falso que ele mostrou. Lá estava ela. Anúncio ativo. Centenas de avaliações.

Entrei num fórum com relatos de encontros com acompanhantes. Haviam 5 páginas de relatos, “TD’,s positivos”, o mais antigo de 4 anos atrás. O mais recente, daquele mês. Cobrava 300 reais por hora.

Passei meus olhos pelos relatos, o coração explodindo no peito, o estômago enojado com alguns trechos que lia.

“Perguntei pra ela se podia ser mais bruto com ela e ela responde com a voz doce e a piroca na boca: "pode"... Dali já peguei na nuca dela e empurrei a piroca na boca dela e ensaiei um facefuck por um tempo, bati e esfreguei a piroca na cara dela. Ela baba, lambe, geme um pouco... A mulher dá um show!”

“As caras e bocas que ela faz se você estiver mandando bem dá muito tesão. É indispensável gozar no rostinho lindo dela. Ver ela tomando leite na cara é uma obra de arte.”

Sabia que aqueles relatos estavam me fazendo mal e que continuar lendo só ia me fazer piorar, mas simplesmente não conseguia parar. Lia com urgência, passando os olhos por cada palavra, cada foto sem rosto que ilustração alguns deles.

“Pedi para a Brendinha ficar na ponta da cama, de frente... ela se posiciona no frango assado. Fiquei de pé, fora da cama, e penetrei o cuzinho dela... eu nunca tinha experimentado nessa posição... fiz o cu da Brenda de buceta e empurrei com vontade. Ela se masturbava ao mesmo tempo... porra, eu não aguentei mais e leitei dentro do cuzinho da gostosa... krl!”

“Lambe, passa ele na cara, cospe, lambe as bolas, faz beijo grego me olhando com cara de safada.”

As mãos tremiam. Estava com a boca seca. Parecia que estava assistindo uma vida paralela da mulher que amava. Uma que eu nunca conheci. Uma versão dela construída para estranhos.

Tinham coisas ali que ela nunca fez comigo, coisas que eu nem sonhei em fazer com ela. Me senti ainda mais traído.

Desliguei tudo. Fiquei parado olhando pro teto, coração disparado, mãos no rosto. Não queria acreditar. Não podia.

Duas horas depois, Júlia chegou. Abriu a porta devagar, sorrindo.

— Amor? Cheguei. Que dia cansativo… Tô morta.

Ela deixou a bolsa na cadeira e veio até mim, sentando ao meu lado no sofá.

— Tá tudo bem? — perguntou, tocando meu braço.

— Tá, só cansado. — menti. Nem sei como minha voz saiu tão firme.

Ela me abraçou. O cheiro do perfume era o mesmo, mas parecia estranho agora. Intoxicante de outro jeito.

— Quer comer alguma coisa? Eu trouxe esfihas…

— Não tô com fome.

Ela franziu a testa, desconfiada.

— Aconteceu alguma coisa no trabalho?

— Não. Só... um dia pesado.

Ela se aproximou, com aquela calma que sempre usava quando queria me seduzir. Beijou meu pescoço, depois subiu devagar até meu queixo, os lábios macios, quentes. Aquilo que sempre me derretia. Mas agora... agora me corroía por dentro.

Queria empurrá-la. Queria gritar que sabia. Que tinha visto. Que ela não podia simplesmente fingir que nada aconteceu.

Mas não me mexi.

Fiquei ali, imóvel, ardendo em silêncio. Queria entender. Queria ver até onde ela iria. Parte de mim ainda queria acreditar que era tudo mentira.

— Então deixa eu te ajudar a relaxar... — ela sussurrou, com aquele tom doce e provocante.

Prendeu o cabelo num rabo de cavalo alto, os olhos nos meus. Sempre que fazia isso, eu já sabia o que vinha. Era o sinal silencioso de que ela ia me devorar. E mesmo sabendo de tudo, mesmo com o sangue fervendo de raiva, meu pau já começava a enrijecer.

Ela se ajoelhou diante de mim e puxou meu short, liberando meu pau meio duro. Passou a língua devagar pelas minhas bolas, lambendo com carinho, antes de começar a chupar de leve, molhado, com aquela habilidade que ela dominava.

— Porra... — deixei escapar, quase com nojo de mim mesmo.

Ela me chupava com vontade, engolindo cada vez mais fundo, enquanto me olhava de baixo. Ver aqueles olhos de safada me encarando enquanto o pau entrava na garganta dela... era como uma faca. Um prazer misturado com ódio.

Segurei firme o rabo de cavalo e empurrei sua cabeça com força, enfiando até a garganta. Ela se engasgou, tossiu, os olhos lacrimejaram, mas não parou. Só se afastou depois de alguns segundos, cuspindo saliva.

— Calma, amor... — disse, sorrindo, ainda tossindo. — Tá com fogo hoje?

Fogo?

Nem ela fazia ideia do quanto.

Ela se levantou e tirou a calcinha lentamente, olhando por cima do ombro, empinando a bunda com provocação.

— Espera, deixa eu terminar...

Tirou o sutiã, jogou no chão e veio montando em mim, nua, quente, escorrendo. Roçou a buceta molhada no meu pau até encaixar direitinho. Gemi rouco quando ela desceu, me sentindo entrar inteiro naquela boceta apertada.

Ela começou a cavalgar com gosto, rebolando e subindo e descendo com ritmo, como se quisesse me deixar louco. Eu chupei os seios com força, mordendo, marcando, descontando tudo que sentia.

— Ai... calma... — ela reclamou. — Eles estão sensíveis, amor...

Não dei ouvidos.

Segurei sua cintura com firmeza, a virei de uma vez e a coloquei de quatro no sofá. Dei um tapa forte na bunda dela, que estalou alto.

— Ah! — ela gemeu, surpresa, mas excitada.

Enfiei tudo de novo de uma só vez, socando com força, com raiva. Cada estocada era como se eu quisesse apagar a imagem dela com outro. Ela gemia alto, sem controle.

— Porra... mais... vai...

Enrolei os dedos no cabelo dela e puxei com força. Ela reclamou:

— Aí! Tá machucando...

Foda-se.

A empurrei com a mão nas costas, forçando o rosto dela contra a almofada, a bunda ainda mais empinada pra mim. O som da minha pele batendo na dela era sujo, violento. E mesmo assim, ela gozava.

— Isso... caralho... continua... — ela gemia, enquanto eu socava mais fundo, mais rápido.

Senti a boceta dela apertar meu pau com força, o corpo todo tremendo, descontrolado. Gozamos juntos. Não como antes, quando havia carinho. Aquilo foi puro instinto. Selvagem. Sujo. Sem amor.

Depois, caímos no sofá, exaustos. Ela deitou a cabeça no meu peito, com aquele ar satisfeito.

E eu?

Eu olhava pro teto. Duro. Em silêncio.

Cada respiração dela me parecia um insulto. Uma mentira.

Tudo que eu conseguia pensar era: preciso de provas. Algo que tire qualquer chance dela negar.

Mal dormi a noite. Ela dormia ao meu lado, tranquila, como se nada estivesse errado. Talvez não fosse tranquilidade. Talvez fosse só exaustão de um dia cheio de mentiras. Levantei sem fazer barulho, fui pro banheiro e fiquei encarando meu reflexo por um tempo.

A barba mal feita, os olhos fundos, o olhar perdido. Eu estava tentando entender como aquilo tudo era possível. Como alguém tão próxima podia ser, ao mesmo tempo, tão distante. Eu queria confrontá-la. Gritar. Mas parte de mim ainda duvidava. Parte de mim queria se agarrar a alguma versão de realidade onde tudo aquilo era um engano.

No trabalho, não consegui focar em nada. Passei o dia inteiro revendo o site, tentando entender o padrão, os horários. Em pouco tempo, vi que ela atendia num local fixo no centro — um prédio comercial com várias salas alugadas. Anúncios em que ela mesma dizia "atender discretamente". Sempre usando um nome falso. Sempre com poses sensuais, a mesma cara borrada.

Foi então que me veio a ideia.

Um chip novo. Um número novo. Uma identidade inventada. Criei uma conta no WhatsApp e a chamei. Entrei em contato como se fosse mais um interessado. Perguntei valores, disponibilidade. Ela respondeu rápido. R$300 a hora. Ela tinha vaga naquele fim de tarde. Último horário do dia.

Ler aquilo me doeu como uma lâmina na carne.

— Pode ser — digitei com os dedos trêmulos.

Passei o resto do dia tentando não vomitar. As mãos suando, o coração acelerado. Cheguei a pensar em desistir. A ideia de vê-la naquela situação, naquele lugar, me sufocava. Mas eu precisava. Precisava que ela admitisse. Precisava olhar nos olhos dela e acabar com qualquer ilusão.

Na hora marcada, parei o carro na frente do prédio. O lugar era discreto, sem fachada chamativa. Um portão cinza, interfone velho. Fiquei parado alguns minutos com o motor desligado, encarando o portão. Me sentia um covarde. Ou um carrasco.

Subi. Quarto andar. Sala 413. Cada passo pelo corredor ecoava na minha mente como se eu estivesse indo pra execução.

Toquei a campainha. Uma vez. Nada. Duas vezes. Nada. Três vezes.

Alguns minutos depois maçaneta girou devagar. A porta se entreabriu. E por um segundo, o tempo parou.

Era ela.

De roupão. Cabelo solto, rosto pálido, olhos vermelhos. Chorando. Provavelmente tinha me visto pelo olho mágico da porta, mas eu não sairia dali antes de confrontá-la.

— O que você tá fazendo aqui? — a voz dela saiu trêmula, baixa.

Eu a encarei. Não sabia nem por onde começar. Mas entrei. Sem dizer nada. Ela deu dois passos pra trás. Fechei a porta atrás de mim.

— Precisamos conversar.

— Como você descobriu? — ela perguntou, num sussurro, já desabando.

— Um cliente seu veio na minha casa — falei, encarando os olhos dela. — E me mostrou quem você realmente é.

Ela se sentou na beirada da cama, o roupão ainda fechado, tremendo. Chorava como uma criança, mas eu não sentia pena. Sentia raiva. Confusão. Decepção.

— Eu não sou essa pessoa... não de verdade. Isso é um papel. Um nome. Uma coisa que eu inventei pra sobreviver.

— Então é isso? Você sobrevive sendo comida por estranhos enquanto mora comigo e diz que me ama?

Ela se encolheu. Tentou falar, mas só soluçou.

— Tira esse roupão — falei, com a voz mais fria que já ouvi sair de mim.

— O quê?

— Quero ver. Quero saber se você é a mesma que tava nas fotos. A puta com que marquei.

— Por favor… — ela disse, com os olhos arregalados, com um medo verdadeiro. — Você tá me assustando. Não me machuca, por favor…

Aquilo doeu mais do que tudo.

— Eu nunca encostaria um dedo em você — respondi, ofendido, mas sem gritar. — Mesmo depois de tudo isso. Eu sou o traído aqui. E ainda assim, você acha que eu sou o monstro?

Ela hesitou. E então soltou o cinto do roupão. Caiu no chão como uma cortina se abrindo.

Ela estava usando uma lingerie preta, brilhante, daquelas que nunca tinha usado comigo. Saltos altos. Maquiagem borrada. E mesmo com os olhos inchados pelo choro, ela parecia... diferente. Não era a Júlia que eu conhecia. Era outra. Uma versão artificial. Uma personagem.

— Isso aqui é fantasia — ela disse, quase como um pedido de desculpas. — Não sou eu.

— Então quem é?

— É a "Brenda". É um nome falso. Uma vida falsa. Uma máscara.

Olhei em volta. O quarto era pequeno, funcional, quase estéril. Tinha uma cama grande com lençóis limpos, várias toalhas úmidas empilhadas num cesto ao lado. Um espelho encostado na parede. Frascos de perfume, lubrificante, camisinha. Tudo perfeitamente colocado.

— Quantos passaram por aqui hoje? — perguntei, sem encarar.

Ela hesitou.

— Quatro.

A resposta veio como uma pedra no peito. Eu fechei os olhos e respirei fundo.

— E você ia dormir na nossa cama depois disso?

Ela sentou, cabeça baixa. Não tinha mais lágrimas.

— Eu ia tomar banho. Eu… eu sempre tomo banho antes de voltar pra casa.

— Como se isso lavasse o que você faz?

Ela se calou. Olhava pro chão como se buscasse forças nas rachaduras do piso.

— Eu tentei parar. De verdade. Quando comecei a ir na igreja… quando te conheci. Por um tempo, eu consegui. Mas…

— Mas?

— Fui expulsa de casa. Meus pais… sugaram tudo o que eu tinha economizado antes de parar... Eu tava sem um real. Sem apoio. Sem emprego. Sem nada. E eu não queria depender de você.

— Você preferiu voltar a ser prostituta do que me pedir ajuda?

— Eu… — ela engasgou. — Eu achei que se virasse um peso na sua vida, você ia me odiar. Como meus pais fizeram. Sempre me jogaram na cara o quanto eu era um fardo.

— E o que você acha que eu to sentindo por você agora? Você mentiu todos os dias. Me olhava nos olhos e dizia que me amava.

— E eu amo. Você não entende? Eu me odeio por isso. Cada cliente, cada vez. Eu me sentia suja. Mas era melhor isso do que olhar pra você e ver pena. Ou pior: raiva.

— E agora vê o quê?

Ela levantou os olhos. Estavam vermelhos, desesperados.

— Vejo alguém que vai me abandonar. Porque agora você sabe. E ninguém aguenta isso. Desculpe, você é a última pessoa no mundo que eu queria magoar…

Eu andei até a janela, de costas pra ela. Meu peito pesava como se tivesse cimento por dentro. A raiva e a dor estavam misturadas demais pra eu conseguir separar.

— Eu acreditava em você, Júlia. Achava que era diferente. Que podia confiar. A gente fez planos, porra. Sonhou junto. E agora... agora eu não sei nem quem você é.

Ela veio devagar, ainda só de lingerie. Parou a dois passos de mim.

— Eu sou alguém quebrada. Alguém que tentou consertar a vida com fita adesiva. Eu não sei ser adulta direito. Eu não sei amar direito. Mas com você, eu tentei. E ainda tô tentando.O meu amor por você é sincero, eu te amo muito e…

— Você não tá tentando. Você tá escondendo, enganando. Quem faz isso, não ama.

Ela abaixou a cabeça. Silêncio por alguns segundos. Então ela sussurrou:

— Me odeia?

— Eu não sei. — falei, sincero. — Queria conseguir. Talvez fosse mais fácil.

— Vai me deixar? Eu entendo, mas por favor…

Olhei pra ela. Pela primeira vez, sem a maquiagem, sem a personagem, ela parecia só… vulnerável. Frágil. Real.

— Eu preciso de um tempo — falei. — Preciso entender se tem algo pra salvar aqui. Porque o que tínhamos… morreu hoje.

Ela chorou de novo. Mas não tentou me impedir quando fui embora. Apenas me observou sair, com os olhos cheios d’água, como se já soubesse que, dali em diante, nada mais seria igual.

Os dias seguintes foram um borrão. Eu ia pro trabalho, voltava pra casa e só… existia. O apartamento parecia mais vazio do que nunca, embora nada tivesse mudado. O sofá ainda tinha o cheiro dela. O travesseiro do lado esquerdo da cama, ainda com marcas do perfume. E por mais que eu tentasse racionalizar, entender, me distanciar… doía. Doía o tempo todo.

Ela não voltou. Não no primeiro, nem no segundo, nem no terceiro dia. Nenhuma mensagem, nenhum sinal. Talvez por respeito. Talvez por culpa. Talvez por medo da minha resposta.

Mas eu também não procurei. Fiquei ali, remoendo. Pensando. Lembrando. Questionando.

Lembrava do nosso primeiro beijo. Do dia em que ela chegou com a mochila nas costas, dizendo que tinha sido expulsa de casa e que não sabia pra onde ir. Lembrava do jeito que ela dançava desajeitada na cozinha enquanto fazia café. Dos filmes que escolhia e dormia antes da metade. Dos planos de adotar um cachorro quando a gente comprasse uma casa com quintal.

E lembrava de cada palavra dos relatos no fórum. Das avaliações. Das posições, dos nomes, dos preços. Da forma fria como falavam dela, como se fosse um produto. Uma boneca. Uma coisa. E eu não conseguia separar aquilo da mulher que dizia me amar.

Numa dessas noites, sozinho, abri uma cerveja que estava na geladeira fazia semanas. Eu quase não bebia, mas aquela noite… eu precisava esquecer. Ou lembrar menos. O álcool não ajudou. Só me deixou mais vulnerável.

De manhã bem cedo, ouvi batidas na porta. Achei que estivesse imaginando, mas vieram de novo. Levantei com o coração acelerado. Quando abri, era ela.

— Oi — disse, com os olhos inchados, segurando uma mochila pequena. — Posso entrar?

Não respondi. Só abri espaço. Ela entrou devagar, como se pisasse em vidro.

— Eu fiquei esperando você me procurar. Achei que ia me mandar mensagem… ou me bloquear de vez. Não sabia.

— Eu ainda não sei — respondi, sentando no sofá.

Ela ficou em pé por alguns segundos antes de se sentar bem na beirada do outro lado. As mãos entrelaçadas, o olhar perdido.

— Eu fiquei num hotel barato esses dias. Pensei em ir embora da cidade, de tudo. Mas eu… não consegui. Eu precisava tentar falar com você de novo.

— Por quê?

Ela me olhou nos olhos, firme, mesmo com o rosto destruído de choro.

— Porque eu te amo. Porque eu errei, eu sei disso. E sei que talvez nada conserte isso. Mas você foi a única pessoa que olhou pra mim e viu mais do que… do que um corpo. Você me viu de verdade. E eu… eu destruí isso.

Fiquei em silêncio. O nó na garganta era quase insuportável.

— Eu queria reconstruir — ela continuou. — Me reconstruir. Começar do zero. Procurar um emprego de verdade, estudar, fazer terapia. Fazer o que for preciso. Não por você, só. Mas por mim também. Porque eu não quero mais viver como um segredo. Ou uma vergonha.

— Você acha que isso dá pra reconstruir?

Ela respirou fundo.

— Eu não sei. Mas se tiver um tijolo ainda de pé… eu quero tentar. Mesmo que leve anos. Mesmo que você nunca consiga confiar em mim de novo do mesmo jeito. Eu quero lutar por isso.

Eu acreditei nela. Contra toda lógica, contra tudo que eu tinha visto e lido, eu vi sinceridade nos olhos dela. E aquilo mexeu comigo mais do que eu gostaria.

— Vai ser difícil — falei, baixo.

— Eu sei.

— Eu não prometo nada.

— Eu sei, eu entendo.

Ela estendeu a mão. Eu hesitei, mas segurei. Pela primeira vez desde que tudo começou, chorei. Ela também. Ficamos assim, por um tempo longo e silencioso. Dois pedaços tentando entender se ainda podiam formar um todo.

Ela voltou pra casa naquela noite. Devagar, como quem anda sobre estilhaços. Não foi um retorno triunfal. Não teve abraço apertado nem promessas de recomeço perfeito. Foi silencioso. Cheio de pausas longas, de olhares sem tradução.

Os primeiros dias foram… esquisitos.

Ela limpava a casa com mais frequência, acordava cedo, cozinhava. Tentava compensar de alguma forma, como se o cuidado com as pequenas coisas fosse suficiente pra consertar o grande buraco entre nós. Eu percebia. E me incomodava. Porque não era isso que eu queria. Eu queria a verdade. E ainda não conseguia lidar com ela por completo.

A gente voltou a dormir na mesma cama, mas de costas um pro outro. Havia um abismo ali. Às vezes ela tocava meu braço devagar, como quem pede licença. Às vezes eu cedia. Outras, virava pro lado. Era difícil. Era confuso. Mas havia tentativas.

E o sexo? Voltou.

Mas não como antes.

Numa noite estava fria, o silêncio entre nós era quase absoluto. O aquecedor zumbia num canto do quarto, abafando o som do mundo lá fora. As luzes estavam baixas. Ela se aproximou com passos lentos, vestindo só uma camiseta fina e uma calcinha preta. Deitou-se ao meu lado e começou a me beijar no pescoço, os lábios gelados no início, mas logo aquecidos pelo toque e pela intenção. Subiu devagar pelo meu peito, como se quisesse me reconquistar com a boca.

Fechei os olhos e deixei.

Senti seu corpo quente contra o meu, os cabelos deslizando pela minha pele, os dedos acariciando com ternura. Ela estava tentando se reconectar. Tentar apagar qualquer distância entre nós.

E eu…

Retribuí.

Beijei sua boca com mais fome do que devia. O cheiro dela, o gosto… ainda me deixavam louco. Mesmo com a raiva, o nojo, a decepção queimando por dentro. Mesmo com as imagens que vi. As conversas. Os relatos. As posições. Os detalhes que outros homens descreveram sobre ela como se estivessem falando de um serviço qualquer.

Meu pau ficou duro. O tesão veio.

Transamos ali mesmo, devagar no início. Ela montada em mim, os quadris se movendo com aquele ritmo que costumava me enlouquecer. Mas agora, era diferente. Eu queria mais. Eu queria tudo.

Virei ela de ladinho e me levantei da cama, posicionando-me na beirada. Comecei a meter mais fundo, mais rápido, ouvindo os gemidos dela se tornarem mais altos, mais molhados. A buceta escorria, quente, apertada, pegando meu pau inteiro.

Tirei de dentro e encostei a cabeça na entrada do seu cu.

Ela virou o rosto na hora, os olhos arregalados. Não falou nada, mas entendeu. Sabia de onde aquilo vinha.

— Caio… — ela disse, quase num sussurro — pode comer meu cuzinho... mas devagar, por favor.

Ela apontou para a bolsa no chão:

— Tem lubrificante ali. Pega, vai.

Fui. Peguei. Passei KY no pau, lambuzei bem. Voltei, abri as bandas da bunda dela com as mãos e encaixei, devagar, sentindo a pressão apertar, o cu fechadinho cedendo aos poucos.

Ela gemeu.

— Vai... pode me foder... só devagar... ui...

Empurrei mais, com calma no começo, mas logo comecei a bombar com força. Socava com intensidade, sentindo o cu dela se moldar ao meu pau, “fazendo o cu dela de buceta”. Ela gemia baixo, com a cara enfiada no colchão, agarrando os lençóis com as mãos tensas.

— Porra... que delícia... — murmurei, vendo meu pau entrar e sair, o cu dela já mais largo, mais entregue.

Senti que ia gozar. Tirei devagar e vi aquele anel rosado mais aberto, latejando.

— Ajoelha. Me chupa.

Falei puxando-a pelos cabelos. Ela obedeceu sem dizer nada, se ajoelhando no tapete.

Abocanhou meu pau com vontade, sem hesitação. Chupava com força, sem frescura, engolindo até a garganta, babando tudo. O som era obsceno. Os olhos dela lacrimejavam, mas ela não parava. Sugava como se tivesse que provar algo.

Quando senti que não dava mais, arranquei o pau da boca dela e gozei em jatos grossos por todo o seu rosto — testas, bochechas, boca, seios, até o cabelo. Ela apenas fechou os olhos e esperou terminar. Não reclamou.

Foi até o banheiro se limpar. Fiquei deitado, arfando, o peito subindo e descendo como se tivesse corrido uma maratona.

Quando ela voltou, com a pele limpa mas o olhar pesado, vi seus olhos vermelhos. Não era por causa do gozo. Nenhuma gota tinha atingido os olhos dela.

Ela desviou o olhar. Passou a mão no rosto rápido, mas eu vi.

Tinha uma lágrima que ela não queria que eu notasse.

Deitou ao meu lado. Se encolheu em silêncio, a cabeça no meu peito. Não disse nada. Nem eu.

Ficamos assim por um bom tempo, sem uma palavra.

Ela dormiu.

Eu não.

Passei a noite acordado, olhando o teto, depois observando as costas dela, tão pequenas, tão frágeis.

Me odiei.

Porque entendi, naquele instante, que eu não estava só transando com ela.

Eu estava punindo ela de certa forma. Essa constatação me deixou péssimo.

No café da manhã do dia seguinte, silêncio. Até ela colocar a xícara de café na mesa com mais força do que o necessário.

— Você tá me usando.

Olhei pra ela.

— Como assim?

— Ontem. Anteontem. Aquele jeito. Você quer me fazer pagar.

— Eu…

— Você acha que eu não percebo? Você lê aquelas merdas dos fóruns e quer repetir comigo. Quer me reduzir àquilo. Só pra me machucar.

— Não é isso.

— É, sim — ela falou, olhos úmidos, mas firmes. — E eu deixo. Porque eu acho que mereço. Só que depois… eu me odeio ainda mais. E te odeio um pouco também. Por me usar assim. Isso é tortura. Eu mereço, mas…

Eu me levantei, respirei fundo. Ela começou a chorar de soluçar.

— Você mentiu pra mim por mais de um ano, Júlia.

— Eu sei.

— Você me enganou enquanto deitava na minha cama.

— Eu sei!

— Eu nem sei mais o que é verdade entre nós!

Ela se levantou também, batendo na mesa com as duas mãos.

— Então por que me deixou voltar? Por que me deixou dormir aqui? Comer aqui? Por que me dá esperança de reconstruir se tudo que você quer é me ver sofrer?

Fiquei mudo. A verdade bateu como um soco: eu queria vê-la sofrer. Era inconsciente, mas queria que ela sentisse um décimo do que eu senti. Mas agora que ela sentia, isso só me machucava mais.

Ela saiu pra procurar emprego em silêncio. Não falamos o resto do dia. À noite, voltou mais cedo. De pijama, sem maquiagem, cabelo preso. Se sentou no sofá do meu lado, segurando um smartphone.

— Isso aqui era meu telefone de trabalho, são os contatos dos meus antigos clientes, de quando eu ainda trabalhava. Tudo aí. A linha não está mais ativa, mas… achei que você devia saber. Saber que eu não escondo mais nada. Saber que eu quero deixar tudo isso para trás…

Eu mexi no smartphone por alguns minutos. Se ela queria tanto me mostrar, faria questão de olhar. Abri o WhatsApp, haviam várias conversas, a última de pouco antes do nosso encontro naquele flat. Poucas fotos na galeria, nenhuma com clientes, somente as fotos que usava no anúncio, ela mesmo editava.

— Você me perdoa? — ela perguntou, baixinho.

— Eu… estou tentando. Juro que estou. Talvez um dia.

Ela assentiu, baixou os olhos. E ficou ali, ao meu lado. Sem falar nada. Apenas dividindo o mesmo silêncio amargo de quem ainda ama, mas não sabe como continuar.

O tempo passou. Dias viraram semanas.

A vida seguiu, meio manca. A gente acordava, tomava café juntos, cada um ia pro seu trabalho. Ela começou a trabalhar numa loja de departamentos do shopping, trabalhava lá de verdade. Às vezes jantávamos em silêncio, às vezes ríamos de algo bobo, tentando esquecer tudo por alguns minutos. Outras vezes, nem nos olhávamos. A ferida estava ali, latejando, mesmo quando não doía de forma direta.

As crises começaram a vir mais espaçadas… mas quando vinham, eram mais violentas. Não em volume, mas em profundidade. Pareciam rasgar camadas que a gente nem sabia que existiam.

— Então você acha mesmo que nunca vai conseguir confiar em mim? — ela perguntou certa noite, depois de uma discussão que começou por algo banal, uma toalha molhada em cima da cama.

— Não é uma escolha, Júlia. Confiança não é uma chave que eu viro.

— Eu tô aqui. Eu te contei tudo. Eu deixei minha vida antiga. Eu tô tentando.

— E eu não tô? — retruquei. — Acha que é fácil conviver com a imagem da mulher que eu amo sendo usada como objeto por dezenas de caras?

Ela engoliu seco, virou o rosto, mas não retrucou. Sabia que era verdade. E que eu estava tentando. Só que tentar nem sempre é suficiente.

O sexo se tornou inconsistente. Às vezes era cheio de culpa, outras vezes cheio de tesão. E, às vezes, simplesmente… não acontecia.

Teve uma noite em que ela começou a me acariciar, mas eu parei.

— Desculpa… — sussurrei.

— De novo?

— Eu não consigo. Tô com a cabeça cheia.

— Cheia de quê?

Fiquei em silêncio. Ela insistiu.

— Você ainda pensa neles?

— Às vezes. — respondi, com honestidade cruel. — Penso no que fizeram com você. No que você deixou fazer.

Ela fechou os olhos, respirou fundo, e se virou de costas.

— Eu nunca senti prazer com eles, sabia?

— Mas deixava, mesmo assim.

— Porque era trabalho. Como qualquer trabalho. E sim, era horrível. Mas você leu aqueles relatos. Aquilo não sou eu, a maior parte é mentira, homens tentando inflar o próprio ego contando performances de ator porno que achavam ser, mas não eram... Aquilo era o que eles queriam ver. E o que eu fingia ser pra receber e ir embora.

— E comigo? Você finge também?

Ela se virou, encarando.

— Nunca fingi nada com você. Mas você tá começando a me fazer fingir agora. Quando me trata igual a eles me tratavam.

Silêncio.

Ela virou de novo e murmurou, com a voz quase apagada:

— Às vezes, eu sinto que você só tá comigo pra me punir. Pra se vingar, devagar. Mas eu não vou desistir, eu te amo de verdade.

Eu não respondi. Porque no fundo… ela não tava tão errada.

Eu tentava. Tínhamos bons momentos juntos, tentamos criar novas memórias, mas ainda assim a relação foi se tornando um fardo. A gente começou a se afastar. Pouco a pouco. Como se estivéssemos tentando terminar sem admitir. Dormíamos juntos, mas cada um parecia em outro planeta. A comida perdia o gosto, os silêncios ganhavam peso, os sorrisos eram cada vez mais raros.

O estopim veio num fim de semana qualquer.

Minha firma organizou um encontro entre funcionários e suas famílias num sítio. Uma confraternização de fim de ano pra comemorar resultados bem acima da meta. Júlia quis ir. Achei que seria bom pra tirar a cabeça da rotina. A gente precisava de ar.

Ela estava linda. Cabelos soltos, vestido leve, maquiagem simples. Nos sentamos numa mesa de canto, cumprimentamos alguns colegas, sentia ela desconfortável comigo… estava tensa. Olhos mais atentos, sorriso forçado. Notei que ela evitava contato visual com alguns homens da empresa. Achei estranho, mas tentei ignorar.

Até que fui ao banheiro e ouvi risadinhas atrás de mim, de dois colegas do setor financeiro. Eles me olharam, olharam pra ela, e cochicharam algo. Meu sangue gelou. Me aproximei devagar, fingindo não ouvir, até que um deles disse:

— Não sabia que ela ainda tava na ativa…

— Dizem que parou, mas vai saber. Aquela ali dava show…

Eles me viram e pararam na hora, sem graça. Mas já era tarde.

O chão sumiu debaixo de mim. De novo.

Na volta pra casa, não aguentei.

— Júlia… por acaso algum dos caras da empresa já foi teu cliente?

Ela ficou em silêncio. O silêncio mais alto que eu já ouvi.

— Júlia?

Ela segurou o choro. A boca tremia.

— Alguns. Teu chefe já foi… Desculpa, não tinha como eu saber que era ele… — ela sussurrou. — Ele até me sondou de novo hoje. Mas eu disse que não, que tinha parado de vez, pra sempre.

O mundo parou. Como se tudo desabasse outra vez.

Por alguns segundos, o som do carro foi tudo o que existia. O ronco do motor, o barulho abafado da estrada de terra, e a pulsação no meu ouvido. Eu segurei o volante com tanta força que meus dedos ficaram brancos. Júlia estava do meu lado, encolhida, com os olhos fixos na janela. Esperando. Esperando que eu dissesse algo. Que explodisse. Que xingasse. Mas nada saiu.

Até que eu encostei o carro no acostamento e desliguei o motor.

— Você sabia que isso ia acontecer, né? Devia ter pensado nisso.

Ela me olhou, os olhos brilhando com lágrimas contidas.

— Eu… não. Achei que com o tempo as pessoas esqueceriam de mim.

— Como esquecer? Você acha que isso se apaga? Que os caras só olham pra você como “minha namorada” agora? Eles já te compraram. Já gozaram em cima de você. E agora me olham com pena. Como se eu fosse o otário que levou puta pra churrasco de firma.

— Para. — a voz dela saiu fraca, quase suplicante.

— É verdade! Até meu chefe! Meu chefe, Júlia!

Ela levou as mãos ao rosto e começou a chorar. Não aquele choro dramático e escandaloso. Era um choro mudo. Sofrido. Que saía como uma implosão, como se ela estivesse desabando por dentro.

— Eu nunca quis isso — ela disse. — Eu juro que tentei apagar esse passado. Eu tentei ser só tua.Tentei deixar isso até um pouco antes de te conhecer. Mas ele me seguiu. Eu… voltei quando achei que era uma saída… porque…

— Porque nunca deixou de ser. — eu cuspi, sem pensar. — Você só trocou de roupa. Mas por dentro... continuava igual. Uma puta.

Ela arregalou os olhos, como se eu tivesse batido nela.

— Você não pode dizer isso. Não depois de tudo que a gente viveu.

— Eu posso. Porque eu fui enganado! Vivi com uma mentira, amei uma mentira. E pior: ainda tentei salvar isso. Quando nem tinha o que salvar.

— Não fala assim… por favor…

— Você acha que isso tem conserto? — gritei, finalmente. — Eu não vou conseguir olhar nos olhos desses caras nunca mais. Não vou conseguir ir trabalhar. Meus colegas riram de mim pelas costas! Você entende isso? Você destruiu minha paz, minha imagem, minha confiança. E eu tentei. Eu tentei tanto. Mas você... você continuou me afundando! Mesmo tentando, te amar só tá me levando pro buraco.

Ela respirou fundo, tentando manter alguma dignidade. Mas tremia. Estava destruída.

— Então… é isso?

— É.

— Vai me deixar aqui?

— Vou te deixar onde você quiser. Mas não volta pra casa.

Ela mordeu os lábios, segurando as lágrimas com força. Depois, baixou a cabeça e disse, num sussurro:

— Me deixa no terminal. Eu pego um ônibus.

Fiz o caminho de volta em silêncio. O trajeto foi curto, mas doeu como se fossem mil quilômetros. Nenhum de nós falou mais nada. Quando estacionei, ela abriu a porta, mas antes de sair, me olhou pela última vez.

— Apesar de tudo, eu amei você. Do meu jeito torto, quebrado… eu amei. E ainda amo.

Eu não consegui responder. Só encarei o horizonte.

Ela fechou a porta e caminhou em direção à rodoviária com passos lentos. E foi assim que ela saiu da minha vida. Sem olhar para trás. A encarei com o silêncio devastador de quem já sabia que o fim tinha chegado. Que nossas tentativas não foram suficientes no final.

Fiquei ali por alguns minutos. O banco do carro ainda quente onde ela esteve. O cheiro do perfume pairando no ar. Os olhos ardiam, mas não chorei. Não consegui. Eu só queria apagar. Esquecer. Fingir que nunca aconteceu.

Mas o amor, mesmo quando termina, não se desfaz. Ele se transforma. Em dor. Em raiva. Em memória.

E algumas memórias… são cicatrizes que a gente aprende a carregar.

Os dias depois da despedida foram os mais silenciosos da minha vida.

O apartamento parecia ainda menor. Mais escuro. As coisas dela não estavam mais ali — nem as roupas, nem os perfumes no banheiro, nem os recadinhos na geladeira. Mas a presença dela… essa continuava. Invisível, mas sufocante.

Cada canto trazia uma lembrança. Cada lembrança, uma fisgada. A cadeira onde ela costumava cruzar as pernas lendo um livro. A toalha que ela sempre deixava torta no varal. Até o som da porta rangendo me lembrava do jeito que ela entrava no fim do dia, dizendo: “Oi, amor” com aquele sorrisinho.

E eu sentia falta.

Mesmo depois de tudo. Mesmo com todo o lixo que ela trouxe pra dentro da minha vida. Sentia falta dela como quem sente falta de um pedaço do próprio corpo. Porque era isso que ela tinha virado pra mim: uma parte. E agora eu era um corpo mutilado tentando fingir que andava normalmente.

No trabalho, eu passei a ser mais calado. Os colegas evitavam tocar no assunto, mas eu via nos olhos deles. Sabiam. Ouviam. E talvez sentissem pena, talvez me julgassem. No fundo, não importava. O estrago já estava feito.

Comecei a ter crises de ansiedade à noite. Suor frio, falta de ar. Tentei dormir, tentei ouvir música, tentei me distrair… nada funcionava. Eu simplesmente deitava e revivia tudo de novo. A chegada daquele homem na minha porta. A descoberta. Os relatos. O cheiro dela. As conversas. As brigas. O sexo cheio de raiva.

Frequentemente sonhava com ela. Nos sonhos, Julia costumava usar a mesma lingerie preta que usava quando a flagrei em seu flat no Centro. Esses sonhos sempre terminavam em sexo e eu acordava com um gosto amargo na boca, remoer aquilo me fazia querer vomitar a culpa e a repulsa.

Com o tempo, vi que precisava mesmo de ajuda e comecei a fazer terapia. Foi a primeira decisão realmente sensata desde que tudo aconteceu. Falei pouco nas primeiras sessões. Até que um dia, quando a terapeuta perguntou o que exatamente eu sentia por Júlia, eu respondi:

— Raiva. E saudade. Ao mesmo tempo.

Ela anotou algo e ficou em silêncio, esperando que eu continuasse. E eu continuei.

— Sinto falta do que a gente era… antes de eu saber. Mas também me odeio por sentir falta. Como é que eu posso sentir saudade de alguém que mentiu pra mim por mais de um ano?

— Talvez você sinta falta do que ela representava. Não necessariamente do que ela escondeu.

— Mas e o amor? Era real? Ou era só minha ilusão?

— Pode ter sido real dos dois lados… e ainda assim ter sido insustentável. Amor não anula o estrago. Só complica ele.

Saí daquela sessão em frangalhos. Mas com um pouco mais de clareza.

Uma noite, umas duas semanas depois do término, recebi uma mensagem no meu celular. Número desconhecido.

"Oi. Eu juro que não vou invadir teu espaço. Só queria saber se você tá bem. Só isso. Se quiser que eu apague o número depois, eu entendo. Mas eu precisava perguntar."

Era dela. Júlia.

Fiquei olhando pra tela por longos minutos. Cada parte de mim querendo responder com algo diferente. Uma parte queria dizer que sim, que eu estava bem, que já tinha superado. Outra queria dizer que eu estava um caco, que mal conseguia me olhar no espelho. E uma parte… queria simplesmente responder “sinto sua falta”.

Mas eu não respondi nada.

Apaguei a mensagem. E guardei o número, sem salvar. Só deixei ali. Como um lembrete silencioso de que algumas histórias não têm final feliz. Têm apenas final.

E que, às vezes, sobreviver a elas já é o suficiente.

Os meses passaram.

A terapia seguiu. As crises diminuíram. Eu passei a dormir melhor, a comer melhor. Aos poucos, fui retomando a rotina. Um dia, sem perceber, eu voltei a rir de uma piada no trabalho. Em outro, aceitei um convite pra sair com alguns colegas. Coisas pequenas, mas que antes pareciam impossíveis.

Voltar a viver sem ela foi como aprender a usar o corpo com um membro a menos. Dava pra andar, mas cada passo exigia mais esforço.

Comecei a sair de vez em quando. Nada de balada — nunca foi meu estilo — mas aceitei uns encontros. Gente nova, histórias novas. Algumas foram boas conversas. Uma ou duas chegaram a virar beijos, talvez até algo mais… mas na hora de levar pra cama, eu travava.

Era como se, toda vez que eu tentava me entregar, um fantasma surgisse. O dela. O da mentira. O da desconfiança. E eu brochava. Ou desistia. E ia embora antes da ocasião começar.

Na terapia, eu falava sobre isso com vergonha. Achava que era punição, que nunca mais ia conseguir me entregar a alguém. Mas a terapeuta insistia:

— Você sofreu uma quebra profunda. Confiou plenamente e foi ferido. Não é fraqueza sentir medo. É cicatriz.

Um dia, recebi outra mensagem daquele número.

Julia.

*"Oi.

Eu prometi que não invadiria teu espaço, e mantenho essa promessa. Não quero te pedir nada. Nem pra te fazer lembrar do que houve. Porque sei que você lembra. Eu também lembro, todos os dias.

Só queria te contar que me mudei daí, mas que consegui outro emprego. Pequeno, mas honesto. Tô morando num lugar só meu, pagando o que posso. Comecei terapia também.

Te agradeço por tudo que vivi contigo. Mesmo com toda dor, foram os melhores momentos da minha vida.

Espero que um dia você consiga lembrar de mim sem raiva.

Espero que você fique bem.

Com carinho,

Júlia.

Li e reli a mensagem, e fiquei ali por um bom tempo. Sem chorar. Só… sentindo. E o que senti foi estranho. Não foi ódio, nem saudade, nem dor. Foi algo mais brando. Quase paz. Ela não me devia nenhuma satisfação, mas ainda quis ter o trabalho de me informar. Aquela mensagem parecia um ponto final na nossa história, uma despedida.

Ela estava seguindo em frente. E de algum modo, eu também estava.

A mensagem foi a última vez que tive notícia dela.

Hoje, vejo que o amor que sentimos foi real. Só que às vezes, amor não é suficiente. Às vezes, duas pessoas machucadas acabam se ferindo mais ainda, mesmo tentando se curar.

Eu não me tornei amargo. Nem incapaz de amar. Só aprendi a ir com mais calma. A ouvir mais. A observar. E, principalmente, a respeitar meus limites.

De vez em quando, ainda sonho com ela. Em alguns, estamos rindo no sofá. Em outros, estamos chorando num quarto escuro. Em todos, eu acordo com um peso no peito. Mas já não é aquele peso esmagador. É só… a lembrança de algo que existiu, mas que passou.

E às vezes, isso basta.

Hoje faz um ano desde a última vez que eu vi Júlia.

Não tem como não lembrar da data. Está gravada em mim como cicatriz. Não do tipo que se vê no espelho, mas daquelas que você sente quando o tempo muda. Quando o silêncio da noite pesa. Quando alguma música toca na rádio sem querer.

Eu não sei onde ela está agora. Não sei se ainda mora na mesma cidade, se seguiu com a terapia, se foi promovida no emprego. Não sei se ama alguém. Não sei se pensa em mim.

Mas eu penso nela. Não como antes — com dor ou raiva — mas como se pensa num livro antigo, que a gente amou profundamente, mas precisou fechar. Porque continuar lendo machucava.

Aprendi que amar alguém não é sinônimo de mantê-la por perto. Às vezes, o amor mais maduro é o que sabe ir embora. Ou o que deixa ir.

Júlia me mostrou o melhor e o pior de mim mesmo. Me mostrou até onde eu podia ser gentil… e até onde eu podia ferir. Me fez sentir homem, amado, desejado. Mas também me fez sentir humilhado, pequeno, impotente. E, por mais contraditório que pareça… tudo isso fez parte da mesma história.

Uma vez, minha terapeuta me disse que o perdão nem sempre é algo que se dá a outra pessoa. Às vezes, o perdão mais difícil é aquele que a gente precisa dar a si mesmo. Pela cegueira. Pela fraqueza. Pelo apego. Pela tentativa de consertar o que já nasceu trincado.

Hoje, olhando pra trás, eu sei que Júlia não era uma vilã. Nem eu um herói. Nós fomos dois mundos tentando se encaixar com peças erradas. Dois sobreviventes tentando construir um lar sobre ruínas.

E tudo desabou. Porque não podia ser diferente.

Mas também foi amor.

Um amor torto, intenso, real. Um amor que doeu e ensinou. Que deixou marcas, mas também despertou novas versões da gente.

Eu sigo. Devagar, mas sigo.

Voltei a me olhar no espelho com menos peso. Aceitei que algumas perguntas nunca terão resposta — e que tudo bem. Algumas histórias não são pra serem explicadas, só vividas. E, depois, guardadas.

Não guardo raiva dela. Guardo o que aprendemos juntos. Guardo as madrugadas conversando sobre a vida. Guardo o jeito que ela mexia no meu cabelo quando eu dormia. Guardo até a dor… mas já não como ferida. Agora, ela é só memória.

Júlia foi a primeira mulher que eu amei de verdade.

E, talvez por isso, nunca seja completamente esquecida.

Mas a vida continua.

E hoje, enfim, posso dizer: dor de amor passa. Às vezes, o perdão não vem quando tentamos perdoar, somente o tempo pode curar algumas feridas. E elas se curam, mesmo que virem cicatrizes. Marcas de um aprendizado doloroso.

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Comentários

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Mano, um conto com essa escrita nos faz questionar o que é real nessa história? E não me atenho à veracidade dos fatos narrados, mas qual significado de Julia na sua mente, o que na sua vida fora difícil perdoar e quais os símbolos reais por trás dessa história.

Dizem que nosso inconsciente se manifesta através da palavra e palavras tão bem escritas como essas, falam muito sobre o real que existe por trás desse conto!

Apenas, continue escrevendo!

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Caralho,velho,que história sensacional! Como é bom ler algo denso,com substância,mesmo com pouco erotismo,ou com um erotismo tímido. Pq o mais importante foi as agruras da vida. Não apenas a sua,mas a dela também. Pela vida dura que ela teve,caminhos errados aparecem com frequência,então em momento algum senti raiva dessa moça. Provavelmente,ela continua com uma vida amarga e difícil,e vc - que sempre teve uma vida ok - teve que passar por tudo isso. Parabéns pela profundidade do relato!

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Que história, muito bem escrita. Difícil mesmo, passar por tudo que passou, com essa traição. No fundo, vc a perdoou, e tiveram um relacionamento de amor. Penso assim, o tempo, passa, e o que passou, não volta mais. Entretanto, penso assim, se ela realmente mudou de verdade, e pelo que li, ela também amou vc, de um jeito diferente, mas amou sim. E a pior coisa que tem, é o arrependimento de não ter feito uma coisa, na vida. Portanto, se vc desperdiçar essa chance, de reconstruir a vida ao lado dela, vc vai ficar remoendo, isso na sua cabeça, pensando que poderiam ter reconstruído a vida, em outra cidade, em outro lugar, e passar uma borracha no passado. A vida é muito curta, para não ter o perdão, e se reconciliarem, e viver esse amor. Repense isso, quem sabe, vcs se encontrarão, e possam viver juntos novamente, e principalmente, serem felizes. Abraços. ksado44sp@bol.com.br

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Profundo cara, é muito difícil nos despir de valores que estão impregnados em nós, sobretudo o machismo. Óbvio que ela errou ao procurar o caminho sem conversar contigo. Mas pergunto como seria se houvesse conversado… por muito menos eu nunca perdoei uma mulher, até hoje me sinto preso. Abraços.

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Obrigado pelo comentário, essa sensação de estar preso, perdoando ou não, só o tempo e a maturidade tiram mesmo. Abraços

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Um conto que vale a pena comentar...

Perdão é exatamente isso!!! É perdoar e entender seus erros antes de pensar em perdoar a outra pessoa. Tudo, tudo mesmo, acontece por um motivo...na HR vc se cega, mas com o tempo passa a entender o que de fato aconteceu...e como, de certa forma, até as piores coisas, as piores mesmo, tem um motivo para acontecer.

Perdoar, não é sinônimo de se valer ou consenti...não é aceitar o inaceitável ou ficar manso nas injustiças...vc reagir é o natural e o correto, e é necessário tempo para aprender com o que aconteceu...só aí vira o perdão, e qd ele vem, é algo até egoísta, pq não é para e pessoa que esta sendo perdoada, e sim para vc!!

Ótima noite, parabéns pela história

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👏👏👏👏 ótima leitura do conto, é exatamente isso!

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Conto Maravilhoso , prendeu a respiração, um conto bem realista .

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Bom saber que causei esse efeito, obrigado pelo elogio

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Caralhooooooo......, q conto top, isso sim é ter atitude, isso sim é ser um homem, ter amor próprio, respeitar a si mesmo antes dos outros, parabéns conto muito bom, e esse sim mostra a realidade da vida, e não aquelas merdas onde o cara descobre q é traído e bate palmas pra puta traidora

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Concordo com você Velhaco o que ela fez durante um ano foi terrível, foi destruidor, e o fato de perdoar ou não vai da régua de cada um. Mas no caso dela me chamou a atenção de não ser igual a muitos outros visto aqui em que a mulher tem desculpas muito mais sem lógica do que a dela. Acredito que ela ama ele de verdade e que realmente em virtude da vida que tinha se perdeu totalmente, tomando a atitude que tomou.

Ou seja, entendo ele perfeitamente mas fiquei com pena dela.

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Apreciei essa história. Perdoar uma ofensa, uma humilhação, uma traição é muito difícil. Mas ter força e coragem de não deixar essa marca, essa ferida ficar aberta e sangrando, continuar e tentar entender tudo o quê aconteceu, com as partes envolvidas, essa parte tão difícil, apesar disso é a saida de um trauma como esse. Seguir tentando expurgar a mágoa, tentando juntar os cacos e recomeçar. Muito bom conto.

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Obrigado pelo comentário. Sim, é uma lição que muitas vezes vem com dor, mas é importante e quase todo mundo passa por ela

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Sensacional, você fez sua escolha e ela teve de aceitar pois é um direito seu.

Momentos dificeis trazem muito aprendizado, espero que os dois consigam se reinventar e voltem a ser felizes.

3 estrelas

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