Acabei cedendo aos seus desejos e resolvi ir trabalhar.
Durante a madrugada eu havia levantado uma enorme quantidade de informações sobre o Anderson e precisava organizar tudo aquilo e criar um plano para contra atacar. E separei todo esse material para estudar com calma, no escritório.
Ele subestimou a pessoa errada!
Estava na cara que ele já havia feito aquilo outras vezes. E eu precisava saber exatamente com o que eu estava lidando. Eu iria tirar vantagem de ele ter me subestimado. Não adiantaria fazer algo impulsivo e drástico, eu tinha que agir de forma limpa e definitiva. Quando fui para a amazônia percebi que os nativos chamava a onça de yaguareté e, ao questioná-los do nome, me disseram que era porque ela tinha um ataque rápido e certeiro. Eu teria que agir como a onça.
Em momento algum eu minimizei o problema. Eu morreria para proteger a Manú e falhei com a pessoa que mais amava nesse mundo. Agora eu iria lutar! Não seria uma luta de igual para igual, afinal além de estar com a faca no pescoço e sem tempo para quase nada, aquele filho da puta era rico, poderoso, influente e eu nem sabia onde ele estava.
No começo eu fingi saber o que estava fazendo, para a Manú não surtar mais ainda. Porém eu tinha muito medo de que ela fizesse uma bobagem enquanto estivesse sozinha em casa. Então voltei para casa, fui ao sótão e peguei duas micro-câmeras que eu estava testando e escondi uma na sala, em um lugar que dava para ver a sala toda, a cozinha e a entrada do escritório e a outra câmera eu coloquei no quarto. Eu iria monitorar a Manú do meu escritório, através da nova versão do meu programa, que usava inteligência artificial para auxiliar no monitoramento. Essa atualização no aplicativo ficou praticamente parada por uns dois anos e quando voltei a mexer nela, após a venda da empresa, consegui corrigir as falhas que haviam e coloquei várias novas funções, além de uma inteligência artificial excelente, que fazia reconhecimento de padrões, identificação de texto, detecção de presença, reconhecimento de voz, entre outros. Era o sistema que eu não incluí na venda da minha empresa e estava desenvolvendo sozinho e nas minhas folgas. O aplicativo já estava praticamente finalizado, faltando apenas mais testes para torná-lo operacional. E esta seria uma ótima oportunidade para isso.
Eu já tinha outras oito câmeras de segurança na parte externa da casa, sendo duas na frente, duas nos fundos, uma em casa corredor lateral e duas na garagem.
Quando estava colocando as câmeras para cuidar da Manú me veio à mente uma tristeza por não poder observar o que o Anderson fazia e saber da sua rotina, mas logo me acendeu uma luz. Me perguntei: “— Será!” As chances eram pequenas, mas valia a pena tentar. Voltei ao sótão e peguei mais algumas coisas, junto com o meu laptop e fui trabalhar.
Se aquele hackeamento que fiz, em Maceió, no computador do Anderson ainda estivesse funcionando seria uma maravilha, mas eu tinha poucas esperanças, pois já haviam se passado mais de três anos e, possivelmente aquele computador já teria sido substituído (apesar de na época o computador fosse novinho e top de linha), ou estar sendo usado para outra finalidade, ou o hackeamento ter sido descoberto ou, ainda, o sistema operacional poderia ter sido atualizado.
Porém, eu não perderia nada por tentar.
Coloquei meu laptop em rede, fiz todos os procedimentos de segurança, anti-rastreamento e para mascarar a minha localização. Então rodei meu programa para a conexão com o outro computador. Coloquei o endereço MAC da placa de rede do computador do Anderson (endereço MAC é basicamente um identificador único atribuído a uma interface de rede, ou seja, ao contrário do famoso endereço IP que pode ser mudado constantemente, o endereço MAC já sai de fábrica com aquele identificador e não pode ser mudado), mandei um comando de conexão e, em poucos segundos, recebi a resposta e tive acesso total ao computador.
Agora restava saber o que e onde eu estava acessando. Fui direto no acesso às câmeras e “voilà”, encontrei 32 câmeras ligadas ao sistema. Dei uma olhada rápida em cada uma delas e já passei para os arquivos gravados no disco rígido. Acertei em cheio, estava tudo lá! As câmeras estavam em uma grande casa, que ficava em um local alto e vi água no horizonte (era um rio largo ou mar). Havia neve na parte externa da casa. No horizonte havia um morro bem diferente e mandei a minha inteligência artificial identificar o local e, em segundos ela me garantiu que era Vancouver no Canadá. A mandei triangular para estimar a localização e ela me deu até o endereço da casa.
Pronto, agora eu já tinha mais alguma coisa. Não havia ninguém em casa e aproveitei para bisbilhotar um pouco mais e achei uma pasta no computador. Cheia de documentos. Eram contratos, dados de sócios, investidores, notas fiscais, atas de reunião e milhares de documentos de todas as espécies, cuidadosamente divididos em subpastas, com o nome de empresas, pessoas e projetos.
Peguei um HD externo (aquele mesmo que há anos atrás copiei vários arquivos do Anderson e nunca parei para ver) e mandei copiar tudo aquilo para ele. Não haveria espaço suficiente e tive que copiar várias coisas daquele HD externo para o computador, para liberar espaço.
Era naquele HD que eu guardava as nossas imagens intimas. Desde o início do nosso relacionamento, até por sugestão da Manú, eu tirava várias fotos dela nua, com trajes sumários, fazendo poses sensuais ou bem explicitas. Haviam ensaios dela como mulher fatal, outros em que ela estava transpirando sensualidade e outros em que ela estava com roupas, maquiagens e poses mais inocentes e os meus preferidos eram os ensaios Pin-up. Haviam também vários vídeos nossos fazendo amor.
O primeiro vídeo, e um dos meus preferidos era um que rolou bem espontâneo. A Manú estava saindo do banho peladinha. Eu peguei a câmera e ela fez umas poses e se deitou na cama. Então eu pedi para ela se tocar. Ela fez uma carinha assustada, mas logo entrou no jogo, passou a mão nos seios, foi descendo pelo lado do corpo, passou o dedo pela vulva e fez carinha sexy, antes de começar a se tocar. Com uma das mãos ela se tocava e a outra ela passava pelos seios e cabelo. Logo ela começou a brincar com o clitóris e a brincadeira foi esquentando. Dava para ver que ela estava excitada, pois mordia os lábios e me olhava com tesão. Ela então se virou, ficando de quatro na cama, com aquele rabão virado para mim, e com um dos dedos ainda brincando com a xoxota. Ela botou a cara no colchão e virou um pouco o corpo, buscando contato visual comigo. Vendo que eu estava bem atrás dela, com a outra mão ela separou um pouco as nádegas, revelando aquele cuzinho lindo que ela tem. Aquele contato visual que ela buscou não valeu muito, pois no momento seguinte que olhei para o seu rosto já percebi que ela estava gemendo baixinho e com os olhos fechados. Dava para ver claramente que ela estava delirando. Ela não ficou muito tempo naquela posição e logo se virou novamente, ficando de barriga para cima, abrindo bem as pernas e dobrando um pouco os joelhos (quase uma posição de Papanicolau) e nessa posição, com uma expressão muito libidinosa no rosto, ela começou a se tocar ainda mais rápido, enquanto gemia gostoso e só parou quando gozou descontroladamente. Seus dedos estavam melados e eu não perdi tempo, deixei a câmera perto do pé dela e caí de boca naquela bocetinha que eu amava tanto. Lambi seus dedos e suguei o máximo daquele melzinho que eu consegui.
Assim que se recuperou ela me confessou que nunca havia tido um orgasmo enquanto se tocava e depois ela ainda me deu um trato delicioso. Ela pegou a filmadora, me colocou sentado com as costas na cabeceira da cama, deu uns beijinhos na minha pica, fez carinho no meu saco, mas não chupou, ela fez uma espanhola rápida, com aqueles peitos maravilhosos espremendo a minha pica, mas o principal foi a punheta que ela me bateu. Eu soltei um “aaahhh” delicioso enquanto gozava fartamente e tive que segurar a mão dela, para que parasse de me masturbar.
Voltei para a realidade, depois de me recordar daquelas memórias deliciosas, copiei todos aqueles nossos arquivos para um pendrive codificado e o guardei no cofre.
Enquanto copiava os arquivos, entrei no navegador de internet do Anderson e também fiz uma cópia de todas as senhas gravadas do computador. Puxei o seu histórico de navegação e acessei quatro contas de email. Aproveitei e também fiz uma cópia de todos os emails recebidos, enviados, excluídos e até dos rascunhos. Vi que ele pagava um serviço de armazenamento de arquivos on-line, o acessei e também baixei todos os arquivos que estavam na nuvem para o HD externo.
Pronto, agora eu tinha muito material para pesquisar e pouco tempo disponível. Era o dia um do prazo que ele me deu e só faltavam 29 dias.
Voltei para casa e fui dar uma olhadinha na Manú, e a encontrei contraída sobre a cama, com a expressão de quem havia chorado muito. Assim que entrei no quarto ela tentou recuperar a compostura e recusou tudo que lhe ofereci.
Fui para o escritório da nossa casa e coloquei a papelada toda sobre a mesa. Eu confiava na Manú, porém precisava checar tudo o que ela me falou. E fui desmembrando ponto por ponto.
Aparentemente ela, a Michele e a Pâmela eram peões no jogo do Anderson e eu precisava ter certeza disso. Como elas sempre faziam reuniões on-line fui ver qual o programa que elas usavam e mandei os dados para o Marquinhos (o meu hacker favorito), pedindo para ele ver se eu conseguiria invadir um computador enquanto o programa de reunião estivesse rodando. Eu poderia fazer aquilo, porém já estava atarefado demais e também porque tinha certeza que o Marquinhos faria aquilo muito mais rápido do que eu. Além de comer as putas, o passatempo favorito desse meu amigo era invadir redes e programas e depois, anonimamente passar para os proprietários um relatório da vulnerabilidade e como ele havia burlado o sistema.
Se elas realmente não estavam envolvidas, alguém acima delas estava e eu precisava saber quem era e expor essas pessoas também. Eu já tinha acesso às contas de e-mail do Anderson. Faltava o aparelho celular. Com os dois eu saberia exatamente com quem ele falava e sobre o que.
A princípio culpei a Manú por não ter reconhecido o ex-deputado Pena Cardoso com sendo o Anderson, porém busquei na memória o que eu havia contado para a Manú sobre as traições da Fernanda. E realmente eu só havia dito a ela que a Fernanda havia me traído com um coroa rico e poderoso, de nome Anderson, e que só não quebrei o cara no meio, pois ela havia ido morar no exterior. Como a Manú sabia que eu não ficava confortável em falar sobre isso, ela nunca me questionou muito sobre o envolvimento da Fernanda com o Anderson e nem com o professor de crossfit/garoto de programa. E para inocentar ainda mais a minha esposa, constatei, vendo os documentos dela, e nas pesquisas que fiz, que não havia quase nada que ligasse o Anderson ao estado de Alagoas. Ele havia nascido em Olinda, no estado de Pernambuco e foi deputado federal pelo estado de Sergipe.
Na investigação era claro que a Manú suportava as cantadas inapropriadas e claramente antiéticas do Anderson como uma técnica de interação para conseguir informações. Porém ela me contou que nas primeiras semanas da investigação ela não se envolveu tanto, ficando mais como uma consultora, uma vez que ela não morava em Brasília. Conforme o Anderson foi afastando alguns membros da força tarefa, a Manú passou a participar mais. Quando ela realmente começou a botar a mão na massa, aquele procedimento de aceitar a importunação do Anderson já estava sendo usado. Acredito até que foi aquele manipulador que incentivou para elas fazerem esse procedimento. E, dessa forma, ele usou isso para se aproximar mais da Manú.
Até aí tudo bem, só que a Manú me confessou que ele era agradável e nas filmagens percebi claramente que a intenção dele era conseguir despertar nela um desejo emocional e um sentimento de conexão, mostrando que ele era interessante e intrigante. Só isso já fazia a minha pressão subir. Da mesma forma, como era evidente o interesse da Manú em encerrar o processo o mais rápido possível, o Anderson se aproveitou, forçando para que ela agisse de forma imprudente e para que ela não tomasse as precauções que normalmente ela toma.
A Manú também me confessou que acreditava que bebeu, perdeu o controle e o Anderson se aproveitou da situação. Só aquilo já abalou tanto que ela estava indo embora de casa. Imagina agora que ela descobriu que sofreu um estupro, que era algo com o que ela já tinha um trauma anterior e que não foi tratado anteriormente. Era um quebra cabeças com muitas peças.
Questionei até as minhas atitudes, afinal eu sabia da força tarefa, porém não me intrometi e não cheguei a questionar a minha esposa, em virtude da confidencialidade do caso.
E, o mais louco da história foi que, pelo que entendi, o Anderson queria ter a Fernanda novamente como sua amante e, por algum motivo ela estava rejeitando aquele crápula. Então, em sua mente doentia ele deduziu que era porque a Fernanda ainda estava apaixonada por mim. Dessa forma ele queria me unir novamente à Fernanda, para que ela voltasse a ser amante dele. Aquilo não fazia sentido! Afinal a Fernanda havia aparecido ao lado dele, enquanto ele estuprava a minha esposa. Aquilo era muito louco e complexo e resolvi focar no que eu entendia e esperar que aquela loucura fosse ficando mais clara com o passar do tempo.
No vídeo que me enviou, o Anderson usou uma frase do livro “A Arte da Guerra”, do general e estrategista chinês Sun Tzu, ao dizer que me atacou enquanto eu estava desprevenido. Desse mesmo livro eu gostava de outras duas citações, as quais iria usar contra ele, e que são: “é mais importante ser mais inteligente do que o inimigo do que mais poderoso”, e “finja estar fraco e seu inimigo se tornará arrogante e negligente”.
Ele me subestimou muito e eu usaria aquilo contra ele. Eu só não podia deixar a vingança me cegar. Eu tinha muita coisa para fazer em pouco tempo. Entretanto eu nunca poderia esquecer que a minha primeira e maior prioridade era o bem estar da minha esposa.
Fiz algo para a Manú comer e levei para ela no quarto. Tive que segurar as lágrimas, pois os olhos da Manú estavam implorando por ajuda e ela sequer queria que eu me aproximasse dela. E, com muito tato eu a convenci a procurar tratamento especializado e passei o restante do dia procurando um terapeuta bem qualificado para a Manú. Depois de várias ligações agendei uma consulta, para quinta-feira, em São Paulo, com uma terapeuta que tinha pós doutorado no exterior em traumas relativos à violência sexual e era muito bem avaliada.
Cuidei da Manú da melhor forma que pude, mas ela ainda estava traumatizada e arredia até com a minha presença. O estupro foi algo que a deixou arrasada (ela já tinha tido um trauma anterior com relação a isso, devido ao tratamento abusivo que sofreu do seu ex-namorado, o Lorenzo). Resolvi dar mais espaço para ela.
Subi para o sótão, pois lá seria a minha base operações. Novamente virei a noite aprendendo tudo que eu pude sobre o meu inimigo e já bolando uma estratégia para agir.
Desde o estupro eu estava dormindo (e dormir NÃO era algo que eu estava fazendo muito) em um dos quartos de visita, a pedido da Manú. E a Manú estava dormindo sozinha em nosso quarto. Assim eu a monitorava pela câmera que instalei lá.
Eu tinha certeza que a queda do Anderson viria pelo fato de ele ser extremamente vaidoso e narcisista. Eu ainda NÃO tinha um plano, mas iria conseguir algo. Na minha vida, desde cedo aprendi que os obstáculos são inevitáveis e eu sempre encarei a todos. Só tinha que me controlar e me preparar bem.
Foi na quarta-feira à noite que o meu plano começou a tomar forma. E foi devido a um arquivo com senha que encontrei e a algumas prestações de contas, que achei entre o material que tirei do computador do Anderson. Na mesma hora mandei uma mensagem para o Marquinhos, pedindo para que ele desenvolvesse um vírus para mim e em seguida mandei para ele todos os parâmetros que eu queria.
Ele aproveitou o contato para me passar um arquivo executável para colocar no computador da Manú. Através dele eu conseguiria ter acesso total a qualquer computador que participasse das reuniões on-line com a minha esposa.
Na quinta-feira fui com a Manú para São Paulo. Conversamos com a terapeuta juntos e depois individualmente. Ela tinha a voz suave, tranquila e de forma muito gentil aceitou tratar a minha esposa. Na nossa conversa particular ela me passou várias orientações de como eu lidar com aquela situação e marcou as sessões de terapia com a Manú aos sábados pela manhã.
Naquele mesmo dia a Manú recebeu uma ligação da delegada Michele, avisando que o Deputado Pena Cardoso havia fugido do Brasil e que ela tomaria todas as medidas cabíveis e marcou uma reunião presencial com todos os membros da força tarefa para dalí a umas três semanas e uma reunião on-line para a tarde do dia seguinte. Achei ótimo, pois eu poderia passar os arquivos que consegui para que a Manú também me ajudasse na pesquisa e, claro que invadiria todos os computadores enquanto eles estivesse em reunião.
Eu teria que fazer uma viagem urgente e rápida ainda naquele dia. Minha preocupação era tanta que pedi para que a Millene (a minha cunhada) ficasse com a Manú enquanto eu estivesse fora. E assim que saímos do consultório da terapeuta, já fomos direto para a casa do meu irmão. Deixei a Manú com a minha cunhada e parti para o aeroporto.
Eu tive que contar para a minha cunhada parte da história, pois não conseguiria fazer tudo sozinho e a Millene era psicóloga e também poderia ajudar (meu irmão também é psicólogo clínico e professor universitário e achei que ele também seria de grande ajuda). Viajei e voltei para São Paulo na quinta-feira mesmo, já com o meu plano praticamente finalizado.
Quando pousei em Congonhas fui avisado que a Manú já havia voltado para casa. Agradeci a Millene pela ajuda e ela demonstrou muita preocupação com o estado de saúde da Manú, pois ela estava com vários sintomas de estresse pós-traumático, que causa impacto emocionalmente severo na pessoa, afetando gravemente sua saúde física e mental. Além disso, ela estava retraída, deprimida e até agressiva. Estava ansiosa e não queria contato com outras pessoas. Sua personalidade cativante e o seu sorriso encantador haviam simplesmente desaparecido.
Voltei para São José e novamente virei a noite em claro para finalizar o plano, de forma que, na sexta-feira, dia quatro do meu prazo, eu já sabia o que fazer. Seria um jogo de xadrez e eu queria muito que a Nanda estivesse do meu lado, pois nos nossos cinco anos juntos jogamos entre 150 e 200 partidas de xadrez e eu nunca ganhei dela.
Era um plano de cinco fases com vários “planos B” pelo caminho, pois não teríamos uma segunda chance caso algo desse errado.
Ainda pedi mais dois favores para o Marquinhos, sendo que um deles eu precisava o mais rápido possível, pois seria para algo que poderia me dar aporte financeiro, algo muito útil principalmente para a última fase do meu plano, que seria a mais longa e com mais subfases.
Como o Anderson se achava o todo poderoso e se julgava totalmente invencível eu iria usar isso contra ele.
A primeira fase era a de pesquisa, o que eu já estava fazendo e iria até o dia 15 do meu prazo. A próxima fase seria a de ataque e destruição, seguida da fase de multiplicação dos ataques. Depois teria a fase do contingenciamento e, finalmente o ataque final, no qual, se tudo desse certo, o Anderson me pediria para ser morto, tamanho seria o sofrimento que ele estaria sentindo. Devido ao prazo exíguo, algumas fases ocorreriam paralelamente.
No sábado a Manú foi cedo para a sua primeira consulta em São Paulo. Ela não quis que eu a acompanhasse e era clara a melancolia estampada em seu rosto quando ela saiu de casa.
Depois da consulta ela passou o restante do dia com a Millene. Não foi ela que me avisou disso, mas sim a minha cunhada, que falou que elas conversaram bastante, que a Manú brincou com o Oliver (o meu sobrinho) e que foram até passear em uma praça. A Millene me aconselhou a ter calma e a ser paciente com a Manú, dizendo que, a cada manhã aquela experiência ruim estaria mais distante. Nesse dia a Manú inclusive dormiu em São Paulo e só voltou para casa no domingo à tarde.
A terapeuta também me ligou após a consulta, preocupada com o estado de saúde da Manú. Me pediu para tentar convencer a minha esposa à denunciar o estupro e também me alertou para ficar atento aos transtornos psicológicos que ela poderia apresentar, como dissociação afetiva, pensamentos invasivos, idealização suicida, medo, ansiedade, depressão, raiva, culpa, isolamento e hostilidade.
Lhe garanti que ficaria muito atento a esses sintomas.
Nos dias seguintes, além da Millene (aos sábados e domingos) a Manú praticamente só estava conversando com a Taís, que estava vindo praticamente todo dia em casa e elas ficavam por várias horas conversando, trancadas no quarto. Nem para a sua família a Manú contou do estupro e não sei como ela estava se saindo com a sua mãe, com a qual, antes ela conversava quase todos os dias.
Já eu, nu não sabia o que falar para consolar a minha esposa e nem como poderia ajudá-la a superar tudo aquilo. Tentei seguir os conselhos da terapeuta, e também os que o meu irmão e minha cunhada me deram, além de dar toda a minha atenção e apoio para a Manú. Eu ia aprendendo no dia-a-dia e me adaptando às situações conforme surgiam. Além disso, comprei dois livros relacionados ao tratamento de pessoas que sofreram abuso sexual, que também me ajudaram muito a entender e lidar com as reações da Manú