O precoce XVIII

Um conto erótico de Fiapo
Categoria: Heterossexual
Contém 746 palavras
Data: 17/06/2025 04:45:32

Capítulo 18 – O Fio do Silêncio

Era fim de tarde quando Clara tirou do armário a jaqueta de couro curta que usava apenas em ocasiões especiais. A mesma que Júlia usara semanas antes, com aquele chapéu de cowgirl e as botas que, juntas, pareciam carregar um personagem dentro de si. Dessa vez, Clara mesma vestiu as roupas com intenção — não apenas pelo estilo, mas pelo símbolo.

Marcos a olhava da janela, imóvel. Clara já havia pedido: “Observe tudo, mas diga nada. Nem mesmo a si.” O silêncio era parte do novo ritual. O “Espaço de Silêncio” exigia presença, não explicação.

Clara desceu as escadas, montou na moto e saiu. A volta era um rito. E ele sabia o que viria depois.

Ela voltou vinte minutos depois com os cabelos ao vento e o rosto pleno. Deixou o motor roncando por mais alguns segundos como se chamasse os deuses da estrada. Depois subiu.

No quarto, Marcos esperava como um estudante antes da prova. Clara entrou e, sem tirar as botas, o empurrou suavemente até a poltrona. Afastou-lhe o moletom com delicadeza, mas com firmeza. E o olhou nos olhos antes de iniciar o que chamava agora de “massagem consciente”.

A respiração de Marcos ficou mais densa. Clara massageava não apenas com as mãos, mas com a presença — como quem decifra. A profundidade do toque não era física, mas simbólica. E, quando o botão que ela já havia nomeado foi novamente pressionado, Marcos sentiu algo mais que prazer: sentiu-se compreendido. E exposto. Como se fosse vidro.

Ela apenas cochichou:

— Está aprendendo a ceder...

No dia seguinte, na sala de Luísa, o silêncio deu lugar às palavras. E com elas, uma transição inesperada.

— Vocês avançaram muito mais do que a maioria dos casais que atendo — disse a terapeuta com um sorriso calmo. — E por isso, posso dizer que... estão de alta.

Clara olhou para Marcos com orgulho. Ele, em silêncio, assentiu. Mas foi Júlia quem mudou o tom da sessão.

— Então... eu posso fazer parte disso agora?

As duas se voltaram para ela. Havia um brilho diferente nos olhos da babá. Uma mistura de medo e coragem.

— Júlia... — disse Luísa — você já faz parte. A questão é: de que forma quer estar?

Júlia respirou fundo e, como se tirasse algo de dentro, murmurou:

— Eu nunca... estive com ninguém. Só comigo mesma. Mas depois de tudo que vivi com vocês... acho que estou pronta. Quero perder minha virgindade. Mas quero que seja com sentido.

Um silêncio leve caiu sobre os três.

Clara pegou na mão dela, emocionada.

— Com sentido... é como deve ser.

Marcos, em um gesto de honestidade, desviou o olhar.

— Se for comigo... não sei se vou conseguir me controlar. Ainda fico à flor da pele...

Luísa, com sua voz tranquila, respondeu:

— Marcos, você está mais treinado do que imagina. E o controle não é sufocar o instinto. É canalizá-lo. Vamos tornar isso um ritual, como todos os outros.

Ela folheou seu caderno e disse:

— Proponho o seguinte: Júlia será guiada com atenção e calma. E, para manter o equilíbrio, Clara conduzirá Marcos ao mesmo tempo. Um fio simbólico ligando os dois acontecimentos. Silêncio. Olhar. Confiança.

Júlia sorriu. Estava corada, mas não parecia hesitar.

— E se... fizermos como nos rituais anteriores?

Clara entendeu o subtexto. Sabia que se referia à entrega de Marcos. Ao toque onde ele antes se recusava. Ao ponto de rendição.

— Um toque completo — disse Clara suavemente, olhando para ele. — Como da última vez. Um fio... e um olhar.

Marcos ficou vermelho. Seus olhos buscaram os de Luísa, esperando veto. Mas ela apenas assentiu.

— É a última prova da confiança, Marcos. O fio terra não é punição. É raiz. Você é capaz.

Ele não respondeu, mas não recusou.

A noite caiu com um silêncio respeitoso na casa.

No quarto de hóspedes, o ar estava diferente. Velas, perfume leve. Clara conduzia os gestos. Júlia, deitada, entregava-se aos toques com olhos entreabertos. Marcos, guiado, moveu-se com uma delicadeza que nem ele sabia ter. E, quando o momento chegou, não houve grito, nem tensão — apenas um suspiro longo e um olhar úmido.

No quarto ao lado, Clara guiava Marcos novamente. Sua mão, firme, buscava o mesmo botão que tanto aprendera a ler. E, quando ele pediu — com voz embargada — ela permitiu. Mas antes, cochichou:

— Agora você entende... que não é sobre você.

Na manhã seguinte, Marcos escreveu. A caneta tremia menos. As palavras vinham como frutos maduros.

E Clara, ao ler, sorriu.

A raiz havia, enfim, se aprofundado.

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