O precoce XVII

Um conto erótico de Fiapo
Categoria: Heterossexual
Contém 584 palavras
Data: 17/06/2025 04:22:42

Capítulo 17 – O Peso das Palavras

Marcos passou boa parte da manhã em silêncio, diante do caderno. As palavras lhe vinham devagar, como se cada uma carregasse o peso de um gesto. Clara passava por trás dele de tempos em tempos, silenciosa, mas com os olhos atentos. Júlia, no quarto ao lado, apenas ouvia o leve som da caneta contra o papel.

Quando ele terminou, respirou fundo. Estava pronto — ou pelo menos achava que estava.

Naquela tarde, na sala da terapeuta, sentados como em um pequeno círculo íntimo, Luísa o incentivou com um gesto sutil:

— Pode começar, Marcos.

Ele abriu o caderno. A voz falhou de início, mas Clara tocou levemente seu joelho. Ele recomeçou:

“No dia da volta da moto, eu percebi que algo havia mudado em mim. Não era mais apenas desejo — era um tipo de reconhecimento. Quando Clara se ajoelhou à minha frente, percebi que não era eu o centro daquele ritual, mas sim o recipiente de algo maior. Quando ela apertou aquele ponto específico em mim e tudo se apagou, eu entendi que não era sobre prazer, era sobre entrega.”

“Na noite do silêncio, diante de Júlia, eu pensei que sentiria vergonha. Mas a presença dela me ensinou outra coisa: que ser visto é também ser compreendido. E quando pedi para me liberar, foi como se cada sílaba tirasse um tijolo da barreira entre mim e minha verdade.”

Silêncio. Clara olhou para Luísa. Júlia tinha os olhos marejados.

— Obrigada, Marcos — disse Luísa. — Você nomeou coisas que poucos homens têm coragem de tocar.

Ela folheou o caderno de anotações e continuou:

— A partir de agora, teremos regras adicionais:

✦ Novas Regras Propostas:

Marcos deve escrever uma nova carta após cada interação íntima ritualística.

Antes de cada clímax, ele deve pedir verbalmente, com clareza e humildade.

Não poderá falar durante rituais a menos que seja solicitado.

Será criado o “Diário da Obediência”, com tarefas escritas por Clara e revisadas pela terapeuta.

Júlia poderá sugerir tarefas simbólicas para explorar suas próprias percepções sobre poder e afeto.

Toda sexta-feira será o “Dia da Palavra Silenciosa”, em que Marcos só poderá se expressar com gestos.

A palavra “coelhinho” será usada como um selo: ao ouvi-la, Marcos entende que está em modo de entrega.

Ao final de cada semana, Marcos escreverá um trecho poético sobre o que aprendeu emocionalmente.

Caso falhe em obedecer, deverá propor uma forma ritual de reparação.

Durante sessões com a terapeuta, cada um terá 5 minutos para expressar algo difícil sem interrupção.

— A submissão consciente não é servidão — explicou Luísa. — É escuta e resposta. Marcos, você é um homem que está aprendendo a se escutar. E essa é a raiz de toda reconstrução emocional.

Júlia, que permanecera calada até então, ergueu os olhos:

— E se... e se ele tiver medo de falhar?

Luísa sorriu.

— Ele já está aprendendo que falhar também é parte do ritual. E que toda falha contém dentro de si a semente do aprendizado.

Clara cruzou as pernas e pegou o caderno.

— Então, o próximo exercício será feito hoje à noite. Quero Marcos deitado, vendado, sem tocar. Ele só poderá sentir. E só poderá falar se pedir permissão.

— Posso observar? — perguntou Júlia.

Clara olhou para Luísa, e a terapeuta respondeu com a mesma serenidade:

— Sim. Mas sem julgamentos. E sem intervir.

Clara se aproximou de Marcos, acariciou-lhe o rosto com ternura e disse:

— À noite, coelhinho... começa o “Espaço da Palavra Interna”.

E Marcos entendeu que não havia mais retorno. Mas também que, talvez, ele não quisesse mais voltar atrás.

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