Capítulo 12 – A Janela e o Espelho
O fim de tarde chegou carregado de calor e silêncios. Clara estava sentada na poltrona de amamentação, com um olhar distante, enquanto Júlia terminava de dobrar algumas roupinhas no quarto da bebê.
A mãe se virou, os olhos fixos na babá. A voz saiu como uma ordem velada:
— Júlia, por que você não dá uma volta de moto hoje? Está bonito lá fora… Vista aquela roupa de cowgirl. A que você usou no dia em que chegou. Quero ver o efeito dela sob o pôr do sol.
Júlia piscou, surpresa.
— Claro… se é o que deseja.
Clara sorriu, mas seus olhos estavam analisando. Havia uma peça em movimento, e a babá agora era parte do tabuleiro. Não como ameaça. Como provocação. Como espelho.
Minutos depois, Júlia saiu de casa com as botas altas e o short jeans justo. A camisa amarrada deixava a barriga à mostra, e o chapéu dava um toque quase teatral. Montou na moto com um ronco seco e sumiu na curva da rua.
Clara então entrou no quarto. Marcos estava encostado na janela, sem saber se era por coincidência ou intuição.
— Você vai ficar aí — disse ela. — Vai observar quando ela voltar. Quero que veja. Só veja.
Ele assentiu. O olhar já tinha traços de inquietude e expectativa.
Ela se ajoelhou devagar à sua frente. Com calma. O moletom desceu pelos quadris de Marcos como um véu sendo removido. Clara esperou. Em silêncio. De olhos baixos, como uma oferenda paciente.
O som da moto voltou. O ronco grave ecoou pela rua, e o farol riscou o asfalto. Júlia encostou com leve manobra, retirou o capacete com firmeza e caminhou até a entrada com passos firmes, ainda vestida como um desafio feito carne.
Marcos estava quase em transe, e Clara o sentia estremecer. Não disse nada. Apenas inclinou-se e, com a delicadeza de quem conhece cada centímetro do corpo dele, envolveu o membro com a boca. A resposta foi imediata: ele gemeu baixinho, o corpo curvando-se, e a primeira carga foi entregue com intensidade, sem contenção.
Ela o segurou. Firme.
Então, se levantou ainda com a boca ocupada, segurou-o pela cintura e, ao beijá-lo, pressionou as mãos contra as nádegas dele, apertando com força. Nesse momento, sentiu algo estranho: um pequeno espasmo involuntário, quase um piscar muscular, como se o corpo dele estivesse reagindo além do controle.
Marcos explodiu novamente — rápido, mais instintivo, como se aquele toque tivesse despertado algo inesperado.
Clara afastou-se com os lábios marcados de desejo e poder. Limpou-se lentamente com um lenço já preparado ao lado da cômoda, como quem sabia que aquilo ia acontecer.
Mas em vez de se afastar, ficou olhando para ele. A mão ainda sobre a curva da bunda, o olhar atento.
— Você sentiu?
— O quê? — murmurou ele, ofegante.
— Um pequeno espasmo… uma contração diferente. Um lampejo. Como um reflexo.
Marcos hesitou. Estava confuso, entre o prazer e o cansaço.
— Eu... senti algo, sim. Mas não sei explicar.
Ela assentiu lentamente, sem sorrir.
— Vamos observar isso.
Ela subiu a cueca dele com suavidade, como quem recoloca a peça de um instrumento delicado em sua caixa.
— A terapeuta vai querer saber. E eu também.
No quarto ao lado, Júlia tirava lentamente as botas. Seus olhos voltavam àquela imagem de Clara ajoelhada, imóvel, com o moletom nas mãos. Ela sabia o que acontecera, mesmo sem ver tudo. Sentiu. Intuiu. E, estranhamente, não se incomodou.
Na verdade, seu coração estava batendo rápido demais. Pensava em Marcos, sim, mas não como um homem. Pensava nele como reflexo. Como termômetro. Como… porta de entrada.
E pensava em Clara. Cada vez mais.