Capítulo 9 – Gatilhos e Jogos Novos
A tarde estava abafada. Clara terminava de guardar as roupinhas lavadas da bebê, e Marcos, descalço, lavava mamadeiras na pia da cozinha.
Foi quando ouviram o ronco grave de uma moto estacionando em frente ao portão.
— Deve ser a Júlia — comentou Clara, sem levantar os olhos.
Mas quando ela foi até a janela, parou. E o tempo pareceu congelar.
Júlia desceu da moto com movimentos seguros. Usava um chapéu country marrom, botas de couro com franjas, um top preto justo, e um jeans de cintura alta bem colado que moldava sua silhueta com naturalidade provocante. Não era vulgar — mas era impactante. Seu corpo parecia dizer: "estou em casa em mim mesma." Clara percebeu: aquela mulher não pedia permissão para ser vista.
Marcos, que fora abrir o portão, travou. Ficou olhando por um segundo a mais do que deveria. O olhar dele deslizou pela cintura dela, hesitou... e parou.
Clara, do alto da escada, viu a expressão dele. E viu também a discreta protuberância crescendo na calça de moletom cinza-claro que ele usava. Nada gritante — mas claro o suficiente para que ela soubesse.
Desceu com passos calmos. Quando chegou atrás dele, o envolveu pela cintura e encostou os lábios em sua nuca.
— Que foi, amor? — sussurrou. — O coelhinho ficou animado?
Marcos tentou se afastar, sem graça, mas ela o segurou com firmeza. E então aconteceu. Um som abafado escapou de sua garganta. O corpo inteiro se contraiu. E ele explodiu ali mesmo, silenciosamente, como se não pudesse evitar.
Clara apenas sorriu. Encostou a boca no ouvido dele e disse, maliciosa:
— Safadinho... isso foi só olhando? Acho que preciso contar isso pra Luísa...
Os olhos dele se arregalaram, vermelhos de vergonha.
Ela então o puxou pela mão, discretamente, atravessando a sala como se fosse apenas uma ida rápida ao banheiro. Mas, ao invés disso, o guiou direto até o lavabo do corredor.
Assim que a porta se fechou, ela girou a chave, o encostou contra a parede e, com um olhar calmo, abaixou o moletom dele. Ele ainda tremia, tentando entender o que viria a seguir.
Sem dizer nada, ela se ajoelhou e o abocanhou. Não com desejo vulgar — mas com uma firmeza simbólica. Estava limpando, sim. Mas havia um gesto de domínio naquela ação.
Quando terminou, não engoliu. Levantou-se, segurou o rosto dele e o beijou. Profundo. Sem pressa.
Durante o beijo, Clara apertou firmemente os glúteos dele com as duas mãos. E naquele toque, preciso e inesperado, Marcos se estremeceu. Como se o corpo inteiro tivesse perdido o chão. E, numa mistura de choque e rendição... explodiu de novo. Silenciosamente. Como uma onda emocional que ele não pôde conter.
Clara o manteve colado por alguns segundos, até o beijo se desfazer lentamente. Olhou nos olhos dele, intensamente, e disse:
— Você é meu. Todo. Até nos seus deslizes.
Marcos mal conseguia respirar.
Ela abriu a porta, saiu primeiro e voltou à cozinha. Em seguida, ofereceu um copo de água gelada à babá — agora já sem o chapéu, sorrindo e sem perceber o pequeno terremoto doméstico que acabara de provocar.
— Bem-vinda, Júlia. A casa é sua — disse Clara, cordial. Depois olhou para o marido por cima do ombro. — Vai marcar com a Luísa ou quer que eu conte como foi?
Ele apenas assentiu, ainda pálido.
Naquela noite, após amamentar a bebê e colocá-la no berço, Clara fez o agendamento com a terapeuta. Mas deixou um recado adicional:
“Luísa, gostaria de começar a próxima conversa sozinha. Preciso explorar... novas dinâmicas.”
E quando se deitou ao lado do marido, sussurrou:
— O coelhinho está devendo mais uma rodada. E a próxima será com regras.
Marcos fechou os olhos, sem saber se estava mais assustado ou excitado.