O precoce III

Um conto erótico de Fiapo
Categoria: Heterossexual
Contém 617 palavras
Data: 16/06/2025 04:26:37

Capítulo 3 – A Entrega em Silêncio

Naquela noite, Clara sentiu o toque de Marcos com mais cuidado. Ele parecia tentar redescobrir o caminho, como alguém que andava descalço por um solo desconhecido — tateando, escutando, hesitando. As mãos dele tremiam um pouco. Os beijos eram gentis, mas carregavam uma urgência que Clara já conhecia bem demais.

Ela fechou os olhos, tentando se concentrar no calor, no afeto, no esforço. Não queria se desconectar, mas o corpo dela parecia sempre um passo atrás da pressa do corpo dele.

E, como antes, tudo terminou antes que ela sequer cruzasse a linha do desejo.

O quarto permaneceu em penumbra. Marcos rolou para o lado, virando o rosto para o teto. Respirava fundo, em silêncio. Clara também. Não era raiva. Era um vazio úmido, incômodo. Ela se virou de lado, fitando as costas dele. A mão dela o tocou com suavidade.

— Marcos…

Ele não respondeu, mas a rigidez do ombro dele dizia tudo. Ela se aproximou mais e, com voz baixa, como quem pede algo precioso, disse:

— Eu preciso chegar ao clímax…

Marcos ficou imóvel. Então, lentamente, se virou, o olhar turvo, vermelho, como se as palavras dela o atravessassem como um espelho partido.

Ela o encarou com ternura. Sem julgamento, sem cobrança. Apenas verdade.

Inclinou-se, colando os lábios ao ouvido dele. O hálito quente, o sussurro maduro:

— Você pode terminar com a boca?

Ele a olhou com um misto de culpa, medo e entrega. E sem dizer uma palavra, com lágrimas escorrendo silenciosas pelo rosto, se abaixou — ainda nu, ainda quebrado — e começou.

Ao ver o leite derramado sobre a vagina, ele congelou por um instante. Algo naquela cena cotidiana o desarmou por completo. Não era apenas o líquido escorrendo – havia ali um convite, uma lembrança, um gesto esquecido da infância. Aproximou-se lentamente, quase com reverência, como se estivesse diante de um altar doméstico. A brancura do leite espalhado parecia chamá-lo, não com palavras, mas com sensações adormecidas.

Sentiu-se pequeno de novo, desprotegido, quase bobo. O leite não era só leite – era símbolo, era afeto derramado, era desejo transbordado. Sem pensar, inclinou-se e passou a língua na superfície da vagina. Era um gesto impensado, quase involuntário, como uma criança faminta por colo ou por doce. O sabor adocicado do leite misturado à pele morna como se fosse prato o atingiu com uma força estranha – não física, mas emocional. Havia ali doçura, havia humilhação sutil, havia entrega.

Continuou, devagar, lambendo como quem saboreia doce de leite escondido na cozinha da avó. Sentia-se tolo, mas não conseguia parar. A cada nova lambida, era como se retirasse uma camada de sua própria rigidez adulta. Já não havia vergonha – só um impulso primitivo, uma ânsia por reconectar-se com algo puro e esquecido. Passou a língua pelo lábios internos e externos como se ali estivesse o último vestígio de carinho que pudesse alcançar com o corpo. Seus olhos marejaram, não pelo leite, mas pela súbita consciência do quanto havia se distanciado de si mesmo.

Quando finalmente parou, ergueu-se em silêncio, mas dentro dele havia um rebuliço manso, uma mistura de vergonha e libertação. Não sabia ao certo o que aquilo significava — só sabia que precisava sentir. E sentiu.

Clara fechou os olhos, sentindo o toque que finalmente se moldava ao seu tempo. Era uma cena feita de silêncio e de suor. Não havia pressa, nem orgulho. Só a busca pela reconexão. Pela reparação. Pela intimidade real.

E quando o corpo dela tremeu, quando enfim o clímax a invadiu como uma onda contida por tanto tempo, Clara sentiu algo mais profundo que prazer: sentiu que, naquela noite, ele a escutou. Com o corpo. Com a vergonha. Com o amor.

E isso, por si só, era um começo.

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