Passando a Vara nas Vizinhas. Ou Não. - Capítulo 07

Um conto erótico de Carlos
Categoria: Heterossexual
Contém 6254 palavras
Data: 15/06/2025 18:20:26
Última revisão: 16/06/2025 08:12:44

ATENÇÃO: Este é um capítulo de transição. Tem pegação, mas não vai ter sexo. No próximo capítulo, vai rolar sexo. Sobre a demora para publicação deste capítulo, falarei ao final dele.

Olá, pessoal. Eu me chamo Carlos. Sou um professor universitário cinquentão, meio barrigudinho e calvo. Nesta minha série de contos, narro as minhas aventuras tentando comer algumas vizinhas e, quem sabe, conquistar o coração de alguma(s) dela(s) para formar um harém com várias esposas (um objetivo de vida bem fácil, eu sei...). Quem puder ler os primeiros capítulos, só procurar a série.

No mesmo em que esta história se passa, eu ainda era casado com a Odete, uma das maiores pegadoras que conheci. Tínhamos um relacionamento liberal e aberto: cada um pode transar com quem quiser à vontade. Desde que o outro não flagre!

No conto passado, por um mero acaso do destino, acabei comendo a Rebecca. Eu queria dizer para mim mesmo que foi devido ao meu charme irresistível, mas na real, depois percebi que foi um acaso. Ele estava numa situação em que teria transado com qualquer um chegasse nela. Como ou por quê ela estava essa pilha de hormônios, ainda preciso descobrir.

Cheguei bem mais cedo que a hora marcada, como sempre. Gosto de chegar antes, observar as pessoas, ver o movimento. Não estava nem um pouco empolgado em assistir "Acossado", do Godard, mas sempre gostava de ter uma chance de encontrar Eliana, Carolina e as garotas da academia. Mas por enquanto, só eu. Eu e o cartaz gigante do filme com Jean-Paul Belmondo fumando um cigarro como se a vida fosse uma piada que ele não levava a sério.

A noite anterior ainda pesava no meu corpo. Eu havia comido a Rebecca. Foi súbito, intenso, cheio de gemidos abafados e olhos semicerrados de fé confusa. Eu sabia que ela ia acordar arrependida. Não por mim, mas por ela mesma. Por tudo que aquela noite talvez significasse pra ela. Eu sabia que nós dois precisávamos ter uma conversa séria. Será que ela viria hoje?

Estava ainda muito cedo. Decidi caminhar um pouco pelos corredores iluminados, sem rumo, observando as vitrines, tentando não pensar na Rebecca e como eu lidaria com ela e a Eliana nos próximos dias.

Foi quando vi Rogério vindo na direção contrária, acompanhado da Jéssica, Lorena e Lisandra. Sorri instintivamente. Eles também me viram.

— Grande Carlos! — disse Rogério, se adiantando para me dar um aperto de mão firme.

— Oi, Carlos! — exclamou Jéssica, abrindo um sorriso caloroso e me puxando para um abraço longo e bem apertado. Por um breve instante, nossos olhares se cruzaram.

Lorena apenas sorriu e piscou um olho para mim, casual, divertida. Lisandra, mais contida, soltou um "Oi, Carlos" quase sussurrado, mas com um sorriso iluminado. Acho que ela tinha vergonha por ter transado com a Odete.

Meu Deus! A Odete! Estava com a Rebecca e a Eliana em minha mente e esquecera completamente da Odete!

Conversamos por alguns segundos sobre ninharias — filmes, academia, o clima — e eu, claro, não consegui evitar: meus olhos foram para Lorena. Não tinha jeito. Aquela mulher...

Linda, bronzeada, pequena e cheia de vida. O corpo dela parecia ter sido esculpido para a perdição de homens casados e solteiros. Uma visão tentadora.

"Seria uma puta sacanagem com o Rogério", pensei. "A Lorena é praticamente uma irmã para ele... Mas, por outro lado, seria tão fácil. Tão natural. Ela era inteligente, adulta, e a vida era curta demais pra fingirmos que certas vontades não existiam.”

Pensando bem, se eu me envolvesse com a Lorena, não seria exatamente uma traição ao Rogério. Rogério e Lorena sempre tiveram aquela relação de irmãos, e irmãos crescem, formam suas próprias famílias, suas novas alianças. Quem sabe não seria esse o destino natural das coisas? Integrar-me ainda mais à família improvisada que tínhamos ali. Talvez, ao me aproximar de Lorena, eu estivesse, na verdade, fortalecendo o laço que já me unia a eles. De um jeito meio torto, meio enviesado... mas ainda assim verdadeiro. Ela era gostosa demais, vibrante, viva. Era como se a própria vida me convidasse a viver um pouco mais, a não desperdiçar essas oportunidades que piscavam diante dos meus olhos.

Sacudi a cabeça, voltando à conversa.

— Vamos assistir 'Indiana Jones' — disse Rogério, animado.

— Há anos que não vejo esse filme — comentou Lorena, mexendo os cabelos com a mão.

— Devia ter assistido ontem! — reclamou Rogério, que foi respondido pela Lorena mostrando a língua para ele.

— Os dois podiam ter assistido no streaming, como pessoas normais... — cutucou Jéssica.

— E você, Carlos? Veio ver o quê? — perguntou Rogério.

— Um Godard — respondi, meio sem graça. — Com o pessoal da academia.

Lorena fez uma careta fofa.

— Isso é filme pra dormir!

— Há quem diga que dormir num filme de arte é parte da experiência — retruquei, rindo.

Eles riram junto.

— Carlos... — disse Jéssica, com aquele jeito semissério que ela adorava usar. — Estava pensando... A gente podia jantar essa semana. Colocar o papo em dia.

— Claro, quando você quiser. — Senti um calor gostoso no peito.

— Que tal amanhã? Um café, talvez?

— Perfeito. Eu me viro nos meus horários.

Ela sorriu, satisfeita, e anotou algo no celular.

Conversamos ainda um pouco sobre a vida, fofocas leves. A conversa era descontraída, simples. Mas eu não deixava de sentir o peso das possibilidades no ar. A Lorena com aquele sorriso que misturava inocência e malícia.

— Bom, pessoal — disse Rogério —, nosso filme vai começar. Bora?

— Bora — disse Jéssica, acenando para mim. — Até amanhã, Carlos!

A Lorena e a Lisandra acenaram.

Fiquei parado ali por alguns segundos, assistindo os quatro se afastarem. Senti um sorriso idiota brotar no meu rosto.

Era inevitável. Se eu já tinha comido a Eliana e a Rebecca — mulheres incríveis, cheias de moral e, ainda assim, vulneráveis ao desejo —, por que não Lorena? Ela parecia feita sob medida para as minhas tentações mais primitivas. Cada curva do corpo dela era uma provocação silenciosa, cada sorriso um convite velado para algo proibido e irresistível. O jeito como os quadris dela se balançavam ao caminhar, a maciez que eu imaginava sentir ao deslizar meus dedos por sua pele bronzeada... Tudo nela parecia clamar por pecado.

"Seria traição? Talvez. Mas e daí?" Eu me convencia de que, de certo modo, me envolver com Lorena seria como me fundir ainda mais àquela pequena família que Rogério e Jéssica tinham criado em torno de mim. Se eu já era quase como um irmão mais velho para o Rogério, tornar-me amante de Lorena seria só aprofundar laços. Amizade, afinal, também se fortalecia com intimidade, com cumplicidade... com prazer.

A carne era fraca, mas o espírito era ainda mais. E naquele momento, a ideia de explorar cada centímetro daquele corpo jovem e vibrante parecia menos um erro e mais um direito. Eu merecia aquilo. Ela merecia aquilo. A vida era curta demais para se desperdiçar com culpas tolas.

Ia fazer o possível — e talvez até o impossível — para levá-la pra cama em um futuro breve. Disso eu tinha certeza absoluta. E só de imaginar, já sentia a boca secar e o sangue correr mais quente nas veias.

Vi Carolina vindo de longe. Era impossível confundi-la. Ela andava como quem sabe que tem o próprio nome gravado nos bastidores da vida. Vestia uma calça jeans preta justa, cintura alta, que abraçava cada curva das coxas e dos quadris. O top cinza colado no corpo destacava os seios fartos. O cabelo escuro estava solto, um pouco ondulado. O batom discreto. E estava mais séria que o normal.

— Oi, Carlos — disse, seca, mas sem frieza. — Chegou cedo.

— Carolina! — Abri um sorrisão. — Velhos hábitos. Você está linda.

Ela soltou um risinho seco, ajeitou a alça da bolsa no ombro. Estranhei.

Antes que eu elaborasse mais, vi a Eliana vindo do outro lado. Ai, meu Deus. Eliana era um poema de carne e desejo. Usava uma calça jeans, daquelas que moldam a bunda quando ela vira de costas, e uma blusa branca, leve, que deixava os seios soltos. Cabelos soltos, levemente ondulados, e um sorrisinho que fazia meu pau dar sinais de vida só de olhar. Aquela mulher me dava vontade de levá-la pro motel mais próximo e pedir ela em casamento no mesmo instante.

Ela me abraçou de leve, os seios roçando no meu peito.

— Carlos! — sorriu, me dando um beijo no rosto, bem demorado, com os lábios quase encostando na minha pele.

— Oi, Eliana. Tô começando a achar que você está mais bonita a cada dia.

Ela riu, jogando o cabelo pro lado.

— Imagina... — Ela deu um sorriso envergonhado, mas o olhar era provocante.

Carolina e Eliana se cumprimentaram em seguida, mas sem muita efusividade.

— E a Rebecca? — perguntei, olhando em volta.

— Não vem — respondeu Eliana. — Mandou mensagem no grupo dizendo que não ia poder vir.

Respirei aliviado. Melhor assim. A Rebecca tinha muito o que pensar. Tinha muito o que resolver com ela mesma, e me ver tão cedo não ajudaria. E eu, sinceramente, precisava de um tempo pra organizar o caos dentro da cabeça.

— Que grupo? — perguntei, curioso.

— Um grupo de WhatsApp das garotas da academia: eu, Eliana, Rebecca, Jéssica, Letícia e Sarah — respondeu Carolina.

— Poxa, não fui convidado. — brinquei.

— Seria meio estranho você ser o único homem num grupo só de mulheres, não acha? — retrucou Carolina.

Eu dei de ombros.

Foi quando vi, se aproximando com passos leves, Letícia.

Aquela boca carnuda, os olhos sempre brilhando como se tivesse feito algo proibido minutos antes. Usava uma saia preta com fenda lateral e uma blusinha vermelha. Os peitos pequenos, firmes e atrevidos, apontavam sob o tecido fino como uma afronta à moral. Os cabelos castanhos estavam soltos, e usava um batom vinho que parecia recém-aplicado. Ela era puro tesão.

Cumprimentou Eliana com um beijo no rosto e um olhar cúmplice. E eu, claro, lembrei imediatamente das duas se beijando no Carnaval. As duas completamente entregues, numa mistura de desejo e alegria que me deixou duro só de lembrar.

— Letícia! — falei surpreso. — Achei que você ia estar atolada de prova.

— Consegui dar um jeito de passar de semestre. Tô livre tranquila agora. — Ela me deu um beijo no rosto com um cheiro doce.

— Uau — comentei, tentando parecer apenas impressionado, mas por dentro ainda surpreso com a presença dela. — Bom te ver aqui.

Foi quando a Carolina largou o celular e comentou:

— Eu chamei a Andréia pro cinema. — Sua voz parecia bastante carinhosa ao dizer o nome da nossa vizinha loira e bunduda. — Achei que ela ia curtir.

— Ela vem?

— Infelizmente, ela já tinha compromissos hoje — respondeu Carolina. Estranho que seu coração parecia acelerado quando mencionava a Andreia. Algo como um pequeno nervosismo ou inquietação.

A conversa foi seguindo, leve, com pequenas alfinetadas, sorrisos escondidos e uma sensualidade que parecia se espalhar no ar como perfume. E, então, senti uma presença chegando antes mesmo de vê-lo. Um perfume cítrico e másculo, passos confiantes, vozes de moças rindo ao fundo como se algo tivesse mudado na atmosfera do shopping.

— Boa noite, turma.

Enéias.

Ele chegou como sempre: uma tempestade vestida de homem. Jeans escuros ajustados, camiseta branca que colava no peitoral definido como se tivesse sido costurada direto no abdome, sorriso largo, perfume caro. O tipo de figura que fazia até senhora de cinquenta ajeitar o decote.

Carolina olhou pra ele e devolveu um aceno com a cabeça. Não era o dia dela. Eu já tinha percebido. Mas Enéias não era do tipo que lia o ar ao redor. Era do tipo que entrava chutando porta e ainda esperava aplauso.

— Carolina, você tá maravilhosa.

— Eu sei.

Os dois pareciam em uma pequena guerra fria, entendida por Letícia e Eliana. Aquela cumplicidade feminina que me deixava inquieto.

— Bora entrar? — falei, quebrando o clima.

Fomos entrando. O hall do cinema estava quase vazio. Aqueles filmes de arte não lotavam nem com ingresso de graça. Pegamos os lugares marcados. Não que fosse necessário, pois só tinha nós na sala toda. Nos organizamos assim: Letícia na ponta, depois Eliana ao lado dela, eu ao lado da Eliana, depois Carolina, depois Enéias.

— Tá animado? — perguntou Eliana, bem baixo.

— Com você do lado, até Truffaut em russo seria empolgante — sussurrei.

Ela riu baixo.

Enquanto isso, Enéias continuava tentando cavar um espacinho com a Carolina.

— Não vai nem tirar os óculos? Eu queria ver seus olhos no escuro.

— Enéias, pelo amor de Deus...

Carolina bufou. Tirou os óculos, enfim. Olhos castanhos, cansados. Mas havia algo naquele jeito entre os dois... aquela intimidade informal, aquele cansaço seletivo. Não era só incômodo. Era excesso. Um "já deu" com sotaque de cama compartilhada. Eu não tinha prova, mas a suspeita me corroía. Será que ele já tinha comido a Carolina? A forma como Letícia e Eliana trocavam olhares sobre isso me fazia acreditar que sim.

Vendo os dois interagindo, a Letícia se inclinou sobre a Eliana e sussurrou algo. Eliana riu, abafando com a mão. Meu estômago deu um nó. Tentei esquecer a pontinha de ciúmes e me concentrar no fato de que Eliana já tinha sido minha. E talvez pudesse ser minha namorada-amante.

Os trailers começaram. A Eliana se aproximou mais de mim. Senti sua perna encostar na minha, quente, firme. Quando virei o rosto para ela, nossos olhos se encontraram. Devagar, ela deslizou os dedos pela minha coxa. Meu corpo reagiu antes da mente conseguir entender se era uma mera provocação.

À minha direita, vi o Enéias inclinar o corpo em direção à Carolina. Ela não recuou. O Enéias sussurrou algo no ouvido dela. Não ouvi o que foi, mas vi o arrepio no braço dela. A Letícia, na ponta da fileira, mantinha os olhos na tela, mas os cantos dos lábios tremiam num quase sorriso. Cúmplice.

À medida que os trailers se estendiam e a sala escurecia de vez, meus olhos iam menos para a tela e mais para o que se desenrolava ao meu lado. A Eliana estava radiante. A luz do filme projetava sombras suaves no rosto dela, e cada vez que ela sorria ou sussurrava algo, meu corpo inteiro respondia. Mas o que mais me tirava do eixo era o Enéias.

O filme começou com aquele tom monocromático típico de drama francês. Silêncio. Só o som do piano e dos suspiros contidos de personagens que ninguém ali parecia realmente assistir.

Eliana encostou a cabeça no meu ombro e sua mão apertou com mais vontade a parte interna da minha coxa. Retribuí o gesto com uma mão pousando sobre sua coxa, sentindo a respiração dela se alterar.

Ao nosso lado, o Enéias passou o braço pelas costas da Carolina, a mão pousando de leve no ombro dela. Ela demorou, mas aceitou. Encostou a cabeça no ombro dele, ainda firme, como quem não entrega tudo de uma vez. Mas estava se entregando.

Durante o filme, percebi as trocas e conversas entre Carolina e Enéias. Havia uma familiaridade ali. A cada gesto, uma certeza me atravessava o peito: Enéias já tinha comido a Carolina. E provavelmente mais de uma vez. Aquela familiaridade, aquele jeito debochado e confiante... Não era um flerte fresco. Era um caso reeditado. E a Letícia e a Eliana sabiam. Eliana também. O jeito como riam baixinho, se cutucavam, me deixava com cara de espectador de uma peça onde todo mundo já tinha lido o roteiro, menos eu. E eu odiava isso. Queria estar por dentro.

Tentei esquecer o ciúme, pensando que aquilo era mera possessividade. Lembrei das minhas transas com Rebecca e Eliana. Do corpo delas sob o meu, do cheiro de seus cabelos. Aquilo, do nada, me deu uma ideia perigosa: e se a gente saísse dali pra um motel? Eu e Eliana de um lado, Carolina e Enéias do outro. Um quarto com cama king size, espelhos. Uma pequena suruba a quatro. Só de imaginar, meu pau deu um leve latejo. Senti o calor subir pelo pescoço.

E como se tivesse lido meu pensamento, a Eliana virou o rosto pra mim. Não disse nada, mas seus olhos estavam diferentes. A respiração lenta, os lábios ligeiramente entreabertos. Tentei sorrir, mas não saiu.

O piano do filme tocava baixo, melancólico, enquanto a câmera francesa mostrava um casal caminhando por uma rua molhada de Paris. Mas eu não via Paris. Só via o vulto do Enéias se inclinando na poltrona ao lado da Carolina.

Ele se aproximava como uma cobra treinada: sutil, bonito demais, confiante demais. O tipo que fazia até o escuro parecer aceso. Com o canto do olho, vi a mão dele tocar a coxa da Carolina por cima da calça jeans. Ela não afastou. Nem reagiu.

Meu coração acelerou. Tentei focar em Eliana ao meu lado. Ela estava quieta, com os olhos fixos na tela. Aproximei a minha mão, devagar. Quando toquei seus dedos, ela não recuou. Cruzou seus dedos nos meus.

Na fileira, tudo era silêncio. A tela piscava imagens em preto e branco. Enéias levou os lábios até o ombro da Carolina. Não beijos, mas a respiração quente, provocativa, rítmica. Ela desviou o rosto, de leve, oferecendo o pescoço. Filho da puta.

Vi quando ele encostou os lábios ali, lentamente. Beijou, depois sugou. Não havia sons. Só o piano do filme e a minha própria pulsação.

A Eliana se encostou mais em mim. Apoiei a mão sobre a coxa dela.

— Tá gostando do filme? — murmurei, perto demais da boca dela.

— Tô mais curiosa com o próximo ato — disse, num sussurro.

No escuro, as bocas começaram a se buscar. Eliana me beijou com leveza, mas com um calor que parecia incendiar o peito. Do outro lado, vi o movimento dos corpos. A Carolina se virando discretamente para Enéias. O beijo deles começou tímido, mas logo se intensificou. O som molhado de lábios se misturando com o piano do filme.

Meus olhos encontraram os da Letícia. Ela nos observava. Quando a Eliana deslizou a mão sob minha camisa, a Letícia esticou o braço e tocou levemente o ombro dela. Um toque de curiosidade. A Eliana virou-se e, sem uma palavra, trocou um beijo rápido com a Letícia. Eu fiquei em choque, mas uma parte de mim vibrava.

Carolina e Enéias pareciam em outra dimensão. A mão dele passeava pelo corpo dele. O beijo deles agora era urgente. Beijei Eliana mais fundo. Ela retribuiu. Nossas línguas se procuraram sem pressa. Mão em coxa. Mão em nuca. O mundo se dissolvia entre cortes de cinema francês e o som abafado da nossa respiração.

Eu, que invejava o Enéias, agora me via desejando dividir para conquistar. A Letícia, na ponta da fileira, nos observava. Vi um sorriso no canto de sua boca. Seus olhos passeavam de um casal para outro.

Do meu lado, Enéias beijava Carolina com fome. Seu corpo meio virado na poltrona. A mão na cintura dela, a outra sumida sob a blusa, numa carícia lenta nas costas. A Carolina estava entregue. Não fazia charme. Aceitava. Participava. Gemia baixo, quase imperceptível. O tipo de som que você sente mais do que ouve.

Eliana puxou minha mão mais pra cima. Me encostou nela. O beijo agora era urgente, cheio de língua e desejo. Meu desejo por Eliana se misturava à visão da Carolina nos braços de outro homem. Eu queria que aquela suruba acontecesse. Não havia mais filme. Não havia mais enredo francês. Só nós.

A mão da Eliana desceu, apalpou meu cacete duro por cima da calça. Respirei fundo. Reagi. Deslizei minha mão pela coxa dela. Devagar. Ela suspirou, mas não afastou. Pelo contrário, abriu ligeiramente as pernas. Senti o calor do corpo dela vibrar na minha palma.

E então, num movimento sem pedir permissão, levei a mão que estava livre até a Carolina. Subi minha mão por baixo da blusa dela, toquei a pele nua, os seios macios. A Carolina se virou, por um instante surpresa. Depois, me olhou com os olhos entreabertos, sem nada dizer. Estava realizando meu antigo sonho de apalpar aqueles desejados seios.

Afastei minha mão enquanto a sorte estava do meu lado e voltei a me concentrar na Eliana. Mas a imagem do Enéias comendo a Carolina me excitava. Eu sentia meu pau começar a enrijecer só de imaginar a cena: Carolina gemendo o nome dele. Me vi ao lado deles, na cama de um motel. Eu e a Eliana gemendo de um lado. Carolina e Enéias do outro. Um caos ordenado. Uma dança.

Senti a mão da Eliana afrouxar meu cinto. Minhas mãos esfregavam sua buceta por cima da calça. Ela mordeu o lábio, me puxou pra mais um beijo, mais quente. Ao lado, Enéias apertava o seio da Carolina com a mão inteira, sem cerimônia. A blusa dela estava repuxada. O corpo dela tremia de leve, mas ela não resistia. Pelo contrário. A boca dela parecia devorar a dele.

Eu e Eliana continuávamos nos beijávamos fundo. Eu alternava entre sua boca e seu pescoço.

Quase no ápice do delírio, foi a Carolina quem retomou o controle. Ela parou o beijo com Enéias. Encostou a mão no peito dele, empurrou de leve. Depois virou o rosto, ajeitou a blusa e murmurou:

— Chega.

A voz dela não passou de um sussurro, mas teve efeito de sirene. Não houve discussão. Nem um "por quê?". O tom dela não permitia. A Eliana imediatamente se ajeitou também. Tirou a mão de dentro da minha calça. Eu respirei fundo, tentando controlar a pulsação. O Enéias limpou o canto da boca, visivelmente excitado, mas respeitou. Voltou-se para a tela.

O filme seguia, alheio ao caos que quase se instalara.

A Carolina, firme, cruzou os braços, olhos fixos na tela. Eu tive certeza de que, para ela resistir assim, ela tinha feito sexo recentemente com alguém que tinha gostado.

O filme acabou com um fade lento e uma última nota de piano que parecia ecoar direto nos ossos. A luz do cinema acendeu como um tapa na cara. Os olhos demoraram pra se adaptar. O ar, pesado de tensão, parecia se fingir de normalidade. Ninguém dizia nada. Ninguém mencionava o que tinha acontecido nas últimas duas horas. Como se o silêncio fosse uma ponte segura por onde todos podiam escapar sem cair na vergonha ou no desejo.

Nos levantamos em silêncio. A Letícia foi a primeira a sair, andando depressa. A Eliana ajeitou a blusa com um cuidado excessivo, sem me olhar. A Carolina olhava para baixo. O Enéias, claro, era o único que parecia perfeitamente à vontade. Tinha aquele andar solto, aquele sorriso malandro de quem sabia exatamente o que tinha causado e estava pronto pra mais.

— Bora tomar um café? — disse ele, como se nada tivesse acontecido. Como se a língua dele não tivesse passeado pela boca da Carolina minutos atrás.

Ninguém disse não. Seguimos até uma cafeteria perto do cinema. Pequena, aconchegante, cheia de quadros com frases cafonas tipo “A vida começa depois do café”. Sentamos todos juntos numa mesa grande. Eu puxei uma cadeira entre Eliana e Carolina. O Enéias se sentou do lado oposto, mas de frente pra Carolina, claro.

— E aí? Alguém entendeu aquele final? — perguntou Letícia.

— Achei... contemplativo — disse Eliana, olhando para a xícara vazia.

— Eu acho que o diretor quis dizer que, no fim, a gente se dissolve nas coisas que não diz — comentou Eneias, do nada. Fingindo profundidade, talvez.

— Nossa, isso foi bonito — disse Letícia, com um sorriso curto.

O olhar do Enéias pra Carolina era explícito, mas ela confrontava como quem dizia que não iria rolar nada. Ela podia ter fraquejado por um momento na sala do cinema, mas agora tinha voltado ao controle.

Fingíamos uma normalidade que não existia. Pedimos cafés, bolos. A Letícia puxou um assunto sobre a reforma no hall do prédio. A Eliana falou sobre seu trabalho. Enéias falava menos, mas sorria mais. A Carolina estava presente, mas parecia estar pensando em outro lugar, outra pessoa. Na pessoa que tinha comido ela recentemente, talvez.

Enquanto isso, eu e Eliana tínhamos uma discreta conversa por Whatsapp:

CARLOS: Amanhã, 15h. Pode ser lá em casa?

Eliana leu a mensagem, mas não respondeu imediatamente. Depois de um gole no cappuccino, digitou:

ELIANA: Vou passar o dia fora amanhã.

CARLOS: Algum dia na semana?

ELIANA: Preciso ver minha agenda. E saber um dia que o Leandro esteja fora.

CARLOS: Certo.

ELIANA: Não vá se empolgando, seu sem-vergonha.

Meu coração acelerou de expectativa de reencontrar a Eliana, mesmo sem saber quando. Enquanto isso, o Enéias ainda tentava, mas era como se tivesse chegado tarde e a Carolina já estivesse compromissada.

Por sua vez, a Letícia comia o bolo em silêncio, com os olhos atentos, de quem tenta parecia saber de tudo sem nada dizer. Será que ela também tinha seus segredos cabulosos?

As palavras seguiram leves. Todos fingíamos que nada tinha acontecido no escurinho do cinema, mas todos eram testemunhas de todos. E aquilo poderia não acabar bem.

A noite deu lugar à madrugada, que deu lugar à manhã do domingo. E foi quando, na área da piscina, eu acabei reencontrando a Rebecca.

Eu a vi de longe, encostada na mureta do jardim, conversando com o seu Raimundo. O velho falava e gesticulava, provavelmente contando alguma história engraçada. O sorriso dela para Raimundo era diferente de tudo que eu já vira antes. Não era apenas educação ou simpatia casual – havia uma fluidez, uma leveza na forma como ela o olhava, como se, com ele, pudesse baixar a guarda. O velho, por sua vez, inclinava-se ligeiramente para mais perto dela a cada frase, sem sequer notar. Ela ria das piadas dele, inclinando-se também, tocando-o de leve no braço enquanto ouvia com atenção. Havia uma familiaridade ali, uma sintonia natural, como se aquelas conversas fossem frequentes, como se ele soubesse exatamente como fazê-la sorrir. Aquilo me incomodou, mas não por ciúme. Quer dizer, talvez não.

Foi quando os meus olhos cruzaram com os da Rebecca.

Foi um instante breve, ela pausou seus olhos em mim só o suficiente para que não ninguém percebesse que ela me olhava. Mas deu notar algo diferente em seus olhos. Não era apenas culpa ou arrependimento, sentimentos que eu esperaria de uma mulher como ela depois do que aconteceu entre nós. Era algo mais profundo, mais complexo. Algo que eu não conseguia decifrar por completo.

Claro que ela manteria a discrição. Ela já era a rainha do autocontrole e da retenção de sentimentos. Mas deu para perceber que ela me olhava diferente desde aquele dia. Teria eu mexido com os sentimentos dela?

Provável. O sexo, para Rebecca, não devia ser algo banal. Não era simples desejo, não era só carne. Eu sabia disso. Ela não era como Odete, que via no prazer uma arte descomplicada, uma experiência a ser explorada sem culpa ou amarras. Para Odete, sexo era liberdade. Para Rebecca, eu imaginava que fosse um pacto, um elo invisível que a ligava a quem quer que ela se entregasse. E agora, eu era parte desse elo.

Eu me perguntava o que se passava em sua cabeça. E se, na mente dela, eu já estivesse além da amizade? Se eu agora ocupasse um espaço delicado, mais íntimo do que um simples amigo, mas ainda distante de um marido?

Eu deveria falar com ela? Ou seria melhor esperar que ela viesse até mim? Parte de mim queria romper aquele silêncio, arrancar respostas de uma vez. Mas outra parte entendia que a Rebecca precisava desse espaço para decidir o que eu era agora em sua vida.

Bem, ela tinha muito o que pensar. E eu percebi que eu também.

Odete. Eu simplesmente não pensava na Odete. Esse casamento era um farsa. E eu estava cansado dessa farsa. O problema era o primeiro a passo a ser dado.

E quem poderia me ajudar com isso? Minha melhor amiga, Jéssica.

Fazia semanas que eu e Jéssica não nos víamos a sós. A rotina tinha engolido nossas conversas como fazia com a maior parte das relações sinceras que resistem ao tempo. Mas naquele noite nublada, finalmente íamos remediar isso. Eu aceitei de imediato. Sentia falta da minha melhor amiga. Sentia falta de ouvi-la, de rir das nossas histórias.

A cafeteria não era nada demais, mas tinha mesas de madeira de verdade, cadeiras que rangiam e um cheiro constante de café passado na hora. Eu cheguei primeiro. Pedi um coado e esperei.

Jéssica apareceu pouco depois, linda como sempre. Ela vestia uma blusa branca de manga longa, justa o bastante para deixar claro o contorno dos pequenos seios que eu conhecia bem de vista, mas que nunca toquei. A calça jeans era escura e colada, e moldava suas coxas. Os cabelos castanho-claros estavam presos em um rabo de cavalo alto, deixando o rosto livre e iluminado. A pele amendoada parecia ainda mais radiante sob a luz suave do lugar. Mas o que mais me chamou atenção foi seu semblante. Tensa.

Ela me viu, sorriu, e se aproximou. Demos um grande abraço e beijinhos no rosto de praxe. Em seguida, trouxe o seu rosto para mim com o dedo na ponta do queixo e perguntei olhando nos seus olhos:

— Tá tudo bem?

— Tá. Mais ou menos. Sei lá. — respondeu, desviando o olhar, que eu sempre trazia de volta.

— Fazia tempo que a gente não tomava um café só os dois — brinquei, puxando a cadeira pra ela sentar. Ao fazer isso, minha mão tocou sua cintura.

— Também sentia falta disso — respondeu, rindo.

Nos sentamos. Pedimos nossos cafés. E por um tempo, conversamos sobre banalidades. O hospital. O trabalho na faculdade. As pequenas crises do condomínio. A academia.

— E você, Carlos? Alguma novidade? — ela perguntou, com aquele olhar matreiro. — Certeza que tem...

Dei de ombros.

Ela riu. Aquele riso de garganta, leve, sincero. E olhou pra mim por alguns segundos. Como se meditasse.

— Carlos... preciso te contar uma coisa séria. Séria mesmo.

— Claro. É por isso que a gente está aqui, não é?

Ela olhou em volta, como se temesse que alguém do hospital ou do condomínio surgisse do nada.

— É uma coisa... estranha. Que eu nunca disse pra ninguém. Nem pra mim mesma direito.

Endireitei a postura. Ela tinha abandonado o tom brincalhão.

— Tá tudo bem. Pode falar.

Ela respirou fundo.

— É algo que eu tenho vergonha de falar em voz alta. Mas você é o meu melhor amigo e sei que vai guardar o meu segredo.

— É algo que o Rogério não pode saber? — surpreendi-me.

— Ele não pode saber... ainda — respondeu ela. — E não sei o quão constrangedor seria se ele soubesse que tu sabe.

Um momento de silêncio. E soltou:

— Eu tenho um fetiche. Um desejo, uma vontade sexual que eu não consigo ignorar mais.

— Um fetiche? — perguntei, tentando manter a voz neutra. — Entendi por que você estava tão retraída em falar... E por que não podia ser a Odete.

— Sim, um fetiche. E não é coisa leve, Carlos. Eu... eu quero ser uma putinha. Quero ser mandada, ordenada, usada. Na cama, quero que ele fale grosso comigo. Que ele mande eu abrir as pernas, que ele me segure pelo cabelo, que ele me diga o que fazer como se eu fosse dele. Entende?

Dei um gole no café, olhando pra ela com cuidado. Por dentro, a minha mente tentava conciliar aquela Jéssica, minha melhor amiga, com a mulher que acabava de me dizer aquilo.

— Entendo. Quer dizer... entendo o que você quer dizer. Mas o Rogério... ele não é assim?

Ela fez que sim com a cabeça. Eu sabia que ele não era esse tipo. Meu medo é que o Enéias parecia ser totalmente esse tipo.

— Ele é maravilhoso, Carlos. Gentil. Companheiro. Na cama, é sempre carinhoso, respeitoso. Me beija com amor, me toca como se eu fosse um cristal. E eu gosto disso. Mas... tem uma parte de mim que grita. Que quer mais. Que quer o oposto disso. Só que eu nunca consegui dizer isso pra ele.

— Por que não? — perguntei. — Eu sei que você deve ter reunido toda coragem do mundo para me contar isso, mas você e o Rogério são casados. Não devia ser um problema.

Ela olhou pra mim com uma expressão mista de vergonha e medo.

— Porque ele me ama daquele jeito. Me vê como a mulher perfeita. Ele tem uma visão idealizada de mim, Carlos. E se eu disser que quero ser uma putinha na cama, eu tenho medo de que ele se decepcione. Pode não me ver mais como a mulher que ele admira. Pode pensar que sou outra pessoa.

— Mas você não é outra pessoa. Você só tem um lado que quer se expressar. Isso é normal.

Ela sorriu fraco.

— É. Mas tenta dizer isso pra um homem que passou a vida inteira tentando ser perfeito pra mim.

Fiquei em silêncio por um momento. Tentando encontrar uma maneira de ajudar. Uma solução. Mas o problema não era simples. Estava dentro dela. Dentro do Rogério. Dentro dos limites que eles tinham traçado sem perceber.

— E se você começasse com algo pequeno? Tipo... sugerir uma brincadeira. Um jogo de papéis. Ver como ele reage.

Ela mordeu o lábio inferior. Pensativa.

— Pode ser. Mas eu teria que ser muito sutil.

— Sutil, mas honesta. Você não precisa usar as palavras "quero ser sua putinha" logo de cara. Pode começar com "vamos tentar uma coisa nova hoje? Quero que você me mande fazer algo... qualquer coisa". Vê como ele reage.

Ela assentiu. Mas eu sabia que o medo dela ia além disso. Não era só a vergonha. Era a possibilidade de romper uma imagem que eles sustentavam.

— Obrigada, Carlos. Não sei com quem mais eu poderia falar isso. Você sempre me escuta.

Toquei levemente a mão dela sobre a mesa. Ela não recuou. Ao contrário, virou a palma e entrelaçou os dedos nos meus por um breve instante, antes de soltar.

— Você sabe que sempre pode contar comigo, Jéssica.

Ela sorriu, dessa vez com mais firmeza.

— Posso te perguntar mais uma coisa, Carlos?

— Claro. Pode perguntar o que quiser.

Ela olhou para o lado, depois voltou para mim, e apoiou os cotovelos na mesa. Aquilo era sério.

— Cê acha que a gente é o que escolhe ser... ou o que consegue ser?

— Filosófica, hein?

— Sério. Às vezes eu me pego pensando... Eu sou essa mulher certinha porque eu quero ser? Ou porque foi o que aprendi a ser, o que esperam de mim?

Dei um gole no meu café, tentando formular uma resposta para algo que nunca tinha pensado de verdade.

— Eu acho que a gente é um pouco dos dois. A gente escolhe dentro das possibilidades que nos foram dadas. E, com sorte, com coragem... a gente amplia essas possibilidades.

Ela mordeu o canto do lábio inferior, pensativa.

— Então você acha que eu posso ser diferente, mesmo depois de tantos anos sendo assim?

— Eu acho que você já é diferente. Só está se dando conta agora.

Ela suspirou, relaxando um pouco os ombros.

— Eu me sinto meio... culpada. Por querer extravasar assim às vezes. Rogério é um homem maravilhoso, e mesmo assim, às vezes, eu me pego fantasiando coisas que ele não faria comigo nem por um milagre. E então, me odeio por querer isso.

— Você não tem culpa do que deseja, Jéssica. Desejo não é escolha. É impulso. O que você faz com ele, sim, é escolha. E você está escolhendo entender. Imagina se fosse a Odete tendo esses pensamentos.

Ela riu de novo. Eu adorava quando ela ria comigo. Tinha algo na risada da Jéssica que era como um descanso.

— E você, Carlos? Você está feliz com quem você é agora?

Essa me pegou. Respirei fundo. Olhei para o lado. Vi um casal rindo em outra mesa. Um cachorro amarrado na árvore da calçada. Tentei fugir, mas não consegui.

— Tem dias que sim. Tem dias que não. Tem dias que...

Suspirei. A Jéssica tinha se aberto como nunca para mim. Ela merecia o mesmo. Decidi dizer o que estava entalado na minha garganta há meses, talvez anos.

— Estou cansado, Jéssica. Cansado dessa mentira que é o meu casamento. Veja bem. Eu amo a Odete. Mas eu a amo como uma amiga. Ela não é a minha esposa, é uma das minhas melhores amigas.

— Carlos, você...

— Eu não aguento mais essa mentira. Sempre tive medo desse dia chegar porque não queria magoar ela, porque não queria deixar ela desamparada. Mas eu preciso seguir a minha vida também. Posso ajudar ela a seguir com a dela também. Mas eu cansei de fingir que somos um casal.

— Você está falando em...

— Sim, Jéssica. Eu vou me divorciar da Odete.

Ela respirou fundo de novo. O olhar se fixou em mim. Mas ela não disse nada. Aquele novo capítulo da minha vida estava apenas começando.

Pois bem, leitor. No próximo capítulo, vou começar a encarar as consequências da minha decisão de me divorciar de Odete e nossos amigos Rogério e Jéssica vão querer nos ajudar quanto a isso. E eu também vou ter finalmente ter uma conversa mais séria com a Eliana e a Rebecca.

Pelo visto, uma das duas pretende se divorciar também. Qual delas?

Coloquem nos comentários para com quem vocês torcem que a Carolina fique (eu? Enéias? Seu Geraldo? Andréia?) e se vocês torcem para que eu fique com a Rebecca. Em breve, teremos a continuação.

AVISO AOS LEITORES:

Gostaria de pedir desculpas pela demora na publicação deste capítulo. Eu tinha dito que ia ser um hiato de um mês e foi de quase dois meses e meio. Eu tive alguns problemas de saúde que me impossibilitaram por um tempo. Para piorar, tive um problema no meu computador que me fez perder os textos dos capítulos seguintes e ter que reescrever do zero (o que normalmente desanima um bocado, o que acabou fazendo este capítulo demorar um pouco mais para retomar o ritmo).

A situação foi normalizada e vou retomar o ritmo de lançamentos semanais/quinzenais da história.

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