Esse conto é mais um da série "Magias de Manfred", clique no link para ler os contos dessa série na sequência.
Enquanto sentia o aroma do café naquela manhã de sábado, Willian tentava interpretar o sonho que teve.
É sabido que, no xadrez, é bem possível mais de uma dama, da mesma cor, participar do jogo ao mesmo tempo. Se um peão consegue atravessar o tabuleiro e atingir a última casa, ele pode ser promovido a qualquer outra peça, exceto o rei. Normalmente, é promovido a dama.
No sonho, Willian via essa situação. O tabuleiro era tão grande que as peças tinham o tamanho de pessoas reais. Na última fileira, estavam três damas — e elas eram mulheres, cobertas com véus.
Willian se aproximou da primeira mulher e tirou seu véu. Era uma velha conhecida: a Dama Branca, com quem já tinha tido aventuras, junto com a Dama Preta.
— Esqueceu de mim, garoto? Vi que anda explorando outras peças do tabuleiro — disse ela.
Willian então se aproximou da outra dama e tirou seu véu. Era uma bela jovem, de cabelo curto e olhos castanhos, determinação expressa no rosto — a expressão de uma verdadeira guerreira.
— Eu era um dos peões. Venci cada batalha até que cheguei à última casa e fui coroada como uma das rainhas do jogo.
Willian então se voltou para a última dama. Quem seria? Outro peão? A Dama Preta? Ao retirar o véu, ele a viu. Era Amanda.
— Eu sou Caíssa. A razão de você jogar esse jogo — disse, com ferocidade.
E Willian acordou.
Caíssa é considerada a deusa do xadrez. Ele, que usava magia para personificar literalmente as peças, ainda não tinha se dado conta disso: o próprio jogo tinha uma personificação. Será que Caíssa em pessoa existia e veio falar com ele em sonhos? Ou era Amanda mandando uma mensagem de algum lugar? E quem era a dama guerreira que antes fora um peão? Ou tudo era só um sonho?
Quando terminou sua xícara de café, Willian decidiu qual seria sua aventura mágica. Pensou em voltar para a Dama Branca e questioná-la sobre o sonho, mas ele sabia que havia muito naquele tabuleiro para explorar. A última aventura com os Bispos Brancos foi nada menos que memorável. E, já que vamos variar, por que não mudar de cor... e de peças?
Willian tirou o cavalo preto de sua casa habitual. Hesitou. Depois tirou a torre preta do canto do tabuleiro...
— Ora bolas, por que escolher uma delas? — pensou Willian.
Willian então dispôs a torre preta e o cavalo preto e puxou o Cetro de Manfred.
— Exsurge equitum nigra, exsurge turris nigra, ut mihi satisfaciam.
As luzes da sala piscaram e o ar pareceu pesar por um instante. Quando a magia do cetro se completou, duas figuras femininas surgiram diante de Willian — e ele imediatamente compreendeu que não estava lidando com peças comuns.
A primeira era a Cavaleira Preta, uma mulher preta de presença arrebatadora. Seus cabelos estavam trançados com perfeição, presos com praticidade, e sua pele dourada reluzia sob a luz quente do apartamento. O olhar era direto, indomável, como o de uma guerreira que nunca aceitou derrotas. O corpo, atlético e curvilíneo, transpirava força e sensualidade. A armadura leve que usava destacava o símbolo do cavalo sobre o busto, e suas botas de couro batiam firmes no chão a cada passo. Seu nome: Nyah.
Ao lado dela estava a Torre Preta. Tinha a elegância de um templo e a firmeza de uma muralha. Era uma mulher asiática de beleza serena, cabelos longos e negros como a noite, lisos como seda, caindo sobre os ombros com perfeição. Seus olhos puxados e escuros revelavam concentração absoluta — como se calculasse todos os movimentos de Willian antes mesmo de ele se mexer. Vestia uma armadura leve de couro preto com o emblema da torre estampado no peito e, por baixo, um traje justo de tecido espesso que moldava suas curvas com precisão sutil. Chama-se Akari.
Willian engoliu em seco.
As duas o encararam. Akari foi a primeira a falar, com voz calma e profunda:
— Você nos invocou. E isso significa que tem uma intenção... direta.
Nyah sorriu com escárnio e completou:
— Que tipo de jogada é essa, jogador? Colocar torre e cavalo no mesmo turno? Está procurando um ataque relâmpago?
Willian segurava o cetro com força. Aquilo era mais do que esperava.
— Eu... queria conhecê-las — tentou dizer, mas sabia que seu desejo estava escrito em sua expressão.
— Quer nos usar como usou as rainhas? — Akari perguntou, aproximando-se com passadas lentas, controladas. — Acha que dominamos apenas fileiras e colunas?
Nyah se aproximou por trás de Akari e passou os dedos pela cintura da companheira de tabuleiro.
— Ele não sabe o que fazer com duas peças de ataque tão diferentes. Mas está curioso, eu vejo — e então, provocando: — Está duro, jogador?
Willian corou, mas não respondeu.
— Que tal observar? — sugeriu Akari, encostando-se suavemente em Nyah.
— Aprenda com quem sabe jogar — completou a cavaleira, inclinando o rosto até os lábios de Akari.
As duas se beijaram.
Primeiro suave, como um gesto de respeito. Depois, o beijo aprofundou-se, ganhando intensidade, desejo, tensão. As mãos de Nyah desceram pelas costas de Akari até os quadris. Akari respondeu com um gemido contido e uma carícia nos seios da cavaleira, que estremeceu e sorriu.
Willian observava. Imóvel. Com o duro cetro na mão e o coração disparado. A magia estava funcionando, sim... e o feitiço estava o prendendo por completo.
O beijo entre Akari e Nyah se tornava mais voraz, como se as duas tivessem acabado de retornar de uma longa campanha de batalha e finalmente pudessem se tocar. As armaduras de couro rangiam suavemente enquanto seus corpos se aproximavam, encaixando-se com uma precisão instintiva. Nyah pressionou Akari contra a parede, uma mão firme segurando sua nuca, enquanto a outra descia até a cintura, explorando com domínio e desejo. Akari suspirou, deslizando os dedos pelas tramas das tranças da cavaleira, puxando-as com leveza, provocando um gemido surdo em resposta.
Willian mal respirava. A torre e o cavalo não estavam apenas ali. Elas estavam vivas. E estavam se desejando como se cada toque tivesse sido aguardado por eras. O cetro tremia em sua mão. Ou talvez fosse sua própria respiração que o fazia vibrar.
Nyah se ajoelhou diante de Akari e começou a desamarrar os fechos laterais de sua armadura. Com movimentos lentos, retirou a parte superior, revelando os seios delicados da torre — firmes, de aréolas pequenas e pele suave. Willian prendeu o ar.
Willian pensou que já tinha dominado aquele jogo, que as peças brancas tinham iniciativa e que as pretas deviam ser mais... contidas. O que ele se esqueceu é que a torre e o cavalo são justamente as peças que se coordenam antes de partir para o ataque.
— Gosta do que vê, jogador? — provocou Akari, voltando os olhos na direção dele.
— Ele está hipnotizado — comentou Nyah, com um sorriso ladino. — Mas ainda não fizemos nada demais.
E então, sem tirar os olhos dele, a cavaleira beijou os seios da torre. Lambeu-os, circulou os mamilos com a língua e depois os chupou com prazer sincero, deixando Akari arquear o corpo, gemendo entre os dentes.
— Ela... ela é sua torre — Willian sussurrou, quase sem perceber que tinha falado.
— Não, garoto — disse Akari, recuperando o controle, os olhos semicerrados de prazer. — Ela é minha cavaleira. E eu sou o castelo que a abriga.
Nyah riu, e então se ergueu, lambeu o pescoço de Akari e murmurou:
— Chega de preliminares entre nós. Vamos ver se o jogador sabe mover o cetro direito.
Ambas caminharam até Willian, uma de cada lado, e se aproximaram como sombras que dançam. Nyah passou os dedos pelo peito dele, enquanto Akari segurou seu queixo e o obrigou a olhar nos olhos dela.
— Você quer jogar com a gente, Willian? — sussurrou a torre.
— Quer sentir a força da cavaleira e o domínio da torre ao mesmo tempo? — completou Nyah.
Willian assentiu, o cetro agora visivelmente ereto em sua mão.
— Então deixe-nos liderar o primeiro lance — Akari falou com solenidade, quase como um ritual.
Nyah tirou sua armadura com movimentos rápidos e certeiros. O corpo dela era um convite à luxúria e à admiração. Forte, ágil, escultural. Akari retirou o que faltava de suas vestes com graça e precisão. Seu corpo era suave, equilibrado — uma verdadeira fortaleza feita de curvas.
Ambas se ajoelharam ao redor de Willian. Akari começou a beijar seu abdômen, enquanto Nyah já puxava suas calças para baixo.
E então começaram.
A boca de Akari era metódica. Precisa. Seus lábios cercavam o corpo de Willian com uma lentidão calculada, estudando cada reação. Nyah, por outro lado, era puro instinto: sugava a glande com força, descia com voracidade, lambia as laterais com agressividade brincalhona. As duas se revezavam, se alternavam, e, vez ou outra, se beijavam entre uma chupada e outra, compartilhando o gosto, o calor e os olhares viciantes que lançavam ao homem hipnotizado entre elas.
Willian não sabia quanto tempo tinha se passado. O prazer parecia ter dissolvido qualquer noção de tempo, espaço ou lógica. Seu corpo reagia por reflexo aos estímulos combinados das duas — Akari com sua precisão quase litúrgica, Nyah com sua fome impiedosa.
— Vamos dominar o centro agora — murmurou Akari, enquanto se erguia e o puxava com ela para o centro da sala.
Nyah o acompanhou, as mãos fortes em sua cintura, os olhos brilhando de antecipação.
Akari foi a primeira a se deitar no tapete, nua, com as pernas levemente abertas, como uma fortaleza que agora abria seus portões apenas para ele. Seu corpo era um convite à reverência.
Willian se ajoelhou entre suas pernas e, com um olhar pedindo permissão — ou talvez rendição —, encaixou-se nela.
A buceta de Akari o acolheu com calor e firmeza. Não havia resistência. Ela o envolvia como uma muralha viva, apertando-o com perfeição, milímetro por milímetro. Ele gemeu ao penetrá-la por completo, e ela respondeu com um gemido baixo, controlado, como quem calcula o efeito de cada movimento.
Ele começou a bombear devagar, e Akari o olhou com severidade doce:
— Mova-se como um jogador experiente, Willian. Cada estocada... é um lance.
Enquanto isso, Nyah se ajoelhou atrás dele, deslizando a língua por sua nuca, pelos ombros, pelos flancos, até alcançar os testículos, lambendo-os com o mesmo apetite selvagem que exibia antes.
— Você é um peão valente — sussurrou Nyah —, mas hoje... é nosso rei.
Willian se entregou por completo. As estocadas aumentaram de ritmo, de força. Akari arqueava o corpo em resposta, seus seios balançando em sincronia com os gemidos abafados.
Quando sentiu que o ápice se aproximava, Willian tentou resistir — mas Nyah já se erguia e dizia, com um sorriso feroz:
— Agora... minha vez.
Ela puxou Akari com força para o lado, e Akari riu, ofegante, rolando no tapete. Nyah empurrou Willian de costas, sentou sobre ele de frente e, com um único movimento firme, desceu com a buceta molhada, enterrando o pau dele até a base dentro de si.
Willian quase gritou de prazer.
— Vamos ver se você aguenta a cavalgada da Cavaleira Preta — provocou ela, e começou a cavalgar com intensidade, com ferocidade, como se quisesse fincar o estandarte da vitória em seu ventre.
Akari, deitada ao lado, acariciava os próprios seios, os olhos semicerrados, observando como uma rainha que assistia ao desfecho de uma batalha cuidadosamente orquestrada.
Nyah rebolava e saltava, as coxas poderosas guiando o ritmo, os gemidos rasgando o ar da sala. Willian segurava seus quadris com força, tentando manter o controle, mas era inútil.
— Goza, jogador — disse ela. — Goza como se essa fosse a última casa do tabuleiro.
Ele não resistiu.
Com um grito abafado e espasmos intensos, Willian gozou dentro dela — um orgasmo avassalador, como se cada peça do seu corpo tivesse sido tomada por um xeque-mate de prazer. Nyah gemeu junto, sentindo a pulsação dele dentro de si, enquanto Akari sorria satisfeita, como quem assistia ao fim de uma partida perfeitamente executada.
Nyah desceu do corpo dele e se deitou ao lado, ofegando. Akari se aproximou, acariciando os cabelos de Willian, e disse:
— Você se saiu melhor do que eu esperava, bruxo. Mas lembre-se... as torres defendem. E os cavalos... saltam.
Willian, sem fôlego, murmurou:
— E vocês duas... venceram.
Nyah riu. Akari selou a cena com um beijo em sua testa.
— Por hoje.
No dia seguinte, na recepção da biblioteca, recebeu um casal. Ela, uma ruiva lindíssima, na casa dos 20 anos, tatuagens nos braços, olhos brilhantes e uma presença absolutamente marcante. Ele, um cara normal de 40 anos, com uma camiseta da Marvel. Na verdade, a moça era tão bonita que qualquer coisa ao lado dela se esvaziava de interesse.
— Olá, eu busco um gibi raro. Quem sabe vocês tenham na biblioteca... — falou o homem.
— Temos uma razoável gibiteca aqui. O que procura exatamente?
— Procuro o primeiro exemplar da série da Feiticeira Escarlate, dos anos— 1994? Quem me dera — respondeu Willian, também fã da personagem, reconhecendo o pedido por algo raro. — É raridade. Dificilmente encontrará em bibliotecas. Quem tem, guarda — e muito bem guardado.
Diante da negativa, se despediram. Willian se virou e, no corredor interno da biblioteca, deu de cara com... a moça ruiva.
— Quem é você? — questionou a ruiva. — Por que está impregnado de magia?
— Do que está falando? — disse Willian, muito surpreso.
— Você é mago. Pratica magia. Consigo ver. O que é você?
— Eu sou Willian, o bibliotecário aqui... E você? Quem é você?!
— Eu sou Lumina.
(continua)
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