Sempre fui discreta. Meu nome é Lúcia — ao menos, é assim que gosto de ser chamada quando as luzes estão baixas, e a porta do meu quarto se fecha como o pano de um palco.
Durante o dia, sou invisível. Camisas neutras, passos contidos, voz calibrada. Mas à noite... à noite eu me permito ser quem realmente sou.
Tudo começou com um gesto simples: um batom vermelho. Quando o experimentei pela primeira vez, minhas mãos tremiam, mas meus lábios sorriram. Aquilo despertou algo em mim. Desde então, fui descobrindo o poder de uma meia arrastão, o abraço apertado de um espartilho, o salto que me obriga a rebolar com naturalidade. Cada peça de roupa me revelava um segredo meu.
Naquela sexta-feira, decidi ir além. Eu queria me mostrar — não apenas para alguém, mas para mim mesma. Vestida com meu vestido preto justo, cinta-liga e salto 15, saí para um bar conhecido por sua discrição e seus prazeres escondidos. O coração pulsava mais forte a cada passo.
Foi ali que encontrei ele.
Alto, olhar curioso, terno impecável, mas com a língua pronta para pecar. Aproximou-se devagar, como quem respeita, mas deseja. "Você está deslumbrante", disse. Eu sorri, mordi os lábios e agradeci com minha voz mais doce — aquela que só uso quando sou Lúcia por inteiro.
Conversamos, bebemos, trocamos provocações disfarçadas de elogios. Ele adorava a forma como eu cruzava as pernas, como deslizava os dedos pela taça. Quando o toque veio — sutil, firme — senti um arrepio percorrer minha espinha.
Horas depois, no quarto do motel mais próximo, sua gravata no chão se juntava à minha lingerie. Beijos, suspiros, gemidos abafados em almofadas vermelhas. Me despi sem vergonha. Ele me olhou como quem encontra um tesouro — e me devorou como quem tem fome.
Naquela noite, fui desejada. Mais que isso, fui vista. E nunca mais quis voltar a me esconder.
O som abafado do ar-condicionado e o roçar das meias contra o lençol eram os únicos ruídos que nos cercavam, além dos meus gemidos baixos, entrecortados, cada vez mais difíceis de conter.
Ele estava ajoelhado atrás de mim, com as mãos firmes apertando minha cintura, guiando os movimentos do meu quadril como quem conduz uma dança suja e deliciosa. Meu corpo se entregava, sem resistência, sem vergonha. Cada estocada dele me fazia morder o lábio, o rosto colado no travesseiro, o salto ainda firme no pé — porque eu queria ser vista assim: completamente feminina, desejada, montada com gosto.
— Assim, Lúcia... isso... você é perfeita — ele gemia entre os dentes, a voz grave embriagada de tesão.
Minhas mãos seguravam o ferro da cabeceira, e meu corpo rebolava de forma ritmada, sentindo sua pele quente batendo contra minhas nádegas, fazendo meu membro balançar livre, pulsando, melado. Cada vez que ele empurrava mais fundo, eu gemia mais alto, sentia o espremer apertado de dentro de mim querendo que ele nunca parasse.
Quando ele se inclinou sobre mim e sussurrou no meu ouvido, sua voz era uma mistura de ordem e promessa:
— Goza pra mim, Lúcia. Quero ver você se desfazer sendo minha.
E eu me desfiz.
Me chamo Lúcia. Sou crossdresser. E esta foi apenas a primeira de muitas noites onde me deixo viver intensamente... entre meias, segredos e gemidos.