O Jogo da Ambição e do Prazer (Capítulo 4: Superiores e Inferiores)

Um conto erótico de Dark Mistérios
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 1905 palavras
Data: 01/06/2025 18:08:01

No segundo andar, ficavam as suítes amplas e luxuosas, projetadas com requinte e atenção aos detalhes. Zuleica ocupava uma das primeiras suítes, enquanto Lívia foi acomodada em outra, um pouco mais adiante no corredor. Ao entrar em seu quarto, Lívia deparou-se com um ambiente que harmonizava conforto e conexão com a natureza, seguindo um estilo colonial clássico, com toques rústicos refinados e detalhes bucólicos. A serenidade do espaço era reforçada por uma paleta de cores suaves — verde-musgo, bege claro e dourado fosco —, criando uma atmosfera acolhedora.

O quarto, com cerca de 45 metros quadrados, tinha piso de madeira escura encerada, parcialmente coberto por um tapete de fibras naturais tingido artesanalmente. No centro, uma cama queen-size exibia uma cabeceira de ferro forjado, pintada de branco envelhecido com delicados arabescos florais. A roupa de cama, em linho cru, era complementada por mantas de lã leve e almofadas bordadas à mão com motivos botânicos. Ao lado da cama, dois criados-mudos de madeira rústica com tampos de mármore sustentavam luminárias de cúpulas bege, cuja luz suave convidava ao repouso. Um espelho oval com moldura esculpida adornava uma das paredes, refletindo a elegância do ambiente.

A suíte se abria para uma pequena sacada de ferro, decorada com vasos de samambaias e flores sazonais, que oferecia uma vista privilegiada do jardim interno e de sua fonte central de pedra. Uma mesa bistrô, acompanhada por duas cadeiras de ferro fundido, sugeria momentos de café da manhã ao ar livre, embora, naquele instante, o acesso à sacada estivesse trancado. As janelas, cobertas por cortinas de algodão leve presas com cordões de seda verde-oliva, permitiam que a brisa do jardim invadisse o quarto, trazendo o perfume de rosas e jasmins plantados logo abaixo.

Detalhes curiosos enriqueciam o ambiente: um pequeno cofre embutido atrás de um painel de madeira entalhada e uma porta discreta, camuflada na parede lateral, que dava acesso a um corredor de serviço usado pelos empregados para repor enxovais ou entregar refeições sem serem notados.

Deslumbrada com cada detalhe, Lívia, embora acostumada ao luxo, não pôde conter um suspiro de admiração. Dirigiu-se ao banheiro, que se revelou igualmente elegante e funcional. O piso, revestido de ladrilhos hidráulicos artesanais com desenhos geométricos em tons de azul e areia, harmonizava com a bancada de mármore travertino, que sustentava uma cuba esculpida e torneiras de bronze envelhecido. Uma banheira de imersão em cobre, de estilo colonial, ocupava um nicho em arco, ladeada por prateleiras com velas perfumadas e sais de banho naturais. Um box de vidro com chuveiro de cobre e nichos embutidos para toalhas e produtos de higiene completava o espaço.

De volta ao quarto, Lívia pegou sua bolsa, que descansava sobre a cama, e seguiu para o closet, acessado por outra porta discreta. O closet, revestido em madeira de carvalho, contava com armários embutidos, prateleiras e uma sapateira giratória. Um grande espelho de corpo inteiro com moldura dourada ocupava uma das paredes. Anexo ao closet, um boudoir exclusivo — um pequeno salão feminino — oferecia uma penteadeira clássica com espelho triplo, iluminação lateral, estofado de veludo rosa-claro e um biombo japonês pintado à mão, garantindo privacidade para trocas de roupa.

Enquanto organizava suas coisas, Lívia murmurou, frustrada:

— Por que limitar meus pertences a uma bolsa? Preciso trazer mais coisas. Com um closet desse tamanho, não ocupei nem 1% do espaço com o que trouxe.

Ela tirou as roupas, vestiu um roupão e voltou ao banheiro, onde passou longos minutos relaxando na banheira. Após se enxugar, colocou uma camisola de seda e deitou-se. Apesar do conforto da cama, o sono não veio. Lívia rolava de um lado para o outro, ansiosa pelo que estava por vir. Às vezes, uma pontada de raiva a invadia ao lembrar do incidente no heliporto. Sentia-se tola por ter caído na provocação de Zuleica.

Já de madrugada, inquieta, Lívia decidiu explorar o segundo andar. Vestiu um robe sobre a camisola, calçou pantufas e saiu do quarto. Caminhando pelo corredor, entrou em um escritório cuja decoração contrastava com a suavidade de sua suíte. O ambiente, em estilo colonial clássico com influências inglesas do século XVIII, exalava austeridade e simetria. A madeira maciça, o couro e os metais envelhecidos predominavam, criando uma atmosfera densa e formal, impregnada pelo aroma de madeira encerada, tabaco e livros antigos.

No centro do escritório, uma imponente escrivaninha de mogno, com acabamento encerado e colunas entalhadas à mão, dominava o espaço. Sua superfície, meticulosamente organizada, exibia apenas um porta-canetas de prata, um tinteiro de cristal com penas de escrever, um relógio de bolso antigo sobre uma bandeja e um globo terrestre de bronze. Atrás da mesa, uma poltrona de couro caramelo com detalhes em capitonê era ladeada por estantes embutidas, que cobriam as paredes do chão ao teto, abrigando volumes raros e tratados antigos encadernados em couro com títulos gravados a ouro. Duas cadeiras de madeira e couro, de espaldar reto, posicionavam-se à frente da escrivaninha. O piso de madeira escura era quase inteiramente coberto por um tapete oriental com desenhos geométricos em tons sóbrios de vinho, azul e bege.

Lívia se agachou e começou a vasculhar as gavetas da escrivaninha, na esperança de encontrar algo que lhe desse alguma vantagem no jogo. De repente, um tapa forte em seu bumbum a fez pular de susto.

— AHHH! — gritou, virando-se. — Você de novo! O que eu te disse sobre me tocar?

Era Zuleica, rindo do susto que causara.

— Você disse que eu me arrependeria deste emprego — retrucou Zuleica, com um sorriso debochado. — Mas acontece que não estou na equipe da Mansão Monteblanco, então não tenho nada a temer. — Ela riu ainda mais.

— Você se acha a palhaça, né? — rebateu Lívia, irritada. — Pois vou fazer você se arrepender de participar deste reality.

— Veremos! — respondeu Zuleica, com um tom desafiador. — Agora, mudando de assunto, o que você estava fazendo aí?

— Não é da sua conta — cortou Lívia.

— Bisbilhotar é feio, sabia? — provocou Zuleica.

De repente, uma das estantes começou a se mover, fazendo as duas darem um salto de susto. De dentro da passagem secreta, surgiu seu Ari, vestindo um roupão clássico e sapatos visivelmente caros. Ele riu da reação das duas.

— Calma, meninas, parece que viram um fantasma! — disse, com um tom descontraído.

As duas, que nunca o haviam visto pessoalmente — apenas por teleconferências ou fotos, no caso de Zuleica —, ficaram atônitas.

— Seu Ari, é o senhor? — perguntou Zuleica, ainda assustada.

— O próprio — respondeu ele, com um leve sorriso.

— Mas de onde o senhor está vindo? — indagou Lívia, igualmente surpresa.

— Esta casa é cheia de passagens secretas — disse ele, com um ar misterioso.

Logo em seguida, outro homem saiu da passagem: seu Inácio, que parecia agitado.

— Seu Ari, o que o senhor está fazendo aqui? Precisa repousar! — exclamou, antes de se voltar para as duas. — E vocês, diante de seu Ari, o que estão esperando? Tirem os calçados e prostrem-se!

Lívia e Zuleica ficaram paralisadas, sem reação. Seu Ari, porém, interveio rapidamente.

— Calma, Inácio, não é necessário — disse, com um gesto apaziguador. — Peço desculpas pelo meu secretário. Por que não se sentam e relaxam?

As duas se acomodaram nas cadeiras à frente da escrivaninha, ainda um pouco tensas. Seu Ari sentou-se na poltrona de couro, enquanto Inácio desapareceu pela passagem secreta, que se fechou atrás dele. Ari começou a conversar com elas, com um tom surpreendentemente leve e descontraído, arrancando até alguns sorrisos. Lívia, que só o conhecia das teleconferências, notou um lado mais acessível dele. Zuleica, que nunca tivera contato direto, sentiu-se à vontade para perguntar:

— Seu Ari, mudando de assunto, fiquei curiosa: por que seus funcionários estão todos descalços? É algum tipo de fetiche?

Um silêncio pesado tomou o ambiente. Ari se levantou, caminhou até Zuleica e se agachou, ficando face a face com ela. Com uma expressão séria, disse:

— É uma demonstração de quem é superior e inferior. Uma questão de poder.

Zuleica engoliu em seco, temendo ter cometido um erro. Lívia, por sua vez, esboçou um leve sorriso, pensando que a rival havia se dado mal. Mas, de repente, Ari soltou uma gargalhada.

— Nossa, você precisava ver sua cara de pavor! — disse ele, descontraído. — Na verdade, é só um fetiche por pés. Pago um bom salário, e eles não se importam... ou será que se importam? — Ele piscou para Lívia, rindo. — Adoro pés, especialmente os femininos.

Zuleica relaxou e riu, aliviada.

— Nossa, seu Ari, que fetiche louco! — exclamou. — Estou me sentindo nua com minhas Havaianas.

Lívia, porém, permaneceu séria, com as pernas cruzadas, percebendo no olhar de Ari que a história dos pés descalços ia além de um simples fetiche. Havia, sim, uma questão de poder implícita. Zuleica, alheia à tensão, notou a expressão de Lívia e, em um gesto provocador, puxou uma de suas pantufas e a jogou em direção à porta.

— Olha, seu Ari, um presentinho: pezinho de princesa! — disse, rindo.

— Sua idiota! — retrucou Lívia, levantando-se irritada. Ela caminhou até a pantufa, calçou-a novamente e se virou para Ari. — Me perdoe, seu Ari, mas vou voltar para meu quarto. — Seu olhar, porém, era de puro ódio dirigido a Zuleica.

Lívia saiu do escritório. Zuleica, ainda rindo, despediu-se de Ari.

— Foi ótimo conhecê-lo pessoalmente, seu Ari, mas também vou voltar para meu quarto.

No corredor, Zuleica alcançou Lívia, deu outro tapa em seu bumbum e correu para sua suíte, trancando a porta. Lívia, fervendo de raiva, correu atrás, mas encontrou a porta fechada. Resmungando, seguiu para sua suíte. Ao abrir a porta, levou um susto quando alguém tocou seu ombro.

- Camila! Você aqui! — exclamou Lívia, surpresa.

Camila a encarou com um olhar gélido, carregado de tensão. Apesar do nervosismo que a presença de Camila despertava, Lívia esboçou um sorriso provocador.

— Vai ser um prazer te derrotar novamente — disse Lívia, com um tom cortante, antes de entrar em seu quarto e trancar a porta com um clique seco.

As duas eram rivais ferrenhas na empresa, mas nem sempre fora assim. Quando Lívia ingressou na equipe de marketing do Banco Monteblanco, Camila já era uma figura consolidada no time. Foi uma das primeiras a se aproximar de Lívia, acolhendo-a com simpatia, e logo se tornaram amigas. A relação, porém, mudou drasticamente anos depois, quando ambas concorreram à vaga de diretora de marketing do banco. Camila era a favorita, com sua experiência e popularidade no grupo. No entanto, para surpresa de todos, Lívia foi a escolhida.

A decisão acendeu uma faísca de ressentimento. Camila lançou uma série de acusações contra Lívia, questionando sua competência e até sua integridade. Lívia, por sua vez, não se calou, respondendo com acusações igualmente graves, algumas de cunho pessoal. Desde então, a amizade se transformou em uma das maiores rivalidades dentro do grupo Monteblanco. Ferida com a derrota, Camila abandonou o marketing e migrou para a área de operações, onde, com sua determinação, alcançou o cargo de diretora de operações em poucos anos. Lívia, por outro lado, continuou sua ascensão meteórica: após se consolidar como diretora de marketing do banco, foi promovida a diretora da holding administrativa de marketing de todo o grupo, um cargo de ainda maior prestígio.

Após trancar a porta, Lívia respirou fundo, tentando dissipar a tensão do encontro. Enquanto isso, Camila seguiu pelo corredor com passos firmes até o escritório. Ao entrar, deparou-se com seu Ari, sentado em uma imponente poltrona de couro, com um ar sereno, mas enigmático.

— Seu Ari! — exclamou Camila, surpresa.

Num gesto inesperado, ela tirou os chinelos, ajoelhou-se e se prostrou diante dele, em um ato que misturava respeito e submissão.

Continua no próximo capítulo...

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