Segredos do Coração - Superando o Passado. Parte 34.

Um conto erótico de Ménage Literário
Categoria: Heterossexual
Contém 8815 palavras
Data: 30/06/2025 15:31:37

Parte 34: “Te Quero Como Queres Um Bem, Porque Te Quero Bem…”*

A luz do início da tarde atravessava a cortina entreaberta, tingindo o quarto com um preguiçoso tom âmbar. Jonas ajeitou o corpo na cama, escorado na cabeceira, os olhos semicerrados observando Cora, que se vestia lentamente, sem pressa, como se saboreasse cada segundo do pós-sexo. Após a rapidinha em pé, passaram quase uma hora na cama, fodendo de forma intensa e selvagem.

Jonas esticou a mão e puxou Cora pela cintura, a trazendo de volta para perto.

— Você sempre é assim? — Perguntou, com um sorriso ambíguo. — Explosiva ... e cheia de segredos?

Cora riu, passando a unha de leve pelo peito dele.

— Eu diria que sou intensa. Segredos … só quando valem a pena.

Jonas se esticou para pegar a garrafa de água na mesa de cabeceira, bebeu um gole e então mirou nos olhos dela.

— Me diz uma coisa ... Qual é o seu real interesse no Celo? Porque toda essa movimentação não parece só ego ferido.

Ela arqueou uma sobrancelha, caminhando nua até a poltrona, onde sua lingerie estava largada. Enquanto vestia a peça, respondeu com naturalidade:

— No começo foi só orgulho mesmo. Fui rejeitada, sabe? Eu. — Ela se virou, apontando para si mesma com uma expressão quase ofendida. — Depois, virou uma questão de justiça. Ele precisa sentir o gosto da humilhação. Do abandono. Da perda.

Jonas franziu levemente a testa, curioso.

— Justiça ou vingança?

— Chame como quiser. Não sou do tipo que engole as coisas calada.

Ele inclinou a cabeça, analisando.

— E eu? O que ganho nessa história, Cora? Qual é a minha vantagem?

Ela sorriu, colocando a blusa.

— Mari. Você ganha a Mari, ué. Não é isso que você quer?

Jonas se calou por um momento. A ideia já não brilhava como antes. Aquela noite, quando tudo deu errado com Mari, ali mesmo, naquele quarto de hotel, ainda latejava em sua memória como uma ferida mal cicatrizada.

— Talvez Mari e eu nunca fôssemos possíveis, Cora. — Ele disse, sem rodeios. — Talvez eu tenha me precipitado. Forçado uma aproximação que não tinha espaço ou não era o tempo pra acontecer.

Cora, tentando manter o controle da conversa, se aproximou e sentou-se na beira da cama.

— Você está querendo dizer que vai desistir?

— Não sei, ao certo. — Jonas respondeu, sem muita firmeza. — Só estou dizendo que talvez eu tenha enxergado algo que não existia. Mari ... ela só queria um apoio, alguém que a fizesse esquecer a dor. E eu ... bem, eu me deixei levar pelo desejo de ser esse alguém.

Cora mordeu o lábio inferior, pensativa, antes de dizer:

— Mas ela deixou você entrar. Viveu o momento. Isso não significa nada?

Jonas deu de ombros.

— Às vezes, quem tá afundando agarra a primeira mão que aparece. Mas isso não quer dizer que essa mão seja a certa.

O silêncio se estendeu por alguns segundos, até que ele emendou, mais sério:

— E tem outra coisa, Cora. O seu marido é o braço direito do meu sócio. Se isso aqui — ele apontou para os dois — virar fofoca, escândalo, ou, pior, se virar munição pra alguém, você tem noção da merda que pode dar?

Cora não se abateu. Levantou-se lentamente, esticando a blusa pelo corpo, e virou-se para ele com um sorriso debochado.

— Você está entre nós há quantos meses, Jonas? Ainda não percebeu que somos todos liberais? Sim, todos. — Ela enfatizou a palavra com uma ironia elegante. — Pelo jeito, você sabe muito pouco, ainda.

Jonas ficou genuinamente surpreso.

— Todos? Você, seu marido … Até mesmo o Paul e a Anna?

— Até eles. Mais o Chris e a Fabi. — Cora confirmou, como quem fala do clima. — Todos gostamos de fugir do convencional.

Jonas se recostou na cabeceira, processando a informação. A princípio, ficou em silêncio. Mas então, um sorriso enviesado surgiu no canto da boca.

— Isso muda tudo.

Cora o observou, intrigada.

— Muda?

— Me dá uma nova perspectiva. — Jonas respondeu, agora mais à vontade. — Se todo mundo nesse círculo é “liberal”, e ainda assim vocês vivem se enroscando em ciúmes, brigas e reviravoltas … alguma coisa não tá funcionando direito.

Cora riu, mas sem humor.

— Porque, na teoria, é tudo muito bonito. Mas na prática, meu bem, são sempre as mesmas crises de ego, posse e insegurança disfarçada de liberdade. Todo mundo quer brincar, desde que continue sendo o brinquedo favorito do outro.

Jonas refletiu por um instante e então decidiu ir mais fundo:

— O que aconteceu, de verdade, entre Mari e Celo? Eles foram … ou melhor, ainda estão casados há mais de vinte anos. O que aconteceu?

Cora fez uma careta, como quem lembra de uma comida amarga.

— Também tem a ver com isso que eu falei. Estavam curiosos. Quiseram experimentar. Anna e Paul deveriam ter sido os primeiros parceiros ... só que, como sempre, alguém queimou a largada.

— Queimou a largada? — Jonas repetiu, surpreso.

— É. — Cora bufou, mais para si mesma do que para ele. — Paul e Mari … os dois desrespeitaram umas regras bobas, acordos idiotas que foram feitos antes. Aquilo … o que aconteceu naquele primeiro encontro ... — ela riu com escárnio — foi a faísca que acendeu o barril de pólvora.

Jonas estreitou os olhos, interessado.

— Que tipo de regra?

— Ah, aquelas besteiras de casal inseguro: vamos conversar sobre tudo, não vamos fazer nada sem a permissão do outro … tipo, bota só a cabecinha, sabe? E, adivinha? — Ela sorriu maliciosa, se divertindo ao contar a desgraça alheia. — Foi exatamente o que aconteceu. Mari e Paul se viram sozinhos, a coisa saiu do controle ... e o Celo surtou.

Cora se levantou e foi até a janela. Observou a cidade lá embaixo por um instante antes de soltar, quase em um sussurro irritado:

— Detesto esse negócio de regra. Ou é liberal ou não é. O próprio nome já diz: “liberal”. O oposto de “restritivo”.

Jonas soltou uma risada seca, pegando sua camisa jogada ao pé da cama.

— Engraçado ... quanto mais vocês tentam se libertar, mais parecem presos uns aos outros.

Ela virou o rosto para ele, provocativa:

— E mesmo assim, aqui está você. Sem perceber, preso a tudo isso também.

Ele não respondeu. Só a encarou por um momento, avaliando. Aquilo era mais do que um jogo. Era uma rede. Uma teia de vaidade, prazer, dor e desejo. E ele estava, definitivamente, enredado.

Jonas ainda estava sentado à beira da cama, agora vestindo apenas a calça, observando Cora com um interesse genuíno, e não apenas carnal. Ele inclinou-se ligeiramente para frente, o olhar cravado nela.

— Me diz, Cora ... o Celo vale mesmo todo esse esforço? — Sua voz era direta, cortante. — Esse teatro, esse plano, essas jogadas? Ele é tudo isso mesmo?

Cora virou o rosto para ele, cruzando os braços com um sorrisinho cínico.

— Eu já disse. Não é por ele.

— Então por quê?

Ela hesitou por um segundo, mas a garrafa de vinho aberta no canto e o efeito ainda recente do sexo a deixavam menos filtrada, mais propensa a abrir a guarda.

— É por sempre pegar a sobra, sabe? — Ela respondeu, com amargura. — Por nunca ser a primeira opção. Cansei disso.

Jonas levantou uma sobrancelha, intrigado. Ficou em silêncio, esperando que ela continuasse. Cora suspirou fundo e, num rompante de sinceridade, deixou escapar mais do que deveria.

— É sempre a Anna. Tudo é sempre dela. A queridinha, a perfeita. Também, como competir com o pacote premium? Loira, esbelta, olhos azuis ... — Ela revirou os olhos. — A porra da mulher parece uma rainha viking. Uma princesa de conto de fadas.

Jonas não conseguiu segurar a risada. Não de deboche, mas de surpresa.

— Mas vocês não são amigas? Melhores amigas, pelo que me disseram. Isso aí tá me parecendo ... sei lá ... inveja?

Cora o encarou com olhos apertados, como se ponderasse se valia a pena se justificar. Mas no fim, apenas deu um leve sorriso torto e balançou a cabeça.

— Não é inveja, Jonas. É só ... vontade de ser a primeira. Ao menos uma vez. Não só estar lá, não só de ser chamada pra festa, mas de ser a escolhida. A mais desejada. A prioridade.

Ela virou de costas para ele, ajeitando o cabelo diante do espelho do quarto, a voz saindo mais baixa:

— Eu tô cansada de fingir que não me importo. De dizer que tá tudo bem. De rir e concordar com tudo enquanto, por dentro, eu tô engolindo a sensação de ser sempre o segundo lugar.

Jonas a observou em silêncio. Vendo Cora sem armadura. Sem o veneno. Só uma mulher frustrada, ferida por uma vida de meias escolhas. Cora se aproximou, se encostando na cabeceira da cama. Ela olhou para Jonas, os olhos agora mais sombrios do que sedutores.

— Veja o Giba, por exemplo. Meu marido. — A voz dela saiu com um toque de amargura. — Ele tem orgulho de ser o braço direito do Paul. O escudeiro. Isso começou lá atrás, ainda na faculdade. Sempre se colocando em segundo lugar, desviando dos próprios sonhos para viver os sonhos do Paul.

Jonas a observava com atenção, inclinado levemente na direção dela. Mas não disse nada. Ainda.

— Me apaixonei pelo Giba à primeira vista. Pela mente agitada, pela inteligência. Mas ele sempre ... sempre abriu caminho para o Paul. Usou tudo o que sabia, toda a criatividade, a sagacidade, pra fazer o Paul crescer. E conseguiu. — Ela riu, mas sem alegria. — Conseguiu até demais.

Jonas então interveio, sem esconder o tom prático:

— Cora, o Giba é o homem de confiança do Paul. Vice-presidente, o segundo em comando. Isso não é pouca coisa. Seu marido é um cara respeitado, querido, até disputado pelo mercado.

Cora girou os olhos, impaciente, e não hesitou em retrucar:

— E ainda assim … sempre o segundo. Sempre atrás do Paul. Sempre largando tudo para fazer a vontade do mestre.

Ela respirou fundo, e dessa vez, havia um quê de amargura em sua expressão. Não vitimismo, mas dor.

— E eu? Eu, por tabela, acabei vivendo a mesma história. A segunda da Anna. A sombra. A peça de apoio. A reserva de luxo. — Ela deu de ombros, o olhar perdido. — Sei lá ... eu só me cansei. Quero ser a protagonista da minha própria história. Nem que seja só por um capítulo.

Jonas encarou Cora por um instante, digerindo cada palavra. Sabia que havia ali uma mulher no limite entre a ferida e o veneno, e talvez essa fosse a parte mais perigosa de todas.

Jonas já tinha o quebra-cabeça montado. Aquilo tudo era maior do que um simples jogo de sedução. Talvez fosse uma armadilha mal disfarçada de vingança, e ele sabia muito bem o que estava em risco.

— Me desculpa, Cora. — Disse, com uma frieza controlada na voz. — Mas eu acredito que não tenho como te ajudar.

Ela o olhou, surpresa com a firmeza.

— Você é um tesão, não vou negar. E agora que sei que é liberal ... quem sabe a gente não repete a dose? — Ele deu um sorriso torto, quase sarcástico. — Mas me meter nos problemas dos outros? Lutar uma guerra que não é minha? Isso, definitivamente, não faz parte dos meus planos.

Cora ainda procurava uma resposta, indignada com a rejeição inesperada. Jonas, impassível, continuou:

— Sendo bem honesto, eu acredito que a Mari, nesse momento, queira distância de mim. E não a culpo. Fui um babaca. — Ele se lamentou. — Tenho problemas o bastante para resolver, e pouca disposição pra me aliar a alguém que tem o ego ferido ou, sei lá, está apenas fazendo birra.

Vendo que ela já estava praticamente vestida, ele caminhou até a porta, a mão firme na maçaneta. Abriu, encarando-a.

— Eu não posso … eu tenho muito a perder … e o risco de não conseguir a Mari. — Disse Jonas, de forma vacilante.

Silêncio. Pesado e profundo. Mas Cora percebeu uma certa indecisão na resposta de Jonas.

— Jonas, pense com calma, reflita. Se mudar de ideia, sabe onde me encontrar.

Após a resposta, Cora caminhou até a porta com passos decididos, o queixo erguido, não deixando transparecer o golpe e deu um leve selinho nele. Passou por ele sem olhar para trás. Uma rainha destronada tentando salvar o resto da dignidade.

Jonas fechou a porta devagar, respirou fundo e caminhou até o frigobar. Pegou uma cerveja, abriu, deu o primeiro gole longo e se jogou no sofá. A mente fervilhando, o corpo cansado, e a alma desorientada.

Pegou o celular e buscou a conversa com Mari. Ela ainda não havia respondido sua primeira mensagem, seu pedido de desculpas. Precisava tentar novamente, não tinha mais nada a perder.

{…}

Mari estava sozinha na sala, sentada no sofá com uma xícara de chá quase esquecida nas mãos. Os girassóis no vaso de cristal, começando a perder vitalidade, roubavam sua atenção. O brilho amarelo ainda vibrante das pétalas refletia na luz suave da tarde, iluminando a memória da mãe e a presença reconfortante de Celo em seu pensamento. Sorriu sozinha, pensativa.

Quando Daniela entrou em casa, largando a bolsa no sofá e espreguiçando-se com um ar cansado, Mari a chamou com suavidade:

— Dani, vem cá. Quero te mostrar uma coisa.

A filha se aproximou curiosa, e Mari a guiou até a mesa de jantar, onde um envelope repousava com elegância. Abriu devagar, revelando uma pasta com a logomarca de uma renomada empresa de intercâmbio, entregue naquela manhã.

— O que é isso? — Daniela olhou os papéis desconfiada.

Mari respirou fundo e começou, com a voz cheia de emoção contida:

— Eu entrei em contato com uma agência especializada em programas de intercâmbio e anos sabáticos. Eles montam roteiros para pessoas que querem viajar pelo mundo, conhecer novas culturas, se descobrir … E eu fiz uma reserva. É um presente. Meu presente pra você.

Daniela arregalou os olhos, completamente sem reação.

— Mãe …?

— Eu sei o quanto você renunciou à sua vida, por mim. Por tudo o que passou. Você interrompeu a faculdade, colocou seus sonhos em pausa … Cuidou de mim quando nem eu sabia cuidar de mim mesma. — Mari segurou a mão da filha com carinho. — Agora é hora de retribuir. E te dar a liberdade que você merece. A viagem pode acontecer quando você quiser. Você escolhe. Antes de voltar para a faculdade … ou depois.

Daniela engoliu em seco. Os olhos marejaram, mas o sorriso brotou rápido.

— Eu já reativei a matrícula. — Disse baixinho. — Quero terminar o curso primeiro. Quero me formar, mãe. A viagem vai ser meu presente de formatura. Uma comemoração da nossa vitória. Minha e sua.

Mari se emocionou. Um nó se formou na garganta. Ela acariciou o rosto da filha e sorriu com ternura.

— Você me enche de orgulho. Cada dia mais.

Daniela a abraçou apertado, e naquele abraço longo, Mari sentiu que, apesar de todos os tropeços, algo muito precioso seguia intacto: o amor entre mãe e filha. Um amor que se fortalecia em cada gesto, cada escolha, cada sacrifício silencioso.

Daniela, ainda eufórica, subiu as escadas com o celular já no ouvido, ansiosa para compartilhar a novidade com as amigas. A voz animada da filha ecoava pela casa, misturada a risadinhas empolgadas. Mari ficou parada no centro da sala, absorvendo aquele momento de calmaria, algo raro nos últimos tempos.

Seu olhar recaiu, novamente, sobre os girassóis na mesinha de centro, e por um instante, pensou em Celo. Queria ouvir a voz dele. Falar sobre qualquer coisa. Sobre nada … talvez sobre tudo.

Mas o momento foi interrompido por uma vibração súbita do celular. Uma nova mensagem. O nome na tela fez seu coração afundar: Jonas.

"Mari, me desculpa invadir seu silêncio de novo. Eu sei que você não quer me ouvir. Eu sei que errei feio. Mas por favor, só me dê uma chance de me desculpar, pessoalmente. Sem pressões, sem segundas intenções. Só me deixa explicar. É tudo o que eu peço”.

Mari leu a mensagem uma, duas, três vezes. O corpo permaneceu imóvel, mas a mente rodava como um redemoinho. Era justo oferecer aquele espaço? Seria perigoso? Ele realmente merecia?

Ela permaneceu, sentada no sofá, os dedos passando lentamente pelas bordas do celular, como se o aparelho pudesse lhe dar a resposta certa. Quase uma hora se passou até que, decidida, digitou:

"Podemos nos encontrar. Mas em um lugar público. Neutro. Sem espaço para confusão. Vai ser no Shopping Central, em uma hora”.

A resposta de Jonas chegou em segundos, quase como se ele estivesse com a mensagem dela aberta, esperando:

"Estarei lá. Obrigado por me dar essa chance”.

Mari soltou o ar devagar, como se esvaziasse a tensão presa no peito. Mas não estava totalmente tranquila. Como se fosse “transmissão de pensamento” uma nova conversa se ativou em seu celular: Luciana.

“Oi, amiga. Tá fazendo o que? Acabei meu expediente agora, vamos tomar um capuccino?”.

"Oi, Lu. Agora eu não posso. Marquei de me encontrar com o Jonas. No shopping. Ele quer se desculpar, pessoalmente”. — Respondeu Mari.

A resposta de Luciana foi direta:

“Ah, mas você não vai mesmo!!! Só se eu for junto”.

“Lu, fica calma, não precisa ir junto. Foi por isso que eu marquei em um lugar público”.

“Não quero saber. Você só vai, se eu for junto, e ponto”.

“Tá bom … então, vamos fazer assim ... Não vou pedir para você me impedir, nem me julgar, mas você pode ficar por perto. Vou me encontrar com o Jonas só pra resolver de vez. Tudo bem?”.

Luciana respondeu quase que de imediato:

"Tudo bem. Tô com você. Me diz o horário. E fica tranquila. Se ele der um passo em falso, não vai ficar sem resposta".

Mari sorriu. Com a amiga ao lado, mesmo achando que não era necessário, se sentia segura. Tomou um banho rápido, se arrumou de forma simples, para não dar a Jonas a impressão errada. Saiu de casa pouco depois.

O estacionamento do shopping estava movimentado no fim da tarde, mas Mari reconheceu o carro de Luciana assim que estacionou. Usavam sempre as mesmas vagas, um ponto de encontro antigo. Caminhou até a amiga, que já a esperava encostada no capô, de braços cruzados e olhar atento.

— Tudo certo? — Mari perguntou, demonstrando estar firme.

Luciana assentiu, com um sorriso leve.

— Tô aqui. E vai dar tudo certo. Só não esquece que qualquer sinal, qualquer coisa estranha, é só olhar na minha direção.

As duas entraram juntas, mas assim que cruzaram as portas de vidro, se separaram discretamente. Mari seguiu para a praça de alimentação, enquanto Luciana tomou outro caminho, circulando o ambiente com o olhar antes de se acomodar em uma mesa mais afastada, de onde conseguia enxergar tudo.

Mari pegou o celular e digitou:

“Já cheguei. Estou próxima à saída norte da área de alimentação”.

Jonas não demorou. Surgiu no corredor oposto, os olhos varrendo o ambiente até encontrá-la. Seu rosto estava abatido, os olhos fundos, o semblante fechado e tenso. Vestia uma camisa escura e calça jeans, sem o brilho arrogante de outras vezes. Parou a poucos passos dela.

— Oi! — Disse com a voz rouca. — Você quer tomar um café? Comer alguma coisa?

Ele deu um pequeno passo à frente, como se, instintivamente, quisesse estar mais perto, mas Mari recuou de leve, apenas o suficiente para manter a distância segura.

Jonas parou. Suspirou fundo. Baixou os olhos.

— É justo ...

Ficaram em silêncio por alguns segundos. Ele então ergueu os olhos e começou, com a voz embargada:

— Eu não tenho palavras para descrever o quanto estou envergonhado, Mari. Não paro de pensar naquele momento. Em como agi. Eu me perdi ... Eu vi aquelas fotos, você com o Celo, com os seus filhos ... tão feliz. E eu surtei. Foi ciúme. Medo. Frustração. Eu achei que você estava jogando comigo ...

Ele respirou fundo, tentando manter o controle da voz:

— Mas nada justifica. Nada. Eu invadi o seu espaço. Eu te assustei. E isso ... isso me destrói por dentro. Porque a última coisa que eu queria era te magoar. Eu queria ... sei lá, ser alguém bom pra você. E falhei.

Mari o ouviu com atenção, mas seu rosto permaneceu firme. Quando ele terminou, ela assentiu devagar.

— Eu entendo o que passou pela sua cabeça. De verdade. Ver aquelas fotos deve ter mexido com você. Mas isso não te dava o direito de agir como agiu. Eu confiei em você, Jonas. Abri meu coração, te dei meu corpo ... E na primeira dificuldade, você simplesmente explodiu. Jogou fora tudo que a gente construiu. Sem, sequer, me dar a chance de me explicar.

Ele baixou os olhos outra vez, claramente atingido.

— Eu sei. Eu fui um idiota. Não quero tentar me justificar. Só ... precisava olhar nos seus olhos e pedir perdão. De verdade.

Mari respirou fundo. A dor ainda estava viva, mas não queria sair dali com raiva.

— Eu sei que você não é uma pessoa ruim. Mas você me assustou. E isso ... não dá pra apagar. A confiança, Jonas ... ela é frágil. Demora tanto pra construir, e em um segundo, pode se perder.

Ele hesitou, antes de perguntar, baixinho:

— Então, isso é um adeus?

Mari olhou para ele com sinceridade. Não queria ser cruel, mas também não podia dar falsas esperanças.

— Eu não sei, Jonas. De verdade. Só sei que ... agora … depois do que aconteceu …

Mari respirou fundo, ajeitando a postura, e olhou bem fundo nos olhos dele:

— A gente teve momentos bons, e eu te agradeço por isso. Mas eu … você me assustou, Jonas. Você … me mostrou um lado incrível, cavalheiro, confiável … e de repente, se transformou. Não sei se … e tem o Celo … e tem meus filhos … eu não quero que você entenda errado, mas você sabia da minha história, quando começamos a nos relacionar ... Não acho que seria justo com você ...

— Mari, você está certa em tudo o que disse. Eu sabia da sua história e, mesmo assim, me interessei por você. Fui o mais verdadeiro possível com você. Mas, cometi um erro. Um erro não, um crime, agindo como o fiz. Só te peço que não se preocupe “se seria justo para mim”. Se você não me rechaçar, não me cortar da sua vida de uma vez, eu pretendo reconquistar a sua confiança. — Disse Jonas, sem tirar os olhos de Mari.

A resposta de Mari não abalou a confiança de Jonas.

— Jonas, eu não posso te garantir …

Jonas assentiu, engolindo em seco. Não insistiu. Apenas deu um passo para trás, dando espaço.

— Obrigado por vir. Por me ouvir. Eu ... espero que você fique bem.

— Você também, Jonas. — Disse Mari, com um tom gentil, mas firme.

Ele se afastou devagar, sem olhar para trás.

Mari esperou alguns segundos antes de olhar discretamente para Luciana, que já vinha se aproximando com passos leves. Ao encontrar a amiga, soltou o ar preso e deixou os ombros caírem, como se enfim pudesse descansar.

Luciana passou o braço por seus ombros.

— Vamos embora? Ou quer comer alguma coisa? Eu estou faminta.

Mari abraçou a amiga, agradecendo silenciosamente o apoio. Ainda abraçadas, Mari a puxou para seu local favorito, onde eram vendidas as batatas recheadas.

— Queijo e bacon, correto? — Mari piscou para ela.

— Sempre. Não tem erro. — Luciana respondeu.

Talvez fosse a hora de deixar o passado ali, naquele shopping, e seguir em frente.

Talvez, não. Ainda era preciso ter certeza.

{…}

Os papéis estavam todos empilhados à esquerda da mesa de Paul. Ele assinava as últimas páginas com a mesma calma de sempre, enquanto Giba conferia as cláusulas finais dos contratos. Havia confiança, e não só no aspecto profissional, mas construída ao longo de uma vida inteira de parceria.

— Pronto. — Paul fechou a pasta de couro, levantando-se em seguida. — Está tudo certo. E você já está incluído também como sócio nesse novo projeto. Você merece, amigo.

Giba arregalou os olhos, surpreso.

— Paul, isso não era necessário. Você já me paga muito bem.

Paul já estava no bar discreto, embutido no canto do escritório. Pegou duas doses generosas de whisky e entregou uma ao amigo.

— Você não é só um funcionário. Nunca foi. É meu amigo. Meu irmão, praticamente. E amigos não deixam amigos de fora do que constroem.

Eles brindaram em silêncio, bebendo lentamente. O líquido queimou suave na garganta. Um silêncio confortável se instalou por um instante, até Paul decidir tocar no que realmente queria.

— E você? — Perguntou com delicadeza. — Tem andado meio calado. Tá tudo certo entre você e a Cora?

Giba sorriu timidamente, mas sem alegria.

— Não sei, Paul. Ela tá ... estranha. Anda sumindo, evita conversar. Quando pergunto, diz que precisava de um tempo. Se insisto, se irrita. Sabe quando você sente que a pessoa tá te escapando pelos dedos e você finge que não tá vendo?

Paul balançou a cabeça, assentindo.

— Eu fiquei na dúvida se te contava ou não, mas acho que você merece saber.

Giba levantou os olhos, atento. Paul prosseguiu, sem rodeios:

— Ontem, lá em casa, no jantar com o Celo ... ele contou uma coisa. Disse que num fim de semana, naquela cidadezinha onde costuma tocar, a Cora apareceu por lá. Sozinha. E foi atrás dele.

Giba ficou imóvel. Só o músculo do maxilar pareceu se mover, contraído.

— Disse que ela tentou seduzi-lo, Giba. — Paul continuou. — Que insistiu. E que mostrou fotos da Mari com o Jonas, como se quisesse envenená-lo, fazê-lo acreditar que a Mari já estava em outra, seguindo em frente.

— Fotos? — Giba sussurrou, quase sem ar. — Que fotos?

— De passeios inofensivos. Mas feitas com ângulos bem pensados. Sugestivas. Segundo o Celo, tudo armado para parecer mais do que era.

Giba se levantou do sofá, andou alguns passos, os dedos passando pelos cabelos. Paul ainda não tinha terminado.

— E ela sabia que a Mari ia atrás do Celo. Mari contou isso quando esteve lá em casa, naquele jantar. Estamos todos juntos, lembra? Ela falou que ia tentar reatar, que ia até a cidade onde o Celo estava. Contou isso na frente da Cora.

— Então a Cora premeditou tudo? — Giba perguntou, incrédulo.

— Parece que sim, amigo. — Paul respondeu. — Ela escutou, ficou em silêncio ... e no dia seguinte, apareceu no mesmo lugar.

Giba largou o copo na mesa com força controlada. Não quebrou, mas o som seco preencheu o ambiente.

— Eu achava que conhecia minha mulher, Paul. Juro por Deus.

Paul se aproximou, colocou a mão no ombro do amigo.

— Às vezes, a gente só vê o que quer ver. Mas agora você sabe. E precisa decidir o que vai fazer com essa informação.

Giba não respondeu. Apenas olhou pela janela do escritório, o olhar perdido no horizonte, onde o vidro refletia mais dúvidas do que respostas.

O relógio já tinha passado das oito da noite quando Giba abriu a porta de casa. As horas passaram, lentas até o final do expediente. As luzes estavam apagadas, o ar parado. Tirou os sapatos no hall e foi direto para a cozinha, tentando manter a calma, mesmo com o estômago revirando desde o final da tarde. Cora ainda não estava em casa.

Sentou-se no sofá da sala e esperou. As mãos inquietas, o celular ao lado, a mente cheia. A cada som vindo da rua, um sobressalto.

Finalmente, próximo às vinte e uma horas, a porta se abriu. Cora entrou, jogando a bolsa no aparador e tirando os sapatos com desleixo. Estava com uma roupa bonita, maquiagem leve, o cabelo bem arrumado. Percebeu Giba sentado e franziu a testa, surpresa com a presença dele, estático, no escuro.

— Que susto, Giba! Que cara é essa? — Disse, tentando soar natural, mesmo percebendo que algo estava fora do lugar.

Giba se levantou devagar. O olhar firme, sem o sorriso de costume.

— Onde você estava, Cora?

Ela revirou os olhos.

— Ah, por favor ... Já vai começar? Eu saí. Fui ver uma amiga. Precisava arejar a cabeça, sabe? Esse calor, esse estresse ... — deu um passo à frente. — O que foi agora?

— Você ainda vai continuar mentindo? — A voz dele saiu baixa, mas cheia de tensão. — Vai olhar na minha cara e seguir com esse teatro?

Cora cruzou os braços.

— Que teatro, Giba? Tá maluco?

Ele respirou fundo, tentando se controlar.

— Eu sei de tudo, Cora. De você ter ido atrás do Celo naquela cidadezinha. Sei que você tentou armar uma cena, que mostrou fotos para ele ... que tentou virá-lo contra a Mari.

O silêncio entre os dois pareceu engolir o ambiente. Cora não respondeu de imediato, mas também não demonstrou surpresa. Só irritação.

— E quem foi que te contou essa versão conveniente? O Celo?

— Então, você não vai negar?

— Vou negar o quê, Giba? Que fui atrás de um amigo? Que quis ajudar ele a enxergar a mulher que tinha? — o tom dela subiu. — Isso te parece crime agora?

— Você foi lá com um objetivo. Sabia que a Mari iria atrás dele. Você tentou sabotá-la. Cora, pelo amor de Deus ... — Giba esfregou o rosto, exausto. — Você perdeu completamente o juízo?

— Ah, para com esse discurso, Giba. Você acha que me conhece? Você só vê o que quer ver. Sempre foi assim. Você vive no mundo do Paul, orbitando ao redor dele, e espera que eu sorria e bata palmas para isso?

— Isso não tem nada a ver com o Paul. Tem a ver com você. Com o que você escolheu fazer. Com as mentiras, com a manipulação ... — Ele deu um passo atrás, como se afastar fosse a única forma de respirar.

— Não foi nada disso! — Gritou Cora. — Você tá dramatizando! Foi só uma conversa! Nada aconteceu!

— Não aconteceu porque o Celo teve a decência que você perdeu. — Giba se calou por um instante, como se ainda esperasse uma confissão, um pedido de desculpas, qualquer coisa que provasse que ela ainda tinha um mínimo de lucidez. Mas não veio.

Ele se virou e foi até o quarto. Cora o seguiu. Giba abriu o armário e puxou uma mala pequena. Começou a jogar algumas roupas dentro, ainda com o semblante fechado, o maxilar tenso.

— Vai sair assim? E deixar tudo pra trás? Tá fugindo? — Cora gritou.

— Não tô deixando nada pra trás. Eu tô me afastando antes de perder o respeito por mim mesmo. — Ele fechou o zíper da mala, virou-se para ela com olhos frios. — E talvez o pouco que ainda resta por você também.

Cora ficou parada, incrédula. Não tentou impedi-lo. Apenas o seguiu até a porta.

— Vai correr para o Paul? Claro, né? — Disse com desdém. — É pra lá que todos correm quando perdem o rumo.

Giba parou por um segundo com a mão na maçaneta.

— Quem é você? Onde está a mulher com quem eu decidi dividir a minha vida?

Cora não queria dar o braço a torcer. Deixou que ele saísse. Sozinha, se jogou no sofá, revendo as próprias escolhas, começando a sentir a chegada das consequências.

Já passava das vinte e duas horas quando Giba estacionou o carro em frente à casa de Paul e Anna. O portão automático se abriu, após ele ter enviado uma mensagem.

Paul apareceu à porta, sem surpresa, apenas com um olhar compreensivo.

— Entra, irmão. Aqui sempre vai ter espaço para você.

Giba entrou, silencioso, sentindo um peso o sufocando. Estava completamente perdido e esgotado. Anna surgiu logo depois, oferecendo um abraço apertado, cheio de acolhimento. Ali, na companhia do casal amigo, poderia pensar com calma, sem confrontos, sem mais mentiras. Precisava pensar no que fazer da própria vida. Qual caminho seguir.

Ele se sentou no sofá, com os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça entre as mãos e contou tudo. Paul lhe serviu um whisky, mas Giba apenas segurava o copo, sem beber. Anna, em pé, ainda processava tudo o que ouvira. A indignação começou a ferver.

— Ela negou, Paul. Mesmo com tudo escancarado. Tentou inverter as coisas, me chamar de cego, de manipulável. Disse que só foi conversar com o Celo ... — Giba balançou a cabeça, sentindo o amargor de cada palavra. — Mas eu vi nos olhos dela. Ela estava mentindo. Ela mudou. Aquela mulher que eu conheci ... que eu sempre amei … eu não sei onde está.

Anna estava tensa, andando de um lado para o outro da sala, não acreditando no que ouvia.

— Isso tá errado em tantos níveis ... — Disse, a voz firme. — Cora sempre teve seus rompantes, sempre foi intensa. Mas isso ... isso é outra coisa. Mexer com o casamento da Mari e do Celo, sabotar os dois … E agora tratando você como se fosse um obstáculo?

Paul tentou acalmar o ambiente.

— Anna ...

— Não, Paul. — interrompeu, pegando a bolsa em cima da mesa de centro. — Eu preciso falar com ela. Preciso entender o que tá acontecendo. Que diabos se passa na cabeça da Cora?

— Vai atrás dela agora? — Paul se aproximou, preocupado. — Não seria melhor esperar? Vocês são amigas. Isso pode acabar piorando as coisas …

Anna pegou a chave do carro.

— Justamente por sermos amigas. Amigas de verdade não assistem de longe alguém implodir a própria vida sem fazer nada. Eu deixei muita coisa passar, a Fabi avisou, abriu meus olhos ... e eu fiquei presa à imagem da Cora de antes. Talvez seja hora de encarar a verdade.

Paul respirou fundo, segurando o braço dela com delicadeza.

— Então, só promete que vai com calma.

Anna assentiu, o rosto sério, mas o olhar decidido.

— Eu vou tentar, mas se ela inventar mais uma desculpa ... — Fez uma pausa, os olhos cheios de decepção. — Acho que vou perder a paciência.

Ela se aproximou do marido e deu-lhe um beijo demorado na bochecha. Depois, olhou para Giba.

— Você fica aqui o tempo que precisar, tá? Sempre terá um lugar para você junto com a gente.

Giba, emocionado, murmurou um agradecimento rouco.

— Obrigado, amigos.

Anna abriu a porta, saiu e entrou em seu carro com o coração acelerado. A noite estava quente, abafada, como se o mundo estivesse em suspensão, esperando por algo. Ela ligou o carro, encarou o volante por um segundo e disse em voz baixa:

— Chega de fingir que não tem nada acontecendo, de não me posicionar. — Então, engatou a marcha e foi atrás de Cora.

Anna estacionou o carro com um gesto brusco e desceu ainda com o motor praticamente ligado. Tocou a campainha duas vezes. Nada. Resolveu bater. Com força.

A porta abriu alguns segundos depois. Cora, ainda com os cabelos presos de qualquer jeito e vestindo um robe leve, ergueu as sobrancelhas, surpresa.

— Anna?

— Podemos conversar? — Ela forçou a passagem.

Cora deu um passo para o lado, deixando a amiga entrar, mas sem disfarçar o incômodo.

— Claro. — A voz dela saiu seca. — Aconteceu alguma coisa?

Anna entrou sem hesitar, e só quando a porta se fechou atrás dela é que ela encarou Cora com firmeza.

— Aconteceu, sim. Com você.

Cora cruzou os braços, com a postura em alerta.

— Não entendi ...

— Não? — Anna se aproximou um passo. — Então deixa eu te ajudar. Eu sei da armação com o Celo. Sei que você foi atrás dele. Sei que usou fotos da Mari e do Jonas. Sei que tentou sabotar uma reconciliação. A Mari, e depois o Celo, nos contaram tudo.

Anna respirou fundo, desacelerando.

— E agora o Giba tá lá em casa, porque nem ele te reconhece mais.

O silêncio caiu como uma bomba. Cora não rebateu de imediato. Caminhou lentamente até o sofá, sentando-se com ares de um tédio forçado.

— E você veio aqui ... como juíza?

— Não, Cora. — Anna respondeu com a voz embargada. — Eu vim como sua amiga. Eu quero entender.

Cora riu. Um riso amargo.

— Entender? Não tem muito o que entender, Anna. Sempre foi você. Tudo sempre foi sobre você.

Anna franziu a testa.

— Como assim?

— Você quer saber a verdade? De verdade? — Cora se levantou. — Eu cansei de ser a sua sombra. A que segura a bolsa enquanto você brilha. A que abre caminho. A que ouve todo mundo dizer como você é incrível, perfeita, gentil … — Cora girou os olhos. — Até seu sofrimento é elegante.

Anna piscou, surpresa.

— De que porra você tá falando, Cora? — Anna se assustou.

— Eu tô exausta, Anna. É o peso de passar a vida sendo coadjuvante na própria história. Giba vive pelo Paul, eu vivo à sua sombra. Até a porra da amizade virou pedestal pra você.

— Cora ... — Anna se aproximou, genuinamente abalada. — Eu nunca quis isso. Nunca me coloquei acima de você.

— Mas sempre esteve. Mesmo sem perceber. — Cora desviou o olhar. — E sabe o que é pior? Eu deixei. Fui aceitando. Rindo junto. Fingindo que não doía. Fingindo que estava tudo bem. E agora ... agora que eu resolvo fazer algo por mim, me vingar um pouco desse papel de “reserva de luxo”, vocês me julgam como se eu fosse um monstro.

Anna levou a mão à boca, tentando digerir aquelas palavras.

— Você tentou destruir um casamento, Cora. De pessoas que também são nossas amigas.

— Eu tentei, sim. — Cora admitiu. — Porque por um segundo, eu queria ser a primeira escolha. Nem que fosse só uma vez. Queria ver alguém sofrer o que eu sofro em silêncio há anos. Queria que você, Mari, qualquer uma, soubesse como é não ser prioridade.

— Isso não justifica. — Anna respondeu, com os olhos marejados. — Isso não cura nada.

— Talvez não. Mas foi a única forma que eu encontrei de não me afogar.

As duas ficaram em silêncio por um momento. Pesado. Cheio de passado e mágoas não ditas. Anna então se aproximou devagar.

— Você precisa de ajuda, Cora. Mas não assim. Não destruindo quem te ama.

— E quem me ama, Anna? Quem? — Cora gritou, quase desesperada. — Giba vive para o Paul. Você me vê como ajudante. Fabi me vê como ameaça. Eu só queria … só queria ser vista.

Anna deu um passo para trás, incrédula. Cora apenas ficou ali, imóvel, olhando para algum ponto invisível entre as almofadas do sofá.

Anna respirou fundo, tentando controlar a emoção que se formava no peito. Caminhou devagar até a amiga e parou diante dela.

— Cora … — Disse com a voz mais baixa, mais serena. — Eu nunca te vi como sombra. Nunca. Você sempre foi minha amiga. Minha parceira. Minha igual.

Cora ergueu os olhos, marejados, mas sem deixar cair uma lágrima.

— Pode não ter sido a sua intenção, Anna, mas foi assim que me senti. A vida toda. — E deixou o corpo cair no sofá.

— Então deixa eu te lembrar de quem somos. — Anna se ajoelhou diante dela, tocando seu joelho. — Você lembra da escola? Das nossas fugas para a praia? Daquele acampamento improvisado sem dinheiro? Dos porres que a gente tomou juntas na faculdade? — Anna sorriu para ela. — Das noites que a gente se abraçou, e o mundo lá fora podia estar caindo, que ali dentro, bastava eu e você?

Cora respirou fundo, surpresa com a lembrança.

— Não era só festa, não era só liberdade. — Anna continuou. — A gente se amou, Cora. De todos os jeitos possíveis. Entre quatro paredes, entre confidências, entre uma gargalhada e uma briga boba. Você não é uma sombra. Nunca foi. Você é um dos meus grandes amores.

Cora, enfim, se desarmou. Os lábios tremiam, o orgulho rachando devagar. Anna a abraçou. Forte e apertado. Com o peito doendo e uma urgência quase desesperada.

— Eu não vou desistir de você. Nem hoje. Nem nunca. Você é importante para mim.

Ficaram assim por alguns segundos. Quando se afastaram, Anna segurou as mãos da amiga e se levantou. Pegou a bolsa no encosto do sofá, e antes de sair, voltou a encarar Cora.

— Você nunca foi a segunda. Nunca foi reserva. Nem sombra. Você é a minha Cora. Minha irmã. Minha melhor amiga. E se tiver um pingo de juízo, vai parar com essas bobagens antes que perca o Giba para sempre.

Anna ainda não tinha terminado de falar:

— Ah, e só para você saber, o Paul colocou o Giba como sócio deste novo empreendimento. Sem cobrar nada. Só pela amizade e pela dedicação de tantos anos. Para o meu marido, o seu marido também não é uma sombra, um “segundo”. É um irmão.

Cora abaixou a cabeça. Silenciosa.

— Ele está lá em casa. E vai ficar bem. — Anna concluiu, com a voz mais firme. — Nós vamos cuidar dele. Até você voltar para nós.

Deu dois passos, mas virou-se mais uma vez, os olhos marejados e decididos:

— Vê se não demora, tá? Deixa de ser idiota.

Anna abriu a porta e saiu, sem bater, sem drama. Apenas com o coração inteiro ainda estendido no chão daquela sala.

Cora ficou ali, muda. O que ela queria, o que achava que precisava, foi dito por Anna de forma natural, não como desabafo, mas como lembrança. Cora se sentiu vista, se sentiu protagonista. E não só por um único capítulo.

{…}

Dois dias depois:

O elevador corporativo abriu as portas com um discreto “tilintar”, e Paul saiu em passos firmes, seguido de Celo. Ambos estavam em trajes alinhados, mas era visível que Celo, embora elegante, mantinha um estilo sóbrio. Camisa escura, blazer sem gravata, e olhar determinado.

— Eles já estão na sala, nos esperando — informou Paul, com um sorriso contido. — Só pra te preparar: Jonas vai estar lá. E o André também.

Celo assentiu com um leve movimento de cabeça.

— Não tem problema. Estou aqui pra tratar de negócios. Nada mais.

Paul sabia que, vindo de Celo, aquilo era verdade. Mas também sabia o quanto aquele “nada mais” carregava nas entrelinhas.

Ao abrirem a porta de vidro fosco da sala de reuniões, todos os olhares se voltaram para a entrada. Jonas, encostado na parede de vidro com um copo d’água na mão, congelou por meio segundo. Seus olhos escureceram levemente ao encontrar os de Celo.

Celo não desviou. Manteve o contato visual firme, quase desafiador. Jonas arqueou a sobrancelha, um sorriso cínico tentando se formar no canto da boca, mas foi só. Ele se afastou da janela e sentou-se.

Do outro lado da mesa, André levantou-se com simpatia ensaiada, estendendo a mão:

— Celo, que bom te ver depois de tantos anos. Quem diria, hein?

Celo apertou a mão dele com firmeza, mas brevemente.

— O mundo é pequeno.

André soltou uma risadinha sem graça e voltou a se sentar. Tentou não parecer incomodado com a resposta, mas o desconforto era visível.

Giba, que já estava organizando os papéis no canto da mesa, trocou um rápido olhar com Paul, percebendo a tensão no ar. Sábio como sempre, preferiu não dizer nada.

Celo se posicionou com naturalidade, abrindo seu notebook e organizando seus documentos com precisão. Não havia nervosismo em seus movimentos, apenas o foco meticuloso de quem dominava completamente o que fazia.

Paul deu dois toques leves na mesa com os nós dos dedos, chamando a atenção:

— Vamos começar?

E então, o encontro seguiu para o campo técnico. Mas a guerra fria, silenciosa, entre alguns dos presentes já havia sido declarada.

A sala de reuniões era ampla, moderna, com uma parede de vidro que oferecia vista panorâmica da cidade. Sobre a mesa retangular de madeira escura, descansavam pastas organizadas, garrafas d’água, tablets e notebooks.

Paul estava à cabeceira, com Giba à sua direita. Celo sentava-se de frente para ele, e ao lado de Celo estavam Jonas e André.

Celo havia sido convidado para apresentar sua solução em segurança digital. E, apesar da proposta ser puramente profissional, o clima entre ele e Jonas era, no mínimo, denso. Ambos evitavam o contato visual direto, trocando olhares apenas quando era necessário.

Paul iniciou, com tom amistoso:

— Bem, senhores, obrigado pela presença. Acho que todos aqui sabem que a segurança da informação será um dos pilares da nossa operação. Não estamos lidando com fórmulas simples. Por isso, ninguém melhor que o Sr. Marcelo para nos apresentar uma solução que vá muito além dos firewalls convencionais.

Celo assentiu, pareando seu notebook com a tela de apresentação da sala. A tela atrás dele acendeu, revelando o logotipo de sua empresa.

— O sistema que desenvolvemos é completo. Ele não apenas protege a propriedade intelectual da empresa, como também gerencia o fluxo de comunicação entre todos os setores — Celo começou, em tom calmo, profissional. — Cada documento, cada troca de e-mail, cada conversa por mensagem interna será criptografada de ponta a ponta. Até mesmo acessos físicos poderão ser controlados digitalmente.

André cruzou os braços, analisando a apresentação com atenção. De vez em quando, fazia perguntas técnicas, e Celo respondia com segurança e precisão. Quando a fala foi cedida a ele, André comentou:

— O sistema é realmente impressionante. E reconheço que você é um nome de peso nesse setor. Curioso que, na época da faculdade, a gente pouco se falava, né?

Celo olhou para ele com um meio sorriso, sem perder a compostura:

— É. Alguns círculos não se misturavam naquela época. Mas felizmente, no mercado profissional, o que conta é a qualidade. E é isso que estou oferecendo aqui.

Paul interveio com um leve sorriso, percebendo a tensão:

— E estamos interessados nessa qualidade. O projeto é grande demais para falhas ou amadorismos.

Jonas, até então calado, soltou um comentário com ironia contida:

— Só espero que, além de proteger os dados, o sistema saiba reconhecer as ameaças internas.

Celo manteve a postura, mas seu olhar se estreitou, apontando para a tela como se ignorasse o tom do comentário:

— O sistema reconhece qualquer tentativa de sabotagem, interna ou externa. E toma medidas imediatas, com alertas para a direção da empresa. É à prova de vaidades, crises pessoais ou inseguranças mal resolvidas.

A tensão ficou palpável por um segundo. Paul tossiu de leve, quebrando o silêncio. Jonas desviou o olhar, cruzando as pernas como se estivesse imune à alfinetada.

Giba observava tudo em silêncio. Era nítido que ele processava mais do que as informações técnicas. Seus olhos estavam atentos à linguagem corporal de todos.

Celo voltou a encarar Paul:

— Estou deixando todo o escopo detalhado no material de vocês. O sistema pode se adaptar às necessidades específicas da empresa, e meu time já está preparado para implementar e monitorar tudo em tempo real.

Paul assentiu, satisfeito:

— Ótimo. Quero a segurança da nossa operação como prioridade. E espero que todos aqui saibam separar o que é pessoal do que é profissional.

Celo fechou o notebook e voltou a sentar-se. Jonas permaneceu em silêncio. André, mais leve, estendeu a mão para Celo ao final da reunião:

— Profissionalismo sempre. Boa apresentação.

Celo apertou a mão dele, mantendo a firmeza:

— Que bom que conseguimos concordar em algo, André.

Giba se inclinou para Paul e sussurrou:

— Acho que essa reunião valeu mais do que qualquer sessão de análise de risco.

Paul sorriu, murmurando de volta:

— Com certeza. Agora sabemos exatamente com quem estamos lidando.

— Todos de acordo? Podemos seguir para a assinatura do contrato? — Paul perguntou, olhando de André para Jonas.

Nenhum dos dois fez qualquer objeção. Paul continuou agora falando com Celo:

— Você já me entregou o contrato. Vou assinar e depois cuidamos do que for necessário.

A reunião começava a se dissolver, cadeiras sendo empurradas para trás, notebooks fechados e cumprimentos trocados. Jonas foi o primeiro a se levantar, mas demorou alguns segundos a mais para se encaminhar para a porta da sala. André o seguiu logo depois, lançando um "até mais" forçado para Celo, que respondeu apenas com um aceno educado e gelado.

Enquanto Giba e Paul recolhiam os últimos documentos, Paul se virou para Celo com um sorriso leve:

— Você podia almoçar comigo hoje, Celo. Aproveitamos para conversar com calma sobre os próximos passos ...

Celo ajeitou o relógio no pulso, guardando o notebook na mochila com precisão quase metódica. Só então respondeu, com voz firme e serena:

— Hoje não vai dar, Paul. Já tenho um compromisso.

Paul ergueu as sobrancelhas, curioso:

— Trabalho?

Celo deu um leve sorriso, sem arrogância, mas com uma clareza afiada:

— Não. Hoje eu quero almoçar com a minha esposa.

A resposta bateu como um soco no estômago de Jonas, que estava a poucos passos da porta, e parou por um instante. Não se virou, mas seus ombros tensionaram, denunciando o impacto. Giba percebeu e lançou um olhar breve para Paul, que manteve a expressão neutra.

Celo prosseguiu, com naturalidade.

— Estamos tentando nos acertar. Faz tempo que a gente não almoça juntos, só nós dois. Acho que ela merece atenção. Não é todo dia que a gente tem a chance de reconquistar o grande amor da vida.

Paul respirou fundo, um leve sorriso escapando pelos cantos da boca. Giba balançou a cabeça, quase admirado com a precisão do golpe.

Jonas então saiu, sem olhar para trás. Celo deu dois tapinhas amigáveis no ombro de Paul e se dirigiu à porta:

— A gente se fala depois. Obrigado pela confiança.

E saiu. Sem pressa. Sem peso. Apenas com a certeza de que, naquela guerra silenciosa, ele havia vencido uma pequena batalha.

Já fora da sala de reuniões, Celo caminhava pelo corredor com passos firmes, a mochila no ombro e o celular em mãos. Jonas e André seguiam alguns metros à frente, em silêncio. Fez uma ligação e, quando o som da chamada sendo atendida, ecoou suavemente, ele acelerou os passos e se aproximou dos dois.

— Bom dia, meu amor. — Disse Celo, com a voz baixa, carregada de carinho e intenção.

Do outro lado da linha, Mari respondeu quase de imediato, a voz suave preenchendo o silêncio do corredor.

— Celo? Bom dia. Tudo bem?

Celo sorriu. Um sorriso que não escondia nada. Era leve, mas afiado como navalha. Ele acelerou, ainda mais os passos e passou por Jonas com aquele ar de quem saboreia uma vitória pessoal. E então, ainda falando ao telefone, soltou:

— Tô saindo agora de um compromisso. Pensei em almoçar com você ... só nós dois. Que tal?

Jonas o acompanhou com os olhos, o maxilar levemente contraído. E quando Celo apertou o botão do elevador, ainda com o telefone colado ao ouvido e o sorriso no rosto, Jonas soltou, numa voz perfeitamente audível, mas controlada:

— Algumas mulheres são realmente incríveis. Ficam marcadas para a gente. De corpo e alma. — Ele fez questão de dar ênfase, falar mais alto a palavra “corpo”.

Celo não respondeu, mas sentiu o contragolpe. A porta do elevador se abriu e ele entrou. O sorriso continuava lá, não tão intacto, mas divertido. Não era uma troca de farpas. Era uma guerra fria de olhares e palavras medidas.

Jonas virou-se lentamente para André, que o observava com certa tensão.

— Relaxa — Disse, dando de ombros. — Só estava lembrando do que deixou saudade. Do quanto foi bom.

Jonas sabia que tinha atingido Celo, mas com as portas do elevador totalmente fechadas, não pôde medir o quanto.

André nada disse, apenas soltou o ar com força e apertou o botão, chamando o elevador ao lado.

{…}

A manhã de Mari tinha começado como tantas outras nos últimos tempos: silenciosa, introspectiva. Tentava manter a mente ocupada com pequenas tarefas: regar as plantas, reorganizar a estante, limpar uma gaveta cheia de papéis antigos. Mas nada preenchia o incômodo que sentia desde a conversa com Jonas, ou a saudade de estar novamente com Celo. Ainda estava digerindo tudo.

Ao passar pela sala, seu olhar se prendeu, como sempre, aos girassóis sobre a mesa de centro. Sorriu um sorriso pequeno, mas sincero. Era um lembrete silencioso de que algumas coisas ainda floresciam.

Estava prestes a pegar uma xícara de chá quando o celular vibrou na mesinha. O nome na tela fez seu peito se apertar e, ao mesmo tempo, aquecer: Celo.

Ela hesitou por um segundo antes de atender.

— Oi. — Sua voz saiu baixa, quase cautelosa.

Do outro lado, a voz dele chegou com aquela familiaridade que só os anos são capazes de construir.

— Bom dia, meu amor.

Mari respirou fundo. As palavras bateram fundo, mas ela não podia — ou não devia — se deixar levar de imediato.

— Celo? Bom dia. Tudo bem? — Respondeu, pausadamente, tentando parecer neutra.

— Tô saindo agora de um compromisso. Pensei em almoçar com você ... só nós dois. Que tal?

Mari ouviu uma outra voz, mas não conseguiu entender o que falava. Só conseguiu reparar no som da porta de um elevador se fechando. Depois disso, Celo continuou:

— Eu sei que é em cima da hora, mas ... será que você toparia almoçar comigo hoje? — Ele perguntou novamente, agora com uma leve hesitação na voz. — Eu queria te ver, conversar com calma.

Mari sentiu o coração bater mais forte, mas conteve a emoção. Passou a mão pelo braço, como se estivesse tentando conter a própria ansiedade.

— Almoço? — repetiu, como se ainda estivesse avaliando. — Tudo bem. Mas só almoço, Celo. Nada de conversas difíceis hoje, tá? Eu só quero … sei lá … acreditar que tudo vai ficar bem.

Do outro lado, Celo soltou um suspiro de alívio.

— É tudo que eu quero também.

Mari sorriu discretamente, sem que ele visse. Queria manter o controle. Precisava manter o controle.

— Você vem me buscar? — Mari pediu.

— Passo aí daqui a pouco.

— Vou me arrumar, então. Até daqui a pouco. — Respondeu Mari, antes de desligar.

Com o celular ainda na mão, Mari respirou fundo, se sentou no sofá e ficou alguns segundos em silêncio, olhando para o nada. Por dentro, a euforia dançava. Mas por fora, ela apenas murmurou para si mesma:

— Devagar, Mari. Só mais um passo. Só mais um.

Ela se levantou e foi se arrumar. Não era um encontro qualquer, mas também não podia parecer que esperava demais. Escolheu uma roupa discreta, mas bonita. Queria estar bem, sem parecer que tentou demais.

No fundo, sabia que estava tentando, não apenas para ele. Mas, principalmente, para ela mesma.

Continua …

*Trecho da musica “Cais”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos.

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Foto de perfil de Ménage LiterárioMénage LiterárioContos: 70Seguidores: 342Seguindo: 37Mensagem Três autoras apaixonadas por literatura erótica. Duas liberais, e uma mente aberta, que adora ver o parquinho pegando fogo.

Comentários

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Celo errou muito, mas a Mari também errou tanto quanto, mas deveria ter sido tudo zerado depois da conversa na casa de praia, a Mari tratar o Celo a meia boca, como fez durante todo o casamento, sem se jogar por inteira novamente, para mim, ela está cometendo o mesmo erro que cometeu a vida inteira, se ela realmente ama o Celo, porque ela não rompeu definitivamente com o Jonas, sem deixar nenhuma esperança, já que ama outro e afinal de contas o Jonas a desrespeitou, por sua vez, o Celo se sentiu o pior dos homens no episódio na casa de praia, e nunca a desrespeitou.

Resumindo, cozinhar o galo com o Celo, enquanto dá esperança ao Jonas, é tremenda bola fora da Mari, ela tem que escolher o osso dela, para depois, se ainda quiser e puder, procurar outro ossinho para roer.

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Parece que o Celo e Mari estão se reconectando. O Celo está fazendo o possível para monstrar que ama sua esposa e a quer novamente. Já a Cora falhou ,ainda que temporariamente na sua expectativa de vingança. Agora eu gostei da atitude de Anna para com a Cora ,pois mostrou a ela que é um grande amiga e que tem grande consideração pela amiga.

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Está demorando para Celo e Mari terem um momento de amor...

Acredito que não...

Mas tá parecendo que querem transmitir a ideia que casal é dia a dia sem romance, sem sexo intenso... Sem thaca thaca...

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Posso estar enganado mas esse Jonas, e mesmo o André não parecem ser confiáveis!!!

Mas como disse Vinix, foi neutralizada muito fácil!!! Será???

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Concordo em parte. O André até aqui não demostra ser alguém que mereça desconfiança,mas o Jonas agora que a Cora falou muita coisa que ele não sabia,se torna um adversário para o Celo muito mais perigoso e acredito que ele vão tentar seduzir novamente a Mari e a partir daí fazer sexo com ela pra desestabilizar ela e o Celo

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Vamos lá … na realidade a Cora nem tinha um plano. Ela tinha um objetivo. Queria ser a primeira escolha, pelo menos uma vez e achou que era a hora. Nem precisava ser o Celo.

Só que, depois, veio o orgulho ferido. E mulher com orgulho ferido …

Mas acho que depois da conversa com an Anna, tem que “cair a ficha”.

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Concordo com vc ela tem que cair a ficha mesmo

Agora a Mari dar alguma chance para o Jonas, eu não daria um cara desse violento mesmo que a bebida o induza não merece confiança nenhuma

espero sinceramente que a Mari não de nenhuma chance

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Não tá pelo seguinte motivo: Mari apesar de amar o Celo ainda quer que ele prove que realmente ainda a ama e ele mesmo disse que iria provar com ações . E é o que esta acontecendo aos poucos,e até ela sentir que ele é digno dela novamente não vai rolar sexo.

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Aí é de cair os butiás do bolso como diz o gaúcho!!!

Quem ficou 20 anos negando sexo mais intenso?

Quem se entregou a Paul quebrando o combinado?

Quem nunca disse ao Celo que se satisfazia com ele na cama? (mas falou pra Ana e para Luciana)

Quem demorou a se decidir que precisava se acertar com o marido?

Quem quando decidiu procurar "finalmente" procurar o marido saiu espalhando para as "supostas amigas"?

Quem não confrontou Celo e Cora ao vê-los juntos?

Quem resolveu se entregar ao Jonas o usando para atingir Celo e / ou se sentir melhor?

Quem não teve frescura ao fazer sexo com Jonas?

Quem apresentou Jonas como namorado sem nem conversar com ele sobre isso?

Agora ela precisa que ele prove!!! Pra depois fazer amor!!! Para depois provar que sente tesão por ele!!!

Me desculpe!!! Mas é foda!!!!

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Zanon, jura que vc pensa assim, mesmo?

Quem saiu de casa e sumiu por três meses? Quem “passou o rodo geral” (inclusive tipo “soca fofo”)? Quem teve que provar para si mesmo que era “bom de cama”? Quem, depois da esposa ir atras, transou e caiu fora, novamente? Etc.

O que podemos dizer e que, independente dos erros, ela tentou e não teve retorno. Agora talvez seja a vez dele tentar e correr atrás

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Respeito a opinião de todos, principalmente sua id@, mas quem realmente ama não fica colocando condições!!!

o que estou dizendo que ela tem muitos erros na relação... e para o Celo é jogo duro!!!

A conversa surgiu a partir de um comentário meu que disse que estava demorando para o Celo e Mari terem um momento de amor e Samas comentou que ele precisava "demonstrar ser digno do amor de Mari"

A soma de dois errados não se faz um certo!!!

Ele fez tudo o que você apontou, sim fez... mas ela também fez coisas que não contribuem para a relação!!!

Quem ama se atira!!! dá o seu melhor sem Mi Mi Mi...

Se peguem... mostrem um para o outro que além de casal são parceiros sexuais que um pode dar prazer ao outro!!!

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Zanon, eu também respeito a opinião de todos. Meu comentário foi só no sentido de que, ate o Celo, entendeu que a “bola está com ele”, neste momento da relação.

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Mas que palhaçada,quando penso que a Mari está finalmente se acertando com o Celo, ela vai e fica em dúvida e dá esperança para o Jonatas.

Me desculpem meninas,mas essa Mari está deixando o conto cansativo e desanimador.

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Fazedor, concordo com você. As escritoras são umas palhaças !!!!!

Brincadeira !!!!

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Concordo plenamente, esse negócio da Mari querer a o celo prove alguma coisa, ela q deveria provar q ama o Celo, e desculpa meninas ta ficando cansativo mesmo.

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Excelente capítulo tudo indo aos finalmente mas sempre com um suspense no ar

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Ótimo capítulo... Mas parece que a ameaça da Cobra Cora Coral de Albuquerque Lima e Bragança foi neutralizada muito fácil... Pelo menos por enquanto. Porque reviravoltas costumam acontecer por aí...

Parabéns, meninas, mais um capítulo arrasador!

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