Resolvi não voltar mais ao bar da esquina.
Não que tenha decidido parar de beber, me orgulho demais de meus maus-hábitos para desistir deles a esta altura. Acontece que lá deixou de ser um lugar agradável para a gente sentar sozinho, tomar umas e esquecer do passado.
Agora, conhecidos que não desejo encontrar aparecem do nada, mulheres que desejo esquecer surgem ao acaso para me atormentar e, pasmem: o dono decidiu colocar música sertaneja nas quintas-feiras. Sim, preciso encontrar outro sítio para beber em paz.
Caminhei um pouco e vi um lugar que podia ser. Era meio moderninho, mas estava vazio e sem música, assim que arrisquei. Tudo ia bem até o happy-hour, quando estava no quinto copo e as pessoas saindo do trabalho foram chegando. Entre elas, haviam algumas mulheres bem interessantes, provavelmente solteiras ou divorciadas.
Nada contra, lugares com equilíbrio de gênero são até mais agradáveis, mas no fim do expediente as pessoas se transformam e essas mulheres viram verdadeiras caçadoras - acreditem, já fui vítima delas e até hoje lambo as feridas.
Ocorreu depois do segundo divórcio, quando fui num happyzinho com os colegas e terminei me enrolando com uma tal de Matilda, da contabilidade. Essa solteirona dos cabelos negros e curtos tinha uns peitos siliconados ótimos e, como estava meio bêbado, não resisti.
Saímos direto para o motel, onde passei uma noite memorável. Comi Matilda de tudo quanto foi jeito, mas o apogeu foi tê-la cavalgando comigo deitado na cama, vendo como aquele parzão de seios balançava à minha frente aos sabor das estocadas en seu sexo, uma posição que prefiro quando o assunto é silicone.
Mas Matilda era malvada, depois disso ficou dias fazendo joguinhos de sedução com o resto dos caras da empresa e nunca mais quis repetir a dose comigo, de maneira que eu, frustrado, parei de frequentar a famigerada “hora-feliz” - e passei a beber mais.
Saí daquele antro de lobas e continuei perambulando pela rua, até encontrar outro bar. Esse era mais escurinho e soturno, também estava vazio e a música era bem baixinha, o que resultava promissor. Quando o garçom com cara de dezoito trouxe o cardápio, vi que o uísque era meio caro mas dava para bancar.
Somente lá pelo décimo copo, quando a noite já avançava, me dei conta de que o lugar começava a encher de gente um tanto mais nova que eu. Tudo bem, os jovens precisam sair e se divertir, faz parte dessa fase.
O caso é que, na última vez que fui beber num lugar assim, ainda estava no meu primeiro divórcio e era um tanto ingênuo. Já estava meio altinho e conheci Patty e Lilly. As duas eram uns quinze anos mais novas que eu - e fiquei excitado por me darem atenção.
Patty era uma morena tipo gostosinha, dessas com tudo certinho, peitinhos e bundinha arrebitadinhos. Lilly, a sua vez, era branquinha, loirinha e um tanto mais magrinha, o que ressaltava seus peitinhos medianos e nádegas redondinhas, tornando-a sexualmente bem interessantinha. Em comum mesmo, só o que tinham é que ambas vestiam preto e pareciam conhecer todo mundo ali.
Com a noite já entrada, eu tomava uísque e me dividia entre os beijos provocantes das duazinhas, quando elas me propuseram sair de lá e ir para meu apê, para a gente ficar mais à vontade. Caramba, eu estava no paraíso, ia comer as duas novinhas e só pensava em porque tinha demorado tanto em me divorciar!
O que eu não sabia é que as duas haviam convidado todo mundo do bar para vir também e minha casa se tornou uma balbúrdia. Ainda assim, nos fechamos os três num quarto com uma garrafa de gim e foi uma experiência ímpar - só não foi melhor porque odeio gim.
Em meio à embriaguez daquela noite, as duas garotas se pegavam firme e era uma coisa linda de ser ver, seus corpos juvenis se contorcendo sobre a cama, um exagero de mãos e línguas se tocando e se lambendo, eu em meio àquilo perdido de tanto tesão e prazer, com uma abrindo as intimidades da outra e me oferecendo para que experimentasse a delicadeza e a maciez de penetrá-las livremente.
Quando a polícia apareceu no dia seguinte, eu tinha uma ressaca descomunal de gim, Patty e Lilly haviam se esfumado e meu apartamento estava todo revirado. Dormindo pelos cantos havia gente seminua demais - e pertences meus de menos nos armários. Houve uma suruba descomunal ali à noite e tive que me mudar por causa dos vizinhos.
Por tudo isso, fugi do tal bar de gente novinha. Era de madrugada mas eu ainda queria um último trago. Continuei andando em busca de um lugar para beber sossegado, até encontrar uma portinha com um letreiro neon piscando que dizia “lounge-bar”. Como não havia fila na porta, entrei para conferir.
O lugar era meio esfumaçado e ali dominava uma luz avermelhada, mal dava para ver os próprios pés. Desabei numa mesa cercada por sofás fixos em volta e chegou uma garçonete vestindo collant negro, meia arrastão rasgada e orelhas de coelho, trazendo com um copo de uísque na bandeja dizendo que era cortesia da casa.
O uísque parecia ethanol e, nem cheguei ao final do copo, já haviam três mulheres sentadas à minha mesa, todas usando a mesma roupa de coelhinha da garçonete. A falta de assunto delas e os olhares indiferentes de alguma forma me remetiam ao passado, mas não me lembrava do quê.
Só quando começaram a pedir para eu pagar bebida e uma delas se levantou me chamando para dançar Banda Calypso é que me caiu a ficha: aquilo era um puteiro! Essa não, eu perdi a virgindade num puteiro! Foi tão ruim que, sinceramente, nem quero falar desse assunto. Só comento que foi por isso que comecei a beber.
No dia seguinte, voltei a frequentar o bar da esquina. Entendi que não se pode fugir do passado, ele fica voltando e voltando à nossa memória, não importa quanto se beba. Assim, é melhor fazer as pazes com ele e seguir bebendo!