O ENCONTRO NO ESCURO – Os Quatro Sentidos
Noite escura, sombria, céu completamente encoberto, acho que ainda chove antes do amanhecer. Estaciono o carro numa vaga providencial de outro carro que saia e desci para o jantar a que fui convidado pela Helena, baixinha, dengosa e gostosa, alguém que eu estava buscando namorar. Por enquanto, tateávamos, apenas.
Ela me recebeu pelo portão de pedestre da garage, no subsolo, já que a fechadura do portão de entrada da casa estava criando dificuldades para rodar a chave. Entrei, estava escuro. Quando ela fechou a porta, não enxerguei nada, escuro total...
- Não vejo nada, disse, não sei o que estou fazendo.
- Eu também não vejo, respondeu ela, mas sei o que estou fazendo. E, apalpando meu corpo, pegou minha mão e a colocou no seu seio, nu embaixo da blusa. Macio, bem formado, toque agradável, elétrico... Tateei mais em seu corpo, peguei-a pela cintura com as duas mãos e a trouxe para junto do meu corpo. Senti seu perfume amadeirado discreto, sua respiração bem próxima, ofegante, e a trouxe para mim sem abraçá-la, apenas atraindo pela cintura fina e quadris, onde aportaram minhas mãos. Corpos de cima a baixo colados, desafiando a física e querendo ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo, tateando, dividindo cheiros e sons, sons de tecidos roçando, lábios quase colados...
- Bom te ver, disse ela.
- Bom te ter em mim, colada, respondi...
Minhas mãos deslizam pelo tecido macio sua roupa justa fazendo lentamente as curvas do “S” do Senna, por gosto e prazer mútuo. Carne mais carne é gostoso, mesmo parada, apenas apertada uma contra a outra, leves mexidas de um ou de outro disparando mensagens curtas de prazer ao cérebro.
A escuridão faz a mente sorrir e trabalhar em dobro imaginando o que acontece, criando a história do momento, completando as lacunas com estória emocionante, lasciva, erótica e gostosa gerando prazer em ambos os personagens apenas a partir dos sentidos disponíveis no momento, tato, olfato e audição. Ela suspira aos toques sutis e delicados do macho carinhoso que a segura e afaga sem ver nada do que faz, apenas imaginando as ações e suas consequências na parceira. Ele arfa, respira desejos incompletos e inconfessáveis em público. Finalmente, o quarto sentido foi convocado: o paladar. Os lábios se encontram num roçar leve, sem pressão, as pontas das línguas se encontram e trocam sabores, sentidos, faíscas eróticas e o beijo acontece. Com toda a intensidade e volume, pressão completa nos lábios e língua, mãos nervosas percorrendo os corpos dos parceiros, alisando, esfregando, afofando e permitindo a imaginação de uma noite completa, sedutora e plena de prazeres! Os órgãos do sexo se acendem e entram em prontidão: cueca estufada e calcinha molhada são consequências imediatas daquele beijo no escuro.
- Helena, onde estão? Ouve-se um chamado...
Separados por uma voz, saem da garagem e sobem a escada que dá acesso à casa e entram na sala iluminada cheia de amigos esperando para o jantar.
Ficamos só no beijo. O resto..., bem, o resto fica para amanhã!