( todos os personagens são fictícios e essa é uma história erótica )
O despertador vibrou suavemente às 6h45, como sempre. Luiz abriu os olhos devagar, sem pressa. O apartamento pequeno, silencioso, parecia uma cápsula segura entre ele e o mundo lá fora.
Levantou-se em silêncio, os pés descalços tocando o piso frio. Esticou o corpo levemente e seguiu até o espelho da porta do armário. Estava só de cueca, mas não demorou a trocá-la. Abriu a gaveta do fundo com certo cuidado — aquela onde guardava o que ninguém podia ver.
Ali, entre meias dobradas, repousava uma calcinha rosa-clara de algodão, simples, mas macia. Ele a pegou com leveza e passou os dedos sobre o tecido como se pedisse permissão para vesti-la.
Suspirou.
"Só hoje. Só pra me sentir bem."
Colocou a calcinha com delicadeza, ajeitando o pênis pequeno para baixo. A sensação era... estranhamente confortável. Aquilo não era sobre prazer. Era sobre pertencer.
Vestiu-se com camisa social branca, calça cinza escura, cinto discreto e sapato preto engraxado. Tudo impecável. Por fora, Luiz era apenas um analista financeiro reservado, competente, invisível.
Mas por dentro...
Ao fechar a porta do apartamento, respirou fundo. Era mais um dia. Mais uma atuação.
Na sede da empresa no centro do Rio, o ambiente era como sempre: sóbrios corredores acarpetados, vozes abafadas em reuniões, café forte no copo térmico.
Ao passar pela recepção, Luiz foi educado como sempre. Mas não percebeu que Roberto , o homem mais poderoso daquele lugar, o observava de longe pela vidraça de sua sala.
Ele o via chegar todos os dias. Sabia a hora exata em que o elevador o deixava no andar certo. Observava sua postura. Seu jeito contido. E aquela forma de andar… levemente suave, quase tímida.
Na cabeça de Roberto, uma certeza já havia se formado dias atrás. Mas hoje, algo mudou: o olhar de Luiz cruzou, sem querer, com o dele. Houve hesitação. Desvio. Vergonha.
E foi nesse instante que Roberto pensou:
> "Se Aline estivesse aqui, veria o mesmo que eu. Ele tem jeito de segunda esposa."
O olhar foi breve, mas suficiente. Roberto encostou-se à moldura da janela de vidro fumê, os braços cruzados e a expressão firme, como se refletisse sobre um novo investimento… ou uma aquisição delicada.
Disfarçado atrás da vidraça alta, observava os passos de Luiz até o final do corredor. Ele já tinha visto aquele andar mil vezes, mas nunca com tanto cuidado. A camisa branca bem passada, o modo como a calça se ajustava sem apertar, o cabelo comportado. E o detalhe que só ele parecia notar: os ombros levemente curvados, como se Luiz carregasse um segredo no peito — ou escondesse um desejo nas costas.
Roberto pegou o celular sobre a mesa. Seu escritório era amplo, de tons escuros, silencioso. O tipo de lugar onde ninguém ousava entrar sem ser chamado.
Procurou um contato. Encontrou.
Aline.
Ela já estava em solo carioca desde a véspera. Viera para uma reunião de diretoria marcada para o meio da manhã. Mas, para Roberto, sua presença hoje teria outro propósito.
Com um toque na tela, escreveu:
> "Você tem 20 minutos antes da reunião? Preciso que veja alguém comigo. Sala 16. Traga seu olhar de caçadora."
Ele mal esperou a resposta.
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Enquanto isso, Luiz já estava acomodado em sua estação. Tinha digitado poucas linhas quando notou algo: a sala ao lado, normalmente vazia, foi aberta por uma das assistentes. Poucos minutos depois, ela voltou discretamente para o andar de diretoria — e Luiz, por instinto, abaixou levemente o olhar, disfarçando a curiosidade.
Foi então que a viu.
Aline entrou com seus passos firmes, decididos.
Alta, elegante, quadris marcantes sob a saia escura que desenhava perfeitamente seu corpo. Os cabelos lisos e pretos deslizavam pelas costas como seda. Carregava uma pasta preta, salto agulha, e usava uma blusa verde-esmeralda de tecido leve, com um decote milimetricamente calculado — profissional, mas perigoso.
Luiz ficou um segundo a mais olhando. Não por desejo masculino. Era outra coisa.
Algo como uma admiração silenciosa… talvez inveja? Talvez só um desejo escondido de se mover como ela, de ser olhada como ela era.
Logo desviou o olhar de volta para a tela. As mãos estavam trêmulas.
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Aline entrou na sala 16 e fechou a porta. Roberto já estava de pé, olhando a tela onde um monitor mostrava imagens do andar, em ângulo lateral. Ele não olhava diretamente, mas seus olhos estavam fixos no ponto exato onde Luiz aparecia sentado.
Ela se aproximou, sem dizer nada. Ficaram lado a lado.
— Então… é esse? — Aline perguntou, em voz baixa, como quem avalia uma obra rara prestes a ser leiloada.
— Sim. — Roberto respondeu sem emoção. — Ainda não sabe o que é. Mas já é. Só precisa de alguém pra dizer em voz alta.
Aline inclinou um pouco a cabeça, observando Luiz com interesse.
— Ele tem suavidade. É educado… discreto demais. Não é bonito como uma mulher. Mas... há algo.
— Eu vi isso no primeiro dia. Mas só agora tenho certeza.
Aline cruzou os braços. Deu um meio sorriso. Aquela expressão que só ela sabia fazer — entre provocação e cálculo.
— E vai fazer o quê?
Roberto respondeu sem hesitar:
— Quero ele pra mim.
Aline ergueu uma sobrancelha, surpresa.
— Não costuma falar assim.
— Porque nunca quis alguém assim. Nem mesmo quando achei que queria. Ele é o tipo de amante que não se encontra. Vai se entregar de um jeito que nenhuma mulher se entregaria.
Aline soltou um pequeno riso nasal.
— Isso se ele aceitar.
— Ele vai. Vai impor limites no começo. Mas no fim... vai me chamar de seu homem. Vai andar ao meu lado de salto. Vai vestir o que eu quiser. Vai saber que nasceu pra isso.
Aline encarou o monitor mais uma vez, vendo Luiz levantar para pegar um café no canto da sala. Seus gestos eram contidos, quase tímidos. Mas o que Aline viu — como mulher, como dominadora — foi o mesmo que Roberto havia sentido.
Ela se virou.
— Posso ter um pequeno papel nisso? Eu e a minha outra metade…
Roberto assentiu com um leve movimento de queixo.
— Quando for o momento certo, quero que ele conheça a Ju.
Aline sorriu mais uma vez.
— Vai se ver no espelho. E vai se apaixonar.
Luiz retornava da pequena pausa com um copo de café quente nas mãos. Tentava parecer calmo, mas o leve tremor nos dedos e a temperatura subindo no rosto denunciavam algo. Ele sabia que Aline estava ali. E sua presença, ainda que silenciosa, dominava o espaço como um perfume forte deixado no ar.
Ao passar próximo à sala 16, viu a porta entreaberta. Por um instante, pensou ter ouvido vozes lá dentro. Não parou. Continuou em direção à impressora, pois precisava buscar alguns relatórios.
Foi nesse trajeto que o destino resolveu testar seus nervos.
A impressora estava em uma bancada baixa, ao lado de um pequeno armário lateral. Luiz se abaixou levemente para pegar uma folha que havia caído no chão — um movimento natural, rotineiro.
Mas naquele exato momento, Aline saiu da sala.
Os saltos dela soaram secos no piso de mármore. E, ao passar discretamente atrás de Luiz, seu olhar desceu. Por um segundo apenas. Talvez nem tenha sido intencional.
Mas foi suficiente para ver.
A camisa social branca, mesmo por dentro da calça, havia subido discretamente. E, entre o cinto apertado e o cós do tecido social, um pequeno pedaço de tecido claro e rendado surgia como um sussurro escandaloso.
Era sutil. Quase imperceptível. Mas para Aline, que sabia exatamente o que procurar — aquilo gritou.
Ela não parou. Continuou caminhando, o olhar à frente, como se nada tivesse acontecido. Mas dentro dela, um sorriso se formou. Um sorriso de quem sabia.
Luiz, por sua vez, se ergueu logo depois. Quando a viu passando, seu corpo travou levemente. Quase murmurou um bom dia, mas ficou apenas no aceno tímido com a cabeça. Aline respondeu com a mesma medida: um meio sorriso educado, neutro. Mas os olhos… estavam mais atentos que nunca.
Na mente dela, a certeza se consolidava como uma equação finalizada:
> “Ele já começou. E nem sabe que alguém o viu.”
Ela então seguiu pelo corredor, indo direto ao elevador.
Mais tarde, naquele mesmo dia, ela mandaria uma nova mensagem para Roberto:
> "Ele já está mais pronta do que imagina. Vi o que precisava ver. Hora de você dar o próximo passo."
CONTINUA.
Espero que gostem da história. Se puder comentem. Em breve irei publicar os próximos capítulos.