Depois de toda aquela chatice de papelada, e de ter a paciência saturada pela burocracia, passei uns dias me restabelecendo. Foi uma separação até dolorida, mas um pouco reconfortante com o que peguei de dinheiro. Só que o Emanuel não conseguiu ficar muito tempo sem me ver, e veio me visitar com suas histórias melosas de exes e atuais.
Ele falava como se eu fosse uma terapeuta de divórcio, listando cada encontro fracassado que teve com as novas “mulheres modernas”, como ele mesmo chamava. Uma era muito fria, e acho que o “fria” queria dizer que não chupava muito bem a sua rola. A outra, muito grudenta, pois que decerto, já ficou querendo compensar no beijo, uma dificuldade na chupação. Uma terceira não sabia fazer arroz, e “arroz” que Emanuel disse, deve ser um diminutivo, ainda mais, para a expressão “arroz com feijão”.
Eu só ouvia, com uma taça de vinho na mão, fingindo que não reparava quando os olhos dele desciam pelas minhas pernas cruzadas, ou pelo “V” do meu degote de camisola, que se tornou comum em 15 dias.
— Acho que você mimou demais seus relacionamentos — provoquei, deixando a alça escorregar um pouco no ombro. Não de propósito. Ou talvez um pouco.
Ele riu, um riso seco, baixo. Depois ficou em silêncio, olhando pra televisão desligada, como se procurasse alguma resposta ali. E então, o olhar dele voltou pros meus olhos — mais direto do que eu esperava. Eu vi a hesitação ali, misturada com um desejo antigo, familiar, e como quem se pergunta se ainda pode.
— Sabe Amanda, eu não devia estar aqui — ele disse, e em seguida passou a mão na nuca, aquele velho tique nervoso que ele tinha quando estava prestes a fazer merda.
— Mas está — respondi, deixando a taça na mesa, e ao levantar, olhei para o meio do seu moletom.
A verdade é que eu também estava carente. Tinha algo enrijecido ali, abaixo daquela calça de educação física. E ainda confusa, ajoelhei. Emanuel sabia o que iria acontecer, e... Inocente! Não sabe, ou não lembra, que isso demora anos de intimidade para acontecer.
Comecei a chupar, e o pau obediente aos movimentos da minha língua, simplesmente dizia “Eu te amo, Amandinha!” a cada estalada que eu dava. Emanuel estava à vontade no meu sofá, como se quisesse agora, tomar posse do que já não compartilhava por lei.
Foi uma chupada insana, quase agressiva, nojenta, eu diria. Com meus gemidos abafados, falei num tom inaudível “Vira!”, mas que Emanuel escutou e virou. Caprichei num beijo grego, lambendo cada parte daquela bunda, não para obter reconciliação, mas para lembrar das minhas traições; lembrar dos meus amantes mais quentes, que talvez eu ainda vá bater na porta deles. A lei da probabilidade me diz que algum deles vai me apreciar assim, depois da separação.
Emanuel voltou a ficar de costas no sofá, e como eu ainda lhe desse um banho de língua na parte da frente, incluindo as bolas, e o pau estar tinindo de emoção, subi e fiz uma cavalgada louca, ao nível de puta louca, agora separada.
No final, Emanuel quis gozar na minha boca, durante aqueles segundos em que ele levanta, e vem de encontro. Se a mulher recusa, a ejaculação tende a esmorecer. Mas eu não recuso, e principalmente agora, em que não tenho compromisso com a continuidade. A gozada foi farta, grudenta, displicente. Ele, como de costume, continuou com o pau, que continuava gozando, como se nada estivesse acontecendo. Tratei de engolir como calda caramelizada do sorvete, só que esta, menos enjoativa.
Ele se recompôs, e não disse nada. Se Emanuel acha que agora eu sou puta, está tangenciando a verdade, e naquele silêncio ali, de alguns segundos, a gente entendeu, que o melhor é assim, aproveitar os poucos momentos de conexão sem a obrigação de consertar o que já foi quebrado.
Emanuel ainda disse antes de sair:
— Você ainda é a melhor coisa que me aconteceu. Pena que foi na hora errada.
Fechei a porta sem responder, e voltei pro meu vinho. Pensei: “E agora? Fim de semana, é capaz de Emanuel voltar e, … pode me pegar com outro?” Sei lá,… o azar vai ser dele,… ou sorte talvez.